A modelagem numérica é esquematizada sob a determinação das

Documentos relacionados
Simulação Numérica do Fluxo e Transporte

Coleta de dados de campo. Tratamento de dados de campo e Determinação de parâmetros. Geração de sistemas de fraturas

Fabián Martín Vizcarra Campana. Modelagem e Simulação do Transporte e Remediação de Poluentes em Aquíferos. Dissertação de Mestrado

3 Modelo de Transporte

7 Conclusões e Sugestões

Hidrogeologia: Conceitos e Aplicações

Modelo de Fluxo Subterrâneo

Transporte de contaminantes GEOTECNIA AMBIENTAL

Capítulo 5 Validação Numérica. 5 Validação Numérica

Processos Hidrológicos CST 318 / SER 456. Tema 1 Introdução ANO 2017

4 Exemplos de verificação

AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA ZONA NÃO-SATURADA EM MODELOS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA

Germana Cavalcante Menescal 1 ; Erika da Justa Teixeira Rocha 2 ; Marco Aurélio Holanda de Castro 3 & Ernesto da Silva Pitombeira 4

C T O C MONITORAMENTOS, MAPEAMENTOS E MODELAGENS DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS MARCUS VINÍCIOS ANDRADE SILVA ENG. GEÓLOGO - HIDROGEÓLOGO

4.1. Validação da análise de fluxo e transporte de soluto no meio fraturado

1 Apresentação Motivação

Análise numérica de transporte incluindo biodegradação de misturas de benzeno-etanol dissolvidos na água subterrânea

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA APLICADOS À PRESERVAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS

13 DOTAÇÕES DE REGA 13.1 Introdução 13.2 Evapotranspiração Cultural 13.3 Dotações de Rega 13.4 Exercícios Bibliografia

estímulo de outro, dado um evento. Este evento pode ser precipitação, percolação solo-superfície, infiltração ou fluxo imposto.

Modelo Hidrogeológico Conceitual e Matemático da Bacia Sedimentar do Tucano Central. 12 de agosto de 2014 Mauro C C M Prado Hidrogeólogo, MSc

AVALIAÇÃO DO MODELO SCBR PARA OS PARÂMETROS DE FLUXO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA: ESTUDO DE CASOS Marcos Felipe Wendt 1,2 e Henry Xavier Corseuil 1,3

Capítulo I Introdução 24

Características hidroquímicas e hidrodinâmicas do aquífero na planície arenosa da Costa da Caparica

ESTUDO EXPERIMENTAL E SIMULAÇÃO DA DISPERSÃO DO TOLUENO NA FASE NÃO-SATURADA NO SOLO

Figura 16 - Esquema geral da metodologia empregada na avaliação de recarga e sustentabilidade da micro-bacia de Barro Branco.

MODELAGEM COMO FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE DERRAMAMENTOS DE GASOLINA COM ETANOL NA ZONA VADOSA

SIMULAÇÃO DE UM ESCOAMENTO BIFÁSICO ÓLEO- ÁGUA EM RESERVATÓRIO DE PETRÓLEO

CONTRIBUIÇÃO DO SISTEMA AQUÍFERO URUCUIA PARA O RIO SÃO FRANCISCO: MODELAGEM HIDROGEOLÓGICA DAS BACIAS DO RIO GRANDE E RIO CORRENTE (BA)

ESTUDO DA CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO POR HIDROCARBONETOS UTILIZANDO MODELAGEM COMPUTACIONAL BRUNO ESTEVES TÁVORA

Hidráulica para Engenharia Civil e Ambiental

4 Metodologia Método de elementos distintos/discretos

I. Fazer uma revisão dos modelos poroelásticos de Biot e Rice & Cleary

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus Londrina PLANO DE ENSINO EB69B 9º

ENGENHARIA DE AGRIMENSURA E CARTOGRÁFICA HIDROLOGIA. Hidrologia & Ciclo Hidrológico. Prof Miguel Angel Isaac Toledo del Pino CONCEITO ATUAL

3.1 CRIAR A GEOMETRIA/MALHA;

4 Resultados e discussões

PHD Hidrologia Aplicada. Águas Subterrâneas (2) Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Prof. Dr. Renato Carlos Zambon

Sumári"o. Capitulo 1 INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS NUMÉRICOS Luis Carlos Wrobel Introdução Método das Diferenças Finitas...

8 Conclusões e Considerações Finais

TRANSPORTE DE POLUENTES NOS SOLOS

CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA O PROSSEGUIMENTO DA INVESTIGAÇÃO

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO TRANSPORTE DE CONTAMINANTES EM AQÜÍFEROS LIVRES ESTUDO DE CASO

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. CC54Z - Hidrologia. Infiltração e água no solo. Prof. Fernando Andrade Curitiba, 2014

BIOSFERA. Comprometimento e conflitos das águas subterrâneas

Unidade 3 - Caracterização dos sistemas e escolha dos modelos

AGG 209 INTRODUÇÃO À PETROFÍSICA AULA 1

clorados, continuam a migrar através do nível d água e da zona saturada até que seja atingida uma barreira impermeável (Alvarez-Cohen, 1993).

UNIVERSIDADE DO ALGARVE FCMA Engenharia do Ambiente, 4º ano. DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

MODELAGEM NUMÉRICA COMO FERRAMENTA PARA A GESTÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

(Jeong & Lee, 1992; Liu et al., 2001; Liu et al., 2003; Li et al., 2008 ehe & Chen 2012), b) Modelo discreto de redes de fraturas (Long et al.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Hidrogeologia Ambiental. Gary Wealthall

INOVAÇÕES EM MODELAGEM NUMÉRICA HIDROGEOLÓGICA INTEGRADA A GEOTECNIA. Marina Naim Brock Trevizolli, Sophia Cavalcante Varela, Nilson Guiguer

DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO SOLO ATERROS DE RESÍDUOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Antenor de Oliveira Aguiar Netto. Março 2011

HIDROGEOLOGIA DOS AMBIENTES CÁRSTICOS DA BACIA DO SÃO FRANCISCO PARA A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

6 Modelagem Numérica do Fluxo na Área de Estudo

6 Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas

Hidrologia Aplicada À Gestão de Pequenas Bacias Hidrográficas

Capítulo 1. INTRODUÇÃO

1 Introdução 1.1. Definição do problema

Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental

5 Apresentação e Discussão dos Resultados

4 Modelagens numéricas de aferição

Água Subterrânea e o Abastecimento Urbano no Rio Grande do Sul

SIMULAÇÃO DE TRANSPORTE DE MASSA DE UM SOLUTO EM MEIO POROSO COM AUXÍLIO DO CFD (COMPUTER FLUID DYNAMICS)

CC54Z - Hidrologia. Definições, aspectos gerais e o ciclo hidrológico. Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Uma Implementação Númérica do Acoplamento Água Superficial - Água Subterrânea

Gerenciamento de Áreas Contaminadas. Emanuel L Apiccirella - Hidrogeólogo Dezembro, 2013

2 Exploração e Produção de Petróleo

OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS DE COMBUSTÃO DE CALDEIRAS A GÁS

MÉTODOS NUMÉRICOS APLICADOS À ENGENHARIA

MODELAGEM COMPUTACIONAL DA PLUMA DE CONTAMINANTES DE UM EMISSÁRIO SUBMARINO COM DECAIMENTO BACTERIANO VARIÁVEL

Ciências do Ambiente

4 Modelos para Válvulas de Alívio

CAPÍTULO 4 MODELAGENS NUMÉRICAS GPR 2 D

Utilização de Técnicas de Adaptação de Malhas para a Simulação Numérica de Escoamento em Meios Porosos. Introdução

Contaminação de aqüíferos por compostos imiscíveis à água subterrânea

I-161 MODELAGEM DA QUALIDADE DA ÁGUA NUM SETOR DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE SANTA MARIA

PMR3507 Fábrica digital

TRANSPORTE ADVECTIVO DE CLORETOS: ESTUDO DE CASO

SUMÁRIO TELEMAC3D... 3 SISYPHE... 4 TOMAWAC... 5 ECOS... 6 TRANSPORTE DE CONTAMINANTES... 7 CONVERSÃO DE ENERGIA DE CORRENTES... 8 ANOTAÇÕES...

Capítulo IX - Conclusões. IX - Conclusões

Projeto: Modelagem de Coberturas Secas em Rejeitos de Carvão Grupo 25

Ciências do Ambiente

Abordagem Integrada para a Otimização da Gestão de Águas e Efluentes

Barragem de Terra Análise de Percolação em Estado Constante

SIMULAÇÃO DE CURVAS DE RECUPERAÇÃO DE NAPLS POR BOMBEAMENTO. 2. APLICAÇÃO E VALIDAÇÃO

ESTIMATIVA DE RECARGA DO SISTEMA AQUÍFERO SERRA GERAL UTILIZANDO BALANÇO HÍDRICO

PROPOSTA DE REMEDIAÇÃO PARA A CONTAMINAÇÃO DE UM AQUÍFERO: ESTUDO DE CASO

Universidade Federal de Santa Catarina Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental

Figura 4.1: a)elemento Sólido Tetraédrico Parabólico. b)elemento Sólido Tetraédrico Linear.

Transcrição:

14 1 Introdução As águas subterrâneas dos reservatórios aqüíferos são as principais fontes disponíveis para o abastecimento de água doce em muitos lugares do mundo. Devido à escassez do recurso hídrico superficial, o recurso hídrico subterrâneo é uma reserva muito importante, sendo fundamental o desenvolvimento de modelos numéricos que simulem situações reais para possibilitar o planejamento e a gestão desses recursos hídricos subterrâneos, incluindo sua proteção e descontaminação. A quantificação do fluxo subterrâneo e do transporte de contaminantes em águas subterrâneas é útil para a gestão e gerenciamento ambiental, proteção e descontaminação dos recursos hídricos subterrâneos. A quantificação feita por medidas de campo é precisa mais não muito utilizada com exclusividade, devido aos seus altos custos e aos longos prazos que necessita para caracterizar o comportamento dos modelos de transporte e fluxo, neste sentido, a quantificação por modelagem e simulação numérica é utilizada com maior frequência pelas empresas de consultoria ambiental e órgãos governamentais. Os modelos matemáticos empregam uma equação ou, uma série de equações, que simulam e preveem respostas físico-químicas de um aqüífero sujeito a perturbações, tais como poços de injeção e os poços de extração, ou a migração de um poluente tóxico (Batu, 2005). A modelagem matemática, em conjunto com as técnicas de simulação numérica, e, com sistemas de informações geográficos, podem ser uma fermenta poderosa para os estudos

15 dos modelos de fluxo e transporte das águas subterrâneas. Alguns exemplos de estudos são: Elaboração de mapas de vulnerabilidade natural à poluição dos recursos hídricos subterrâneos. Determinação das zonas de captura das águas subterrâneas. Solução numérica bidimensional do transporte de poluentes de tipo reativo. Estudos de derramamento de gasolina nos solos. Verificação da adsorção e movimentação de metais pesados em solos e sua possível contaminação para águas subterrâneas. Processos de biodegradação de hidrocarbonetos e transporte de material radiativo em águas subterrâneas. Segundo Vedat Batu (Batu, 2005), respeito aos métodos numéricos da simulação numérica do fluxo subterrâneo e do transporte de poluentes nas águas subterrâneas, o método das diferencias finitas é, maiormente utilizado, fazendo primeiramente uma malha de discretização espacial e temporal do modelo real. Esta malha é constituída de células organizadas em linhas, colunas e verticalmente em camadas. A malha representa o chamado modelo conceitual do aqüífero, o qual representar as condições dos dados de campo como à topografia, hidrogeologia, hidrografia, geologia e as condições de contorno. Para a simulação acoplada, por meio de modelos computacionais, do modelo de fluxo e transporte de poluentes em aqüífero s é preciso construir primeiramente o modelo conceitual (Filho e Feitosa, 2002). Este modelo é descrito seguidamente. 1.1. Modelos Um modelo para as águas subterrâneas são representações matemáticas dos processos físico-químicos do fluxo subterrâneo e transporte de poluentes nos aqüíferos. O modelo da dinâmica do fluxo subterrâneo junto com o modelo do fenômeno de transporte de poluentes é baseado na avaliação das informações da geologia, hidrologia de superfície e hidrologia subterrânea. Esta modelagem

16 envolve várias etapas sequenciadas que vão desde a definição dos objetivos até a apresentação dos resultados. Antes da construção do modelo conceitual é importante definir quais são os objetivos que se quer atingir, por exemplo: otimizar o gerenciamento dos recursos de água subterrânea, análise de fluxo, delineação das áreas de proteção do aqüífero devido às poluções, etc. Logo é definido o modelo conceitual, para isso é preciso fazer o análise do perfil estratigráfico fornecido pelos piezômetros e pelos poços instalados na zona de estudo; dos testes de bombeamento no aqüífero; dos mapas potenciométricos; da precipitação; evapotranspiração; infiltração e das vazões dos cursos das águas superficiais. Nesta fase da modelagem deve-se determinar a geometria do reservatório, as condições iniciais e de fronteira, os parâmetros hidrodinâmicos, as condições de recarga, as vazões dos bombeamentos, e, finalmente, as interconexões hidráulicas com aguas superficiais ou com outros sistemas aqüíferos. Depois da determinação do modelo conceitual a próxima fase é a escolha de um modelo numérico que expresse o modelo conceitual. Esta fase é desenvolvida com ajuda dos pacotes computacionais, particularmente nesta dissertação são selecionados os seguintes pacotes computacionais: o MODFLOW (Prommer, Barry e Zheng, 2003) e o MT3DMS (Zheng, 1990). seguintes tarefas: A modelagem numérica é esquematizada sob a determinação das Equações diferenciais que representativas dos modelos de fluxo subterrâneo e transporte de poluentes. Geometria do modelo (forma, topo e base do aqüífero). Discretização da área modelada. Parâmetros hidrodinâmicos. Condições de fronteira que definam as entradas no sistema aquífero: como a recarga (precipitação e infiltração) e as saídas por descargas (poços de bombeamentos, fontes, e evapotranspiração). Condições iniciais do estado do reservatório aquífero com a ajuda das informações descritas anteriormente.

17 Intervalo do tempo total da simulação e os tempos discretos para as saídas dos resultados. Desenvolvidas às tarefas anteriores é possível construir o modelo numérico computacional seguidamente da fase de calibração. Nesta fase são comparados os resultados da simulação do modelo com os dados de campo. Segundo Feitosa e Filho (Filho e Feitosa, 2002) na fase de calibração deve-se procurar ajustar os parâmetros do modelo para que os resultados obtidos se aproximem da melhor forma possível com os dados medidos em campo, assim é possível que o modelo fique validado para analisar o problema em estudo. Depois da construção dos processos de calibração-validação é estabelecida a previsão. O processo de previsão é a resposta da simulação do reservatório aquífero às alternativas de planejamento e gerenciamento dos recursos de água subterrânea e controle da polução. Finalmente é importante estabelecer o processo de verificação em longo prazo, fazendo que as imprecisões da modelagem sejam corrigidas se as simulações forem repetidas sistematicamente ao longo do tempo, e na medida em que novos dados de campo sejam incorporados ou substituídos no modelo simulado. 1.2. Pacote Computacional Os modelos numéricos são utilizados para descrever os modelos de fluxo e transporte de poluentes nos reservatórios aqüíferos, sendo suportados por programas computacionais. Dos diversos pacotes computacionais orientados para a modelagem da dinâmica das aguas subterrâneas e para simulação da dinâmica da migração de poluentes em aqüíferos, destacam-se os seguintes, por serem mais amplamente documentados e largamente utilizados com computadores pessoais: Femwater; Groundwater Vistas; Micro-Fem; Modflow; Modpath; Feflow; MT3DMS; RT3D; Visual MODFLOW. 1.2.1. Pacote do Modelo de Fluxo MODFLOW

18 O pacote utilizado nesta dissertação para o modelo de fluxo é o MODFLOW, que é um modelo tridimensional em diferenças finitas para simulação do escoamento em regimes estacionário e transiente, desenvolvido por Mc Donald e Harbaugh em 1988 para a USGS (United States Geological Survey). Apresenta uma estrutura modular com um programa principal e várias subrotinas independentes, o que favorece o seu aprimoramento uma vez que novos módulos podem ser adicionados sem a necessidade de alteração daqueles existentes. As vantagens observadas nestes programas em relação a outros disponíveis no meio técnico são: a rapidez e facilidade para simular diferentes cenários após da definição do modelo conceitual; a boa interação com o usuário; atualização constante do programa, e o grau de compatibilidade com um grande número de outros softwares. A principal limitação do programa refere-se à consideração somente do fluxo em zona saturada. 1.2.3. Pacote do Modelo do Transporte de Poluentes O Visual MODFLOW v.2001.1 é um pacote computacional comercial que integra o modelo MODFLOW para o modelo de fluxo com outros modelos numéricos para simular a migração de poluentes. Os principais pacotes de transporte de contaminantes acoplados ao MODFLOW são o MT3DMS (Modular 3- Dimensional Transport Model), o RT3D (Reactive Multi-species Transporte in 3- Dimensional) e o PHT3D (Reactive Multicomponent Transport Model for Saturated Porous Media). 1.2.3.1. Modelo MT3DMS Em particular o modelo MT3DMS, desenvolvido por C. Zheng e S.S. Papadopulos (Zheng, 1990), é um modelo tridimensional para a simulação da advecção, da dispersão, da sorção e das reações químicas de um determinado poluente dissolvido nas águas subterrâneas. O MT3DMS pode ser acoplado com os modelos de fluxo, e é desenvolvido pelo método de volumenes finitos e

19 diferencias finitas. O MT3DMS simula reações químicas como a sorção linear, a sorção não linear e o decaimento de primeira ordem para a biodegradação e para o decaimento de material radiativo. Estas reações acontecem com os solutos poluentes dissolvidos nas aguas subterrâneas, ou quando estes solutos são adsorvidos pela matriz porosa sólida do aqüífero. Algumas versões deste modelo é o RT3D, orientado na simulação da advecção, dispersão, sorção e reações químicas de multi-espécies dissolvidas nas águas subterrâneas. Possui um número predefinido de pacotes de reação, como a reação do decaimento aeróbio dos BTEXs e os modelos de degradação aeróbios e anaeróbios (Prommer, Barry e Davis, 1999). As entradas e saídas da agua subterrânea dentro da equação de transporte de massa, devido às fontes e bombeamentos, geram uma diminuição na concentração de solutos na água (diluição). Esta redução deve ser considerada na equação de transporte, gerando que o balanço de massa seja estabelecido como: Variação total=variação por advecção + variação por dispersão +reação adsorção + fontes/extração Assim, segundo Zheng (Zheng, 1990) a equação diferencial tridimensional que representa a descrição conceitual da migração sem atenuação de contaminantes em meios porosos saturados é (estuda no capítulo 4): C vc i C Cs Dij qs t xi xi x j (1-1) em que: C = concentração do soluto dissolvido na água subterrânea [ML -3 ]. t = tempo [T]. D ij = tensor de dispersão hidrodinâmica [L 2 T -1 ]. v i = velocidade de transporte na direção i [LT -1 ]. q s = taxa de fluxo de água por unidade de área normal à direção do fluxo [LT -1 ].

20 = porosidade efetiva [%]. C s = concentração da fonte [ML -3 ]. 1.3. Organização da Dissertação O capitulo primeiro faz uma introdução à modelagem e simulação numérica do fluxo e transporte em sistemas aqüíferos. O capítulo dois apresenta o modelo de fluxo subterrâneo, aonde se vão estudar primeiramente os parâmetros hidroeológicos de um sistema aqüífero. Seguidamente vai-se presentar a lei de Darcy, assim, com esta lei em mão, é desenvolvida a equação de fluxo subterrâneo, fazendo um balanço de massa num elemento infinitesimal do meio poroso representativo de um aqüífero. O capitulo três estuda os processos do fluxo subterrâneo transporte de massa de contaminantes em meios porosos saturados como o caso dos aqüíferos: processos: Processo de difusão molecular. Processo de dispersão mecânica. Processo de advecção. Os processos de reação também são estudados em este capitulo, logo, uma vez feito os estudos descritos anteriormente é estabelecida a equação geral do transporte de poluentes em sistemas aqüíferos. No capitulo quatro vai-se simular computacionalmente o modelo de fluxo subterrâneo e do modelo de transporte de poluentes. Finalmente no capítulo cinco vai-se simular numericamente o processo de remediação de aqüíferos poluídos. Particularmente foi escolhido o método de remediação Pump-and-Treat. 1.4. Objetivos A proposta da pesquisa é simular numericamente o modelo do fluxo subterrâneo e o modelo de transporte de poluentes em sistemas aqüíferos. A simulação é construída com a aplicação dos programas computacionais MODFLOW e MT3DMS. Estes programas computacionais vão simular, do modo acoplado, o

21 avanço de uma frente de contaminação de um poluente nos fluxos das águas subterrâneas que escoem num aquífero composto por três camadas. Esta simulação vai permitir fazer uma abordagem de um estudo dos parâmetros que controlam os modelos do fluxo e do transporte. Os programas computacionais: Modular 3D Finite Difference Groundwater Flow Model (MODFLOW) e o Modular 3D Finite Difference Mass Transport Model (MT3DMS) proposto por Zheng (Zheng, 1990), são integrados dentro de um pacote computacional do tipo comercial. Este pacote é o Visual MODFLOW. Para esta dissertação vai-se trabalhar com o pacote Visual MODFLOW na versão 2011.1 Premium. Exemplos dos resultados das simulações feitas sob o pacote computacional descrito são mostrados na Figura 1 e na Figura 2. Os exemplos mostram as saídas gráficas do modelo de fluxo MODFLOW e do modelo de transporte MT3DMS. Figura 1 Mapa potenciométrico do modelo

22 Figura 2 Mapa de concentração de poluentes do modelo MT3DMS Os cenários da simulação do fluxo subterrâneo, transporte e remediação de poluentes são construídos com dados fornecidos pelas guias de simulação computacional da empresa de estudos hidrogeológicos Schlumbeger Water Service. Estes dados vão permitir a avaliação do avanço da pluma poluente de maneira acoplada com o modelo de fluxo. Esta simulação sob uma dada sintética tem a mesma estrutura metodológica de qualquer cenário real, assim, esta modelagem, tem a utilidade de avaliar os modelos hidrogeológicos do fluxo, transporte e remediação. Em resumo os objetivos são: Estudar e presentar os modelos fisicoquímicos do transporte de poluentes nas aguas subterrâneas (acoplamento do modelo de fluxo e modelo do transporte). Simular computacionalmente a evolução espaciotemporal de uma pluma poluente nas aguas subterrâneas. Simular computacionalmente técnicas de remediação de aquíferos poluídos (técnica Pump-Treat). Fornecer uma guia metódica para a abordagem de estudos de impacto ambiental dos recursos hídricos subterrâneos.