1. Imunidades de Estados Estrangeiros:

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Transcrição:

1 DIREITO INTERNACIONAL PONTO 1: Imunidades de Estados Estrangeiros: PONTO 2: Privilégios de Agentes de Estados Estrangeiros 1. Imunidades de Estados Estrangeiros: - Imunidade de Jurisdição. - Imunidade de Execução. Até hoje, não existem normas internacionais aplicadas pelos estados, sendo que as soluções continuam sendo de direitos nacionais. As imunidades de Estados estrangeiros não podem ser confundidas com as imunidades de agentes de Estados estrangeiros. As imunidades de agentes estrangeiros são objetos d e normas internacionais costumeiras e convencionais há bastante tempo. As imunidades de um Estado estrangeiro aplicam-se diante de autoridades estatais de outros Estados, principalmente diante de Juizes. Seria a impossibilidade de julgar um Estado estrangeiro com juizes de outro Estado. Impossibilidade de submeter um Estado Estrangeiro a jurisdição Nacional. Imunidades de execução seria a impossibilidade de penhorar bens em Estado estrangeiro para pagar dívidas judicialmente reconhecidas. Não há possibilidade de invocar as imunidades nos Tribunais Internacionais, apenas no âmbito nacional, em razão do princípio das soberanias em igualdade dos Estados e o princípio entre iguais não há jurisdição. Há duas etapas no tratamento de imunidades no âmbito estrangeiro: Até os anos 70, não existem convenções ou leis internacionais. Portanto, as soluções são dadas pela jurisprudência nacional de cada Estado. - países socialistas e a Common law :

2 Defendem a imunidade absoluta de jurisdição e execução. Em nenhuma hipótese um estado estrangeiro poderia ser submete ao Tribunal de outro Estado, salvo renúncia e aceitação. As práticas dos Tribunais irão equiparar algumas situações como renúncia: - quando Estado estrangeiro inicia a ação no outro Estado; - quando o Estado estrangeiro demandado reconhece a competência do Tribunal, não invoca a imunidade; - ações relativas a imóveis situados no local do Tribunal. - Direito Continental (Bélgica e França): O princípio como a ser modificado. Consagra-se o princípio da imunidade relativa de jurisdição e execução. Desenvolvem duas noções: ato de império e ato de gestão. Ato de império é ato próprio da entidade estatal, de um Soberano, só pode ser praticado por um Estado. Quando um Estado realiza-se esse ato, gozaria de imunidade de jurisdição, salvo renúncia. Atos de gestão são atos que o Estado atua sem qualidade de soberano, são atos que uma empresa/ particular podem realizar. Esses atos ficariam submetidos a jurisdição de um Estado Territorial. O Estado não poderia gozar do privilegio da imunidade. caso. A definição de ato de império ou de gestão era discricionária do Juiz, analisando caso a A partir dos anos 70 aparecem as primeiras legislações nacionais e primeira Convenção Internacional. - Convenção de Basilea (Européia) em 1972. Foi ratificada por 8 Estados e está desaparecendo.

3 - Ato Americano (1976). - Britânico (1978). O objeto destes instrumentos que inspiram a Convenção da ONU de 2004, que ainda não está em vigor, sobe imunidades de Estados Estrangeiros e de seus bens. O objetivo é terminar com a discricionariedade do Juiz. E estabelecer hipóteses em que o Estado não pode invocar imunidades. Regras mais importantes da Convenção da ONU: Regra geral: é o reconhecimento da imunidade do Estado Estrangeiro, salvo renúncia. Consagra a imunidade relativa da jurisdição, apesar da redação dar a entender que seria imunidade absoluta. Serão consagradas certas situações em que se presume a submissão do Estado Estrangeiro a um Tribunal Internacional. São: - quando Estado estrangeiro inicia a ação no outro Estado; - quando o Estado estrangeiro demandado reconhece a competência do Tribunal, não invoca a imunidade; - ações relativas a imóveis situados no local do Tribunal. A convenção estabelece certas hipóteses em que o Estado não poderá invocar imunidades. Não se refere mais a atos de império e gestão, não havendo mais discricionariedade do Juiz. Dará hipóteses taxativas em que o Estado será submetida a jurisdição de outro Estado. São as hipóteses: - contratos de trabalho. Salvo certos contratos elencados na Convenção. Ex: Indivíduos que exercem funções diplomáticas. - utilização de propriedade de navios;

4 - participam em empresas; - celebração de qualquer tipo de contrato de caráter comercial; - questões relativas ao direito de propriedades industriais; - cláusula importante: clausula territorial; - acordos sobre arbitragem. A cláusula territorial já configurada. Foi realizada pensando nos acidentes de trânsito nos quais participaram funcionários diplomáticos principalmente goza do princípio da imunidade de jurisdição. Poderia ser realizada uma ação contra o Estado Estrangeiro, já que não poderia ser contra o agente estrangeiro. A primeira vez que a cláusula territorial foi utilizada para outros fins foi em 1985, no caso Moffit e Letellier (Ministro das Relações Exteriores). Ambos morrem pela explosão de bomba no seu carro. Após investigações, concluíram que a bomba foi colocada por agentes do Estado de Inteligência Chilena. Inicia ação nod Estados Unidos, o Chile invoca jurisdição. Porém, permanece no Estados Unidos, devido a cláusula de imunidade material. Quando da execução sobre bens do Estado Chileno, o Estado invoca a execução e as autoridades devem reconhecer esse privilégio devido ao tipo de bens da ação de penhora. Em 1990, por pressões do Governo Americano, o Governo Chileno propõe um acordo de conciliação. Outro caso: Liu X Taiwan trata-se de assassinato na Califórnia, na qual é condenado o Estado do Taiwan. A Convenção de 2004 também estabelece o princípio da imunidade relativa de execução. Regra geral: o Estado estrangeiro pode invocar o privilégio da imunidade de

5 execução, salvo renúncia. Consagram-se certas situações que poderão ser tomadas mediante execuções cautelares ou definitivas contra Estados Estrangeiros. - quando Estado estrangeiro tem destinado certos bens ao processo que está sendo realizado nos Tribunais do Estado. - se há bens do estado estrangeiro no território no Estado de Foro destinados a atividades industriais ou comerciais. Não vinculados com atividade diplomática ou caráter público do Estado. - se o Estado de maneira expressa consentiu, num tratado internacional ou num contrato, submeter-se a execução do Estado estrangeiro. A Convenção estabelece alguns bens como impenhoráveis, salvo se o Estado estrangeiro renunciar. São os bens: - contas correntes destinados a atividades diplomáticas; - bens dos Bancos Centrais; - armas; - metais preciosos; - bens considerados patrimônio cultural, histórico, artístico do Estado. O conflito entre imunidades de Estados e violação de direitos fundamentais: As ações serão dos Tribunais nacionais contra Estados estrangeiros pela violação de direitos fundamentais. O tratamento será diferente nos países que existem legislação fundamental escrita e os países em que não possuem legislação. Estados com legislação: a violação de direitos fundamentais imputáveis a um etsado estrangeiro só será possível se a vítima conseguir enquadrar a violação em uma das hipóteses

6 estabelecida na legislação. A única possibilidade é que a violação tenha acontecido no território de Foro para ser aplicada a cláusula territorial. Em 1996, Estados Unidos adota uma legislação que vai estender a competência dos Tribunais Americanos para julgar certas ações realizadas contra americanos em território estrangeiro. Adota um ato anti-terrorista. Nesse sistema anti-terrorista se estabelece a competência. São atos de particulares estrangeiros que constituem uma certa tortura, realizados fora do território americano, é imputável aos Estados como financiadores ao terrorismo poderão ser julgados pelo Estados Unidos, com uma série de requisitos. Na Grécia, em 1997, há o caso Distomo: a demanda da Prefeitura de Distomo e os descendentes das vítimas contra a Alemanha. A cidade de Distomo foi devastada por forças nazistas em represália da morte de três soldados alemães no território grego. Ingressa nos Tribunais gregos e a Alemanha invoca a imunidade de jurisdição, bem como prescrição, pois foi na segunda Guerra Mundial. O Tribunal Grego menciona que crimes de Guerra não tem prescrição e também que aplica como direito costumeiro a cláusula territorial. Condena Alemanha a pagamento de uma indenização. Alemanha recorre e vai para a Corte Suprema Grega que ratifica a decisão em 2000. Na Itália, em 2003, o caso Fellini: Trata-se de um italiano que é detido pelos Alemães em território italiano e levado para Alemanha forçado a trabalhar em fábricas. Após retorna a Itália. Inicia uma ação na Itália, a qual condena a Alemanha ao pagamento de indenização. A justificativa para condenação da Alemanha em ambos casos:

7 - quando um estado realiza certos atos violatórios de certas normas jus cogens, o Estado não pode invocar imunidade, pois não se trata de um ato Soberano estando fora da imunidade de proteção; - diante da violação de norma de jus cogens o estado estaria violando essa imunidade. Em 2009, a Alemanha inicia uma ação contra Itália na CIJ (em andamento). O fundamento é que essas decisões, inclusive de penhora de bens em território Grego e Italiano estariam violando o princípio costumeiro da imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro. Itália defende-se dizendo que certos casos, com violação de normas jus cogens não se deveria reconhecer a imunidade de jurisdição do Estado. Na Corte Européia de Direitos Humanos, em 2001, serão adotadas três decisões: - Decisão Al Adsani contra Reino Unido: Trata-se de um soldado que tem dupla nacionalidade Inglesa e Kwaitiana que irá iniciar uma ação nos Tribunais Ingleses por tortura. Al Adsani foi enviado para o Kuwait em 1991 para servir na Guerra do Golfo. Lá, roubou um dvd do Xeique. Foi detido e torturado no Kuwait. Al Adsani inicia, no Reino Unido, uma ação contra Kuwait contra tortura, o qual invoca o princípio do privilegio da imunidade de jurisdição. O Reino Unido outorga o privilegio. Então, Al Adsani inicia no Tribunal Internacional uma ação contra Reino Unido acusando de cooperação com atos de tortura. A Corte Européia considera que o reconhecimento de privilegio de jurisdição é um direito razoável ao Juiz. Também que seria impossível tal condenação quando atos foram realizados por estrangeiros, em território estrangeiro. As Cortes Internacionais não consagram os direitos humanos acima dos direitos de imunidades de jurisdição.

8 No Brasil: Não existe regras relativas as imunidades de jurisdição ou de execução de estados estrangeiros. Em 1992, o Mistério de relações exteriores Brasileiro vai expedir uma nota diplomática, tem por objetivo fundamental informar da situação no território brasileiro. Tem quatro pontos fundamentais: - O reconhecimento da separação de poderes consagradas pela Constituição. - Nota diplomática não tem força obrigatória, apenas um fim informativo, não há caráter legal. - No Brasil, fazem parte da ordem da a Convenção de Viena de 1961 e de 1963, as quais foram ratificadas no direito brasileiro. Mas não possuem menção a imunidade de estados estrangeiros. Desde 1989, os Superiores Tribunais Brasileiros consagram o princípio da Imunidade Relativa de Jurisdição, submetendo aos Tribunais os atos de gestão, por exemplo: relações de trabalho aperfeiçoadas localmente. - No art. 114 da CF não consagra o princípio da imunidade relativa a jurisdição. É um dispositivo relativo a competência da Justiça do Trabalho. No âmbito brasileiro, a partir do ano de 2000 começam a serem apresentados nos Tribunais brasileiros casos inusitados. Em matéria processual não há regras especificas Há muita divergência na jurisprudência quanto citar ou noticiar as notificações dos Estados Estrangeiros, bem como prazo de contestação. Não há dúvidas no caso de renúncia de um Estado estrangeiro, estaria submetido ao Estado Brasileiro. Quanto ao fundo os princípios são mantidos Em 2008, há dois recursos, sendo que um é objeto de voto de vistas RE 74 RJ. Relator: Ministro Fernando Gonçalves. Trata da demanda de pescadores que foram mortos

9 por submarino alemão, na costa brasileiro, durante a 2ª guerra mundial. Iniciam uma ação contra a República Federativa Alemã. Pela primeira vez no Brasil se invoca o princípio a hierarquia superior das normas jus cogens para tentar retirar a imunidade de jurisdição em um ato de império. Mas a maior parte dos juízes vão considerar, em se tratando de atos de guerra, prevalece atos de império e prevalecem o principio da imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro. Em 2008, o RE 64, a demanda de um francês/ judeu naturalizado brasileiro contra o Estado Alemão por violações de direitos fundamentais ocorridos na França durante a 2ª guerra mundial. Os Tribunais do RS estão se especializando em demandas contra Estados estrangeiros por atos de exportação. Trata-se de violação de direitos fundamentais no ato de exportação detenção e maus tratos sofridos pelos brasileiros. Em matéria de imunidades de execução, a maior parte da doutrina defende a imunidade absoluta de execução. O Brasil também consagra a natureza impenhorável dos bens da União, salvo renúncia. Mas, alguns autores defendem a idade da imunidade relativa de execução, já que se consagra pela Jurisprudência a imunidade relativa de jurisdição. No Brasil, não há decisões de forma clara e especifica. 2. Privilégios de Agentes de Estados Estrangeiros: Em relação aos privilégios e imunidades dos Agentes de Estados Estrangeiros perante as Autoridades de outro Estado, Não se invocam esses privilégios perante Tribunais internacionais. Estados. Para o DIP o fundamento desses privilégios é o reconhecimento da soberania dos Há três tipos de funcionários que são protegidos por normas internacionais.

10 1) Autoridade do Poder Central: são protegidos por direito costumeiro. 2) Missões Permanentes: Embaixadas. Protegidos pela Convenção de Viena de 1961. (Missões Especiais: Nova York 1969). 3) Cônsules protegidos pela Convenção de Viena de 1963. 1) Autoridade do Poder Central: são protegidos por direito costumeiro. - Chefe de Estado. - Chefe de Governo. - Ministro de Relações Exteriores. No Brasil, Presidente e Ministro de Relações Exteriores. São responsáveis pela política externa do Estado. A presença de demais Chefes de Estado no cerimonial de posse de novo Chefe de Estado é a formalidade para que a comunidade internacional o conheça. O direito costumeiro nacional consagra as regras. Não existem normas internacionais referente aos agentes de Estados Estrangeiros. Consagra dois privilégios fundamentais: - A imunidade de jurisdição absoluta: em hipótese alguma, podem ser julgados pelos Tribunais Nacionais de outro Estado em hipótese alguma. - Dupla imunidade dupla renúncia. Caso o Chefe do Estado ou Ministro de Relações renuncie a imunidade de jurisdição, é necessária a renuncia do Chefe do Estado da imunidade solene.

11 - A inviolabilidade pessoal: em nenhuma hipótese o individuo será detido pelo Estado receptor. Esses privilégios serão aplicados também as familiares e os membros da Comitiva que acompanham esses agentes. O Chefe de governo ou de Estado pode se encontrar em uma das três situações em Estado estrangeiro: - Visita oficial: convidado pelo Governo do Estado receptor. Neste caso, o Estado que recebe a visita oficial está obrigado a garantir o máximo de segurança ao Chefe e seus membros, sob pena de responsabilidade. Deve seguir as regras de Protocolo. Violação pode implicar uma disputa diplomática grave entre os dois Estados. - O Chefe de Estado ou Ministro estão em solo estrangeiro, sem serem convidados formalmente, mas por interesse de ambos Estados. A obrigação de segurança do Estado receptor continua a ter a mesma abrangência. Mas a aplicação e obrigações com relação ao Protocolo diminui. - O funcionário está em território estrangeiros por motivos de caráter pessoal. Neste caso, o Estado receptor não tem nenhuma desatas suas obrigações. Mas, nessas três situações os privilégios protegem o indivíduo, gozando de imunidade de jurisdição e inviolabilidade pessoal absoluta. Privilégios de antigos Chefes de Estado art. 60: Chefe de Estado em exercício tem essa proteção por ser representante natural do Estado intuito persona. Um antigo Chefe de Estado vai gozar de proteção em razão da matéria, em consideração a natureza dos atos que realizou. Está protegido pelos privilégios de imunidade de jurisdição e inviolabilidade pessoal absoluta.

12 Esses privilégios não irão se aplicar a atos exercidos antes de suas funções oua tos de caráter privado, mesmo durante exercício do seu cargo. A CIJ em 2002 emitiu uma decisão conhecida como mandado de prisão entre a República Democrática de Congo e a Bélgica. A origem do caso está num mandado de prisão emitido por uma Juíza Belga contra o Ministro de Relações exteriores do Congo que teria utilizado a rádio oficial para incitar ao genocídio. A República Democrática do Congo ingressou com ação contra Bélgica na CIJ, invocando violação de normas costumeiras internacionais e imunidades. CIJ emitiu uma decisão que, no atual estágio do DIP, não existe uma exceção ao princípio da imunidade absoluta quanto aos Ministros Exteriores. Também refere que esta extensão do privilegio não pressupõe impunidade, sendo que esses funcionários poderão ser julgados por Tribunais estrangeiros e o Estado renunciar imunidade; poderão ser julgados pelos próprios Tribunais nacionais; e por Tribunais estrangeiros por ações ensejadas por atos particulares antes ou depois da função. Internacionais. A CIJ considerada que serão insuscetíveis de serem julgados pelos Tribunais Os outros privilégios complementares serão reconhecidos pelo Direito Costumeiro internacional de caráter universal são: - isenção de pagamento de impostos; - a inviolabilidade da bagagem; - exigir prestações de caráter pessoal ao foro central; - garantia de circulação dentro do território de um Estado; - liberdade de comunicação; - garantia de remoção privilegiada no caso de guerra ou comoção interior.

13 O direito costumeiro é a proteção mais abrangente reconhecida pelo direito internacional. 2) Missões Permanentes: - Convenção de Viena 1961 - Convenção de nova Iorque 1969 Missões especiais: são missões temporárias enviadas de um Estado para outro Estado com objetivos específicos, com privilégios e imunidades consagrados. Missão permanente: embaixadas. Concentra a representatividade de um Estado em outro Estado. Estado Receptor Estado Estrangeiro. A Convenção de Viena de 1961 e 1963 fazem parte da ordem jurídica brasileira, foram ratificadas. A Convenção de 1961 entrou em vigor em 1965 e a Convenção de 1963 está em vigor desde 1967. Os privilégios e imunidades reconhecidos nas missões permanentes estão fundamentos em dois princípios: - representatividade do Estado acreditante ; - necessidade da função. Em nenhum momento se refere no princípio da extraterritorialidade da missão. A Convenção de Viena consagra funções de uma missão permanente: - representação do Estado e interesse nacionais no território do estado receptor. - garantir a manutenção e desenvolvimento de qualquer tipo de relação entre os dois Estados; - sem intervenção nos assuntos internos, manter informado o estado Acreditante de tudo o que está acontecendo no Estado receptor.

14 A Convenção vai definir uma sede diplomática, vai definir obrigações do Estado receptor com relação ao Acreditante ; e vai consagrar uma série de regras sobre os funcionários, forma de nomeação, categorias e privilégios e imunidades reconhecidos aos funcionários. Sede diplomática: constituída pelo imóvel destinado a missão, pelo terreno que circula nesse imóvel e pela residência do Embaixador. De acordo com a Convenção de Viena a sede está protegida pelo princípio da Inviolabilidade, tem duas consequências: - o Estado receptor deve garantir a inviolabilidade e honra da sede diplomática, podendo ser responsabilizado internacionalmente; - implica que não se pode penetrar na embaixada, sem consentimentos expressos do Embaixador ou o responsável. Todos os bens vinculados pela Sede e trabalho diplomático estão protegidos pela inviolabilidade. A mala diplomática tudo como puder ser identificado como tal é inviolável, o Estado Receptor não podem detê-la e não abri-la, salvo se tiver bens que não estão destinados ao serviço diplomático; façam parte de tráfico internacional ou bens que esta submetidos a quarentena medida sanitária. A Convenção vai consagrar uma serie de regras com relação a nomeação a nacionalidade dos funcionários Acreditanto, Receptor ou de um Estado Terceiro. Cada direito nacional vai regulamentar a questão. Será necessário o consentimento do seu Estado de nacionalidade para conceder permissão para exercer as funções. Antes da nomeação de um Chefe Embaixador ou um Adido Militar é necessário o consentimento do Estado receptor denomina-se Placet/ Agreement. O não consentimento bloqueia a pessoa e não há necessidade de justificar a negativa. O Embaixador irá ser nomeado pelo Ministro das Relações Exteriores, recebe a Carta de Credenciais e uma cópia será enviada ao outro Ministério das Relações Exteriores. Numa

15 cerimônia solene, o novo Embaixador irá entregar a carta de credenciais ao Chefe Receptor. Após, terá uma entrevista, sendo, então, considerado Embaixador. A inviolabilidade o protege desde sua entrada no Estado até sua saída. A Convenção também estabelece uma serie de regras de protocolo e determina as causas para que terminem as funções de um agente diplomático ou funcionário da embaixada. A maior causa das funções depende do Estado Acreditante. Apenas uma depende do Estado receptor que é a declaração de pessoa non grata / não aceitável. A declaração de pessoa non grata é apenas aos agentes diplomáticas. Essa declaração traz como conseqüência a necessidade de que essa pessoa seja removido do território do Estado receptor. Trata-se de uma sanção diante do abuso de prerrogativa de funções e diplomáticos estrangeiros. Transcorrido o prazo e o indivíduo não ser removido, poderá ser submetido a jurisdição do Estado receptor, não tendo mais privilégios e imunidade. circunstâncias: A Convenção vai consagrar privilégios e imunidades que dependem de três 1) nacionalidade e residência permanente do individuo; 2) hierarquia dentro da Embaixada; 3) da natureza do ato. Dependendo dessas coisas a abrangência da proteção será maior ou menor. Dois privilégios fundamentais imunidade de jurisdição e inviolabilidade pessoal. A extensão da imunidade depende: 1) Não nacionais e nem residentes do Estado Receptor. Penal: Adm./ Civil/ Comercial: Agentes Diplomáticos Proteção absoluta. Absoluta. Salvo exceções Salvo renúncia (emanada do Ministro) previstas expressamente no art. 31 da Convenção. Funcionários administrativos Absoluta. Proteção meramente

16 e técnicos Salvo renúncia do Embaixador. Funcionários a serviço da Proteção meramente missão funcional. funcional. Funcional. Familiares dos agentes diplomáticos, agentes administrativos e técnicos que residem com eles, se são não nacionais e não residentes gozam da mesma imunidade que eles. 2) Nacionais e residentes no Estado Receptor: a proteção consagrada pela Convenção é meramente funcional. Outros privilégios consagrados na Convenção: 1) normas de seguridade social seguem leis do Estado acreditante ; 2) isenção de imposto de caráter pessoal; 3) são isentos de prestações pessoais no território do Estado receptor; 4) não estão sujeitos ao pagamento de imposto de alfândega; 5) impossibilidade de revisão da bagagem do funcionário; 6) não obrigatoriedade de prestar testemunho; 7) há uma proteção especial, em caso de guerra ou comoção interior, o Estado receptor é obrigado a removê-los. Também consagra uma série de facilidades para permitir garantir a instalação da sede diplomática no Estado Receptor. Em regra geral, a sede diplomática deve encontra-se na sede de Governo do Estado receptor porque irão manter uma relação direta com o Ministério de Relação Exterior. Em caos de mudança, haverá prazo para que as Embaixadas também se mudem. 3) Cônsul - Convenção de 1963:

17 Os cônsules são hierarquicamente inferiores as missões permanentes. Em principio, os Consulados não possuem função de representação. Possuem uma função de caráter mais administrativo e fundamental, de vinculação dos Estados Acreditante coma Embaixada. Os Consulados são de dois tipos: Gerais e Honorários. São abertos e os Gerais, basicamente, em cidades mais importantes para o Estado Acreditante capitais. E os Consulados Honorários serão em cidades de menor importância. Gerais: são divididos por Cônsules de carreira. Honorários: por Cônsules Honorários. Os privilégios dos funcionários estão fundamentados na necessidade da função, não no princípio da representação. Fundamentalmente os privilégios são os mesmo da Convenção de 1961, porém sua abrangência é mais limitada. Regras que diferenciam a Convenção de 1961 e 1963: - asilo diplomático se concede nas Embaixadas, nunca nos Consulados; - no âmbito da Convenção de 63 se estabelece a obrigação de contratar um seguro em caso de acidente de trânsito. Pois não tem privilegio da imunidade nesses casos. - a Convenção estabelece as situações os atos dos funcionários ficam submetidos aos Tribunais do Estado receptor. São as infrações relativas a acidente de trânsito e as infrações em que o Cônsul não deixou claro que estava atuando em nome do Consulado. - com relação a inviolabilidade de documentos e bens: para os cônsules honorários só serão considerados invioláveis os bens que são fisicamente separados dos bens dos cônsules. O Cônsul honorário não é pago para dedicar somente as funções do Estado.

18 O cônsul de carreira é o funcionário nacional do Estado Acreditante que é pago para que exerça unicamente as funções consulares. A inviolabilidade pessoal de um Cônsul de carreira é de caráter funcional. Porém, poderão ser detidos em caso de delito grave e Autoridade competente do estado Receptor. A Convenção de 63 consagra o direito a assistência Consular. É basicamente reconhecido por dois Tribunais Internacionais: Corte Internacional de Justiça e a Corte Interamericana de Direito Humanos. A Corte Interamericana de Direitos Humanos irá emitir a opinião consultiva nº 11 de 1990, se refere a esse direito como direito humano. Único Tribunal que o reconhece com essa categoria. O direito a Assistência Consular é consagrado de várias formas: - direito a informação sobre assistência consular; - direito a notificação consular - solicitar as autores que contatem o Consulado para que lhe prestem auxilio; - direito de assistência consular propriamente dita. - direito a comunicação consular (livremente). A CIJ irá consagrar direito de assistência consular nas decisões: - Caso Breard (Paraguai x Estados Unidos). - Caso La Grand (Alemanha x Estados Unidos) 2000. - Caso Avena (México x Estados Unidos) 2003.