USO DE DIFRATOMERIA DE RAIOS-X NA QUANTIFICAÇÃO DA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DE FASES EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX SOLUBILIZADO

Documentos relacionados
USO DE DIFRATOMERIA DE RAIOS-X NA QUANTIFICAÇÃO DA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DE FASES EM AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX SOLUBILIZADO

USO DE DIFRATOMERIA DE RAIOS-X NA QUANTIFICAÇÃO DA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DE FASES EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERMARTENSÍTICO

Nos gráficos 4.37 a 4.43 pode-se analisar a microdureza das amostras tratadas a

INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE GRÃO ORIGINAL NA CINÉTICA DE FORMAÇÃO DE FASE SIGMA EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX

PROJETO DE PESQUISA. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco Candidata: Mariana Bortoletto Paschoal n FEI

ESTUDO COMPARATIVO DOS MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO DE PORCENTAGEM VOLUMÉTRICA DE FERRITA EM AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX UNS S31803 (SAF 2205)

DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA POR EDS DA FASE SIGMA EM AÇOS INOXIDÁVEIS DÚPLEX ENVELHECIDOS

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA FORMAÇÃO DE FASE SIGMA EM AÇOS INOXIDÁVEIS DÚPLEX

INVESTIGAÇÃO DAS ALTERAÇÕES MICROESTRUTURAIS ENTRE 500 C E 650 C NO AÇO UNS S31803

COMPARATIVO DE TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DE FASE FERRITA NO AÇO UNS S31803

DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA DE USO DE PAR DE DIFUSÃO PARA ESTUDO DO EQUILÍBRIO DO SISTEMA FERRO-CROMO

PROJETO DE PESQUISA INFLUÊNCIA DA CORROSÃO SELETIVA DE FERRITA E AUSTENITA NO COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DE AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX

PROJETO DE PESQUISA ESTUDO EXPLORATÓRIO DA SOLUBILIZAÇÃO DE UM AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX BRUTO DE FUSÃO

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASE EM AÇOS INOXIDÁVEIS DÚPLEX

PROJETO DE PESQUISA MODELAMENTO COMPUTACIONAL DA SOLUBILIZAÇÃO DE UM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX E SUA VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL

USO DE DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X NA QUANTIFICAÇÃO DE FERRITA E AUSTENITA EM AÇOS INOXIDÁVEIS DÚPLEX

ESTUDO DE TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DE AÇOS INOXIDÁVEIS DÚPLEX POR MEIO MICROSCOPIA ÓPTICA.*

CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI FLAVIA REGINA PUCCI

Micrografia Amostra do aço SAF 2205 envelhecida por 768 horas a 750ºC. Sigma (escura). Ataque: KOH.

INVESTIGAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO DE FERRITA EM AUSTENITA INDUZIDA POR DEFORMAÇÃO EM AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX

INFLUÊNCIA DO TEMPO E DA TEMPERATURA DE SOLUBILIZAÇÃO NA FORMAÇÃO DA MICROESTRUTURA DÚPLEX DO AÇO UNS S31803

TENACIDADE DO AÇO UNS S31803 APÓS SOLDAGEM.

CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI FLAVIA REGINA PUCCI QUANTIFICAÇÃO DE FASES EM AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX USANDO DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X

ALTERAÇÕES MICROESTRUTURAIS ENTRE 550 C E 650 C PARA O AÇO UNS S31803 (SAF 2205) ABSTRACT

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DE ENSAIO PARA DETERMINAÇÃO DE TEMPERATURA CRÍTICA DE PITE EM AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX POR VIA POTENCIOSTÁTICA

CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI TATIANE DE ALMEIDA LOPES

TENACIDADE DO AÇO UNS S31803 APÓS SOLDAGEM TIG SEM ADIÇÃO.

GERAÇÃO DE DIAGRAMA TTP DE FORMAÇÃO DE CARBONETOS DE CROMO EM AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO TIPO 316 USANDO O DICTRA

AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE EXTRAÇÃO DE FASES POR CORROSÃO SELETIVA DO AÇO UNS S31803 EM SOLUÇÃO 1M HCL A 60 C*

Projeto de Pesquisa MODELAMENTO COMPUTACIONAL DOS CICLOS TÉRMICOS DE FORJAMENTO DE UM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX E SUA VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL

CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI TATIANE DE ALMEIDA LOPES

FERNANDO MARACCINI RABECHINI INFLUÊNCIA DO ENCRUAMENTO E DO TEMPO DE ENVELHECIMENTO A 850 C NA MICROESTRUTURA DO AÇO UNS S31803

ESTUDO COMPARATIVO DOS MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO DE PORCENTAGEM VOLUMÉTRICA DE FERRITA EM AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX UNS S31803 (SAF 2205)

CINÉTICA DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASE EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX.

5.RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO

GERAÇÃO DE DIAGRAMAS TTP E TRC PARA O AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO TIPO 254SMO USANDO O DICTRA

Corrosão por Pite em 0,6M NaCl do Aço UNS S31803 em. Função do Tempo de Envelhecimento entre 700 C e 900 C

Influência das condições de tratamento isotérmico sobre a precipitação de fases secundárias em aço inox superduplex

INFLUÊNCIA DO GRAU DE DEFORMAÇÃO A FRIO NA MICROESTRUTURA E NA DUREZA DE AÇOS DUPLEX DO TIPO 2205

INFLUÊNCIA DO TRABALHO A FRIO NA FORMAÇÃO DE FASE SIGMA EM AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX

PRECIPITAÇÃO DA AUSTENITA SECUNDÁRIA DURANTE A SOLDAGEM DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX S. A. Pires, M. Flavio, C. R. Xavier, C. J.

Ensaios de polarização cíclica em solução 0,3 M NaCl + 0,3 M NaBr com. de potencial por densidade de corrente mostradas nas Figuras 37 a 39.

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX UNS S32101: INVESTIGAÇÃO DE REAGENTES 1

CINÉTICA DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASE EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX

Estudo da Temperatura Crítica de Pite do Aço UNS S31803 em solução 0,6M NaCl.

Corrosão por Pite em 0,6M NaCl do Aço UNS S31803 em. Função do Tempo de Envelhecimento entre 300 C e 650 C

PROJETO DE PESQUISA EFEITO DE LAMINAÇÃO CRIOGÊNICA NA TRANSFORMAÇÃO DE FERRITA EM AUSTENITA INDUZIDA POR DEFORMAÇÃO EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX

(1) (2) A equação 2 define um conjunto de equações lineares que pode ser resolvida dentro de condições adequadas para fornecer valores da FDOC [4].

2. MATERIAIS E MÉTODOS

CARACTERIZAÇÃO DE UM AÇO LEAN DUPLEX POR TÉCNICAS ANALÍTICAS*

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI JÚLIA MARANGONI ESTUDO DA TRANSFORMAÇÃO DE FASE INDUZIDA POR DEFORMAÇÃO EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX

Campus Caxias do Sul. Caxias do Sul, RS, Brasil. *Orientador

Introdução a cristalografia de Raios-X

INFLUÊNCIA DO ESTADO DE DEFORMAÇÕES NA FORMAÇÃO DE MARTENSITA INDUZIDA POR DEFORMAÇÃO EM AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO 1

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASE EM AÇOS INOXIDÁVEIS DÚPLEX

Bs ( C) = %C - 90%Mn - 37%Ni - 70%Cr -83%Mo. %C %Si %Mn %Ni %Cr Ms Q 1 0,4 1,6 1,5 1,4 0, Q 2 0,2 1,6 1,5 1,4 0,

Laboratório de Materiais do Centro Universitário da FEI

Tratamentos Térmicos de Solubilização e Envelhecimento a 475 o C em Aços Inoxidáveis CF8M

CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA A CORROSÃO POR PITE DO AÇO UNS S31803 APÓS SOLDAGEM.

PEDRO OTAVIO SAVINE SORRENTINO

ANÁLISE TERMODINÂMICA E EXPERIMENTAL DA FORMAÇÃO DA FASE SIGMA EM UM AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX SAF 2205 *

CINÉTICA DE PRECIPITAÇÃO DE FASES INTERMETÁLICAS DELETÉRIAS EM AÇOS INOXIDÁVEIS DUPLEX UNS S32205

4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS. Após a preparação metalográfica das amostras, foi realizado o ataque Behara

PARÂMETROS DA CINÉTICA DE PRECIPITAÇÃO DE FASE INTERMETÁLICA EM UM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDUPLEX UNS S32750

TRANSFORMAÇÕES DE FASE EM AÇOS INOXIDÁVEIS DÚPLEX

CORROSÃO POR PITES DE AÇOS INOXIDÁVEIS AUSTENÍTICOS 316L E 317L SOLDADOS PELO PROCESSO GTAW E SOLUBILIZADOS A 1080 C

ESTUDO DA TENSÃO RESIDUAL ATRAVÉS DE DIFRAÇÃO DE RAIOS X EM AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX SUBMETIDO A DIFERENTES TRATAMENTOS TÉRMICOS

Microscopia de transmissão de elétrons - TEM TEM. NP de Magnetita. Microscópio de Alta-resolução - HRTEM. Nanocristais Ni 03/04/2014

Estudo do grau de sensitização do aço UNS S31803 envelhecido a 700ºC por ensaios de reativação potenciodinâmica de duplo loop (DL- EPR).

Ana Paula Ciscato Camillo et al. Efeito do revenido na resistência à corrosão dos aços inoxidáveis supermartensíticos

3 Material e Procedimento Experimental

INFLUÊNCIA DE ASPECTOS MICROESTRUTURAIS NA RESISTÊNCIA À FRATURA DE AÇO ESTRUTURAL COM APLICAÇÕES OFFSHORE

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Difração de raios X. Ciência dos Materiais

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS FERNANDA LOURENÇO FÁBIO DE LIMA

Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais 1º semestre de Informações e instruções para a resolução da prova

ESTUDO DO GRAU DE SENSITIZAÇÃO DO AÇO INOXIDÁVEL UNS S31803 ENVELHECIDO A 750 C*

3 Material e Procedimento Experimental

3 Materiais e Métodos

3. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

PROCESSO SELETIVO MESTRADO 2018 Projeto de Pesquisa

Aula Prática 1. Análise de Difração de Raios X (DRX) Centro de Engenharia Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas

Efeito dos elementos de liga nos aços

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE RECOZIMENTO INTERCRÍTICO NAS PROPRIEDADES DE UM AÇO DUAL-PHASE*

Efeito da temperatura de tratamento térmico sobre a dureza de um ferro fundido branco multicomponente com alto teor de molibdênio

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. A micrografia 4.1, referente ao aço solubilizado SAF 2507, identifica as fases ferrita e

Textura Cristalográfica. Fernando JG Landgraf

MODELAGEM PARA IDENTIFICAÇÃO DE PARÂMETROS DE FASE ATRAVÉS DA TÉCNICA DE DIFRAÇÃO DE RAIO X.

Influência do tratamento térmico de envelhecimento a 850ºC na microestrutura e nas propriedades mecânicas e magnéticas do aço Duplex UNS S31803

Correlação entre a Resistência à Corrosão e as Tensões Residuais de um Aço Inoxidável Lean Duplex UNS S32304 Tratado Termicamente.

SISTEMA HEXAGONAL SIMPLES

EFEITOS DA ADIÇÃO DE NIQUEL EM LIGAS FERRO CROMO PARTE I: PROPRIEDADES MECÂNICAS

Ciências da Arte e do Património

Microestrutura. Fernando JG Landgraf

O espectro eletromagnético

CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI MARIANA TORTELLA MERLI FIORANTE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG Escola de Engenharia. Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica PPMec

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Engenharia de Materiais/Ponta Grossa, PR. Engenharias, Engenharia de Materiais e Metalúrgica

Material conforme recebido (CR) e/ou metal base (MB)

Transcrição:

Projeto de Pesquisa USO DE DIFRATOMERIA DE RAIOS-X NA QUANTIFICAÇÃO DA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DE FASES EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX SOLUBILIZADO Proponente: Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco rodrmagn@fei.edu.br Departamento de Engenharia de Materiais Centro Universitário da FEI Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros Proposta submetida ao PBIC-FEI Candidata a bolsa: Tatiane de Almeida Lopes N FEI.3.633-9, tatiane_sp_lopes@hotmail.com

RESUMO As propriedades mecânicas e de resistência a corrosão de aços inoxidáveis superdúplex tem direta dependência com a fração volumétrica das fases ferrita e austenita, e com suas composições químicas. Uma forma pouco utilizada de realizar a caracterização destas fases nesta classe de materiais é através de difração de raios-x. Assim, o presente projeto tem por objetivo avaliar a possibilidade de utilizar a difração de raios-x tanto na caracterização quanto na quantificação da fração volumétrica das fases presentes num aço inoxidável superdúplex solubilizado em três diferentes temperaturas. Palavras-chave: aço inoxidável superdúplex, transformação de fases, caracterização microestrutural, difração de raios-x. Página 2 de 3

. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA, COM SÍNTESE DA BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL Aços inoxidáveis dúplex Aços inoxidáveis dúplex são amplamente utilizados em situações que demandem a combinação de alta resistência mecânica, alta tenacidade e grande resistência a corrosão -4. São ligas Fe-Cr-Ni-Mo-N, com microestrutura típica composta por 40-45% de ferrita e 55-60% de austenita, obtidas após tratamento de solubilização entre 000 C e 200 C, seguido de resfriamento em água 5. Estes aços podem ser classificados quanto a sua resistência a corrosão por pite através do número de resistência equivalente a pite (PREN, do inglês pitting resistance equivalence number ), através da relação PREN = %Cr + 3,3.%Mo + 6.%N, e relata-se 6 que quanto maior o valor de PREN, maior a resistência a corrosão por pite. São classificados como aços inoxidáveis dúplex quando o valor de PREN situa-se entre 30 e 40; entre 40 e 50, os aços passam a se designar superdúplex, e para valores de PREN superiores a 50 tem-se os chamados aços hiperdúplex. A Tabela mostra composições químicas típicas de três aços dúplex, caracterizando as composições químicas de cada uma destas classes. Tabela. Composição química nominal (%massa) de três aços inoxidáveis dúplex típicos e seus valores de PREN. Material Cr Ni Mo N PREN Classe de resistência a corrosão por pite UNS S3803 22 5 3 0,2 35, dúplex UNS S32750 25 7 3,5 0,3 4,4 superdúplex UNS S33207 32 7 3,5 0,5 5,6 hiperdúplex Página 3 de 3

Existe forte dependência das propriedades mecânicas e de resistência a corrosão dos aços dúplex com a fração volumétrica das fases ferrita e austenita, e de suas composições químicas -3 e portanto o desenvolvimento e caracterização destes materiais dependem inicialmente da precisa medição dos valores de frações volumétricas das fases presentes. Técnicas de estereologia quantitativa aplicadas a imagens obtidas por microscopia óptica 7-9,2, e eletrônica de varredura por elétrons retroespalhados 0,, tem sido comumente utilizadas. Difração de raios-x (DRX) já é utilizada na determinação da fração de austenita retida em aços temperados 4 e na fração de martensita induzida por deformação em aços inoxidáveis austeníticos 5.Todavia, tem-se referência de muitos poucos trabalhos onde DRX foi utilizada em aços dúplex com o intuito de caracterização de fração volumétrica de fases: num deles 6, utilizou-se a DRX com fonte de raios-x de luz sincrotron na caracterização quantitativa da fração volumétrica de fases de um aço inoxidável dúplex. Utilizar técnicas de DRX, como será discutido adiante, permitirá não só a caracterização quantitativa da fração volumétrica das fases presentes como também a caracterização cristalográfica das fases. Tal caracterização, como mostrado em trabalho recente do grupo de pesquisa do proponente 3, baseado em estudos consolidados de cristalografia 7, pode trazer informações indiretas acerca da composição química das fases presentes; no trabalho citado, a redução da resistência a corrosão observada foi creditada a formação de fase, que leva a redução do teor de Cr da ferrita, detectada pela diminuição do parâmetro de rede da ferrita presente. Outras referências 8-20 mostram resultados semelhantes (alteração do parâmetro de rede cristalográfica com alterações de composição química) para a fase austenita, e assim a caracterização por DRX pode complementar de forma substancial o estudo das transformações de fases de aços dúplex. Página 4 de 3

Difratometria de raios-x A difração de raios-x (DRX) permite a determinação de parâmetros cristalográficos de fases, além de permitir a avaliação da fração volumétrica de fases presentes numa amostra. A difração de um feixe de raios-x de comprimento de onda ocorre quando a Lei de Bragg é satisfeita 2 (Eq. ), onde d(hkl) é o espaçamento entre planos cristalográficos cujos índices de Miller sejam (hkl) e é o ângulo de difração, descrito na Figura. Usualmente, refere-se ao ângulo de difração usando-se o valor de 2, dada a geometria comumente empregada nos difratômetros atuais, conhecida como de Bragg-Brentano, em que o feixe incide na amostra com o mesmo ângulo, em que difrata, gerando um ângulo total entre o feixe incidente e difratado de 2. Na Figura 2 tem-se um exemplo de difratograma de raios-x de amostra de aço inoxidável dúplex UNS S3803 solubilizado, obtido com radiação de Cu K (= 0,54056 nm), sendo possível a identificação de picos de difração de diferentes planos (hkl) das fases ferrita () e austenita () em diferentes ângulos de difração 2. 2.d hkl. sen Eq. Figura : Feixes de raios-x incidente e difratado por uma amostra, na geometria de Bragg-Brentano. Página 5 de 3

Figura 2: DRX obtido com radiação de Cu K (= 0,54056 nm) de aço UNS S3803 solubilizado a 75 C por 30 min e resfriado em água, e micrografia da estrutura ferrítica-austenítica típica da amostra. Diferentes picos relativos a planos cristalográficos das fases ferrita () e austenita () estão identificados. O parâmetro de rede a de estruturas cúbicas pode ser calculado pela Eq. 2 sabendo-se a distância interplanar d(hkl) da estrutura que contém o plano cristalográfico cujos índices de Miller sejam (hkl). a d h k 2 2 2. ( hkl) Eq. 2 l Todavia, erros inerentes a determinação do ângulo de difração, e devidos a absorção de raios-x pela amostra, precisam ser corrigidos. Experiência deste grupo de pesquisa mostra que o método de correção proposto por Nelson e Riley 22 permite maior precisão na determinação dos parâmetros de rede de amostraspadrão, e por isso tem sido usada na determinação de parâmetros de rede nas DRX realizadas. O método consiste em traçar gráfico dos parâmetros de rede a obtidos com o uso da Eq. 2 usando diferentes planos (hkl), em função do parâmetro de correção PCN-R dado pela Eq. 5. A extrapolação deste gráfico para o valor do parâmetro de correção nulo resulta no parâmetro de rede corrigido. Na Figura 3 Página 6 de 3

tem-se exemplo de correção do parâmetro de rede da austenita de um aço dúplex, usando informação de 4 planos cristalográficos, resultando em parâmetro de rede de 3,589 Å (0,3589 nm). PC ( 2 cos² cos² sen N R) Eq. 3 Figura 3: aplicação do método de correção de Nelson-Riley 22 na determinação do parâmetro de rede da fase austenita de um aço dúplex solubilizado; o parâmetro de rede corrigido é de 3,589 Å (0,3589 nm). A intensidade integrada sob cada um dos picos difratados por cada fase é proporcional a fração volumétrica das fases (V) e ao parâmetro R(hkl), que é proporcional a intensidade integrada teórica, e que pode ser calculado 35 segundo a Eq. 4 F² p. LP. DWF R ( hkl) eq. 4 ² sendo que F é o fator de estrutura, p o fator de multiplicidade, LP o fator de Lorentz- Polarização, DWF é o fator de Debye-Waller ou de temperatura, e é o volume da Página 7 de 3

célula unitária da fase a qual corresponde o plano (hkl), sendo este último facilmente calculado de posse dos parâmetros de rede das células unitárias descritos anteriormente. O fator de estrutura F é proporcional ao fator de espalhamento atômico f, normalmente apresentado na literatura especializada 2 em função de (sen/). Deve-se encontrar o valor de f ponderado em função da composição química em fração atômica da fase, considerando-se assim o efeito de todos os elementos constituintes. De posse do valor de f ponderado, o valor do fator de estrutura F é então calculado: ) Para estruturas CCC, F(hkl)=2f se (h+k+l) resultar em número par, ou F(hkl)=0 se (h+k+l) resultar em número ímpar. 2) Para estruturas CFC, F(hkl)=4f se (h+k), (h+l) e (k+l) resultarem em número par, ou F(hkl)=0 se as somas dos pares resultarem em números mistos. O fator de multiplicidade p surge da ocorrência de múltiplos planos da família (hkl) numa célula unitária, e tais valores podem ser deduzidos, ou encontrados na literatura 4,5,2,22. Já o fator de Lorentz-Polarização (LP) pode ser estimado para um dado ângulo de difração pela Eq. 5, e o fator de Debye-Waller ou de temperatura DWF pela Eq. 6 4,2. cos²2 LP ( hkl ) eq. 5 sin ² cos sen 2 0,7. DWF ( hkl) e eq. 6 De posse das intensidades integradas de cada pico I(hkl) e dos parâmetros R(hkl), pode se utilizar para um material bifásico contendo fases e o método de comparação direta das intensidades 4,5,2, resultando na eq. 7, que permite o Página 8 de 3

cálculo da fração volumétrica de uma fase, que apresentou n picos de difração passíveis de utilização no cálculo, e onde m é o número de picos referentes a fase. V n n n I R I R m n m I R eq. 7 2. OBJETIVOS O presente projeto tem por objetivo avaliar a possibilidade de utilizar a difração de raios-x tanto na caracterização quanto na quantificação da fração volumétrica das fases presentes num aço inoxidável superdúplex solubilizado em três diferentes temperaturas. Como objetivos específicos, busca-se: ) a possibilidade de caracterizar os parâmetros de rede das fases ferrita e austenita em função de suas composições químicas; 2) avaliar a viabilidade de quantificação das fases ferrita e austenita por DRX; 3) avaliar a influência da seção analisada e possível textura nos resultados de DRX obtidos. 3. METODOLOGIA O material a estudar, doado pela empresa Villares Metals, é uma barra cilíndrica de 82 mm de diâmetro e 3 metros de comprimento de aço superdúplex UNS S32750, que foi obtida através do processo de fusão em forno elétrico a arco, Página 9 de 3

posteriormente laminada, e submetida ao tratamento térmico de solubilização a 20ºC por h30min e resfriamento em água. A composição química do material encontra-se na Tabela 2, e as atividades deste trabalho serão realizadas em quatro grandes etapas, descritas nos itens que seguem; o cronograma global destas atividades está descrito na Tabela 3. Tabela 2 Composição química (%peso) do aço inoxidável superdúplex a estudar. Cr Ni Mo N C Mn Si W Cu bal. 25,7 6,88 3,6 0,25 0,0 0,60 0,40 0,69 0,58 Fe A. Revisão da literatura: revisão crítica da literatura se faz necessária para congregar os diferentes conhecimentos de difração e trabalhos já realizados para consolidar a técnica de difração de raios-x na caracterização de fases em aços inoxidáveis. B. Preparação de amostras, e caracterização microestrutural: amostras do aço a estudar serão retiradas da barra original e tratadas a 00 C, 50 C ou 200 C pr 30 minutos, em forno sob vácuo, e resfriadas em água, obtendo-se amostras compostas por ferrita e austenita de diferentes composições químicas e de diferentes composições químicas das fases, como prevê a simulação de Thermo- Calc apresentada na Figura 4. Tais amostras deverão ser preparadas metalograficamente para obtenção de superfícies polidas, adequadas a caracterização por difração de raios-x subsequentes, com superfícies de observação paralelas às seções longitudinal e transversal da barra original, para avaliação de possível influência de textura. As amostras passarão por análises metalográficas em microscópio óptico após ataque eletrolítico de ácido oxálico para caracterização microestrutural, e por medições em ferritoscópio para averiguação da fração volumétrica de ferrita, cujos dados poderão ser comparados à quantificação a realizar por DRX. Página 0 de 3

(a) (b) (c) Figura 4: Simulação de Thermo-Calc usando a base de dados TCFE8 para um aço Fe-25,7Cr-6,88Ni-3,6Mo-0,25N-0,0C-0,6Mn-0,4Si-0,69W-0,58Cu. (a) Fração volumétrica de ferrita e austenita e composição química calculada de Cr, Ni e Mo de (b) ferrita e (c) austenita. C. Difração de raios-x: as amostras preparadas no item B, com condição superficial apenas polida, serão submetidas a difração de raios-x, utilizando a radiação obtida com fonte de Cu K (= 0,54056 nm), sendo que a varredura de ângulos de difração se dará entre 40 < 2 < 00. Será usado passo de 0,02, e taxa de varredura de 0,5 /min. Dez difratogramas serão obtidos para cada amostra, Página de 3

em cada condição de tratamento, permitindo o cálculo de valores médios e desviospadrão das variáveis de quantificação que serão a seguir descritas. Pretende-se caracterizar os parâmetros de rede das fases identificadas, avaliando alterações destes com os tratamentos térmicos e com as composições químicas das fases, obtidas tanto por MEV-EDS quanto por simulação termodinâmica de equilíbrio usando-se o software Thermo-Calc. A fração volumétrica de frita obtida por ferritoscópio (e por simulação termodinâmica de equilíbrio usando-se o software Thermo-Calc) serão comparadas às calculadas a partir da metodologia de comparação direta de intensidades de picos de DRX. D. Elaboração de relatórios: além dos relatórios parcial e final de atividades que devem ser submetidos ao PBIC-FEI aos 6 meses e 2 meses de andamento da bolsa aqui solicitada, pretende-se que a candidata selecionada apresente ao menos um relatório parcial a cada dois meses, para acompanhamento formal das atividades desenvolvidas. Tabela 3. Cronograma de atividades do projeto. Duração (meses) Atividade 2 3 4 5 6 7 8 9 0 2 A B C D 4. FOMENTO SOLICITADO Nesta proposta, solicita-se bolsa de iniciação científica por 2 meses para aluna do Centro Universitário da FEI previamente selecionada. Página 2 de 3

REFERÊNCIAS. M. L. ERBING, H. L. GROTH. Duplex-un alternativa all acciaio inossidabile 36 per il risparmio di peso in applicazioni offshore. L Acciaio Inossidabile, n. 2, 993, p. 0-3. 2. J. J. ECKENROD, K. E. PINNOW. Effects of chemical composition and thermal history on the properties of alloy 2205 duplex stainless steel, New Developments in Stainless Steel Technology, Detroit, 77-87, 984. 3. J. NORDSTRÖM, B. RUNG. Bollitori e torri di stoccaggio di pasta per carta in acciai inossidabili duplex consentono risparmio di peso e di costi. L Acciaio Inossidabile, v. 2, 995, p. 7-2. 4. B. LEFFLER. Alloy 2205 for marine chemical tankers. Materials Performance, 990, p. 60-63. 5. J. O. NILSSON. Super duplex stainless steels. Materials Science and Technology, v. 8, 992, p. 685-700Armas. 6. A. F. PADILHA, R. L. PLAUT. Phase Transformation and Microstructure. IN: I. Alvarez-Armas, S. Degallaix-Moreuil. Duplex Stainless Steels. Wiley, 2009, p. 5-39. 7. R. MAGNABOSCO, N. ALONSO-FALLEIROS. Pit Morphology and its Relation to Microstructure of 850 C Aged UNS S3803 Duplex Stainless Steel. Corrosion, v. 6, n. 2, 2005, p. 30-36. 8. R. MAGNABOSCO, N. ALONSO-FALLEIROS. Sigma Phase and Polarization Response of UNS S3803 in Sulfuric Acid. Corrosion, v. 6, n. 8, 2005, p. 807-84. 9. C. A. BARBOSA, F. Y. MORI, M. H. C. SOUZA, I. G. S. FALLEIROS. Formação de fase sigma em aço inoxidável austenítico-ferrítico. Metalurgia ABM, n. 227, v. 32, 976, p. 669-673. 0. I. CALLIARI, M. ZANESCO, E. RAMOUS. Influence of isothermal aging on secondary phases precipitation and toughness of a duplex stainless steel SAF 2205. J. Mater. Sci., v. 4, 2006, p. 7643-7649.. D. C. dos SANTOS, R. MAGNABOSCO. Kinetic Study to Predict Sigma Phase formation in Duplex Stainless Steels. Metallurgical and Materials Transactions. A, Physical Metallurgy and Materials Science, v. 47, p., 206. - 2. R. MAGNABOSCO. Kinetics of sigma phase formation in a Duplex Stainless Steel. Materials Research, v. 2, p. 32-327, 2009. 3. E. B. MELO, R. MAGNABOSCO. Evaluation of microstructural effects on the degree of sensitization (DOS) of a UNS S3803 duplex stainless steel aged at 475ºC. Corrosion (Houston, Tex.), v. 7, p. 490-499, 205. 4. ASTM E975-3, Standard Practice for X-Ray Determination of Retained Austenite in Steel with Near Random Crystallographic Orientation. ASTM, 203. 5. N. H. MOSER et al. Martensite Formation in Conventional and Isothermal Tension of 304 Austenitic Stainless Steel Measured by X-ray Diffraction. Met. Mat. Trans. A, v. 45A, 204, p. 489-4896 6. J. W. ELMER, T. A. PALMER, E. D. SPECHT. Direct Observations of Sigma Phase Formation in Duplex Stainless Steels Using In-Situ Synchrotron X-Ray Diffraction. Metallurgical and Materials Transactions A, v. 38A, 2007, p. 464-475 7. G.D. PRESTON. An X-ray examination of iron-chromium alloys. Philos. Mag. 3, 84 (932): p. 49-425. 8. D. J. DYSON, B. HOLMES. Effect of alloying additions on the lattice parameter of austenite. Journal of the Iron and Steel Institute, mai 970 p. 469-474. 9. M. BAEVA et al. X-Ray diffraction and neutron diffraction study of Fe-(5 to 29)Cr-Ni-0.5N. Journal of Materials Science Letters, v.7, 998, p.69-7. 20. A. BESKROVNI et al. Effect of Cr content on the crystal structure and lattice dynamics of FCC Fe Cr Ni N austenitic alloys. Journal of alloys and compounds, v. 29, 999, p. 262-268. 2. B. D. CULLITY, S. R. STOCK. Elements of X-ray diffraction. Prentice-Hall: NJ, 3. Ed, 200. 22. J. B. NELSON, D. P. RILEY. An experimental investigation of extrapolation methods in the derivation of accurate unit-cell dimensions in crystals. Proc. Phys. Soc., 944, p. 60-77. Página 3 de 3