IMPACTO DO ACOLHIMENTO E DAS AÇÕES HUMANIZADAS À MULHER: RELATO DE EXPERIÊNCIA IMPACT OF RECEPTION AND SHARES THE WOMAN HUMANIZED: EXPERIENCE REPORT

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Transcrição:

IMPACTO DO ACOLHIMENTO E DAS AÇÕES HUMANIZADAS À MULHER: RELATO DE EXPERIÊNCIA Resumo IMPACT OF RECEPTION AND SHARES THE WOMAN HUMANIZED: EXPERIENCE REPORT Trata-se de um relato de experiências adquiridas no Estágio em Atenção Primária à Saúde com foco no atendimento humanizado prestado pelas estagiárias de enfermagem às mulheres usuárias da UAPS de um bairro localizado na periferia da cidade de Juiz de Fora MG no preparo para a realização dos exames ginecológicos. Através deste estudo, objetivamos descrever o impacto do acolhimento e das ações humanizadas para as usuárias durante as consultas para a realização dos exames ginecológicos. Através do estudo descritivo, foi analisado o comportamento delas frente às ações humanizadas desempenhadas pelas estagiárias durante a consulta que precede os exames ginecológicos. As ações consistiram em: acolhimento, momento em que foi reforçada a importância da realização dos exames ginecológicos; estabelecimento de diálogo, atenção e respeito e agilização do processo de análise dos resultados do exame citopatológico de colo de útero, já existente na UAPS, objetivando a integralidade e a resolubilidade da atenção. Palavras-chave: Atenção à saúde. Saúde da mulher. Prevenção de câncer de colo uterino. Enfermagem. Abstract It is an account of experiences gained in Stage in Primary Health Care focusing on humanized care provided by nursing women trainees of the community in preparation for the performance of pelvic exams. Through this we aim to describe the impact of host and humane actions to forward queries to users during the performance of pelvic exams. Through the descriptive study analyzed the behavior of users of UAPS a neighborhood located on the outskirts of the city of Juiz de Fora - MG, humanized the face of actions performed by the trainees during the consultation preceding the gynecological examinations. The actions included: completion of the reception, which was now reinforced the importance of performing gynecological examinations, establishment of dialogue, respect and attention and

speed the process of analyzing the results of the Pap test for cervical cancer, already in UAPS, aiming completeness and solvability of attention. Keywords: Health care. Women's health. Cervix neoplasms prevention. Nursing. INTRODUÇÃO A graduação em enfermagem, por meio das aulas teóricas, práticas e do estágio, possibilita aos graduandos a capacidade do desenvolvimento de suas devidas competências, sendo assistenciais, gerenciais, de ensino e pesquisa. E é, por meio do estágio, que é dada a oportunidade de aplicar o conhecimento teórico-prático, a fim de aprimorar as habilidades nas ações de enfermagem, atividade regulamentada pelo Ministério da Educação (MEC) através da Lei 6.494/77 e do Decreto 8.797/82 e atualizada na Lei nº 11.788/2008 (BRASIL, 2011). Diante do exposto, acreditamos que as atividades do estágio são de grande importância para a formação dos graduandos de enfermagem, uma vez que possibilitam a correlação entre o referencial teórico e as situações do cotidiano. Neste estágio, desenvolvemos ações assistenciais, ações de vigilância à saúde, investigação, educação em saúde e ações administrativas. O desenvolvimento destas ações foi pautado no estabelecimento do vínculo a partir da interação e práticas humanizadas no atendimento aos usuários. Ressaltam-se, entre as atividades realizadas, as ações assistenciais voltadas para a consulta de enfermagem à mulher, incluindo o exame preventivo do câncer de colo do útero. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) afirmou que, em 2011, o país atingiria 19 mil novos casos de câncer de colo de útero e cerca de 50% de câncer de mama. Desse modo, o orçamento destinado pelo MS, para esse período, foi de aproximadamente 262 milhões às ações de prevenção de câncer de colo de útero e de câncer de mama (INCA, 2011). Segundo o Ministério da Saúde (MS), no sistema atual, mais de 70% das mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero apresentam a doença em estágio avançado na primeira consulta, limitando, assim, a possibilidade de cura. Este câncer é considerado o segundo tumor mais frequente nas mulheres. Em 2008, segundo o Sistema Nacional de Informação sobre mortalidade, 4.873 mulheres morreram em decorrência desta doença. Já o câncer de mama é considerado o principal câncer de mortalidade entre elas, responsável por 11.813 óbitos nesse mesmo ano.

A Presidenta e o MS, em março de 2011, anunciaram que as ações de fortalecimento da rede de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama e de colo de útero receberão investimentos de 4,5 bilhões ao longo dos próximos quatro anos. A meta do MS, executor do programa, é ampliar, com qualidade, a oferta do rastreamento do câncer de colo do útero, a detecção precoce do câncer de mama e o tratamento dos casos identificados. Os recursos, que compõem a Política Nacional de Atenção em Oncologia, serão aplicados, até 2014, no fortalecimento da atenção primária e da rede ambulatorial e hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) e em campanhas de informação e conscientização à sociedade. Quando detectados precocemente, estes tipos de câncer apresentam elevados potenciais de sobrevida e possibilidade de cura (BRASIL, 2011). As atividades desenvolvidas possibilitaram a reflexão sobre as dificuldades, vantagens, necessidades e possibilidades de melhorias no atendimento. Ao final do estágio, elaboramos este relato de experiência para mostrar parte do nosso trabalho na unidade. Em decorrência dos elevados números de mortalidade e de novos casos de câncer de colo de útero e de mama, propõe-se, por meio das ações dos órgãos competentes, juntamente com os profissionais de saúde, promover a promoção, proteção e recuperação da saúde da população feminina (BRASIL, 2011). Com intuito de colaborar com esta proposta, esforçamonos, com a orientação da supervisora do estágio e o apoio das enfermeiras da unidade, para desenvolver práticas mais humanizadas no atendimento às mulheres, facilitando sua aproximação com os serviços de saúde e minimizando o preconceito ainda existente. O relato de experiências adquiridas tem como foco o atendimento humanizado realizado pelas estagiárias de enfermagem às mulheres da comunidade no preparo para a realização dos exames ginecológicos. O objetivo foi descrever a experiência relacionada ao impacto do acolhimento e das ações humanizadas frente às usuárias durante as consultas para a realização dos exames ginecológicos. MÉTODO Este trabalho foi vivenciado por docente e por estagiárias do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora e as enfermeiras da Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) de um bairro localizado na periferia da cidade de Juiz de Fora MG, no período de março a julho de 2011. Consiste em um relato de experiência, cujo

estudo é descritivo, através do qual foi observado o comportamento das usuárias atendidas na UAPS, frente às ações humanizadas desempenhadas pelas estagiárias durante a consulta que precede os exames ginecológicos. As ações consistiram no acolhimento, momento em que foi reforçada a importância da realização dos exames ginecológicos; estabelecimento do diálogo, atenção e respeito durante a consulta; agilização do processo de análise dos resultados do exame citopatológico de colo de útero, já existente na UAPS, objetivando a integralidade e a resolubilidade da atenção. RESULTADOS Tendo em vista que os casos de câncer de colo de útero e de mama em mulheres têm sido responsáveis pela morte de milhares delas em todo o mundo, os profissionais da área de saúde, especificamente os de saúde da mulher, atribuem à prevenção e ao controle ações de relevante importância e necessidade (RODRIGUES et. al., 2011). No entanto se observa que grande parte das mulheres ainda possui medo e vergonha de realizar os exames ginecológicos, aumentando assim o risco à sua saúde. Em se tratando de as consultas serem acompanhadas ou realizadas por estagiárias, nota-se que o preconceito torna ainda mais difícil tal realização, isso devido ao receio que as mulheres têm quanto à experiência das estagiárias, somado ao sentimento de constrangimento dessas usuárias (RIBEIRO et al., 2011). Por meio do relacionamento, do diálogo e da escuta estabelecidos, observou-se a mudança do comportamento das usuárias. O acolhimento permitiu que a usuária adquirisse maior segurança em relação à consulta realizada pelas estagiárias, diminuindo a resistência anteriormente encontrada. No decorrer das consultas, manteve-se postura ética de profissional, e a atenção, o respeito e o carinho eram transparentes nas consultas, contribuindo no diferencial do procedimento. Neste período, ocorreu aumento da demanda de exames preventivos. Acreditamos que a forma humanizada de atender as usuárias, seja por parte dos profissionais da equipe, seja pelas estagiárias, teve influência nesse quantitativo. É válido registrar que, no início do estágio, havia realização de poucos exames preventivos, cerca de seis por semana. Com o acolhimento e a consulta pautada na integralidade das ações e considerando a pessoa como um ser integral, após a quarta semana de estágio, a média de consulta ginecológica e exame preventivo atingiu 16 exames/semana.

É importante ressaltar que a UAPS possui um controle dos resultados do exame citopatológico de colo de útero. O resultado é analisado e registrado pela enfermeira e estagiária. A partir da análise e registro do resultado, se evidenciada alguma alteração, a enfermeira responsável pela área de abrangência da usuária faz a observação pertinente, utilizando uma comunicação escrita acessível ao entendimento da usuária, anexa ao resultado, e, se necessário, encaminha a usuária ao serviço especializado. Esse procedimento tem como objetivo controlar os resultados, agilizar o serviço e promover a resolubilidade. Quando a usuária não procura a unidade para receber o resultado, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) realiza a busca ativa, tornando o serviço de saúde local eficiente. As usuárias com alterações nas mamas, detectadas durante as consultas, foram encaminhadas para o serviço especializado, enfatizando sempre a importância do autoexame. Nesta experiência, ficou evidente o quanto a postura profissional, o acolhimento e a relação profissional-usuária facilitaram a realização dos exames preventivos do câncer de colo de útero e de mama. O esclarecimento das dúvidas e a ênfase na necessidade de realização desses exames minimizaram a resistência das usuárias quanto à consulta e ao exame preventivo, bem como a aproximação da estagiária de enfermagem às mulheres possibilitou a realização do procedimento, com benefícios mútuos. Enfim, o trabalho já realizado pelas enfermeiras, demonstrando a preocupação com a análise, controle, registros e encaminhamentos, juntamente com o bom acolhimento e atendimento humanizado das estagiárias, propiciou o desenvolvimento de um atendimento pautado nos princípios do SUS e na lógica da Estratégia Saúde da Família. Ressalta-se que isso facilitou a inserção da estagiária de enfermagem na unidade, além da inclusão de um número significativo de mulheres no Programa Saúde da Mulher, disponibilizado pelo SUS. Julgamos que os usuários reconhecem, mesmo que de forma singular, a saúde como um direito. A ampliação do acesso possibilita maior conforto enquanto aguarda o atendimento e resgata o respeito pelo sofrimento e dificuldades dos usuários. A implantação e implementação do acolhimento requer educação permanente, supervisão e apoio institucional para os trabalhadores, no sentido de elevar o padrão de atendimento coerente com os princípios e diretrizes do SUS (TAKEMOTO et al., 2007). CONCLUSÃO

Diante do exposto, percebe-se o quanto é importante a prática do acolhimento, e que o atendimento humanizado nos serviços de saúde possibilita o vínculo no relacionamento entre usuários e equipe de saúde, resultando em ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Frente a essas considerações, compreendemos a importância do preparo dos profissionais de saúde para a realização do acolhimento e das práticas humanizadas, garantindo um atendimento seguro, de qualidade e com respeito aos princípios e diretrizes da política pública de saúde. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 11.788 / 2008. Disponível em: www.fieb.org.br/estagionew/texto-integral.doc. Acesso em: 27 de junho de 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde investe R$ 4,5 bilhões em prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama e de colo de útero, março 2011. Disponível em: www.saude.gov.br. Acesso em: 03 de maio de 2011. INCA. Ministério da Saúde. Estatísticas do Câncer. 2011. Disponível em: http://www.inca.gov.br. Acesso em: 30 de junho de 2011. RIBEIRO, M.G.M., SANTOS, S.M.R., TEIXEIRA, M.T.B. Itinerário Terapêutico de Mulheres com Câncer do Colo do Útero: uma Abordagem Focada na Prevenção. Revista Brasileira de Cancerologia, v.57, n.4, p.483-91, 2011. RODRIGUES, A.D., TEIXEIRA, M.T.B. Mortalidade por câncer de mama e câncer de colo do útero em município de porte médio da Região Sudeste do Brasil, 1980-2006. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n.2, p.241-8, 2011. TAKEMOTO, M.L.S., SILVA, E.M. Acolhimento e transformações no processo de trabalho de enfermagem em unidades básicas de saúde de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.2, p.331-40, 2007.