ANÁLISE DE JOGO NO FUTSAL ESCOLAR: situação e efetividade de finalização

Documentos relacionados
CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL, FUTSAL E FUTEBOL DE 7.

CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES DE FINALIZAÇÃO EM JOGOS DE FUTSAL: uma análise técnico-tática

EFICIÊNCIA DO COMPORTAMENTO TÁTICO DOS JOGADORES DE FUTEBOL DE ACORDO COM O ESTATUTO POSICIONAL.

Palavras Chaves: Futebol, Comportamento Tático, Categorias de base

ANÁLISE DOS PADRÕES DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL NA COPA DO MUNDO FIFA 2014

RELAÇÃO ENTRE O SETOR DA QUADRA E O DESFECHO DO CONTRA-ATAQUE NO FUTSAL FEMININO DE ALTO RENDIMENTO

SISTEMATIZAÇÃO DE ENSINO DO FUTEBOL PARA CRIANÇAS DE 10 E 11 ANOS: comportamento da qualidade de realização dos princípios táticos

COMPARAÇÃO ENTRE O COMPORTAMENTO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL DAS CATEGORIAS SUB-11 E SUB-13

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

CARACTERIZAÇÃO DAS FINALIZAÇÕES RESULTADAS EM GOL NO CAMPEONATO BRASILEIRO DE FUTEBOL SUB

ANÁLISE GOLS DE TREZE JOGOS DA LIGA FUTSAL 2013

COMPARISION OF THE SHOOT ON GOAL PATTERN IN INDOOR SOCCER ATHLETES OF DIFFERENT AGES

Estudos no Futsal: Avaliação do desempenho técnico-tático. Prof. Michel Saad Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Desportos

EFEITO DA RESTRIÇÃO DE TEMPO NA FASE OFENSIVA SOBRE O DESEMPENHO TÁTICO NO FUTEBOL

EFICIÊNCIA DE REALIZAÇÃO DOS PRÍNCIPIOS TÁTICOS EM JOGOS REDUZIDOS NO FUTEBOL: comparação entre vitória e derrota

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO INDIViDUAL DE PRATICANTES DE FUTEBOL E FUTSAL

Alternativas táticas para ser vantajoso na subfase de finalização do jogo.

FUTSAL NAS CATEGORIAS DE BASE. CONSTRUÇÃO DO JOGO DEFENSIVO: Conceitos e atividade práticas

ANÁLISE DAS FINALIZAÇÕES E POSSE DE BOLA EM RELAÇÃO AO RESULTADO DO JOGO DE FUTEBOL

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO Mestrado/Doutorado PLANO DE ENSINO

DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL POR ESTATUTO POSICIONAL

Sistemas: Distribuição ordenada dos componentes de uma equipe em quadra, visando facilitar a aplicação das diferentes manobras.

Princípios Táticos. Aprofundamento em Futebol

ANÀLISE DAS AÇÕES TÈCNICO-TÁTICAS DO GOLEIRO-LINHA EM JOGOS DE FUTSAL

Colégio Adventista de Rio Preto. Futsal. 9º ano. Prof. Daniel Prandi. Prof. Sheila Molina

PALAVRAS-CHAVE: Futebol; Pequenos Jogos; Comportamento Técnico

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

O ANO DE NASCIMENTO DETERMINA A ESCOLHA DO ESTATUTO POSICIONAL EM JOGADORES DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS DE BASE?

Marcelo Vilhena Silva CURRICULUM VITAE

Unidades de Formação e Cargas Horárias Andebol - Grau III

COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO TÁTICO ENTRE RESULTADOS FINAIS DOS JOGOS REDUZIDOS DE FUTEBOL

COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL ENTRE CATEGORIAS SUB-11 E SUB-17

METODOLOGIAS DE ENSINO NA APRENDIZAGEM DO FUTSAL MÉTODO ANALÍTICO OU GLOBAL

EFEITOS DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM-TREINAMENTO NO DESEMPENHO DE HABILIDADES TÉCNICAS DE JOGADORES DE FUTEBOL DA CATEGORIA SUB-13

ESTUDOS NO FUTEBOL 1º Congresso Brasileiro de Jogos Esportivos Coletivos. Gibson Moreira Praça Departamento de Esportes EEFFTO/UFMG

Colégio Adventista de Rio Preto. Prof. Daniel Prandi Prof. Sheila Molina

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO NO FUTEBOL: do treino ao jogo. Gibson Moreira Praça Departamento de Esportes EEFFTO/UFMG

PROCESSO SELETIVO PROGRAMA MONITORIA LAZER E ESPORTE- 2018/2019

A INFLUÊNCIA DE JOGADORES CURINGAS SOBRE AS AÇÕES TÁTICAS DE JOGADORES NAS FASES OFENSIVA E DEFENSIVA EM JOGOS REDUZIDOS E CONDICIONADOS DE FUTEBOL.

PADRÕES DE OBTENÇÃO DE GOLS EM PEQUENOS JOGOS NO FUTEBOL EM IGUALDADE NUMÉRICA

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES TÉCNICAS EM SITUAÇÕES DE PEQUENOS JOGOS NO FUTEBOL COM SUPERIORIDADE NUMÉRICA

Éder José Guedes Lucas Diniz ANÁLISE DAS FINALIZAÇÕES NO FUTSAL FEMININO NAS OLIMPÍADAS ESCOLARES BRASILEIRAS 2010

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Programa Analítico de Disciplina EFI164 Handebol I

Evolução Tática do Futebol. Prof. Esp. Sandro de Souza


ANÁLISE DAS SITUAÇÕES DE 1X1 EM JOGOS DE FUTSAL

Agradecimento Com o apoio do Programa AlBan, Programa de bolsas de alto nível da União Européia para América Latina, bolsa nº E07D400279BR

ESPECIFICIDADE TÉCNICA NO BASQUETEBOL: CLUBES X SELEÇÕES

Fundamentos técnicos do Handebol

Entidade Mantenedora: SEAMB Sociedade Espírita Albertino Marques Barreto CNPJ: /

COMPORTAMENTO TÁTICO INDIVIDUAL DE ATLETAS DE FUTEBOL EM SITUAÇÕES DE PEQUENOS JOGOS

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

FUTSAL FEMININO UNIVERSITÁRIO:

PROCESSO SELETIVO PROGRAMA MONITORIA LAZER E ESPORTE- 2018/ Sobre a substituição do goleiro é incorreto afirmar:

FUTSAL. Trabalho realizado por: Helena Rocha 12ºA Nº17 Ana Lúcia 12ºA Nº3

DIOGO PEDOTTI RODRIGUES DOS SANTOS FUTEBOL 7 UM NOVO CAMINHO NA FORMAÇÃO DE ATLETAS DE FUTEBOL

O COMPORTAMENTO TÁTICO EM DIFERENTES CATEGORIAS NA EXECUÇÃO DO CONTRA-ATAQUE NO FUTSAL

CAPÍTULO Oferecer-se e. Habilidades técnicas. desmarcar-se

PROGRAMA DE TREINAMENTO DE VOLEIBOL DESTINADO À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA

Avaliação do comportamento tático no futebol: princípios táticos fundamentais nas categorias sub-14 e sub-15

Recuperação Defensiva

INICIAÇÃO AO FUTEBOL. Concepções metodológicas do treinamento INTRODUÇÃO:

PROCESSO SELETIVO PROGRAMA MONITORIA LAZER E ESPORTE- 2018/2019

APOSTILA JOGADORES CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES

CURSO DE TREINADORES DE FUTSAL NÍVEL II TÉCNICO TÁCTICA CADERNO DE EXERCÍCIOS ESTRUTURA DOS CONTEÚDOS A ABORDAR NAS DIFERENTES SESSÕES:

CURSO: Metodologia de Treino e Preparação Física

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DO SAQUE NO VOLEIBOL FEMININO DO MUNDIAL DE 2009.

CAPÍTULO Superar o adversário. Capacidades táticas. Pablo Juan Greco Gustavo de Conti T. Costa Juan Carlos P. Moraes

Intervenção nos Jogos Desportivos Coletivos de Invasão. Pontos comuns entre o Basquetebol, Andebol e Futebol

CADERNO DE EXERCÍCIOS

ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DA GUARDA

ATAQUES REALIZADOS NA ZONA DE DEFESA TÊM EFEITO SEMELHANTE ÀS AÇÕES OFENSIVAS NA ZONA DE ATAQUE NO VOLEIBOL FEMININO?

ANÁLISE DOS PERÍODOS POSITIVOS E NEGATIVOS EM JOGOS DE BASQUETEBOL

Pressupostos pedagógicos para a iniciação esportiva no handebol

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Caracterização do Jogo

ESTUDOS NO FUTSAL. Prof. Dr. Felipe Rodrigues da Costa (UnB) Prof. Dr. Michel Saad (UFSC)

ANÁLISE DO CONHECIMENTO TÁTICO EM ATLETAS DE HANDEBOL

PALAVRAS-CHAVE Pedagogia do Esporte. Metodologia. Iniciação Esportiva. Futsal.

9 ANO APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

INCIDÊNCIA DE GOLS RESULTANTES DE CONTRA-ATAQUES DE EQUIPES DE FUTSAL

Sistema de Ataque Triângulo Lateral

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL EM JOGOS REDUZIDOS CONDICIONADOS: O EFEITO DO CURINGA EM APOIO INTERNO

CHAMPIONS LEAGUE 2008/09 FINAL ROMA

Processo para o ensino e desenvolvimento do futebol e futsal: ESTÁGIOS DE INICIANTES, AVANÇADOS E DE DOMÍNIO

CAPÍTULO Oferecer orientar. Capacidades táticas. Pablo Juan Greco Gustavo de Conti T. Costa Juan Carlos P. Moraes

UNIVERSIDADE DE COIMBRA. Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

esportivas das aulas de Educação Física nas escolas de todo país.

HANDBALL. Táticas defensivas

CAMPUS SÃO CRISTÓVÃO II HANDEBOL

O EFEITO DA IDADE RELATIVA E O DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL DA CATEGORIA SUB-13

Exercícios de Treino dos Melhores Treinadores de

Revista Brasileira de Futsal e Futebol

CRONOGRAMA DA DISCIPLINA 11/04 Teoria geral dos JDC 16/04 Transfert e ressignificação (Prática) 23/04 Métodos de Ensino dos JDC 25/04 Fundamentos

ALUNO (A): Nº. 2- Quantos jogadores de handebol ficam na reserva? A. 5jogadores. B. 6jogadores. C. 7jogadores. D. 8jogadores. E. 9jogadores.

A INSERÇÃO DE JOGADORES CURINGAS E A EFICIÊNCIA DO COMPORTAMENTO TÁTICO DURANTE OS JOGOS REDUZIDOS E CODICIONADOS

ALTERAÇÃO DA REGRA DE UTILIZAÇÃO DO GOLEIRO-LINHA OCORRIDA EM JANEIRO DE 2011: IMPLICAÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS

Transcrição:

ANÁLISE DE JOGO NO FUTSAL ESCOLAR: situação e efetividade de finalização Fabiola de Araujo Cabral / UFMG Gibson Moreira Praça / UFMG Camila de Souza Teixeira / UFMG Cristino Júlio Alves da Silva Matias / UFMG Pablo Juan Greco / UFMG gibson_moreira@yahoo.com.br ոո Palavras-chave: Futsal, Análise de Jogo, Finalizações. INTRODUÇÃO No Futsal, bem como nos demais Jogos Esportivos Coletivos, evidenciam-se duas fases dentro de um jogo: ofensiva e defensiva, além das transições entre uma e outra. Nestas fases, coexistem conceitos táticos específicos para cada uma. A tática ofensiva se inicia quando a equipe está com a posse de bola (SILVA et al., 2011) e se fundamenta em três princípios que norteiam as ações neste contexto: conservação da posse de bola (evitando que a equipe adversária o ataque); criação de desequilíbrios na defesa adversária (criando espaços, para assim progredir até a meta adversária, gol); ato de finalização (marcando o gol, tento) (MORENO, 1996; TAVARES, 2002; LEITE, 2012). 408 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 408-414, 2013

Neste estudo, na perspectiva da análise de jogo (ANGUERA, 1999), será investigado o terceiro princípio dentre os anteriormente apresentados: a finalização. Neste princípio, é importante levar em conta que tão importante quanto finalizar mais vezes a gol durante um jogo é possuir alta efetividade nas finalizações, ou seja, ser capaz de marcar o maior número de gols em um menor número de chutes à baliza. As finalizações tem sido objeto de diversos estudos (MARCHIORI, 2011; SANTANA; GARCIA, 2007; CUNHA et al., 2009). Contudo, ainda há pouca clareza no que diz respeito às características da finalização em jovens de níveis competitivos e idades mais baixos, representados, neste estudo, pela categoria sub-13 escolar da cidade de Belo Horizonte. Desta forma, o objetivo deste trabalho é investigar a relação entre a situação de finalização e a efetividade das finalizações entre praticantes de futsal em praticantes com idade baixa e praticantes de competição em nível escolar. MATERIAIS E MÉTODOS Amostra: Dez jogos de futsal masculino, categoria sub-13 (atletas com idade igual ou inferior a 13 anos de idade completos no ano de 2011), do campeonato metropolitano escolar de 2011, da cidade de Belo Horizonte, num total 1.783 sequências ofensivas e 905 finalizações. Os jogos foram filmados com a câmera posicionada na lateral da quadra fixada a um tripé e manuseada de forma a registrar as sequências ofensivas de cada equipe. As imagens foram digitalizadas para o computador. A criação do banco de dados foi realizada com a utilização do software DartFish Team Pro. Os critérios de Silva et al. (2005), adotados neste estudo, abordam três indicadores de jogo, os quais são: situação, setor e resultado da finalização. Dentro do indicador situação, utilizado no presente, há seis parâmetros: jogo organizado (JO), contra-ataque (CA), lateral (TL), escanteio(tc), falta (FT) e bola roubada (BR). Fidedignidade das observações Foi utilizado o método teste re-teste em dias diferentes (estabilidade) com intervalo de tempo entre uma observação e a outra de 07 dias. O índice R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 408-414, 2013 409

Kappa confirmou a concordância intra-avaliador para situação (Kappa = 0,858). Para inter-avaliadores o cálculo do Kappa teve os seguintes resultados: situação (Kappa = 0,926). Foi considerada 20% da amostra total das ações analisadas configurando 181 ações (TABACHNICK; FIDELL, 1989). Os resultados mostram que há fidedignidade intra e inter-avaliador (LANDIS; KOCH, 1997). Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva com a utilização da frequência absoluta e a frequência relativa. RESULTADOS A partir dos jogos analisados, observou-se uma média de 90,4 ações por jogo com 105 gols marcados. O gráfico 1 apresenta a frequência relativa de finalizações em cada uma destas situações nos jogos observados. Gráfico 1 - Frequência absoluta e relativa de finalizações em cada situação. Referente à situação nas quais os gols ocorreram, o gráfico abaixo apresenta os resultados em percentuais em cada situação. Gráfico 2 - Frequência absoluta e relativa de gols em cada situação. 410 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 408-414, 2013

A tabela 1, mostrada abaixo, apresenta o total de finalizações em cada situação, o total de gols em cada situação e, a partir da razão entre estes dados, a efetividade (gols/finalizações) em cada situação. Tabela 1 - Total de finalizações, total de gols e efetividade por situação. Situação Total de Finalizações Total de Gols Efetividade Jogo Organizado 208 22 10,58% Contra-ataque 50 17 34,00% Lateral 258 19 7,36% Escanteio 113 8 7,08% Falta 72 8 11,11% Bola Roubada 203 31 15,27% Total 905 105 DISCUSSÃO Por meio dos dados expostos, observa-se que a quantidade de finalizações em uma dada situação pode não apresentar relação direta com a quantidade de gols nesta situação. Como exemplo, evidenciam-se o baixo número de finalizações advindas de Contra-ataque e a alta efetividade nesta situação e o alto número de finalizações em Tiros laterais associado à baixa efetividade nesta situação. É a partir do Contra-ataque e do Tiro Lateral que os dados serão discutidos abaixo. Percebe-se que a situação que mais se destaca em efetividade de finalização é o contra-ataque, resultado em consonância com estudo de Leite (2012). Observa-se, porém que essa situação foi a que apresentou as menores frequências de finalização na amostra analisada. Este resultado pode ser justificado pela baixa eficiência defensiva das equipes em situações de inferioridade numérica defensiva, características do contra-ataque. Nesta situação, segundo Miranda (2005), ocorrem menos roubadas de bola em relação a situações com igualdade ou superioridade numérica defensiva. Desta forma, cabe ao defensor, adotar estratégias como o retardo do ataque, ou Princípio da Contenção (BRAVO; OLIVEIRA, 2012; COSTA et al., 2010), a indução à beirada, eu R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 408-414, 2013 411

permite a si próprio entrar em condição de 1x1 com o atacante, e fechamento de linhas de passe, que dificulta a troca de bola entre os atacantes na situação de Contra-ataque e cria assim condições temporais para que mais companheiros se coloquem em condição de participar da defesa e efetivarem-se os demais Princípios de Jogo na fase defensiva Cobertura Defensiva, Unidade Defensiva, Concentração e Equilíbrio (BRAVO; OLIVEIRA, 2012; COSTA et al., 2010). Destaca-se, em outro ponto, que as situações de tiro lateral foram as que mais ocorreram finalizações, entretanto, foi uma das situações que menos teve resultados positivos, menor efetividade. Deve-se, portanto, alertar os treinadores para uma possível mudança nas manobras ofensivas realizadas nos tiros laterais. A manobra na qual o jogador que cobra o lateral rola a bola com a sola dos pés, o suficiente para que a bola apenas saia da linha de cobrança, enquanto o batedor corre em direção à bola e finaliza a gol, foi frequentemente observada durante os jogos analisados. Entretanto, quando tais jogadas se tornam mecânicas e não automáticas, os jogadores (pessoa) param de perceber o as características ambientais e as situações de jogo (tarefa), o que, no âmbito da Teoria da Ação (NITSCH, 2009), estaria no cerne das tomadas de decisão no contexto esportivo. Desta forma, as tomadas de decisão, em situações mecanizadas, tornam-se ineficazes e facilmente marcáveis. Além disso, se as equipes utilizam frequentemente essa manobra ofensiva, obviamente os marcadores serão capazes de anular a jogada e sua efetividade será reduzida, conforme demonstrado neste estudo. Assim, torna-se necessário a criação de ações tática de grupo que, além de permitir a participação ativa de mais jogadores na quadra de jogo, o que aumenta a complexidade no processo de defesa, surpreenda a equipe adversária, o que leva a desequilíbrios na defesa e, consequentemente, torna a finalização mais eficaz. Desta forma, é fundamental que a metodologia de ensino-aprendizagem-treinamento proposta não apenas diga ao atleta o que fazer, mas principalmente seja capaz de conduzir os jogadores à resolução das situações-problema do jogo (GRECO; BENDA, 1998). CONCLUSÕES A partir dos dados apresentados conclui-se que o tiro lateral foi a situação com maior incidência de finalizações. Contudo, foi o contra-ataque que 412 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 408-414, 2013

apresentou maior efetividade, o que revela haver distorções entre as estratégias adotadas pelas equipes para a marcação de gols e as chances efetivas em cada situação. Desta forma, sugere-se que o processo de ensino-aprendizagem-treinamento capaz de conduzir os atletas à resolução das situações-problema do jogo de modo autônomo com ações de adaptação e antecipação em diferentes cenários, com inteligência e criatividade (VILHENA; GRECO, 2009; VILHENA; MATIAS; GRECO, 2011; MOREIRA; MATIAS; GRECO, 2013). REFERÊNCIAS ANGUERA, M. Observación en deporte y conducta cinésio-motriz: aplicaciones. Barcelona: Edicions Universitat de Barcelona, 1999. BRAVO, L.; OLIVEIRA, M. T. Comportamentos táticos no jogo de futsal: os princípios do jogo. Millenium, n. 42, p.127-142, jan./jun. 2012. COSTA, I. T.; GARGANTA, J. M.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I. Análise e avaliação do comportamento tático no futebol. Revista da Educação Física, v. 21, n. 3, p. 433-455, 2010. CUNHA, G. A.; SOUZA, P. R. C.; ABRAS, D. R.; BACKES, R. M.; COSTA, V. T. Análise das variáveis ataque e finalização da modalidade futsal: comparação entre as categorias sub-15 e adulta. Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 8, n. 5, 2009. GRECO, P. J.; BENDA, R. N. (Org.) Iniciação esportiva universal: da aprendizagem motora ao treinamento técnico. v. 2, Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998. LANDIS, J. R.; KOCH, G. C. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics, v. 33, n. 1, p. 159-174, mar. 1997. LEITE, W. S. S. Analysis of the offensive process of the Portuguese Futsal Team. Pamukkale Journal of Sport Sciences, n. 3, v. 3 p. 78-89, 2012. MARCHIORI, C. L. Análise do chute ofensivo nos jogos universitários gaúchos de futsal 2011. Monografia (Graduação) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011. MIRANDA, C. Defesa zona pressing enquanto sistema defensivo precursor do aumento de finalizações: estudo de jogos finais da Taça UEFA e Liga dos Campeões. Dissertação (Licenciatura) Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto, Porto, 2005. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 408-414, 2013 413

MOREIRA, V. J. P.; MATIAS, C. J. A. S.; GRECO, P. J. A influência dos métodos de ensino-aprendizagem-treinamento no conhecimento tático processual no futsal. Revista Motriz, v. 19, n. 1, jan./mar. 2013. MORENO, J. H. Fundamentos del esporte: analisis de las estruturas del juego deportivo. Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1996. SANTANA,W. C.; GARCIA, O. B. Incidência do contra-ataque em jogos de futsal de alto rendimento. Revista Pensar a Prática. v. 10, n. 1, 2007. SILVA, C. Estudo comparativo das acções ofensivas com finalização entre equipas de níveis distintos da Divisão de Elite do Futsal Português. Monografia (Licenciatura) Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Umiversidade do Porto, Porto, 2002. SILVA, M. V.; MOREIRA, J. P. A.; COSTA, F. F.; GRECO, P. J. Comparision between the offensive actions of the final stage of the Mineiro Championship of Indoor Soccer in the Pre-Mirim and Mirim Categories. Fiep Bulletin, v. 75, Special Edition, Article 1, 2005. SILVA, M. V.; GRECO, P. J. A influência dos métodos de ensino-aprendizagem-treinamento no desenvolvimento da inteligência e criatividade tática em atletas de futsal. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 23, n. 3, 2009. SILVA, M. V.; RÉ, A. H. N.; MATIAS, C. J. A. S.; GRECO, P. J. Estratégia e tática no futsal: uma análise crítica. Caderno de Educação Física, v. 10, n. 19, p. 75-84, 2. sem. 2011. TAVARES, F. Análise da estrutura e dinâmica do jogo nos jogos desportivos. In: BARBANTI, J.; BENTO, J.; MARQUES, A.; AMADIO, A. (Orgs.). Esporte e atividade física: interação entre rendimento e qualidade de vida. São Paulo, Manole, 2002. p. 129-143. 414 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 408-414, 2013