ESTUDO DO VOLEIBOL DE ALTO NÍVEL BASEADO EM DADOS DE ESTATURA DOS JOGADORES 1

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Transcrição:

ESTUDO DO VOLEIBOL DE ALTO NÍVEL BASEADO EM DADOS DE ESTATURA DOS JOGADORES 1 RESUMO: Este texto é parte de um estudo monográfico sobre antropometria de atletas de voleibol de alto nível, defendido em 2013. O recorte aqui foi somente em dados de estatura de atletas de 4 das principais competições do voleibol mundial. A pesquisa é de tipo observacional, descritivo, transversal e se baseou em evidências quantitativas, presentes em bancos de dados já constituídos. Foi usado o modelo estatístico paramétrico para testar e comparar os dados. Conforme o que foi observado, o voleibol tem exigido um biotipo ideal, distante do homem comum, que exige, acima de tudo, o componente genético, acima de qualquer outra variável. A estatura define não só a possibilidade de ser jogador de voleibol, mas a posição/função desse jogador em quadra. PALAVRAS CHAVE: Voleibol; Rendimento esportivo, Estatura. INTRODUÇÃO: O presente estudo tem como objetivo analisar a composição biotipológica predominante dos atletas de voleibol de alto rendimento. Trabalhamos com dados da população de jogadores de voleibol considerados de alto nível, a partir da variável estatura, dos participantes das competições anuais mais importantes do voleibol mundial: a Superliga nacional; a Liga Italiana; a Liga dos Campeões da Europa e a Liga mundial. As equipes se constituem por jogadores de cada vez maior estatura e força, e os desempenhos passam a não ser dependentes unicamente dos esforços dos atletas ou dos planejamentos dos treinadores. Soma-se a isso, o fator genético que define a estatura e a capacidade de desenvolvimento da força e da velocidade nas ações. O que pretendemos nesse estudo é investigar e expor em dados essa realidade ou tendência do voleibol, a fim de oferecermos subsídios para se pensar no futuro do esporte em específico dessa modalidade. De acordo com a Federação Internacional de Voleibol (FIVB), enquanto no passado os jogadores de maior estatura apresentavam dificuldade de movimentação, de coordenação e limitada agilidade para execução das ações mais especializadas, hoje os jogadores de maior estatura, acima de 2 metros e 10 cm não só se apresentam com a mesma desenvoltura dos jogadores de menor estatura, mas frequentemente são considerados destaques das partidas e competições. Na década de 1980 os MVP (melhores jogadores da competição, selecionados pelas federações organizadoras) eram usualmente os jogadores que apresentavam estatura entre 1,85 m. e 1,95 m. Hoje, muito raramente um MVP tem estatura menor de 2,05 m. 1 O presente trabalho não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza para sua realização

De acordo com Flores, citado por Cabral et al. (2011), o voleibol é o segundo esporte mais praticado no Brasil, e nas últimas décadas conquistou a condição de recordista em títulos mundiais nas categorias principais e também nas categorias de base, exigindo assim cada vez mais dos atletas praticantes e dos clubes e treinadores dedicados ao trabalho de formação do novos atletas. Sendo assim, o esporte vem ganhando contornos cada vez mais específicos ao longo das últimas três décadas. O nível de força necessária para o alcance (altura do chão em que são exercidas as ações do jogo) tem sido cada vez maior, e o jogo, no voleibol masculino se desenvolve em valores de desempenho distantes do homem comum (não atleta). Para além daquilo que pode ser ensinado ou treinado, o voleibol tem exigido o componente genético mais do que qualquer outra modalidade esportiva. As ações do jogo se dão a mais de um metro acima do bordo superior da rede (2,43m), o que subentende médias de estatura e de alcance inimagináveis há 30 anos. Os níveis de exigência antropométrica e de desempenho e força tem afastado o voleibol, enquanto possibilidades, da grande massa da população brasileira, o esporte que se desenha tende a uma elitização genética sem precedentes. REVISÃO DE LITERATURA O perfil antropométrico do atleta pode auxiliar no monitoramento do treinamento, indicando possíveis deficiências e possibilitando corrigi-las ou minimizá-las (Carter & heath, 1990; Hawes & Sovak 1994). Alguns atletas podem apresentar melhor performance esportiva em função de possuírem características morfológicas apropriadas para determinada modalidade. Segundo Lohman, Roche e Martorell (1988), a utilização da antropometria como meio de avaliação possui algumas vantagens: a) seus métodos possuem relativa simplicidade; b) o custo é baixo; c) pode ser aplicada a um grande número de indivíduos; d) seus instrumentos podem ser utilizados em ambientes diversos. No estudo de Spence et al (1980) O objetivo foi comparar dois níveis de atletas e descrever o perfil de jogadoras de voleibol de alto nível. Participaram 15 jogadoras americanas, sendo 6 selecionadas para os Jogos Pan-americanos (idade média 21,55). Foi observado que as jogadoras selecionadas foram mais altas, pesadas e melhores nos testes de aptidão física. As jogadoras não selecionadas tiveram um vo2 máx mais alto. Não houve

diferenças entre os dois grupos nos testes de força para membros inferiores. O estudo de Viitasalo (1982) Comparou duas equipes de voleibol de níveis diferentes. O estudo contou com 14 jogadores da seleção finlandesa e 10 jogadores da seleção russa. Não houve diferença significativa na altura, mas o alcance de ataque era de 10 centímetros de diferença entre uma equipe e outra. No estudo de Fleck et al (1985) o objetivo foi comparar dois níveis de atletas e descrever o perfil de jogadoras de voleibol de alto nível. Participaram 26 jogadoras americanas 13 jogadores da seleção e 13 universitárias. As atletas da seleção possuíam menor percentual de gordura e maior alcance após um salto vertical. Não houve diferenças significativas na estatura, massa corporal, consumo máximo de oxigênio e na frequência cardíaca máxima. Silva e Rivet (1988) Comparou as posições dos jogadores por meio dos dados antropométricos e de aptidão física. 12 jogadores adultos da seleção brasileira participaram do estudo. A única variável que apresentou diferença significativa foi a altura, medida na qual os jogadores de meio possuíam os maiores índices. A antropometria tem sido estudada, como forma de detecção de talentos esportivos. Diversas são as tentativas de encontrar padrões antropométricos que possam ser seguramente associados ao sucesso esportivo. No estudo de Thyssen, Milder e Mayhew (1991) o objetivo foi Identificar, em atletas escolares de diferentes níveis, quais as variáveis, antropométricas, de aptidão física e de habilidade motora que separam os melhores dos piores em 50 jogadoras escolares americanas 12 nível básico, 14 nível de nível intermediário e 24 de nível avançado. As jogadoras do nível avançado foram significativamente melhores em todos os testes de habilidade motora, na agilidade e no salto vertical. Verificou-se que uma bateria de testes eficaz e específica pode detectar atletas de diversos níveis dentro da modalidade. Já Smith, Roberts e Watson (1992) verificaram que Jogadores da seleção possuíam maior alcance de ataque, bloqueio, força de membros inferiores, vo2 máx e foram mais velozes no teste de 20m. Contudo, não houve diferenças na altura, massa magra e porcentagem de gordura. O objetivo desse estudo foi comparar jogadores da seleção com jogadores universitários canadenses e identificar características que auxiliem no programa de treinamento a longo prazo. Figueira e Matsudo (1993) também utilizando-se da antropometria, produziram um estudo com o objetivo de Comparar atletas da seleção brasileira adulta do sexo masculino com o sexo feminino por posição de jogo. A comparação foi entre 12 jogadores da seleção brasileira adulta e 12 jogadoras da seleção brasileira adulta. Em valores absolutos os homens foram superiores às mulheres em todas as variáveis, mas em valores relativos (corrigidos pelo peso e altura) os resultados foram similares, mostrando características antropométricas e físicas específicas de atletas e voleibol. O estudo de Malina (1994) propôs Verificar, por meio

de estudo longitudinal misto, como se comporta o crescimento de atletas de voleibol do sexo feminino. Participaram 19 jogadoras de voleibol entre 9 e 13 anos de idade. O resultado foi que os valores de peso e altura nas atletas foram acima dos da população geral, mas quando comparou-se a velocidade de crescimento não houve diferenças significativas. MÉTODO Essa é uma pesquisa do tipo observacional, descritivo transversal que se baseou em evidências quantitativas, a partir de banco de dados já constituídos. Visto que há poucos trabalhos desenvolvidos dentro dessa temática, nossa pretensão foi analisar o voleibol de alto rendimento a partir de parâmetros estatísticos a fim de confirmar ou não a hipótese levantada, de que para esta modalidade tem se configurado um modelo muito específico de biotipo que se posiciona muito distante do biotipo médio do brasileiro. Os dados utilizados na pesquisa foram obtidos através de pesquisas nos sítios online oficiais das federações que organizam e gerenciam tais competições, que usualmente disponibilizam dados detalhados das equipes participantes das competições. Nosso objeto de estudo foram as características físicas dos jogadores que integram as equipes de voleibol. Esta é uma pesquisa documental, baseada em dados que foram coletados de quatro diretórios disponíveis na WEB, sendo eles: Liga Mundial 2012; Liga dos Campeões da Europa 2012/2013; Liga Italiana 2012/2013 e Super Liga Nacional 2012/2013. A pesquisa foi realizada com base em dados quantitativos disponíveis. O modelo estatístico utilizado foi baseado na estatística paramétrica (CALLEGARI- JACQUES, 2008) com utilização de valores de média e mediana de estatura, de atletas participantes dos campeonatos realizados em 2012 /2013. Utilizamos valores de dispersão como variância e desvio padrão neste conjunto de dados e o uso de gráficos e histogramas ilustrativos. Para a tabulação e organização dos dados obtidos, bem como contrução de tabelas utilizamos o Software Word for Excel versão 2007. Para a construção de gráficos e histogramas ilustrativos utilizamos o software Origin Pro 8.0. E para as análises estatísticas o Software SPSS. Foi usado o teste T Student para comparar os valores e estabelecer os intervalos de confiança, e o teste ANOVA para comparação de diferentes médias. Como trabalhamos com um quantitativo bem significativo de dados a normalidade foi garantida e por isso utilizamos a distribuição Z.

DISCUSSÃO Alguns ainda afirmam hoje que o voleibol está cada vez mais popular entre os brasileiros. Os grandes campeonatos envolvem somas cada vez maiores e mobilizam parte das programações televisivas, com índices de audiência cada vez maiores. O espetáculo esportivo tem sido garantido, na medida em que grandes partidas são disputadas entre grandes equipes e principalmente entre grandes jogadores. E quando se fala em grandes jogadores, estamos falando em grande verdadeiramente, visto que os jogadores de vôlei são cada vez mais altos, em relação ao passado. Enquanto há 30 anos os melhores jogadores (definidores de pontos e de partidas) apresentavam estatura em torno de 1,85m a 1,90m, hoje os jogadores estão ultrapassando a casa dos 2,00m e alcançando incríveis médias por equipe de 2,03m (seleção russa liga mundial 2012). Além dessa realidade, o vôlei ainda é considerado uma das modalidades que mais exige perfeição técnica na execução de seus fundamentos. A seguir o histograma de intervalos de estatura (5 cm) das 4 competições alvo e os gráficos de cada torneio separados. 35% 30% 25% 20% 15% 10% Liga Italiana Super liga liga mundial Campeões da Europa 5% 0% Menor que 180 180-185 186-190 191-195 196-200 201-205 206-210 Acima de 210 Histograma 1: Estatura dos atletas das principais competições do voleibol mundial de alto nível (Lima e Agricola 2013).

40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Menor que 180 Liga Italiana 180-185 186-190 191-195 196-200 201-205 206-210 Acima de 210 Gráfico 1: Estatura de jogadores da liga Italiana (Lima e Agricola, 2013). 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% Superliga 0% Menor que 180 180-185 186-190 191-195 196-200 201-205 206-210 Acima de 210 Gráfico 2: Estaturas de jogadores da superliga nacional (Lima e Agricola, 2013). 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% Liga mundial 0,00% Menor que 180 180-185 186-190 191-195 196-200 201-205 206-210 Acima de 210 Gráfico 3: Estatura de jogadores da liga mundial (Lima e Agricola, 2013)

30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% Menor que 180 Liga dos campeões da Europa 180-185 186-190 191-195 196-200 201-205 206-210 Acima de 210 Gráfico 4: Estaturas de jogadores da liga dos campeões da Europa (Lima e Agricola, 2013). A fim de ampliarmos a análise, no que diz respeito aos parâmetros antropométricos dos jogadores de voleibol, buscamos dados de média populacional entre homens adultos de alguns países para compararmos com os jogadores de vôlei da atualidade. Após obtermos os dados de estatura de cada uma das ligas e a média de estatura de homens adultos nos países com equipes representantes nessas competições, observamos que a média de estatura dos jogadores de voleibol de auto rendimento está acima da média de homens adultos dos países participantes dos torneios, com medidas de pelo menos 20 cm de diferença. De acordo com os dados do IBGE, os brasileiros tem estatura media de 174 cm. Já os jogadores da superliga, também em sua grande maioria brasileiros, se encontram com média de estatura de 197,8 cm, ou seja, 23 cm a mais que a estatura média dos brasileiros. Nos principais países participantes da liga dos campeões da Europa a média de estatura é de 178,2 cm, com a população da República Checa com a maior estatura media populacional, de 180,3 cm. Porém, para os jogadores do torneio Liga dos Campeões da Europa, a média é de 196,8 cm, 16 cm acima da população que apresenta a maior estatura dos países participantes. Já nos dados da liga italiana a média de estatura é de 197,3 cm, e a média de homens adultos da população italiana é de 175 cm. Assim, os jogadores do voleibol apresentam 22 cm acima da média da população italiana. A média de estatura dos jogadores da liga mundial é de 197,7 cm, e as médias de estatura da população dos principais países participantes do torneio, variam de 174 a 178,2 cm. A Alemanha é o país que apresentou a maior estatura média. Abaixo gráficos da média de estatura de homens adultos dos principais países participantes dos torneios analisados.

Estaturas 181,0 180,0 179,0 178,0 177,0 176,0 175,0 174,0 173,0 172,0 171,0 170,0 Brasil França Polônia Alemanha Espanha Rússia Turquia Itália República Checa EUA Argentina Gráfico 5: Estatura média de homens adultos de países participantes dos torneios analisados (Lima e Agricola, 2013). Estatura média dos torneios 197,8 197,6 197,4 197,2 197 196,8 196,6 196,4 196,2 Liga italiana Superliga nacional Liga mundial Liga dos camp. Europa Gráfico 6: Estatura dos jogadores de voleibol dos principais torneios (Lima e Agricola, 2013). A distribuição entre jogadores de determinada posição segue diferentes formas. Nos dados da Superliga nacional pode-se perceber que os ponteiros apresentam distribuição mais heterogênea, com curtose elevada, ao passo que os centrais apresentam distribuição homogênea com baixa curtose. Nessa discussão deve-se levar em consideração a tendência atual do voleibol, qual seja, a substituição da habilidade pela estatura, como na situação frequente em que os centrais dão lugar ao libero quando este roda para as posições de fundo de quadra. Como o ponteiro exerce funções mais diversificadas em quadra, é de se esperar que a distribuição da estatura média desse jogador seja heterogênea em função da necessidade

de grande habilidade que ele precisa ter. A habilidade para desempenhar os fundamentos pode ser desenvolvida e treinada, independentemente da estatura. Contudo, algumas posições tem seguido a tendência de priorizar a estatura em função da habilidade. Os três arquivos que disponibilizam dados de estatura e de posição dos jogadores mostram distribuições semelhantes, com as mesmas tendências. Distribuição homogênea para centrais e opostos e distribuição heterogênea para ponteiros e levantadores. O arquivo da Liga mundial não dispobiliza a posição dos jogadores, por isso não foi elborado o gráfico de estatura por posição da Liga Mundial. Posições superliga 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% menor 180 180-185 186-190 191-195 196-200 201-205 206-210 acima 210 levantadores ponteiros centrais opostos liberos Gráfico 7:Estatura por posições dos atletas da superliga nacional (Lima e Agricola, 2013). Posições campeões da Europa 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% menor 180 180-185 186-190 191-195 196-200 201-205 206-210 acima 210 levantadores ponteiros centrais opostos liberos Gráfico 8: Estatura por posições dos atletas da liga dos campeões da Europa (Lima e Agricola, 2013).

Posições liga Italiana 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% jogadores da extremidade levantador central libero 0% 180-185 186-190 191-195 196-200 201-205 206-210 acima 210 Gráfico 9: Estatura por posições dos atletas da liga italiana (Lima e Agricola, 2013). Centrais e opostos tem apresentado médias de estaturas mais elevadas do que as outras posições. Os opostos são jogadores muito pouco exigidos em ações de defesa, ficando responsáveis, em geral, pela definição do ataque. Em levantamento preliminar realizado no primeiro turno da edição 2013/2014 da Superliga nacional, verificamos que, em 66 jogos realizados, somente 17 deles não tiveram como maior pontuador um oposto. 49 jogos realizados no primeiro turno da Superliga 2013/2014 tiveram como maior pontuador um jogador da posição oposto. Isso mostra o quanto os jogadores dessa posição tem sido exigidos e o quanto a esses jogadores tem sido atribuída responsabilidade. Mesmo levando em consideração que esse atacante é único na conformação tática das equipes (os centrais e ponteiros são sempre dois em cada equipe, na moderna formação tática) e que a pontuação de ponteiros e centrais é sempre dividida entre dois jogadores dessa posição, o oposto exerce função primordial na definição de bolas de ataque e contra-ataque, a tal ponto que na maioria dos jogos em que foi feito o levantamento, se somarmos os pontos dos dois ponteiros ou dos dois centrais da equipe, ainda assim, não atingiriam a pontuação dos opostos. Os centrais, por sua vez, tem sua conformação física ideal muito bem definida, qual seja, preferencialmente acima de 205 cm de estatura, com baixo peso e com grande alcance de ataque e de bloqueio. Como somente os arquivos da Liga Mundial e da Liga dos campeões da Europa trazem dados de alcance de ataque e de bloqueio, e ainda os dados da liga mundial não trazem informações sobre a posição dos jogadores, não foi possível fazer qualquer inferência comparativa em relação ao alcance dos jogadores. No entanto, de forma geral, pode-se verificar que cerca de 65% dos jogadores de vôlei tem alcance de ataque acima de 340 cm, isto é, realizam as ações de ataque a quase um metro acima do bordo superior da rede

(2,43 m.). Dos atletas da liga mundial, integrantes de seleções nacionais, esse número chega a cerca de 80%. O alcance de bloqueio mostra uma distribuição diferente, na medida em que os maiores percentuais estão entre 310 e 340 cm, isto é, entre 70 cm e 1 metro acima do bordo superior da rede, aproximadamente. O desempenho no alcance de ataque e de bloqueio, que se deve em parte à elevada estatura dos jogadores, conta, também, com a força adquirida pelos jogadores. Se lembrarmos que o recorde mundial de salto em altura (prova olímpica de atletismo) está na casa de 2,46 m., e que há jogadores de vôlei realizando a cortada na casa dos 378 cm, não é difícil imaginar que brevemente alguns jogadores de vôlei estarão aptos a bater essa marca do salto em altura, visto que já ultrapassam no ataque 1 metro e 35 cm acima do bordo superior da rede. Os quadros abaixo mostram as médias de estatura das posições em cada campeonato e o desvio padrão encontrado no cálculo de cada média. No quadro referente à Liga Italiana os ponteiros e opostos foram colocados no mesmo arquivo nomeados como jogadores da extremidades. Posições superliga Média Desvio Padrão Levantador 190,55 4,73 Ponteiros 196,10 4,61 Centrais 203,88 3,83 Oposto 201,17 5,16 Libero 184,86 5,36 Tabela 1: médias de estatura e desvio padrão por posições dos jogadores da superliga (Lima e Agricola, 2013) Posições campeões da EUR Média Desvio Padrão Ponteiro 196,42 5,63 Libero 185,63 5,15 Oposto 200,73 5,02 Central 203,12 4,17 Levantador 193,20 6,11 Tabela 2: médias de estatura e desvio padrão por posições dos jogadores da liga dos campeões da europa (Lima e Agricola, 2013) Posições liga italiana Média Desvio Padrão Jogador da extremidade 198,98 4,96 Levantador 192,19 4,79 Central 203,92 2,97 Libero 184,95 3,64 Tabela 3: média de estatura e desvio padrão por posições dos jogadores da liga italiana (Lima e Agricola, 2013)

ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística se revela pertinente neste estudo na medida em que se torna essencial demonstrar, a partir de evidências quantitativas, as argumentações que procuramos construir no estudo. Após a obtenção das médias de estatura e desvios padrões das equipes dos principais campeonatos e das posições dos jogadores desses campeonatos, optamos por concentrar a análise estatística nos dados da superliga nacional, procurando comparar com os outros torneios, visto que este torneio é representativo do mais alto nível do voleibol mundial. Para a análise estatística dos dados, utilizamos as médias e desvios padrão das equipes, bem como as medias e desvios padrão das posições dos jogadores, utilizamos o teste t Student ou distribuição Z para amostras normais a fim de comparar os valores e estabelecer os intervalos de confiança. Utilizamos também o teste ANOVA para comparar diferentes médias. O nível de significância estabelecido (alfa) foi diferente em cada teste e será apresentado na exposição. Utilizamos o Software SPSS para as análises estatísticas. O estudo do biotipo de jogadores de vôlei que procuramos construir deve levar em consideração o significado da estatura do jogador de vôlei, ou seja, não se trata somente de fazer um levantamento da estatura, mas de considerar como a estatura impacta na possibilidade de jogar e também no próprio resultado do jogo. Por esse motivo, optamos por calcular as médias de estatura sem os dados dos líberos, visto que não executam ações sobre a rede. A estatura media de jogadores da superliga nacional, quando desconsiderada a estatura do libero, é de 197,8. Isso implica em dizer que a média dos jogadores de vôlei que executam as ações que se revertem diretamente em pontos é de 197,8 cm. Assim, optamos por prosseguir na análise estatística dos dados considerando a estatura media da superliga em 197,8 cm. Na comparação da média dos jogadores de vôlei da superliga com a média populacional de homens adultos brasileiros (IBGE), usamos a distribuição Z (teste t Student). Usamos o teste de normalidade Kolmogorov Smirnov para definirmos o tipo de teste a ser utilizado. Estabelecemos um nível de significância de 0,005 (monocaudal) e encontramos o Z calculado de 12,59. O escore Z crítico foi de 3,6 portanto a média dos jogadores é significativamente diferente da média populacional. Como a média populacional não tem o desvio padrão conhecido, o intervalo de confiança não pode ser estimado. Contudo, se aplicarmos o mesmo desvio padrão de jogadores de vôlei para a média da população, o intervalo de confiança seria de 163,93 a 184,06 cm com α = 0,005 monocaudal. Isso corresponderia dizer que 99,5% da população brasileira estaria dentro deste intervalo. O intervalo de confiança da média (com

alfa de 0,005) de jogadores de vôlei vai de 188,23 a 208,36 cm, isto é, 99,5% dos jogadores de volei no Brasil estão nesse intervalo. Como o nível de significância de 0,005 corresponde a 0,5%, podemos concluir que menos de 0,5% da população de homens adultos brasileiros tem a estatura média apropriada para ser jogador de vôlei de alto rendimento. Isso considerando que o desvio padrão populacional seria o mesmo do desvio entre jogadores. Em países com média de estatura de homens adultos maior do que a brasileira esses valores podem ser diferentes, entretanto, o percentual da população que se enquadraria ao biótipo do jogador de vôlei seria certamente maior. Se o desvio padrão da media de estatura da população brasileira fosse o mesmo da média de estatura de jogadores de vôlei, poderíamos afirmar com segurança que em média a cada 200 brasileiros apenas 1 teria estatura apropriada para a modalidade. Contudo, o desvio padrão da media de estatura populacional é certamente menor do que o desvio entre jogadores de vôlei, visto que quanto maior a população em estudo a tendência é um desvio padrão cada vez menor. Assim, se estimarmos um desvio padrão populacional menor do que o desvio entre jogadores, o percentual de brasileiros que teriam estatura ideal para o voleibol diminuiria drasticamente. Entre os jogadores de vôlei em suas diferentes posições utilizamos o teste ANOVA (análise de variância) para a comparação entre as diferentes médias de estaturas. Na comparação entre as posições de levantador, ponteiros, centrais e opostos verificou-se que há diferença significativa entre as posições de levantador e todas as outras. Há também diferença significativa entre a posição de ponteiro e todas as outras posições. Entre os centrais, há diferença significativa em comparação com levantadores e ponteiros, mas essa diferença não é significativa na comparação com opostos. Para este teste ANOVA ficou estabelecido o nível de significância de 0,05 bicaudal (α = 0,05). Este nível de significância estabelecido permite afirmar que 95% dos jogadores de voleibol desta posição se encontram no intervalo especificado. O intervalo de confiança para os levantadores foi de 188,41 a 191,58 com. Para os ponteiros o intervalo de confiança foi de 194,85 a 197,14 cm. Para os centrais o intervalo de confiança variou de 202,06 a 203,93 cm. E para os opostos o intervalo ficou entre 198,83 a 203,16 cm. Como se vê os intervalos que se interpenetram são somente os intervalos de centrais e opostos, permitindo afirmar que não há diferença significativa entre estatura de jogadores dessas duas posições. Como se vê, a estatura não só determina a possibilidade de se tonar jogador de voleibol, como também determina a posição possível em função dessa estatura. Comparamos também as médias das posições entre jogadores da superliga nacional e entre jogadores da liga dos campeões da Europa, utilizando o teste ANOVA. Não foi

constatada diferença significativa em nenhuma das posições (α = 0,05). Na comparação entre centrais, com nível de significância de 0,05 o valor de p foi de 0,038, ficando dentro da região de rejeição da hipótese alternativa. Na comparação entre ponteiros o resultado também não mostrou diferença significativa, bem como na comparação entre opostos. A posição que apresenta maior diferença é a de levantador, que na média da superliga apresenta 190,55 e na média da liga dos campeões da Europa apresenta 193,20. Testamos a diferença entre a média de levantadores da liga dos campeões da Europa e a média de levantadores da superliga. Usamos o teste t Student com nível de significância de 0,05 (bicaudal) e verificamos que há diferença significativa, na medida em que o t calculado foi de 2,30 e o t crítico foi de 1,983 (99 fd). Esse resultado nos habilita a afirmar com segurança que, embora não haja diferença significativa entre atacantes das três posições (ponteiros, central e opostos) no voleibol brasileiro e no voleibol europeu, há uma diferença na estatura entre levantadores brasileiros e levantadores europeus. Os levantadores europeus são mais altos que os levantadores brasileiros. Esse valor pode estar relacionado com a média populacional dos países europeus que é, em geral, maior que a brasileira. Essa diferença na média de estatura populacional não se faz presente entre atacantes. Ao que parece, pelo menos no Brasil, a estatura acaba por definir a posição em que o jogador poderá jogar, decretando que atletas abaixo de 194 cm (valor mínimo do intervalo de confiança de ponteiros na superliga nacional) serão inevitavelmente levantadores ou líberos. Os testes a partir da média de estatura calculada, incluindo os líberos, não apresentou resultados diferentes dos resultados sem a inclusão da estatura dos líberos. A diferença consiste somente em um intervalo de confiança mais ampliado em função do aumento do desvio padrão. A média de estatura dos jogadores de vôlei da superliga com a inclusão do libero foi de 196,5 cm. A média de estatura da seleção brasileira de vôlei que disputou a liga mundial de 2012, incluindo a estatura dos líberos foi de 197,04 cm. Contudo, a média dos jogadores da seleção brasileira sem a inclusão do líbero foi de 197,82 cm, e a média dos jogadores da superliga sem a inclusão dos líberos foi de 197,8 cm. A inclusão dos líberos no cálculo da média de estatura trouxe uma pequena diferença na seleção brasileira, mas trouxe uma diferença maior entre jogadores da Superliga nacional. Isso justifica nossa opção do cálculo da média de estatura sem a inclusão do líbero, para os testes estatísticos, pois, a percepção das ações do jogo sobre a rede se torna mais importante na medida em que a estatura é fator preponderante no desempenho dessas ações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O desempenho do voleibol brasileiro tem alcançado níveis os mais elevados da modalidade. A quase 20 anos o Brasil se mantém na primeira colocação do ranking da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), mesmo o Brasil não tendo conquistado a medalha de ouro nas duas ultimas olimpíadas (prata em Sidney 2008 e em Londres 2012) o voleibol brasileiro permanece no posto mais alta do ranking. Contribuem para isso: o valor do jogador brasileiro no mercado mundial de contratos em clubes, os resultados das competições internacionais interclubes em que participam equipes nacionais e os expressivos resultados das seleções do voleibol de base (sub23, juvenil, infanto juvenil e infantil). Apesar disso, estima-se que o voleibol profissional no Brasil não tem dado conta do quantitativo de jogadores de alto nível que se formam nos trabalhos de base dos clubes e seleções estaduais e nacionais. A Superliga nacional é um torneio do mais alto nível do voleibol mundial, que envolve cerca de 170 atletas e que compreende somas significativas. Contudo, o voleibol brasileiro produz um quantitativo de jogadores anualmente que poderia prover um número de equipes pelo menos duas vezes maior do que as envolvidas na atual superliga (estimado em função do quantitativo de seleções de base e de clubes com trabalho de base registrados nas federações estaduais). Ao passo que a superliga envolve 12 equipes que somam em torno de 170 atletas, a Superliga B envolve número de atletas semelhante. Os campeonatos estaduais e regionais envolvem número de jogadores ainda maiores competindo em clubes e seleções com pouca ou nenhuma condição econômica. O que se mostra evidente é que o principal problema do voleibol brasileiro é financeiro, na medida em que os patrocinadores são poucos e o retorno é sempre considerado incerto. O desempenho que o voleibol brasileiro tem apresentado mostra que temos potencial para continuarmos nessa posição, e que a ameaça real que o voleibol enfrenta é a falta de incentivo ou interesse financeiro tanto da iniciativa pública quanto privada nos resultados que o voleibol pode trazer. O Brasil, mesmo com estatura média de homens adultos mais baixa que a estatura da maioria dos países europeus, consegue produzir jogadores não só com excelente desempenho, mas também com estrutura biotipológica privilegiada para a modalidade. Para além dos esforços dos atletas e dos planejamentos de treinamentos das grandes equipes, o biótipo pré-estabelecido para o atleta do voleibol de alto rendimento tem excluído alguns jovens entusiastas desse esporte. Por outro lado tal critério tem sido relevante para o destaque dos atletas, pois além de uma estatura avantajada, o que se destaca nos sujeitos

analisados, é a capacidade para desenvolver ações em determinadas situações de jogo, como alcance no ataque, alcance no bloqueio e defesa, ações importantes para o desenvolver de um rally no voleibol. É preciso que se diga que nem sempre uma equipe de estatura média avantajada leva vantagem sob uma equipe de menor estatura média. Mesmo tendo verificado que o voleibol é uma modalidade que promove uma seleção genética rigorosa que estabelece o padrão antropométrico de quem pode jogar no alto nível, a modalidade apresenta grande potencial no Brasil. Ao que tudo indica, o sistema de recrutamento de jovens com estatura ideal tem funcionado muito bem, uma vez que, como se pode observar, as seleções nacionais de jovens apresentam estatura média mais elevada. As seleções de base têm apresentado estaturas médias maiores que a seleção principal e algumas equipes de clubes regionais tem revelado talentos com estatura bem avantajada. Embora o voleibol seja reconhecido como segundo esporte nacional, as possibilidades de profissionalização de boa parte de jogadores que chegam à idade adulta é bastante reduzida devido ao fator genético. Este trabalho pôde verificar o quanto o voleibol brasileiro se encontra numa situação favorável, em relação às exigências biotipológicas do jogador ideal. Contudo, vem sofrendo com problemas que acabam por se manifestar nos resultados internacionais do voleibol. Ainda assim, deve-se considerar o Brasil como campo privilegiado para a formação de atletas nessa modalidade e esperar que a modalidade possa se manter na atual posição do ranking internacional por muito tempo. Apesar das ligas disponibilizarem um grande número de dados que possibilitaram esse estudo, recomendamos e destacamos a necessidade da pesquisa in loco (acompanhando uma equipe) a fim de verificar o desempenho dos jogadores, a evolução, as lesões e como a estatura interfere nesses fatores, bem como o desempenho, obtendo assim dados concretos dos jogos e dos atletas. REFERENCIAS CABRAL, B.G.A.T; CABRAL, S.A.T.; TOLEDO, I.V.R.G.; DANTAS, P.M.S.; MIRANDA, H.F.; KNAKCFUSS, M.I. Fatores determinantes na seleção de atletas no voleibol brasileiro. Revista Brasileira Ciência Esporte, v. 33, n. 3, p. 733-746, jul./set. 2011. CALLEGARI-JACQUES, S.M. Bioestatística: princípios e aplicações. São Paulo: Artmed, 2008. CARTER, J.E.L; HEATH, B.H. Somatotyping development and applications. Cambrige University Press. 1990

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THISSEN-MILDER, M.; MAYHEW, J.L. Selection na classification of high school volleyball players from performance tests. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, v.31, n.3, p. 380-386, 1991. VIITASALO, J. T. Anthropometric and physical characteristics of male volleyball players. Canadian Journal of Sport Science, v.7, n.2, p. 182-7, 1982. Study Of Volleyball High Level Based On Data Height Of Players ABSTRACT: This text is part of a monographic study of anthropometry in volleyball players of high level, defended in 2013. Cropping here was only on data from the stature of athletes from 4 major competitions around the world volleyball. In order to demonstrate the size of the data, the exposure was illustrated by charts and tables that contain data of average height tournaments and positions / function of the participating players. Statistical analysis to test and compare the data was used. As has been observed, volleyball has demanded an ideal, far from the common man biotype, which requires, above all, the genetic component, more than any other variable. Height defines not only the possibility of a volleyball player, but the position / function of that player on the court. KEYWORDS: volleyball; Sports performance, stature. Estudio Del Voleibol De Alto Nivel En Base A Datos De La Altura De Los Jugadores RESUMEN: Este texto es parte de un estudio monográfico de la antropometría en jugadores de voleibol de alto nivel, defendida en 2013. Recorte aquí fue sólo en datos de la estatura de los atletas de 4 principales competiciones del voleibol mundial. Con el fin de demostrar el tamaño de los datos, la exposición fue ilustrada por los gráficos y tablas que contienen datos de torneos promedio de altura y posiciones / funciones de los jugadores que participan. Se utilizó un análisis estadístico para probar y comparar los datos. Como se ha observado, el voleibol ha exigido un ideal, lejos del biotipo hombre común, que requiere, sobre todo, el componente genético, más que cualquier otra variable. Altura define no sólo la posibilidad de un jugador de voleibol, pero la posición / función de ese jugador en la cancha. PALABRAS CLAVE: Voleibol; El rendimiento deportivo, Altura