USO DO PÓ DE ROCHA, NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO MILHO Cordido, J. P. de B. R. 1* ; Nóbile, F. O. de 2 ; Galbiatti, J. A. 3 1 Eng. Agrº. Mestrando em Produção Vegetal pela UENF *Autor de contato: Email: pedro_cordido@hotmail.com, Rua Voluntários da pátria nº 2451 ap 82, Bairro Santana, São Paulo SP Brasil, CEP: 241-, Tel.: +55 22 98144-294 2 Professor de Fertilidade do Solo na UNIFEB, Barretos 3 Professor na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista FCAV-UNESP RESUMO A aplicação de resíduos de mineração pode ser interessante na agricultura, podendo inclusive fornecer resistência ao ataque de patógenos se esta fonte for rica em silício. Foram avaliados os efeitos da aplicação do pó de rocha em diversas doses na cultura do milho durante o estágio inicial até os sessenta dias após a emergência sendo estudada a altura de plantas, o diâmetro do colmo, número de folhas, massa seca de raízes e a massa seca da parte aérea, foram utilizadas as seguintes doses em t/ha:, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256, 512, 124 e uma testemunha sob adubação mineral. Para cada tratamento foram feitas 3 repetições, as análises das variáveis foram realizadas a cada 15 dias e a análise da massa seca ao final do experimento. Todos os tratamentos excetuando a testemunha sob adubação mineral não diferiram estatisticamente entre si em todos os parâmetros avaliados e o desempenho da testemunha sob adubação mineral foi muito superior a todos os outros tratamentos. PALAVRAS CHAVES Milho; Silício; Pó de rocha. INTRODUÇÃO A aplicação de resíduos de mineração pode ser interessante na agricultura, Melo et al. (212) verificaram que o pó de basalto pode corrigir a acidez do solo e dependendo da composição da rocha, granulometria do pó e as condições do solo, pode vira a ser uma fonte alternativa de fertilizantes. A aplicação de pó de rocha em batata e que teve o melhor desempenho produtivo quando combinado com o uso do esterco curtido de bovino, foi considerado uma boa opção agroecológica por dos Santos et al. (214). A aplicação de pó de basalto como alternativa para a adubação fosfatada em feijão para diminuir os teores de fitato, que é um fator antinutricional do grão, é interessante por ter uma liberação mais lenta que o fosfato de Araxá utilizado como testemunha, e por isso o vegetal não acumula teores excessivos de fósforo (da Silva et al. 211). Em produção de mudas de Camu-camu (Myrciaria dubia) Welter et al. (211) observou que granulometria fina e as altas doses testadas produziram as melhores mudas. A adubação com pó de rocha pode vir a fornecer resistência ao ataque de pragas se esta fonte for rica em silício, o silício não é um nutriente de planta mas confere resistência ao ataque de pragas por se depositar na parede celular vegetal e a tornar mais forte. Gomes et al. (29) verificou que independente da fonte silicatada aplicada, inclusive o pó de rocha, confere resistência à planta ao ataque de pragas e não aumenta a produtividade da cultura.
Pó de rocha granítica coletada na cidade de Santo Antônio de Pádua RJ analisado por Manhães & de Holanda (28) por ter alta concentração de Pb, Cr, Fe e Mn em caso de utilização na construção civil deve ser acompanhado de estudos de impacto ambientais devido a possibilidade de contaminação da água. Num experimento de recuperação de área degradada com o plantio de cedro e leguminosas arbóreas as aplicações de diferentes doses de pó de rocha acarretaram em redução das características de crescimento, este comportamento foi maior quando a dose aplicada foi máxima Junio et al. (212), não foi descrito neste experimento a presença de elementos tóxicos no resíduos e a hipótese proposta pelos autores é pelo efeito de adsorção de fósforo pelo resíduo que contém ferro amorfo e carbonatos. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido em ambiente protegido em casa de vegetação coberta por filme plástico e tela anti-afídica em toda a sua área axterna, no setor de plasticultura do Departamento de Engenharia Rural, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias campus de Jaboticabal, SP, com altitude em torno de 595 m. O clima da região é do tipo B1rB 4a pela classificação climática de Thornthwaite por (Rolim et al. 27) com temperatura média anual de 22,2 C com precipitação média anual de 1424,6 mm (Resenha 211). Foi utilizado como substrato um ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico, arênico (Oliveira, 1999), retirado na camada de -2cm, cujas propriedades químicas são: ph CaCl2 = 4,7; M.O. = 7 g/dm 3 ; P = 8 mg/dm 3 ; K, Ca, Mg, H + Al, SB, T e Al = 1,1; 6; 4; 16; 11,1; 27,1; e 1 mmol c/dm 3, respectivamente V% = 41 analisados de acordo com a metodologia de (Raij et al. 21). A densidade do solo nos vasos foi de 1,25 kg/dm 3. O pó de rocha possuía as seguintes propriedades químicas: N, P, K, Ca, Mg, S e Na =,11; 1,42; 1,34; 14,72 ; 6,81 ;2,12 e 2,57 g/kg respectivamente e para Ni, Co, Mn, Zn, Cu, B, Mo e Fe = 19,35; 16,16; 339,81; 47,22; 188,51; 15,1; 27,18 e 41,46 mg/kg respectivamente, continha ainda 3,59 % de Si, PN = 6,29 (CaCO 3) e umidade 4,63 %. Este foi proveniente de uma indústria mineradora de rocha para a produção de asfalto, sendo constituído somente de rocha. O experimento teve um delineamento inteiramente casualizado com 1 tratamentos mais duas testemunhas, uma sob adubação mineral de acordo com a recomendação de adubação e calagem para o Estado de São Paulo (van Raij et al. 1997)e outra sem efeito algum, os tratamentos consistiram em adição de pó de rocha nas seguintes doses: 6, 12, 24, 48, 96, 192, 384, 768, 1536, 372 g/vaso, o que corresponde a 2, 4,8,16, 32, 64, 128, 256, 512, 124 Mg/ha respectivamente, cada vaso possuía 6 dm 3 de volume, e para cada tratamento foram feitas três repetições, o solo foi incubado por dez dias antes da semeadura. Foram semeadas três sementes por vaso do híbrido Impacto da Syngenta e após quatro dias, foi mantido somente uma planta por vaso. Nos tratamentos com pó de rocha não foi realizada adubação química complementar que igualassem os nutrientes de planta ao que é preconizado pelo manual de adubação, neste caso o que foi fornecido às plantas foi somente o que havia no resíduo de pó de rocha e os teores do solo. Foram efetuadas análises a cada 15 dias a partir da data da semeadura até os 6 dias, totalizando quatro avaliações, e as variáveis analisadas foram as seguintes: altura de planta, distância do solo até a base da primeira lígula visível em cm, diâmetro do colmo em cm, número de folhas e massa seca das raízes e da parte aérea em g/planta ao final do experimento. Os
dados foram submetidos à análise de variância com medidas repetidas no tempo. Os dados da testemunha sob adubação mineral não foram incluídos no conjunto de dados submetidos à análise estatística. RESULTADOS E DISCUSSÃO 8 Altura (cm) 6 4 2 2 15 Diâmetro (cm) 1 5 1 8 No. Folhas 6 4 2 Pó de rocha (t/ha) Figura 1. Efeito da adubação mineral (A.M) e doses crescentes de pó de rocha ( a 124 t/ha) sobre a altura de planta, diámetro do colmo e número de folhas de milho. Dados coletados aos 15 ( ), 3 ( ), 45 ( ) e 6 ( ) dias após a emergência.
Para as variáveis analisadas, diâmetro de colmo, número de folhas e altura de plantas, todas as doses testadas e a testemunha sem adubação não diferiram entre si pela a análise de variância (P >,5). A testemunha sob adubação mineral teve um desempenho superior. Para todos os tratamentos e as variáveis analisadas no tempo, diâmetro de colmo, número de folhas e altura de plantas a análise de variância realizada nos diversos tempos de obtenção de dados, aos quinze, trinta, quarenta e cinco e sessenta dias após a emergência, indicou que o crescimento foi significativo (P <,5), principalmente aos trinta dias após a germinação. Tabela 1. Massa seca (g) da parte aérea e das raízes de milho submetido a diferentes doses de pó de rocha. Tratamento Aérea (g) Raiz (g) Testemunha adubada 19,68 4,55 1,18,66 2,56,39 4,71,41 8,88,58 16,88,3 32 1,16,29 64,84,32 128 1,96,44 256 2,12,72 512 1,64,28 124,79,28 Valor de P*,11,59 *Não foram incluídos os dados da testemunha adubada na análise estatística Para os dados coletados ao final do experimento de massa seca da parte aérea e massa seca das raízes, os tratamentos e a testemunha sem adubação não diferiram entre si na análise de variância (P >,5). Houve somente diferença quanto à testemunha sob adubação mineral que foi superior a todos os tratamentos testados. Comparado o desempenho dos tratamentos sob efeito do pó de rocha com o crescimento da testemunha sob adubação mineral, o que explica esta grande diferença é que a testemunha tinha disponível para o seu crescimento todos os nutrientes que necessitava, o que não ocorreu com as plantas sob efeito do tratamento, o resíduo não supriu a planta com o que ela necessitou e de acordo com a Lei do Mínimo, o desempenho foi limitado pelos nutrientes que não haviam disponíveis no solo. CONCLUSÃO A aplicação de diversas doses de pó de rocha e a testemunha sem adubação, não diferiram entre si no que diz respeito às variáveis analisadas, número de folhas, diâmetro do colmo, altura de planta e massa seca da parte aérea e massa seca de raiz. A testemunha sob adubação mineral teve um desempenho muito superior a todos os tratamentos testados o que pode ser explicado
por estar corretamente nutrida quando em comparação com o pó de rocha que não possui todos os nutrientes de planta balanceados para a cultura. BIBLIOGRAFIA da Silva, A.; Pereira, T.; Coelho, C. M. M.; de Almeida, J. A.; Schmitt, C.; 211. Teor de Fitato e Proteína em Grãos de Feijão em Função da Aplicação de Pó de Basalto. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá PR, V.33: 147-152. dos Santos, J. F.; da Silva, E. D.; Beserra, A. C.; 214. Produção Agroecológica de Batata em Relação à Doses de Pó de Rocha. Tecnologia e Ciência Agropecuária, João Pessoa PB, v.8: 29-35. Gomes, F. B.; Moraes, J. C.; Neri, D. K. P.; 29. Adubação Com Silício Como Fator de Resistência a Insetos-Praga e Promotor de Produtividade em Cultura de Batata Inglesa em Sistema Orgânico. Ciência Agrotécnica, Lavras MG, v.33: 18-23. Junio, G. R. Z.; Sampaio, R. A.; Prates, F. B. de S.; Fernandes, L. A.; Nascimento, A. L.; 212. Crescimento de Cedro e de Leguminosas Arbóreas em Área Degradada, Adubado com Pó-de-Rocha. Revista Caatinga, Mossoró RN, v.25: 159-165 Manhães, J. P. V. T.; de Holanda, J. N. F.; 28. Caracterização e Classificação de Resíduo Sólido Pó de Rocha Granítica Gerado na Indústria de Rochas Ornamentais. Química Nova, v.31: 131-134 Melo, V. F.; Uchôa, S. C. P.; Dias, F. O.; Barbosa, G. F.; 212. Doses de Basalto Moído nas Propriedades Químicas de um Latossolo Amarelo distrófico da Savana de Roraima. Acta Amazonica, v.42: 471-476. Oliveira, J. B. et al. 1999. Mapa Pedológico do Estado de São Paulo, Campinas SP, IAC, Escala 1:5.. Raij, B. V.; Andrade, J. C.; Cantarella, H.; Quaggio, J. A.; 21. Análise Química Para Avaliação da Fertilidade de Solos Tropicais. Instituto Agronômico de Campinas, Brasil: 285p. Resenha meteorológica do período 1971-2. (211) Disponível em: http://www.fcav.unesp.br/#!/estacao-agroclimatologica/resenha/ Acesso em 22 de julho de 214. Rolim, G. de S.; de Camargo, M. B. P.; Lania, D. G.; de Moraes, J. F. L.; 27. Classificação Climática de Köppen e de Thornthwaite e Sua Aplicabilidade na Determinação de Zonas Agroclimáticas Para o Estado de São Paulo. Bragantia, Campinas SP, v.66, n.4: 711-72 Van Raij, B.; Cantarella, H.; Quaggio, J. A.; Furlani, Â. M. C.; 1997 Boletim Técnico 1 Recomendações de Adubação e Calagem para o Estado de São Paulo. Instituto Agronômico de Campinas, Brasil: 285p. Welter, M. K.; Melo, V. F.; Bruckner, C. H.; de Góes, H. T. P.; Chagas, E. A.; Uchôa, S. C. P.; 211. Efeito da Aplicação de Pó de Basalto no Desenvolvimento Inicial de Mudas de Camu-Camu (Myrciaria dubia). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal SP, v.33: 922-931.