* Hardy Waldschmidt, professor de Direito Eleitoral da ESMAGIS e Secretário Judiciário do TRE/MS.

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Transcrição:

ELEIÇÕES 2016: A INSERÇÃO DOS NOMES DOS CANDIDATOS NA URNA, AS OPÇÕES DE VOTO DISPONÍVEIS PARA O ELEITOR, O DESTINO DOS VOTOS SUFRAGADOS E SUA TRANSFORMAÇÃO EM MANDATO. * Hardy Waldschmidt, professor de Direito Eleitoral da ESMAGIS e Secretário Judiciário do TRE/MS. 1. Introdução. 2. Inserção dos nomes dos candidatos na urna eletrônica. 3. Opções de voto disponíveis para o eleitor. 3.1 Voto nominal. 3.2 Voto na legenda. 3.3 Voto em branco. 3.4 Voto nulo. 4. Destino dos votos colhidos pelas urnas eletrônicas. 4.1 Legislação de regência. 4.2 Resolução TSE n.º 23.456/2015. 4.3 A polêmica do art. 16-A da Lei n.º 9.504/97. 4.4 Cassação em recurso contra expedição do diploma. 4.5 Cassação decorrente de ilícitos eleitorais. 4.6 Destino dos votos em branco e dos votos nulos. 4.7 Votos válidos. 5. Conceitos pertinentes. 6. Quadro Resumo. 7. Transformação dos votos em mandato. 7.1 Cláusula de desempenho mínimo para o candidato em eleição proporcional. 7.2 Cálculo da maior média em pleito proporcional. 8. Conclusão. 1. INTRODUÇÃO Neste texto, discorreremos sobre o processo de votação, desde a inserção dos nomes dos candidatos na urna eletrônica até as opções de voto disponíveis para o eleitor, o destino a ser dado para o voto sufragado na urna no momento da totalização, como válidos ou não-válidos, e sua transformação em mandato, conceituando voto em branco, nulo, nominal e na legenda, além de outros conceitos pertinentes à matéria (candidato inexistente, cassado, não registrado e regularmente inscrito), à luz da legislação vigente, com as modificações implementadas pela minirreforma eleitoral de 2015, em especial as relacionadas aos 3º e 4º do art. 224 do Código Eleitoral. Finalizando, abordaremos sobre o destino a ser dado ao voto de candidato cassado em sede de recurso contra expedição do diploma e cassado em decorrência de cometimento de ilícitos eleitorais. A intenção não é esgotar o assunto, mas tão-somente trazê-lo à lume, em razão de sua relevância, haja vista sua repercussão na definição dos candidatos eleitos. Nas Eleições de 2.10.2016 serão escolhidos, mediante voto direto, secreto e com valor igual para todos, os representantes que exercerão em nome do povo os cargos de: prefeito e respectivo vice-prefeito, eleitos pelo sistema majoritário, por maioria absoluta de votos, nos municípios com mais de duzentos mil eleitores e, por maioria simples de votos, nos municípios até duzentos mil eleitores; vereador, eleitos pelo sistema proporcional, e em número fixado pela Lei Orgânica de cada município. Se nenhum candidato, nos municípios com mais de duzentos mil eleitores, alcançar maioria absoluta na primeira votação, será feita nova eleição em 30 de outubro de 2016 (segundo turno), com os dois mais votados em 2.10.2016 (primeiro turno). Essas eleições representam uma oportunidade que o regime democrático proporciona aos seus cidadãos de escolher, substituindo ou reconduzindo, os agentes políticos dos Poderes Legislativo e Executivo dos Municípios para quatro anos de mandato. Apesar de o voto ser obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, para aqueles entre 16 e 18 anos e para os maiores de 70 anos, a legislação brasileira não condiciona a validade da eleição a um determinado percentual de comparecimento do eleitorado apto a votar. A legislação tão-somente sanciona com multa os eleitores obrigados a votar que não comparecem nem justificam sua ausência e 1

cancelamento da inscrição em caso de três ausências consecutivas ao pleito, não justificadas e não recolhidas as multas. É certo que, na hipótese de as ausências suplantarem os comparecimentos, a questão da legitimidade da soberania popular e da representatividade dos eleitos pode vir a ser discutida, mas essa situação não invalida a eleição. Por outro, a legislação brasileira condiciona a validade da eleição a um percentual mínimo de votos válidos. Dentre os comparecimentos às urnas, exige-se que mais da metade dos votos sejam válidos (dados a candidatos regularmente registrados e às legendas partidárias), por força do disposto no caput do art. 224 do Código Eleitoral, excluídos os votos em branco e nulos por deliberação do eleitor ou decorrentes de erro, segundo a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral. Ou seja, apenas os votos nulos decorrentes de indeferimento do registro e os anulados decorrentes de cassação são considerados para fim de aplicação do art. 224 do Código Eleitoral, desprezando-se os votos em branco e os nulos por deliberação do eleitor ou decorrentes de erro. Todavia, a minirreforma eleitoral de 2015, por meio do art. 4º Lei nº 13.165/2015, acrescentou ao art. 224 do Código Eleitoral o 3º, que estabelece a realização de nova eleição, após o trânsito em julgado, quando houver indeferimento do registro, cassação do diploma ou perda de mandato de candidato eleito em pleito majoritário, independentemente do número de votos anulados, sem qualquer modificação de redação do caput do mencionado artigo, o que exigiu do Tribunal Superior Eleitoral, na regulamentação da matéria, compatibilizar os dois dispositivos, como veremos mais adiante. Inicialmente, para a compreensão do destino a ser dado aos votos colhidos pela urna eletrônica, faz-se necessário identificar quais são os candidatos que terão seus nomes inseridos na urna eletrônica e as opções de voto disponíveis para o eleitor no momento do sufrágio. 2. INSERÇÃO DOS NOMES DOS CANDIDATOS NA URNA ELETRÔNICA Durante o processo de preparação das urnas eletrônicas são geradas as tabelas de candidatos aptos a concorrer à eleição e de candidatos inaptos, desde que não tenham sido substituídos por candidatos com o mesmo número, levando-se em consideração a situação jurídica de cada candidato na data da geração, cujas possibilidades estão resumidas na tabela abaixo. DEFERIDO SITUAÇÃO JURÍDICA DO CANDIDATO APTO DEFERIDO COM RECURSO INDEFERIDO COM RECURSO CASSADO COM RECURSO PENDENTE JULGAMENTO CANCELADO COM RECURSO INDEFERIDO RENÚNCIA CANCELADO CASSADO FALECIDO INAPTO NÃO CONHECIMENTO DO PEDIDO Somente consta na urna eletrônica o candidato com situação jurídica de apto, ou seja, cujo pedido de registro de candidatura, no momento da geração da referida tabela, se encontre na situação de deferido, deferido com recurso, indeferido com recurso, cassado com recurso, pendente de julgamento ou como cancelado com recurso. 2

3. OPÇÕES DE VOTO DISPONÍVEIS PARA O ELEITOR O eleitor, ao comparecer à seção eleitoral, tem a sua disposição as seguintes opções de voto na urna eletrônica: a) para a eleição proporcional (vereador) nominal, na legenda, em branco, ou nulo: b) para a eleição majoritária (prefeito e vice-prefeito) nominal; em branco, ou nulo. Nas eleições municipais, a urna eletrônica exibirá ao eleitor, primeiramente, o painel relativo à eleição proporcional (vereador) e, em seguida, o referente à eleição majoritária (prefeito). Com a adoção do sistema eletrônico, a votação é feita a partir da digitação do número do candidato ou da legenda partidária, conforme determina o art. 59, 1º, da Lei nº 9.504/97. Entretanto, e como vista acima, é possível também votar em branco ou nulo. 3.1 VOTO NOMINAL O voto nominal é o voto dado pelo eleitor para um candidato específico, ou seja, voto registrado na urna que corresponda integralmente ao número de um candidato apto. Para votar em um candidato específico (voto nominal), o eleitor digitará o número do candidato, devendo o nome e a fotografia do candidato, assim como a sigla do partido político, aparecer no painel da urna eletrônica, com o respectivo cargo disputado, antes da confirmação do voto. Se as informações estiverem corretas, deverá apertar a tecla verde CONFIRMA. O painel referente ao candidato a prefeito exibirá, também, a foto e o nome do respectivo candidato a vice-prefeito. 3.2 VOTO NA LEGENDA Já o voto na legenda, previsto somente para as eleições proporcionais, corresponde ao voto dado na urna eletrônica pelo eleitor quando digitar apenas o número do partido no momento de votar para vereador, conforme estabelece o art. 60 da Lei n.º 9.504/97. Aparecerá no canto inferior da tela da urna eletrônica a mensagem VOTO DE LEGENDA, devendo em seguida apertar a tecla verde CONFIRMA. E ainda, será computado para a legenda partidária o voto em que não seja possível a identificação do candidato, desde que o número identificador do partido seja digitado de forma correta, por força do disposto no art. 59, 2.º, da referida lei. Para votar na legenda de partido que esteja concorrendo isoladamente no pleito, o eleitor deverá digitar o número do partido e, para votar na legenda de uma coligação, basta escolher o número de qualquer um dos partidos que a integram. Em seguida deverá apertar a tecla verde CONFIRMA. 3

Por fim, nas eleições proporcionais, os votos digitados na urna cujos dois primeiros dígitos coincidam com a numeração de partido que concorra ao pleito e os últimos dígitos não sejam informados ou não correspondam a nenhum candidato serão registrados como votos para a legenda. Nessa hipótese, antes da confirmação do voto, a urna apresentará a informação do respectivo partido e mensagem alertando o eleitor que, se confirmado, o voto será registrado para a legenda (Resolução TSE n.º 23.456/2015, art. 107). Abaixo do número digitado aparecerá a mensagem CANDIDATO INEXISTENTE, o NOME DO PARTIDO e a expressão VOTO DE LEGENDA, devendo em seguida apertar a tecla verde CONFIRMA. 3.3 VOTO EM BRANCO Para votar em branco o procedimento é o seguinte: quando o eleitor apertar a tecla BRANCO, a tela da urna eletrônica apresentará o cargo e a mensagem VOTO EM BRANCO, em seguida, deverá apertar a tecla verde CONFIRMA. 3.4 VOTO NULO Por sua vez, será registrado como voto nulo, conforme arts. 105 e 106 da Resolução TSE n.º 23.456/2015: I na eleição majoritária, o voto digitado que não corresponda a número de candidato constante da urna eletrônica; II na eleição proporcional, o voto digitado na urna cujos dois primeiros dígitos coincidam com a numeração de partido que concorra ao pleito e os últimos dígitos correspondam a candidato que, antes da geração dos dados para carga da urna, conste como inapto. Porém, antes da confirmação do voto, a urna apresentará mensagem informando ao eleitor que, se confirmado o voto, ele será computado como nulo. Uma outra situação que implica voto nulo é a seguinte: se o eleitor confirmar pelo menos um voto (eleição proporcional), deixando de concluir a votação para o outro cargo (eleição majoritária), o presidente da mesa receptora de votos o alertará para o fato, solicitando que retorne à cabina e a conclua; recusando-se o eleitor, deverá o presidente da mesa, utilizando-se de código próprio, liberar a urna a fim de possibilitar o prosseguimento da votação, sendo considerado nulo o outro voto não confirmado. 4. DESTINO DOS VOTOS COLHIDOS PELAS URNAS ELETRÔNICAS As opções de votação na urna eletrônica exercidas pelos eleitores resultam durante a totalização em dois tipos de votos: os que são computados como válidos e os que são computados como não-válidos. 4.1. LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA Sobre o destino dos votos, veja a redação dada pelo Código Eleitoral e o que dispõe a Lei n.º 9.504/97, tendo em vista a inclusão do art. 16-A, por meio da Lei n.º 12.034/2009: CÓDIGO ELEITORAL: Art. 175, 3º - Serão nulos, para todos os efeitos, os votos dados a candidatos inelegíveis ou não registrados. Art. 175, 4º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica quando a decisão de inelegibilidade ou de cancelamento de registro for proferida após a realização da eleição a que concorreu o candidato alcançado pela sentença, caso em que os votos serão contados para o partido pelo qual tiver sido feito o seu registro. 4

Art. 222 - É também anulável a votação, quando viciada de falsidade, fraude, coação, uso de meios de que trata o art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedado por lei. LEI Nº 9.504/97: Art. 5º. Nas eleições proporcionais, contam-se como válidos apenas os votos dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias. Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica condicionado ao deferimento do registro do candidato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) 4.2. RESOLUÇÃO TSE N.º 23.456/2015 O Tribunal Superior Eleitoral regulamentou a matéria para as eleições de 2016, nos seguintes termos: Resolução n.º 23.456/2015: Art. 103. Os votos serão registrados e contados eletronicamente nas seções eleitorais pelo software de votação da urna. 1º À medida que sejam recebidos, os votos serão registrados individualmente, resguardado o anonimato do eleitor. 2º Após a confirmação dos votos de cada eleitor, o arquivo de registro digital de votos será atualizado e assinado digitalmente, com aplicação do registro de horário no arquivo log, de maneira a impedir a substituição de votos. Art. 104. O voto digitado na urna que corresponda integralmente ao número de candidato apto será registrado como voto nominal e, antes da confirmação do voto, a urna apresentará as informações do nome, do partido e a foto do respectivo candidato. Art. 105. Nas eleições majoritárias, os votos digitados que não correspondam a número de candidato constante da urna eletrônica serão registrados como nulos. Parágrafo único. Na hipótese do caput, antes da confirmação do voto, a urna apresentará mensagem informando ao eleitor que, se confirmado o voto, ele será computado como nulo. Art. 106. Nas eleições proporcionais, serão registrados como nulos os votos digitados na urna cujos dois primeiros dígitos coincidam com a numeração de partido que concorra ao pleito e os últimos dígitos correspondam a candidato que, antes da geração dos dados para carga da urna, conste como inapto. Parágrafo único. Na hipótese do caput, antes da confirmação do voto, a urna apresentará mensagem informando ao eleitor que, se confirmado o voto, ele será computado como nulo. Art. 107. Nas eleições proporcionais, serão registrados como votos para a legenda os digitados na urna cujos dois primeiros dígitos coincidam com a numeração de partido que concorra ao pleito e os últimos dígitos não sejam informados ou não correspondam a nenhum candidato. Parágrafo único. Na hipótese do caput, antes da confirmação do voto, a urna apresentará a informação do respectivo partido e mensagem alertando o eleitor que, se confirmado, o voto será registrado para a legenda (Lei nº 9.504/1997, art. 59, 2º). Art. 108. Ao final da votação, os arquivos do boletim de urna e os que contêm todos os votos registrados serão assinados digitalmente, com aplicação do registro de horário em arquivo log, de forma a impossibilitar a substituição de votos e a alteração dos registros de início e término da votação. Art. 144. Serão válidos apenas os votos dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias (Lei nº 9.504/1997, art. 5º). Parágrafo único. Na eleição proporcional, serão computados para a legenda os votos dados a candidatos com registro deferido na data do pleito e indeferido posteriormente (Código Eleitoral, art. 175, 4º; e Lei nº 9.504/1997, art. 16-A, parágrafo único). Art. 145. Serão nulos, para todos os efeitos, inclusive para a legenda: 5

I - os votos dados a candidatos inelegíveis ou não registrados (Código Eleitoral, art. 175, 3º; e Lei nº 9.504/1997, art. 16-A); II - os votos dados a candidatos com o registro indeferido, ainda que o respectivo recurso esteja pendente de apreciação; III - os votos dados a partido ou coligação, bem como a seus respectivos candidatos, cujo Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP) tenha sido indeferido, ainda que haja recurso pendente de apreciação. 1º A validade dos votos descritos nos incisos II e III ficará condicionada ao deferimento do registro, inclusive para o cômputo para o respectivo partido ou coligação (Lei nº 9.504/1997, art. 16-A, caput e parágrafo único). 2º Os votos dados a candidato que concorra nas eleições proporcionais e cujo registro tenha sido deferido, porém posteriormente cassado por decisão em ação autônoma, serão: I - considerados nulos para todos os efeitos, se o acórdão condenatório for publicado antes das eleições; II - contados para o partido, caso o acórdão condenatório seja publicado depois das eleições. 3º Os votos dados a candidato que concorra nas eleições majoritárias e cujo registro tenha sido deferido, porém posteriormente cassado por decisão em ação autônoma, serão considerados nulos para todos os efeitos, independentemente do momento da publicação do acórdão que confirmar a sentença condenatória. Art. 146. Serão computados como válidos os votos atribuídos aos candidatos, inclusive aos substitutos, que, no dia da eleição, ainda não tenham o pedido de registro de candidatura apreciado pela Justiça Eleitoral. Parágrafo único. A validade dos votos atribuídos ao candidato cujo pedido de registro de candidatura não tenha sido apreciado está condicionada ao deferimento de seu registro, inclusive para o cômputo para o respectivo partido ou coligação. Art. 147. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos apurados pelo número de lugares a preencher, desprezando-se a fração, se igual ou inferior a meio, ou arredondando-se para um, se superior (Código Eleitoral, art. 106, caput). Art. 148. Determina-se, para cada partido político ou coligação, o quociente partidário dividindo-se pelo quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda ou coligação, desprezada a fração (Código Eleitoral, art. 107). Parágrafo único. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a dez por cento do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido (Código Eleitoral, art. 108). Art. 149. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários e a exigência de votação nominal mínima a que se refere o art. 148 serão distribuídos mediante observância das seguintes regras (Código Eleitoral, arts. 108, parágrafo único, e 109): I - o número de votos válidos atribuídos a cada partido político ou coligação será dividido pelo número de lugares por eles obtidos mediante o cálculo do quociente partidário mais um, cabendo ao partido político ou à coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima (Código Eleitoral, art. 109, inciso I); II - será repetida a operação para a distribuição de cada um dos lugares (Código Eleitoral, art. 109, inciso II); III - quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos que atendam às duas exigências do inciso I, as cadeiras serão distribuídas aos partidos que apresentem as maiores médias (Código Eleitoral, art. 109, inciso III). 1º Calculada a primeira sobra na forma do inciso I, na repetição de que trata o inciso II, a distribuição das demais vagas considerará, para efeito do cálculo da média, o previsto no inciso I e também as sobras que já tenham sido atribuídas ao partido ou à coligação, em cálculos anteriores. 2º No caso de empate de médias entre dois ou mais partidos políticos ou coligações, será considerado aquele com maior votação (Res.-TSE nº 16.844/1990). 3º Ocorrendo empate na média e no número de votos dados aos partidos políticos ou às coligações, prevalecerá, para o desempate, o número de votos nominais recebidos pelo candidato que disputa a vaga. 6

4º O preenchimento dos lugares com que cada partido ou coligação for contemplado se fará segundo a ordem de votação nominal de seus candidatos (Código Eleitoral, art. 109, 1º). 5º Somente poderão concorrer à distribuição dos lugares os partidos políticos ou as coligações que tiverem obtido quociente eleitoral (Código Eleitoral, art. 109, 2º). 6º Em caso de empate na votação de candidatos e de suplentes de um mesmo partido político ou coligação, será eleito o candidato mais idoso (Código Eleitoral, art. 110). Art. 150. Se nenhum partido político ou coligação alcançar o quociente eleitoral, serão eleitos, até o preenchimento de todos os lugares, os candidatos mais votados (Código Eleitoral, art. 111). Art. 151. Nas eleições proporcionais, serão suplentes dos candidatos eleitos todos os demais candidatos do partido que concorrem isoladamente ou os da coligação que não forem eleitos, na ordem decrescente de votação (Código Eleitoral, art. 112). Parágrafo único. Na definição dos suplentes da representação partidária, não há exigência de votação nominal mínima prevista no art. 148. 4.3. A POLÊMICA DO ART. 16-A DA LEI N.º 9.504/97 Com o advento da Lei n.º 12.034/2009, que introduziu o art. 16-A na Lei n.º 9.504/97, surgiu uma questão bastante polêmica, envolvendo o destino dos votos dados a candidato cuja situação jurídica, no dia do pleito, era de deferimento do registro sub judice, com posterior indeferimento, se ainda poderiam ser aproveitados para a legenda: Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica condicionado ao deferimento do registro do candidato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) Nas Eleições de 2010, a primeira ocorrida após a inclusão do art. 16-A na Lei das Eleições, muito embora a Resolução TSE n.º 23.218/2010, em seu art. 147, parágrafo único, tenha expressamente reproduzido o novo dispositivo da lei, quando do julgamento do Agravo Regimental no Mandado de Segurança n.º 4034-63.2010.6.00.0000, a sua aplicação deu-se por maioria de votos da Corte (4x3). A propósito, naquele julgamento o TSE decidiu que o 4.º do art. 175 do Código Eleitoral, que estabelece a contagem para a legenda dos votos obtidos por candidatos cujos registros tenham sido indeferidos após a eleição, foi superado pelo parágrafo único do art. 16-A da Lei n.º 9.504/97, que condiciona a validade dos votos ao deferimento do registro, inclusive para fim de aproveitamento para o partido ou coligação. Por sua vez, em relação ao pleito de 2012, consultando a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, encontramos o Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral n.º 749-18.2012.6.21.0094, em que a Corte Superior Eleitoral, à unanimidade, decidiu que os votos deveriam ir para a legenda, por força do disposto no art. 175, 4.º, do Código Eleitoral. O referido Recurso Especial eleitoral reformou a decisão proferida pelo TRE/RS em sede de Recurso Contra Expedição do Diploma, o qual havia determinado a cassação do diploma de um suplente de vereador em razão de inelegibilidade constitucional, e declarado nulos os votos, sem aproveitamento para a legenda, com fulcro no art. 175, 3.º, do Código Eleitoral. A regulamentação do TSE para as Eleições 2014 (Resolução n.º 23.399/2013, art. 181) pôs fim à polêmica ocorrida nos pleitos de 2010 e 2012 acerca do destino do voto sufragado na urna eletrônica para candidato em pleito proporcional deferido sub judice no dia do pleito e posteriormente indeferido. Por fim, para as Eleições de 2016, nos termos do parágrafo único do art. 144 da Resolução TSE n.º 23.456, os votos dados a candidatos com registro deferido na data do 7

pleito e indeferido posteriormente, na eleição proporcional, serão computados para a legenda (Código Eleitoral, art. 175, 4º e Lei nº 9.504/1997, art. 16-A, parágrafo único). O aproveitamento para a legenda, nas eleições proporcionais, previsto pelo 4.º do art. 175 do Código Eleitoral, tem fundamento na natureza binária do voto, porquanto se destina à agremiação (partido ou coligação) e ao candidato. O referido dispositivo legal prestigia o sistema proporcional, o fortalecimento dos partidos políticos e a definição das bancadas antes do início da legislatura. 4.4. CASSAÇÃO EM RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA Na mesma linha de interpretação adotada no item anterior, em sede de Recurso Contra Expedição do Diploma, também devem ser computados para a legenda os votos de candidato em pleito proporcional que venha a ter seu diploma cassado por inelegibilidade ou falta de condição de elegibilidade supervenientes ou de natureza constitucional, de que cuida o art. 262 do Código Eleitoral, com redação dada pela Lei n.º 12.891/2013. 4.5. CASSAÇÃO DECORRENTE DE ILÍCITOS ELEITORAIS Uma questão que sempre suscita questionamento é em relação ao destino do voto dado a um candidato com registro deferido e que venha a ser cassado posteriormente em razão de cometimento de ilícitos eleitorais, em sede de ação de investigação judicial eleitoral por abuso de poder, ação de impugnação de mandato eletivo ou de representação por violação aos arts. 30-A, 41-A, 73, 45, VI, 75 ou 77 da Lei n.º 9.504/97. Para o pleito municipal de 2016 o Tribunal Superior Eleitoral regulamentou a matéria, por meio do art. 145, 2.º e 3.º, da Resolução n.º 23.456/2015, o que certamente implicará maior segurança jurídica e evitará inúmeras demandas judiciais: Resolução TSE n.º 23.456/2015, art. 145: 2º Os votos dados a candidato que concorra nas eleições proporcionais e cujo registro tenha sido deferido, porém posteriormente cassado por decisão em ação autônoma, serão: I - considerados nulos para todos os efeitos, se o acórdão condenatório for publicado antes das eleições; II - contados para o partido, caso o acórdão condenatório seja publicado depois das eleições. 3º Os votos dados a candidato que concorra nas eleições majoritárias e cujo registro tenha sido deferido, porém posteriormente cassado por decisão em ação autônoma, serão considerados nulos para todos os efeitos, independentemente do momento da publicação do acórdão que confirmar a sentença condenatória. Presumimos que a redação dada pelo Tribunal Superior Eleitoral a esses dois dispositivos ( 2.º e 3.º) deveu-se: 1) ao disposto no 2.º do art. 257 do Código Eleitoral, acrescentado pelo art. 4.º da Lei nº 13.165/2015 (minirreforma eleitoral), que estabelece que o recurso ordinário interposto contra decisão proferida por Juiz Eleitoral ou por Tribunal Regional Eleitoral que resulte em cassação de registro, afastamento do titular ou perda de mandato eletivo será recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo; 2) ao fato de que, nas eleições proporcionais, os fundamentos jurídicos adotados para o aproveitamento dos votos para a legenda (natureza binária do voto, fortalecimento dos partidos políticos e do sistema proporcional, definição das bancadas antes do início da legislatura), também se aplicam às hipóteses de 8

cassação decorrentes de cometimento de ilícitos eleitorais, na esteira de sua jurisprudência. Não poderia deixar de consignar que o nosso entendimento pessoal, para os casos de cassação decorrentes de cometimento de ilícitos eleitorais, é contrário à posição adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral porque os fundamentos jurídicos que devem prevalecer são os da lisura e da legitimidade do pleito, protegidos pelo art. 222 do Código Eleitoral e não o atualmente adotado pela Corte Superior Eleitoral e descrito acima. Temos que os votos obtidos por candidato que teve o seu registro, diploma ou mandato cassado em razão de cometimento de ilícitos eleitorais comprometem a lisura e a legitimidade do pleito como um todo, não podendo ser aproveitados para a legenda, na compreensão de que estes valores se sobrepõem àqueles. Não é razoável que uma agremiação se beneficie de votos obtidos de forma ilícita, em que a vontade manifestada nas urnas não foi livre, mas sim viciada. A autenticidade eleitoral fica comprometida quando um partido político aproveita para si voto obtido em razão de cometimento de fraude, corrupção, abuso de poder econômico ou político, dentre outros ilícitos. Para o ilustre doutrinador gaúcho, RODRIGO LÓPEZ ZILIO, o fundamento da anulabilidade da votação é dado pelo art. 222 do Código Eleitoral, o qual deve, por aplicação do princípio da especialidade, prevalecer sobre os demais dispositivos genéricos (arts. 175, 3.º, CE e art. 16-A da Lei n.º 9.504/97). Consideração pessoal e doutrinária à parte, asseveramos que a análise deste tema específico levará em consideração as disposições regulamentadas pelo TSE em sua instrução de regência, a Resolução n.º 23.456/2015. Na referida resolução não há dispositivo acerca do destino do voto sufragado na urna eletrônica a um candidato cujo registro tenha sido deferido e que, no dia da eleição, encontra-se cassado pelo Juiz Eleitoral de 1.º grau, em razão de cometimento de ilícitos eleitorais, com: 1) decisão transitada em julgado; 2) recurso tramitando no TRE; 3) prazo recursal em curso. Esses votos devem ser computados como nulos ou válidos? Se considerarmos a redação dada pelo TSE para os 2.º e 3.º do art. 145 da Resolução TSE n.º 23.456/2015, a contrário senso, parece-nos que, na primeira hipótese, o voto deve ser computado como nulo, e na segunda e terceira, como válido. Todavia, se for levada em consideração, exclusivamente, a situação jurídica no dia da eleição, critério norteador para o destino do voto nos casos que não envolvam cassação, na terceira hipótese aventada (cassação com prazo recursal em curso), o voto será nulo, diante da ausência de registro. Muito embora remota a possibilidade de ocorrência de uma dessas três hipóteses apresentadas, haja vista o encurtamento do calendário eleitoral pela minirreforma de 2015, se eventualmente vier a ocorrer, diante da ausência de dispositivo expresso regulamentando, terá o Juiz Eleitoral que atribuir o destino a ser dado aos votos colhidos da urna eletrônica no momento da totalização. 4.6. DESTINO DOS VOTOS EM BRANCO E DOS VOTOS NULOS Os votos em branco, que antes eram contados como válidos para determinação do quociente eleitoral, desde 1997, com a edição da Lei nº 9.504/97, têm o mesmo valor dos votos nulos, ou seja, ambos são considerados votos não-válidos. Por conseguinte, nas 9

eleições majoritárias e nas proporcionais, votar em branco ou votar nulo tem a mesma consequência: os votos são descartados, desprezados, não servem para nada, nem mesmo são considerados na verificação do percentual mínimo para a validade da eleição, conforme explicitado no item 1 deste texto. Lei n.º 9.504/97: Art. 2º Será considerado eleito o candidato a Presidente ou a Governador que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. Art. 3º Será considerado eleito Prefeito o candidato que obtiver a maioria dos votos, não computados os em branco e os nulos. Art. 5º Nas eleições proporcionais, contam-se como válidos apenas os votos dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias. 4.7. VOTOS VÁLIDOS Segundo a legislação em vigor, consideram-se válidos os votos registrados na urna eletrônica: I - Nas eleições para os cargos majoritários a candidatos regularmente inscritos; II - Nas eleições para os cargos proporcionais a candidatos regularmente inscritos, às legendas partidárias; que tenham os dois primeiros dígitos coincidentes com a numeração de um partido válido, concorrente ao pleito, e os últimos dígitos não correspondentes a candidato existente e nem a candidato inapto antes da geração das tabelas de candidatos para a carga da urna eletrônica, os quais serão computados para a legenda. 5. CONCEITOS PERTINENTES Para a compreensão do destino dado ao voto sufragado pelo eleitor também se faz necessário observar os conceitos das seguintes expressões: a) candidatos não registrados ou indeferidos são aqueles que, apesar de constarem na urna eletrônica, não têm, no dia da votação, nenhuma decisão, inclusive liminar, deferindo o pedido de registro, ainda que haja recurso pendente de julgamento. Votos dados a candidatos nessa situação são computados como nulos, ficando eventual validação condicionada à obtenção do registro. Assim, se vier a ocorrer o deferimento do registro após o pleito, a Justiça Eleitoral procederá à nova totalização dos votos. b) candidatos regularmente inscritos são aqueles que têm, no dia da votação, decisão, inclusive liminar, deferindo o pedido registro, ainda que haja recurso pendente de julgamento. Votos dados a candidatos nessa situação são computados como válidos e, se com o julgamento do recurso após a eleição o registro vier a ser indeferido, terão o seguinte destino: I - se candidato da eleição proporcional, os votos serão destinados para a legenda do partido político ou da coligação pelo qual tiver sido feito o seu registro; II - se candidato da eleição majoritária, os votos serão invalidados. c) candidatos inexistentes são aqueles que não constam na urna eletrônica. Via de regra, os votos digitados na urna eletrônica que não correspondam a nenhum candidato são computados como nulos. No entanto, na votação para as eleições proporcionais, serão computados para a legenda partidária, desde que tenham os dois primeiros 10

dígitos coincidentes com a numeração de um partido válido, concorrente ao pleito, e os últimos dígitos não correspondentes a candidato: existente (Resolução TSE nº 23.456/2013, art. 107); inapto antes da geração das tabelas para a carga da urna eletrônica (Resolução TSE nº 23.456/2013, art. 106). d) candidatos cassados são aqueles que têm, no dia da votação, decisão de cassação do registro de candidatura, ainda que haja recurso pendente de julgamento. Sobre o destino dos votos dados a candidatos nessa situação leia o item 4.5 deste texto. 6. QUADRO RESUMO O quadro abaixo contempla o destino a ser dado para o voto sufragado pelo eleitor na urna, quando da realização da totalização, em que, segundo consolidada jurisprudência do TSE, deve prevalecer a situação jurídica do candidato à data do pleito para fim de destinação dos seus votos: SITUAÇÃO DO CANDIDATO NO DIA DO PLEITO indeferido indeferido com recurso deferido deferido com recurso pendente julgamento DRAP indeferido DRAP indeferido com recurso cassado pelo juiz e transitada a decisão cassado pelo juiz com recurso no TRE cassado pelo juiz com prazo recursal em curso DESTINO DO VOTO NA TOTALIZAÇÃO nulo nulo válido válido válido*1 nulo*2 nulo*2 nulo válido*3 válido*3 acórdão condenatório (cassação) do TRE publicado antes do pleito *1 A validade dos votos está condicionada ao deferimento do registro, inclusive para o aproveitamento pela legenda (Resolução TSE nº 23.456, art. 146). *2 São nulos os votos dados a partido ou coligação, bem como a seus respectivos candidatos, cujo DRAP tenha sido indeferido, ainda que haja recurso pendente de apreciação (Resolução TSE nº 23.456, art. 145, III). *3 O destino do voto como válido nessas duas hipóteses da Tabela decorrem da interpretação dos arts. 145, 2º e 3º e 187, 2º, da Resolução TSE n.º 23.456/2015, contudo, recomenda-se a leitura integral do item 4.5 deste texto. nulo Por sua vez, o quadro abaixo contempla o destino a ser dado para o voto nas eleições majoritárias e proporcionais, em razão do julgamento do respectivo recurso após a realização do pleito, segundo a jurisprudência do TSE: 11

SITUAÇÃO NO DIA DO PLEITO DECISÃO PROFERIDA APÓS O PLEITO DESTINO DO VOTO NA MAJORITÁRIA DESTINO DO VOTO NA PROPORCIONAL indeferido com recurso mantida nulo nulo indeferido com recurso reformada válido válido deferido com recurso mantida válido válido deferido com recurso reformada nulo legenda deferido deferido deferido cassado pelo juiz com recurso*2 cassado pelo juiz com recurso*2 cassado em sede de RCED (TRE) cassado pelo juiz em decorrência de ilícitos e transitada a decisão cassado pelo juiz em decorrência de ilícitos e com recurso tramitando no TRE anulado anulado válido*1 legenda legenda válido*1 mantida a decisão pelo TRE anulado legenda reformada a decisão pelo TRE válido válido *1 O destino do voto como válido nessas duas hipóteses da Tabela decorrem da interpretação dos arts. 145, 2º e 3º e 187, 2º, da Resolução TSE n.º 23.456/2015, contudo, recomenda-se a leitura integral do item 4.5 deste texto. *2 Na hipótese em tela, no dia do pleito, o voto foi computado como válido, conforme legenda *3 do quadro resumo anterior. 7. TRANSFORMAÇÃO DOS VOTOS EM MANDATO Sobre a proclamação dos eleitos e a diplomação dos candidatos a Resolução TSE n.º 23.465/2015, em seus arts. 165 a 173, estabelece: RESOLUÇÃO Nº 23.456/2015: Art. 165. Serão eleitos os candidatos a prefeito, assim como os respectivos candidatos a vice, que obtiverem a maioria de votos, não computados os votos em branco e os nulos (Constituição Federal, art. 29, incisos I e II; e Lei nº 9.504/1997, art. 3º, caput). 1º Nos municípios com mais de duzentos mil eleitores, se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, será feita outra no dia 30 de outubro de 2016, na qual concorrerão os dois candidatos mais votados, considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos (Constituição Federal, art. 77, 3º, c.c. art. 29, II; e Lei nº 9.504/1997, art. 3º, 2º). 2º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de um dos candidatos, será convocado, entre os remanescentes, o de maior votação (Constituição Federal, art. 77, 4º; e Lei nº 9.504/1997, art. 2º, 2º). 3º Se, na hipótese dos 1º e 2º, remanescer em segundo lugar mais de um candidato com a mesma votação, será qualificado o mais idoso (Constituição Federal, art. 77, 5º; e Lei nº 9.504/1997, art. 2º, 3º). Art. 166. Estarão eleitos para o cargo de vereador, entre os candidatos registrados por partido ou coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a dez por cento do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido (Código Eleitoral, art. 108). Parágrafo único. Os lugares não preenchidos pelo quociente partidário ou em razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o caput serão distribuídos de acordo com as regras do art. 149. Art. 167. Nas eleições majoritárias, respeitado o disposto no 1º do art. 165, serão observadas ainda as seguintes regras para a proclamação dos resultados: 12

I - deverá a Junta Eleitoral proclamar eleito o candidato que obtiver o maior número de votos válidos, não computados os votos em branco e os votos nulos, se não houver candidato com registro indeferido que tenha obtido maior votação nominal; II - não deverá a Junta Eleitoral proclamar eleito o candidato que obtiver o maior número de votos válidos, se houver candidato com registro indeferido mas com recurso ainda pendente e cuja votação nominal tenha sido maior, o que poderá, após o trânsito em julgado, ensejar nova eleição, nos termos do 3º do art. 224 do Código Eleitoral; III - não deverá a Junta Eleitoral proclamar eleito o candidato que obtiver o maior número de votos válidos, se houver candidatos com registros indeferidos mas com recursos ainda pendentes e cuja soma das votações nominais tenha sido superior a cinquenta por cento da votação válida, o que poderá, após o trânsito em julgado, ensejar nova eleição, nos termos do art. 224 do Código Eleitoral; IV - se houver segundo turno e nele for eleito candidato que esteja sub judice e que venha a ter o registro indeferido posteriormente, caberá à Junta Eleitoral convocar novas eleições, após o trânsito em julgado da decisão. 1º Nas hipóteses dos incisos II e IV, o Tribunal Superior Eleitoral, ao apreciar o recurso no pedido de registro do candidato eleito, poderá aplicar o art. 257 do Código Eleitoral e o art. 15 da Lei Complementar nº 64/1990, determinando a imediata realização de novas eleições. 2º Na hipótese do inciso III: I - se houver decisões do Tribunal Superior Eleitoral indeferindo os pedidos de registro de candidatos não eleitos cujos votos recebidos alcançarem mais de cinquenta por cento dos votos válidos da circunscrição, as novas eleições deverão ser convocadas imediatamente; II - se não houver decisões do Tribunal Superior Eleitoral indeferindo os pedidos de registro de candidatos não eleitos cujos votos recebidos alcançarem mais de cinquenta por cento dos votos válidos da circunscrição, não se realizarão novas eleições e os respectivos feitos judiciais tramitarão em regime de urgência. 3º Para fins de aplicação deste artigo, a validade da votação deve ser aferida levando-se em consideração o percentual de votos dados a todos os candidatos participantes do pleito, excluindo-se somente os votos em branco e os nulos decorrentes da manifestação apolítica ou erro do eleitor. 4º As novas eleições previstas neste artigo correrão a expensas da Justiça Eleitoral e serão: I - indiretas, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final do mandato; II - diretas, nos demais casos. Art. 168. Os candidatos eleitos aos cargos de prefeito e de vereador, assim como aos de vice-prefeitos e suplentes, receberão diplomas assinados pelo presidente da Junta Eleitoral (Código Eleitoral, art. 215, caput). Parágrafo único. Dos diplomas deverão constar o nome do candidato, a indicação da legenda do partido ou da coligação pela qual concorreu, o cargo para o qual foi eleito ou a sua classificação como suplente e, facultativamente, outros dados a critério da Justiça Eleitoral (Código Eleitoral, art. 215, parágrafo único). Art. 169. A diplomação de militar candidato a cargo eletivo implica a imediata comunicação à autoridade a que este estiver subordinado, para fins do disposto no art. 98 do Código Eleitoral (Código Eleitoral, art. 218). Art. 170. A expedição de qualquer diploma pela Justiça Eleitoral dependerá de prova de que o eleito esteja em dia com o serviço militar. Art. 171. Não poderá ser diplomado nas eleições majoritárias ou proporcionais o candidato que estiver com o registro indeferido, ainda que sub judice. Parágrafo único. Nas eleições majoritárias, na data da respectiva posse, se não houver candidato diplomado, observar-se-á o seguinte: I - caberá ao presidente do Poder Legislativo assumir e exercer o cargo até que sobrevenha decisão favorável no processo de registro; II - se já encerrado o processo de registro ou concedida antecipação de tutela pelo Tribunal Superior Eleitoral, na forma do 1º do art. 167, realizar-se-ão novas eleições. Art. 172. Contra a expedição de diploma caberá o recurso previsto no art. 262 do Código Eleitoral, no prazo de três dias contados da diplomação. 13

Parágrafo único. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral não decidir o recurso interposto contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda sua plenitude (Código Eleitoral, art. 216). Art. 173. O mandato eletivo poderá também ser impugnado na Justiça Eleitoral após a diplomação, no prazo de quinze dias, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude (Constituição Federal, art. 14, 10). 1º A ação de impugnação de mandato eletivo observará o procedimento previsto na Lei Complementar nº 64/1990 para o registro de candidaturas, com a aplicação subsidiária, conforme o caso, das disposições do Código de Processo Civil, e tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé (Constituição Federal, art. 14, 11). 2º A decisão proferida na ação de impugnação de mandato eletivo tem eficácia imediata a partir da publicação do respectivo acórdão lavrado em grau de recurso ordinário, não se lhe aplicando a regra do art. 216 do Código Eleitoral. Art. 183. Havendo alteração na situação jurídica do partido, da coligação ou do candidato, será obrigatoriamente realizada nova totalização dos votos, observado, no que couber, o disposto nesta resolução. 1º Se o reprocessamento do resultado for realizado após a diplomação, o Juiz Eleitoral em exercício na circunscrição adotará as providências cabíveis, expedindo novos diplomas e cancelando os anteriores, se houver alteração dos eleitos. 2º Os partidos políticos, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil deverão ser convocados com antecedência mínima de dois dias, por edital, para acompanhamento do reprocessamento. 3º Na hipótese de alteração na relação de eleitos e suplentes, os respectivos diplomas deverão ser confeccionados, cancelando-se os anteriormente emitidos para os candidatos cuja situação foi modificada. Art. 185. Se a nulidade atingir mais da metade dos votos do município, as demais votações serão julgadas prejudicadas e o Tribunal Regional Eleitoral marcará data para nova eleição dentro do prazo de vinte a quarenta dias (Código Eleitoral, art. 224, caput). 1º Se o Tribunal Regional Eleitoral, na área de sua competência, deixar de cumprir o disposto neste artigo, o Procurador Regional levará o fato ao conhecimento do Procurador-Geral, que providenciará, no Tribunal Superior Eleitoral, pedido de marcação imediata de nova eleição (Código Eleitoral, art. 224, 1º). 2º Para os fins previstos no caput, em não sendo deferidos os pedidos de registro dos candidatos a cargo majoritário, os votos nulos dados a estes não se somam aos demais votos nulos resultantes da manifestação apolítica dos eleitores. Diante da regulamentação supra, extrai-se que a minirreforma eleitoral de 2015, em relação à proclamação dos eleitos e à diplomação dos candidatos promoveu duas grandes alterações na legislação: 1) criação de cláusula de desempenho mínimo, para candidatos em pleito proporcional; 2) nova sistemática do cálculo da maior média, previsto no art. 109 do Código Eleitoral. 7.1. CLÁUSULA DE DESEMPENHO MÍNIMO PARA O CANDIDATO EM ELEIÇÃO PROPORCIONAL O art. 108 do Código Eleitoral, como já dito acima, foi uma grande modificação trazida pela minirreforma eleitoral de 2015. Com aplicação restrita à eleição dos cargos proporcionais (vereador e deputados), após definidos os quocientes eleitorais e partidários, a nova redação do dispositivo estabelece que estarão eleitos os candidatos que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem de votação nominal que cada um tenha recebido. Redação anterior: Art. 108 - Estarão eleitos tantos candidatos registrados por um Partido ou coligação quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985) 14

Redação dada pela Lei nº 13.165/2015: Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. Os lugares não preenchidos em razão do quociente partidário ou em razão da exigência de votação nominal mínima serão distribuídos de acordo com as regras do art. 109 do Código Eleitoral, ou seja, pelo cálculo da maior média. Na definição dos suplentes da representação partidária, não há exigência de votação nominal mínima (art. 112, parágrafo único). 7.2. CÁLCULO DA MAIOR MÉDIA EM PLEITO PROPORCIONAL Pela nova regra do art. 109 do Código Eleitoral, após a realização dos cálculos nele descritos, a vaga será destinada ao partido ou coligação que obtiver a maior média, desde que tenha candidato que atenda a exigência de votação nominal mínima, repetindo-se a operação para cada um dos lugares a preencher. E quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos que atendam à exigência de votação nominal mínima, as cadeiras então serão distribuídas às agremiações que apresentem as maiores médias. Além do que, a nova sistemática do cálculo matemático da maior média (art. 109 do Código Eleitoral) alterou o denominador a ser usado na divisão, de número de lugares por ele obtido para número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107. Redação anterior: Art. 109 - Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários serão distribuídos mediante observância das seguintes regras: I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada Partido ou coligação de Partidos pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao Partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher; II - repetir-se-á a operação para a distribuição de cada um dos lugares. Redação dada pela Lei nº 13.165/2015: Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários e em razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o art. 108 serão distribuídos de acordo com as seguintes regras: I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou coligação pelo número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107, mais um, cabendo ao partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima; II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; III - quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos que atendam às duas exigências do inciso I, as cadeiras serão distribuídas aos partidos que apresentem as maiores médias. Todavia, em 3.12.2015 o Min. Dias Toffoli do Supremo Tribunal Federal ao apreciar medida cautelar na ADI nº 5.420, ajuizada pela Procuradoria Geral da República, concedeu parcialmente a medida cautelar, ad referendum do Plenário para suspender, com efeito ex nunc, a eficácia da expressão número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107, constante do inciso I do art. 109 do Código Eleitoral (com redação dada pela Lei nº 13.165/2015), mantido nesta parte o critério de cálculo vigente antes da edição da Lei nº 13.165/2015. A concessão da medida cautelar foi parcial porque a Procuradoria Geral da República arguiu também a inconstitucionalidade da parte final do inciso I do art. 109, que limita a distribuição das vagas ao partido ou coligação com candidatos que tenham obtido votação nominal mínima (igual ou superior a 10% do quociente eleitoral), por causar distorção ao sistema proporcional. Transcrevemos trecho da decisão proferida pelo Min. Dias Toffoli, referente a esse ponto específico da ADI nº 5.420: (...) 15