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Transcrição:

Representação nº 4682-41.2014.6.13.0000 Procedência: Belo Horizonte Representantes: Coligação Minas Pra Você e Fernando Damata Pimentel Representados: Coligação Todos Por Minas Relator: DESEMBARGADOR DOMINGOS COELHO ACÓRDÃO Representação. Direito de resposta. Eleições de 2014. Horário eleitoral gratuito. Programa em bloco. Televisão. Alegação de afirmações sabidamente inverídicas. Falsidade não verificada. Informações que partem de fatos públicos e ensejam o debate político, como a recessão, inflação e contratos de comércio exterior. Ausência de ofensa à pessoa. Meras críticas à política econômica adotada pelo Governo Federal. Impossibilidade de concessão do direito de resposta. Pedido julgado improcedente. Vistos, relatados e discutidos os autos do processo acima identificado, ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais em julgar improcedente o pedido, nos termos do voto do Relator. Belo Horizonte, de setembro de 2014. DESEMBARGADOR DOMINGOS COELHO Relator CPA/psh 1

Representação nº 4682-41.2014.6.13.0000 Procedência: Belo Horizonte Representante: Coligação Minas Pra Você e Fernando Damata Pimentel Representada: Coligação Todos por Minas Assunto: Representação. Direito de resposta. Informação inverídica e/ou ofensiva. Horário eleitoral gratuito. Programa em bloco. Televisão. Relator: DESEMBARGADOR DOMINGOS COELHO Ementa Representação. Direito de resposta. Eleições de 2014. Horário eleitoral gratuito. Programa em bloco. Televisão. Alegação de afirmações sabidamente inverídicas. Falsidade não verificada. Informações que partem de fatos públicos e ensejam o debate político, como a recessão, inflação e contratos de comércio exterior. Ausência de ofensa à pessoa. Meras críticas à política econômica adotada pelo Governo Federal. Impossibilidade de concessão do direito de resposta. Pedido julgado improcedente. RELATÓRIO Trata-se de representação ajuizada pela Coligação Minas Pra Você e Fernando Damata Pimentel em face da Coligação Todos por Minas, nos termos do art. 58 da Lei nº 9.504/1997, para concessão de direito de resposta, em razão de divulgação de informação supostamente inverídica. Os representantes narram, na inicial de fls. 2-11, instruída com os documentos de fls. 12-29, que, no dia 15/9/2014, às 13h, durante a propaganda eleitoral gratuita, a representada divulgou informações inverídicas, em comparativo feito entre os candidatos a Governador Pimenta da Veiga e Fernando Pimentel. Aduzem que foram divulgadas três imputações difamatórias e sabidamente inverídicas a respeito do candidato da representante, consistindo a primeira delas em ele ter levado o Brasil à recessão. Quanto a esta afirmação, defendem que o país não está em recessão e nem esteve durante o período em que o segundo representante foi Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, tendo havido, inclusive, aumento do PIB nessa época, de acordo com dados do IBGE. A segunda imputação diz respeito ao candidato da representante ter feito parte da equipe que permitiu a volta da inflação, sendo rebatido com argumentos de

que a inflação nunca deixou de estar presente na economia brasileira. Assevera a representante que não se pode imputar um fato econômico inerente ao país, que é a existência da inflação, como responsabilidade de um partido ou candidato. A terceira imputação é que Fernando Pimentel fez um contrato secreto para financiar um porto em Cuba. No que concerne ao fato, os representantes esclarecem que o governo não deu dinheiro a Cuba, mas sim concedeu financiamento, por meio do BNDES, para uma empresa brasileira realizar obras no Porto de Mariel, em apoio ao comércio exterior. Alegam que as citadas operações tiveram início em fevereiro de 2009, portanto, antes da posse de Fernando Pimentel como Ministro, que ocorreu em 01/01/2011, sendo a afirmação sabidamente inverídica. Ressaltam que a referida contratação foi feita pelo ex-ministro, Miguel Jorge, e junta alguns documentos, salientando que o contrato é sigiloso e não pode ser trazido aos autos. Frisam que houve grande salto nas exportações de serviços de engenharia, pelo Brasil, no período em que o candidato da representante foi Ministro, e finalizam lembrando que o seu tempo de propaganda na televisão é 38% menor, razão pela qual não é plausível ter que esclarecer em seu programa acerca das ofensas proferidas. Pugnam pela procedência do pedido contido na representação, com o deferimento do direito de resposta, nos termos do art. 58, 3º, III, a, da Lei nº 9.504/97. A representada apresenta contestação, às fls. 37-43, com os documentos de fls. 44-46, defendendo, quanto à primeira imputação, que não foi atribuída responsabilidade exclusiva ao candidato da representante por ter levado o país à recessão, mas que ele, como integrante do governo, teria contribuído para isso. Junta reportagem que informa que o Brasil passa por recessão técnica e defende que a questão permite amplo debate político, não sendo manifestamente inverídica. Quanto à segunda imputação, a representada alega que se refere à volta das altas taxas da inflação, visto que as pequenas taxas sempre existiram, afirmando ser fato público e notório que os índices inflacionários têm atingido níveis preocupantes no atual governo do PT. No que diz respeito à última imputação, assevera que, diante do sigilo do contrato, é impossível saber se o financiamento da obra foi feito na mesma época do início das obras, em fevereiro de 2009, ou em etapa posterior. Ademais, ressalta que a 3ª, 4ª e 5ª tranches (etapas da obra) foram executadas após a posse de Pimentel como Ministro, razão pela qual pode se afirmar que, no mínimo, ele deu continuidade à execução do contrato. Salienta que todas as imputações comportam debate político, não havendo inverdade flagrante em nenhuma delas, razão pela qual mostra-se 3

incabível o direito de resposta. Por fim, roga pela improcedência dos pedidos contidos na representação. A Procuradoria Regional Eleitoral manifesta-se, às fls. 47-48v., pela procedência parcial do pedido, para a concessão do direito de resposta apenas quanto à terceira imputação. É o relatório. Por se tratar de direito de resposta, levo o feito diretamente ao plenário, para julgamento, nos termos do art. 17, 5º, da Resolução 23.398/2013/TSE, a seguir transcrito: Art. 17. Serão observadas, ainda, as seguintes regras no caso de pedido de direito de resposta relativo à ofensa veiculada: (...) 5º O Relator, sempre que entender pertinente, poderá levar o feito diretamente ao Plenário, para julgamento, independentemente de decisão prévia, facultando aos procuradores das partes oportunidade de sustentação oral. VOTO No caso em tela, os representantes afirmam que foi divulgada informação inverídica e difamatória no horário eleitoral gratuito, no dia 15/9/2014, às 13h, em comparativo feito entre os candidatos a Governador Pimenta da Veiga e Fernando Pimentel. Transcrevo a seguir a propaganda impugnada: Locutor: Compare e comprove: Pimenta da Veiga, Ministro das Comunicações. Fernando Pimentel, Ministro do Desenvolvimento. Pimenta da Veiga levou agência dos Correios para todos os Municípios. Pimentel do PT faz parte do time que levou o Brasil à recessão. Pimenta da Veiga implantou a maior rede de rádios comunitárias do país. Pimentel do PT faz parte da equipe que permitiu a volta da inflação. Pimenta da Veiga faz parte do time que ajudou Minas a crescer acima da média nacional. Pimentel do PT fez um contrato secreto para financiar porto em Cuba. Quando você compara, a diferença aparece. Pimenta da Veiga Governador - 45".

O direito de resposta encontra-se previsto no art. 58, caput, da Lei nº 9.504/1997, que assim estabelece: Art. 58. A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social. Cumpre ressaltar que o que a legislação eleitoral não permite é a divulgação de conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica que possa atingir candidato, partido ou coligação, tendo em vista que, agindo dessa maneira, os veículos de comunicação possam influir na opinião pública de forma a acarretar prejuízo à normalidade e ao equilíbrio do pleito. Com efeito, quanto às imputações realizadas, diversamente do alegado na inicial, não se verifica ofensa ou afirmação sabidamente inverídica, mas apenas divulgação de informações que partem de fatos públicos e ensejam o debate político. Verifica-se que a propaganda impugnada não afirma, nas duas primeiras imputações, que a recessão e a inflação foram consequência de ações do candidato da representante, mas sim que ele faz parte do time ou faz parte da equipe que contribuiu para a ocorrência de tais fatos. Sabe-se que o candidato da representante foi Ministro do Desenvolvimento do governo da Presidente Dilma, tendo se afastado esse ano para concorrer ao governo estadual mineiro. Assim, é natural que sejam imputados a ele fatos ocorridos no referido período, como o aumento da inflação, eventual recessão pela qual esteja passando o país e contrato firmado para construção de porto em Cuba. Considero que é de conhecimento público e geral que o candidato da representante não foi o único responsável pelos acontecimentos narrados. E tais fatos não podem, de maneira alguma, serem classificados como inverdades flagrantes. Assim, pelo trecho da matéria, não se está atribuindo a Pimentel a responsabilidade pela recessão, mas apenas se afirmando que ele faz parte do time que conduziu o país a este problema econômico, questão inclusive noticiada pela própria imprensa. Tampouco a afirmação de que Pimentel faz parte da equipe que permitiu a volta da inflação pode ser entendida como informação sabidamente inverídica, uma vez que apenas se pretende dizer que ele faz parte da equipe responsável pelo crescimento da inflação, o que não configura informação sabidamente inverídica. Quanto à terceira imputação alegada pela representante, considero que, por ser sigiloso o contrato, não é possível aferir-se a data em que foi assinado e nem 5

por quem. No entanto, não considero que a imputação da realização do contrato pelo candidato da representante seja ofensiva ou possa ser taxada como informação sabidamente inverídica, mesmo porque é de conhecimento geral que ele deu continuidade à política de comércio exterior adotada pelo Governo Federal, executando todas as etapas posteriores do referido contrato, tendo anuído com a sua realização. Verifica-se que as informações divulgadas consistem em meras críticas quanto às diretrizes traçadas pelo Governo Federal, no que diz respeito à política econômica adotada. São temas passíveis de debates políticos e que não ensejam a concessão de direito de resposta. Destaque-se que, para a concessão do direito de resposta, o c. Tribunal Superior Eleitoral tem exigido clara mensagem com informação inverídica, caluniosa, difamatória ou injuriosa, o que não se observou na hipótese supra citada, conforme julgados que ora transcrevo: ELEIÇÕES 2010. PROPAGANDA ELEITORAL. DIREITO DE RESPOSTA. FATO SABIDAMENTE INVERÍDICO. Para efeito de concessão de direito de resposta, não caracteriza fato sabidamente inverídico crítica à administração baseada em fatos noticiados pela imprensa. A mensagem, para ser qualificada como sabidamente inverídica, deve conter inverdade flagrante que não apresente controvérsias. Direito de resposta negado. Recurso desprovido. (Rp - Representação nº 296241 - Brasília/DF - Acórdão de 28/9/2010 - Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA - publicação: PSESS - Publicado em Sessão, data 28/9/2010) (Destaque nosso). Representação. Propaganda eleitoral em televisão. Alegada degradação e ridicularização de candidata. Propaganda subliminar. Legitimidade ativa: inexistência de impedimento para que a coligação requeira direito de resposta. Cumulação de pedidos. Incompatibilidade de ritos: a) direito de resposta: prazo de 24 horas. Art. 58 da Lei n. 9.504197; b) perda de tempo: prazo 48 horas. Art. 96 da Lei n. 9.504197. Inadequação da via eleita quanto à pretendida decretação de perda de tempo. Representação não conhecida nesse ponto. A lei assegura direito de resposta a quem tenha sido atingido, seja ele candidato, partido ou coligação, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica. Para a caracterização dos requisitos legais é mister a configuração clara de circunstância prevista. Não configuração no caso. Propaganda subliminar que não comprova ocorrência da situação prevista na lei. Inexistência de degradação ou ridicularização. Inviabilidade de concessão do direito de resposta. (Rp - Representação nº 274413 - Brasília/DF - Acórdão de 8/9/2010 - Relator(a) Min. JOELSON COSTA DIAS - Relator(a) designado(a) Min. CÁRMEN LÚCIA

ANTUNES ROCHA - publicação: PSESS - Publicado em Sessão, data 8/9/2010) (Destaque nosso). Ante o exposto, por não vislumbrar que houve a divulgação de informações sabidamente inverídicas ou difamatórias, julgo improcedente o pedido da representação. É como voto. CPA/psh \\Rmgwsefel02\comum\PSH\Des. Domingos Coelho\Representação propaganda 2014\Direito de resposta\rep 4682-41 - versao nao concede.doc 7