PARECER Nº 010/ APRESENTAÇÃO

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Transcrição:

PARECER Nº 010/2008 Manifesta-se sobre a declaração de interesse público e social do acervo de Oscar Niemeyer, sob a guarda da Fundação Fundação Oscar Niemeyer. 1. APRESENTAÇÃO A Portaria nº. 78, do Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ, de 29 de julho de 2003, criou a Comissão Técnica de Avaliação, composta por Jayme Spinelli Júnior (titular) e presidente da Comissão e Vera Lúcia Miranda Faillace (suplente), da Fundação Biblioteca Nacional; Beatriz Moreira Monteiro (titular) e Clóvis Molinari (suplente) do Arquivo Nacional; Mônica Muniz Melhem (titular) e Francisca Helena Barbosa Lima (suplente) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) com o objetivo de realizar estudos para a declaração de interesse público e social de arquivos privados de pessoas físicas ou jurídicas que contenham documentos relevantes para a história, a cultura e o desenvolvimento nacional, tendo em vista a Resolução nº 17 de 25 de julho de 2003. Por solicitação da Fundação Oscar Niemeyer, foi instaurado o processo nº 00321-000002/2007-DV, de 28/11/2007, propondo a declaração de interesse público e social do acervo arquivístico privado de Oscar Niemeyer. O pedido abrange o acervo textual, fotográfico, arquitetônico e audiovisual, do período de 1940 a 2007, sob a guarda e propriedade da Fundação Oscar Niemeyer, localizada na Rua Conde de Lages, 25, Glória, no Rio de Janeiro. Em 24/03/2008 foi realizada visita técnica ao acervo pelos membros da Comissão, quando foram observadas as condições de tratamento técnico e preservação do mesmo. Após visita técnica foi elaborado o presente parecer. 1

2. O MÉRITO 2.1 O acervo A Fundação Oscar Niemeyer foi criada em 1988 com o objetivo de ser um centro de estudos e informação em arquitetura, urbanismo, design e artes plásticas e tem como missão preservar e divulgar a obra, as idéias e os valores de Oscar Niemeyer, como elementos relevantes para a formação humanista dos indivíduos, em especial os brasileiros, por meio da educação, informação e difusão, contribuindo para a promoção da justiça social. É uma entidade privada sem fins lucrativos, reconhecida como de utilidade pública pelo Governo Federal e pelos governos do Distrito Federal e do Estado e da cidade do Rio de Janeiro. Com sede no Rio de Janeiro, a fundação desenvolve atividades em três locais diferentes. O primeiro na Glória, onde funcionam a sede e o Centro de Pesquisa e Documentação, e que na década de 1940 abrigava o escritório do arquiteto Oscar Niemeyer no início de sua carreira, e onde está localizado o maior acervo bibliográfico e documental sobre o arquiteto. O segundo, a Casa das Canoas, (situada em terreno em meio a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro), projetada em 1951 por Oscar Niemeyer para ser sua moradia e cujo acervo está constituído de obras de arte, mobiliário desenhado pelo próprio, alguns deles protótipos que ainda não entraram em produção e parte da biblioteca particular do arquiteto. O terceiro, no Espaço Oscar Niemeyer, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, integra o complexo arquitetônico e cultural formado pelo Panteão da Liberdade Presidente Tancredo Neves, pelo Museu da Cidade e pelo Espaço Lúcio Costa, oferece ao público uma exposição permanente, constituída de painéis fotográficos com reproduções de desenhos e fotos das principais obras projetadas por Oscar Niemeyer no Brasil e no exterior. Estes dois últimos espaços voltam-se mais para o grande público. O acervo reunido no Centro de Pesquisa e Documentação é formado por dois conjuntos distintos, embora complementares: 1) Fundo escritório Oscar Niemeyer Rio de Janeiro Este fundo vem sendo recolhido pela Fundação desde 1988 e é formado por documentos arquitetônicos - estudos, croquis, anteprojetos, projetos executivos e detalhamento, maquetes, álbuns arquitetônicos (álbuns de apresentação de projetos), documentos textuais - correspondência abordando assuntos como projetos, atividade profissional do titular, família e relações pessoais e documentos fotográficos. 2

2) Fundo escritório Oscar Niemeyer - Paris Este acervo foi recolhido à Fundação em 1995 e reúne a documentação que se encontrava no escritório técnico do arquiteto em Paris, mantido durante as décadas de 1960 e 1980, com documentos referentes a projetos realizados para diversos países da Europa, África e Ásia. Existe ainda outro conjunto documental referente aos documentos provenientes do escritório de Carlos Magalhães, representante do titular em Brasília. O acervo está aberto à consulta presencial e à distância, esta com maior demanda de estudantes universitários, pesquisadores e profissionais, nacionais e estrangeiros, em diversas áreas do conhecimento, voltados, principalmente, para trabalhos acadêmicos, criação de documentários, filmes e exposições. Após uma avaliação quanto ao seu objetivo e tipo de material a ser consultado a solicitação, caso aprovada, é agendada. A documentação tem uma característica de crescimento constante, uma vez que o escritório do titular ainda cria e executa projetos, contudo para efeito deste parecer foram estabelecidas como datas-limite o período de 1940 a 2007. 2.2. Ficha Técnica O acervo está dimensionado em: Documentação textual: 20 metros lineares de documentos textuais; Documentação arquitetônica: 10.000 documentos arquitetônicos (já catalogados 468 conjuntos de croquis, compreendendo 2.165 pranchas; 259 álbuns arquitetônicos, compostos por 1.806 pranchas; 998 conjuntos de desenhos técnicos, compreendendo 4.813 pranchas); Documentação audiovisual: 250 fitas videomagnéticas; Documentação fotográfica: 2.600 ampliações fotográficas 2.700 negativos 1.600 contatos 3

1.480 diapositivos Datas-Limite: 1940 a 2007. 2.3 Propriedade do acervo O acervo dos fundos Oscar Niemeyer Rio de Janeiro e Paris é de propriedade da Fundação Oscar Niemeyer. 2.4. Tratamento Técnico O acervo encontra-se em fase de organização. Foi elaborado um quadro preliminar de arranjo (anexo 1), baseado nas fases usais de trabalhos de escritórios de arquitetura e nos tipos de documentos frequentemente produzidos/acumulados em cada uma dessas fases. A descrição obedece a Norma do Conselho Internacional de Arquivos 1, que trata de documentos de arquitetura. Baseada em tal estrutura de descrição, foi desenvolvida uma base de dados, na plataforma File Maker Pro 4.0, alimentada com informações sobre os acervos já descritos - conjuntos de croquis e de desenhos, ampliações fotográficas e negativos. A proposta final é a de que haja intercomunicação entre o acervo arquivistico, as informações provenientes de pesquisa, além de documentos bibliográficos. Visando a adequação ao ambiente Web, essa base poderá ser migrada para plataformas de bases de dados de maior porte, tal como Microsoft SQL Server ou Oracle. 2.4.1 Acondicionamento O acondicionamento de parte do acervo é feito com papel neutro e poliéster e, no caso de conjuntos de croquis e parcela dos álbuns arquitetônicos, armazenados em mapotecas. No entanto, as grandes dimensões de alguns conjuntos de desenhos técnicos, impossibilitam o adequado acondicionamento e armazenamento. Desta forma essa parcela da documentação permanece armazenada em tubos de variados diâmetros e estes em estantes abertas. A documentação textual encontra-se armazenada em caixas e em pastas suspensas que vão sendo substituídas por material adequado à medida que os documentos são organizados, segundo um quadro de arranjo, e descritos em base de dados. Os documentos fotográficos estão sendo acondicionados em embalagens especiais para esse tipo de documentação, respeitadas as especificidades de cada suporte (papel, película etc). 1 Conforme INTERNATIONAL Council on Archives - Section on Architectural Records. A Guide to the Archival Care of Architectural Records: 19 th 20 th Centuries. Paris: ICA, 2000. 4

Foi priorizado o tratamento técnico de organização e acondicionamento dos croquis feitos pelo titular, muitos considerados como obras de arte, e dos álbuns arquitetônicos formados por pranchas com desenhos apresentados aos clientes do escritório do arquiteto. 3. O TITULAR Oscar Niemeyer Soares Filho nasceu no dia 15 de dezembro de 1907 e diplomou-se arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes em 1934, iniciando sua carreira no escritório de Lúcio Costa. Sua obra, juntamente com a de Lúcio Costa, representa a mais alta expressão da moderna arquitetura brasileira. Niemeyer recebeu influências do arquiteto suiço Le Corbusier, mas a originalidade de seus projetos reside na integração da arquitetura moderna com elementos da arte colonial brasileira, incluindo o uso decorativo de azulejos. De 1937 a 1943 integrou a equipe que projetou o prédio do Ministério da Educação (Mec). Seu projeto para a Obra do Berço (1937), no Rio de Janeiro, inaugurou a utilização do sistema de brise-soleil móvel vertical. Nos anos de 1938 e 1939, novamente em parceria com Lúcio Costa, projetou o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York. No início da década de 1940, a convite do prefeito Juscelino Kubitschek, projetou o conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, outro monumento público da arquitetura moderna. Em 1947 participou da equipe encarregada de projetar a sede das Nações Unidas em Nova York, tendo o seu trabalho servido de base para o projeto definitivo. Projetou a fábrica Duchen (1950-1951) e o conjunto de pavilhões da Exposição do IV Centenário, no Parque do Ibirapuera (1951-1955), em São Paulo. Em 1955 participou do programa de reconstrução da cidade de Berlim, na Alemanha, destruída durante a Segunda Guerra Mundial, com o projeto de um prédio de apartamentos para o bairro de Hansa. Neste mesmo ano concebeu o Museu de Arte Moderna de Caracas, na Venezuela. Em 1956, foi nomeado diretor do departamento de arquitetura da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), empresa encarregada da construção de Brasília. Juntamente com Lúcio Costa elaborou um dos mais importantes exemplares da arquitetura mundial contemporânea, símbolo maior da arquitetura e do urbanismo brasileiros. Na nova capital do país projetou, entre outros edifícios e logradouros, o Palácio da Alvorada residência oficial do presidente da República, a Praça dos Três Poderes, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto sede do governo federal, o Palácio da Justiça, a Esplanada dos Ministérios. Também são de sua autoria os projetos da Catedral de Brasília, o Palácio dos Arcos e o Teatro Nacional. Após Brasília, Niemeyer fez vários trabalhos no exterior, em países como o Líbano, Portugal, França, Itália, Inglaterra e Argélia. Com o golpe militar de 1964 teve suspensa a publicação da revista Módulo, que fundara em 1955. Em 1967 exilou-se em Paris, onde projetou a sede do Partido Comunista Francês (1971). De volta ao Brasil, foi escolhido para projetar o 5

Sambódromo e os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), no Rio, durante a gestão do governador Leonel Brizola (1983-1987). Seus últimos trabalhos mais significativos foram o Memorial JK em Brasília (1987), o Parlamento da América Latina em São Paulo (1991), o Museu de Arte Contemporânea em Niterói (1991) e o Caminho Niemeyer (Niterói). Ao longo de sua carreira foi agraciado com numerosos prêmios e condecorações, e sua obra foi retratada em dezenas de livros e exposições no Brasil e no exterior. Publicou Minha experiência em Brasília (1961), com edições em Moscou, Roma e Paris; Oscar Niemeyer (1986); Lições de arquitetura (1993); e As curvas do tempo (1998). Além do trabalho como arquiteto, Niemeyer sempre revelou uma profunda preocupação social. Desde o início de sua carreira aderiu ao comunismo. Foi amigo de Luís Carlos Prestes e membro do Partido Comunista Brasileiro. Fonte: LEME, Maria Cristina da Silva. Urbanismo no Brasil 1895/1965. São Paulo, Studio Nobel; FAUUSP; FUPAM, 1999 4. CONCLUSÃO Após cuidadoso exame, e com base nos elementos acima relatados, esta Comissão firmou convicção quanto à relevância histórica e cultural do acervo de Oscar Niemeyer, sob a guarda da Fundação Oscar Niemeyer e recomenda a declaração de interesse público e social, com as seguintes ressalvas: a) os efeitos da declaração devem alcançar apenas os elementos do Acervo Arquivístico (ver 2.2 Ficha Técnica, deste parecer) já declarados permanentes, compreendidos no período de 1940 a 2007, ficando excluídos os elementos referentes ao Acervo Bibliográfico e ao Acervo Museológico, bem como os caracterizados como de arquivo corrente; b) a inserção de novos elementos ao acervo declarado como de interesse público e social está condicionada a sua avaliação, por agente habilitado, como de valor permanente e à apreciação desta Comissão de Avaliação do CONARQ. Isto posto, submetemos o presente parecer ao Presidente do CONARQ, nos termos da Resolução CONARQ nº. 17, de 25 de julho de 2003. Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 2008. 6

Jayme Spinelli Júnior (Fundação Biblioteca Nacional) Vera Lúcia Miranda Faillace (Fundação Biblioteca Nacional) Beatriz Moreira Monteiro (Arquivo Nacional) Clóvis Molinari Júnior (Arquivo Nacional) Mônica Muniz Melhem (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) Francisca Helena Barbosa Lima (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) 7

Anexo 1 Quadro de Arranjo fundo ON-RJ (em avaliação) SÉRIES SUBSÉRIES I SUBSÉRIES II PAPÉIS PESSOAIS Família Vida política Viagens Relações pessoais Residências Residências específicas (ex.: Casa das Canoas) Documentos pessoais PAPÉIS Correspondência PROFISSIONAIS Produção intelectual Estudos de formas arquitetônicas Associações profissionais Prêmios e homenagens Currículos e resumos biográficos ESCRITÓRIO Administração Correspondência Catálogos e prospectos Documentos jurídicos PROJETOS Projetos específicos (ex.: Casa das Canoas) Correspondência Documentação preliminar Concepção Desenvolvimento Bid documents and submissions Construção Aceitação da obra Vida da obra EXPOSIÇÕES E APRESENTAÇÕES Exposições Eventos específicos (ex.: Expo Paço Imperial) Palestras Eventos específicos (ex.: palestra no MAM) Recepção de grupos e Eventos específicos autoridades ARTE E ARTEFATOS Monumentos Monumentos específicos (ex.: Monumento aos Semterra) Esculturas Esculturas específicas (ex.: escultura da OAB) Mobiliário Mobiliário específico (ex.: Chaise-longue) Serigrafias Ilustração Desenhos artísticos FOTOGRAFIAS (dossiês por missões fotográficas) 8