Formação para os MECE. História do povo de ISRAEL. Por: Eldécio Luiz da Silva

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Transcrição:

Formação para os MECE História do povo de ISRAEL Por: Eldécio Luiz da Silva

Para compreender o Antigo Testamento é importante que se conheça a história do povo hebreu, pois sabemos que é através deste povo que Deus se manifestou à humanidade, e preparou-a para receber o seu Filho amado. 1- Época patriarcal (séc. XVIII XIII) Israel tem sua origem nas migrações de arameus que, a partir do século XVIII a.c., desceram do norte para se estabelecer na Palestina. O Gênesis nos fala de Abraão, primeiro patriarca, que sai com sua família de Ur. Nesta época não podemos ainda falar de um povo, muito menos de uma nação. Eram grupos seminômades que começaram a povoar a Palestina, mas somente alguns desses grupos se tornaram sedentários, sobretudo os que se estabeleceram ao norte, às margens do lago da Galiléia. Os do centro e do sul tinham uma vida mais móvel e nas épocas de fome, eles baixavam ao Egito. 2- Saída do Egito e travessia do deserto (meados do século XIII) Os grupos que se estabeleceram no Egito, com o passar do tempo, foram obrigados pelos faraós aos trabalhos forçados. Neste momento de opressão surge um personagem fundamental, Moisés, a quem Deus confia a missão de libertar seu povo. 3- Assentamento na Palestina final do séc. XIII Depois da travessia do deserto (onde o acontecimento capital é a aliança do Sinai), chega-se à estepe de Moab, diante da terra prometida. Após a morte de Moisés, Josué assume o comando, cruza o Jordão, conquista Jericó e aos poucos vai-se apoderando da Palestina. 4-A época dos juízes (1200 1020) três características marcam esse período. Primeiro, a falta de coesão política (cada tribo se organiza independentemente). Segundo, uma profunda mudança na forma de vida (o povo se torna mais sedentário). Terceiro, a contínua ameaça dos povos vizinhos, sobretudo dos filisteus. 5- A monarquia unida (1020 931) Alguns pensavam que a monarquia era um atentado a Deus, único rei de Israel, e se opõem decididamente a ela. Apesar das oposições, Saul foi eleito rei e livra o povo da ameaça dos filisteus, pelo menos provisoriamente. No final do seu reinado, porém, foi derrotado pelos filisteus na batalha de Gelboé. A Saul sucede Davi. Primeiro ele foi escolhido rei do sul. Só depois de sete anos as tribos do norte pedem-lhe que reine também sobre elas. Foi ele quem conquistou e

constituiu Jerusalém como capital do seu reino. Também ele terminou de conquistar as cidades cananéias e as anexou ao seu reino. Realizou uma política expansionista, submetendo os povos vizinhos. A sucessão de Davi é marcada por uma série de intrigas e derramamento de sangue entre seus próprios filhos. Sucede-lhe Salomão que reina quarenta anos (971 931). Este reinado é um dos momentos mais gloriosos da história de Israel. Salomão deixou de lado as guerras e realizou grandes construções. Mas, com o passar do tempo, ele obrigou o povo aos trabalhos pesados e colocou muitos impostos sobre o povo. Com isso, houve certa insatisfação, sobretudo nas tribos do norte, as quais não aceitam o filho de Salomão (Roboão) como rei. Acontece o fim da monarquia unida. 6- Os dois reinos (931 586) Com o fim da monarquia unida, passam a existir dois reinos: o do norte (Israel) e o do sul (Judá). O do norte desaparece da história em 722, quando Salmanasar V, da Assíria, o conquista. Em seus 209 anos de existência, Israel teve nove dinastias e 19 reis, dos quais sete foram assassinados e um suicidou. Judá, que conseguiu sobreviver até 586; em 345 anos de existência teve somente uma dinastia (a de Davi) e 21 monarcas. 7- O exílio (586 538) Em 597 acontece a primeira deportação para a Babilônia, a qual conquista definitivamente Jerusalém em 586 e deporta numerosos judeus para a Mesopotâmia. Começa, então, o período mais triste, só comparável à opressão do Egito. 8- O período persa (538 333) O pesadelo do desterro termina no ano 538, quando Ciro, rei da Pérsia, conquista a Babilônia e promulga um decreto libertando todos os cativos e permitindo-lhes a volta à Palestina. O povo continua sem liberdade política, dominado pelos novos senhores do mundo antigo, os persas. 9- O período helenista (333 63) Este período vai desde a conquista da Palestina por Alexandre Magno até a conquista de Jerusalém por Pompeu. Depois da morte de Alexandre, seu império foi dividido em quatro partes. As que interessam aos judeus são: Egito (governado pelos Lágidas) e Síria (dominada pelos Selêucidas). A Palestina foi dominada pelos Lágidas no século III e pelos Selêucidas no século II. Nessa época aconteceu a revolta dos Macabeus.

O Antigo Testamento A formação da Sagrada Escritura foi lenta e muito complicada. A maior parte dos seus livros é obra de muitas mãos e a composição de alguns deles durou séculos. Assim, o Pentateuco, marcado pelo cunho de Moisés, só conheceu a forma definitiva muitos séculos depois da sua morte (séc. V a.c.); a literatura profética, iniciada com Amós e Oseias (séc. VIII a.c.), terminou com Joel e Zacarias (séc. IV a.c.); os livros históricos, embora contendo tradições do séc. XIII a.c., foram escritos aproximadamente entre os séc. V e I a.c.; e a literatura sapiencial, iniciada com Salomão (séc. X a.c.), só a partir do séc. V a.c. recebeu a sua forma definitiva e alguns livros são do limiar do Novo Testamento. Portanto, a ordem dos livros que a Bíblia apresenta não é histórica, mas lógica; e a atribuição do Pentateuco a Moisés, dos Salmos a David, dos livros sapienciais a

Salomão e dos 66 capítulos do Livro de Isaías a este profeta não corresponde à realidade, mas é uma simplificação da História. Se quisermos captar o verdadeiro sentido dos textos, não podemos contentar-nos com esta simplificação, pois cada um deles tem o seu contexto vivo, do qual não pode ser separado. Por isso, antes de passarmos a outros problemas, vamos tentar resumir a história da formação dos livros sagrados. HISTÓRIA LITERÁRIA DO ANTIGO TESTAMENTO A revelação de Deus à humanidade transmitiu-se, durante muitos séculos, através da tradição oral. A Escritura só começa a ganhar corpo a partir de David. Já antes de David existiam documentos orais ou escritos, como o Código da Aliança (Ex 20,22-23,33), o Decálogo (Ex 20,2-17; Dt 5,6-21), o poema de Débora (Jz 5,1-31), o cântico de Moisés (Ex 15,1-18). É também a partir do reinado de David-Salomão que se escreve uma das quatro "fontes" que se integrou no Pentateuco (a Javista), se inicia o Saltério por meio de David e a literatura sapiencial recebe o seu primeiro impulso. Com a morte de Salomão, o reino divide-se em Israel, ou Reino do Norte, e Judá, ou Reino do Sul. A história destes dois reinos encontra-se nos livros dos Reis. Em Israel aparecem os profetas Elias e Eliseu, defensores do culto a Javé; no tempo de Jeroboão II (783-743 a.c.), Amós e Oseias e a tradição "Eloísta" do Pentateuco. Em Judá, pouco depois de Amós e Oseias, surgem Isaías e Miquéias (ao profeta Isaías pertence só a primeira parte do Livro de Isaías: cap.1-39). Em 722 a.c., o Reino do Norte cai sob o poder da Assíria e muitos habitantes fogem para Judá, levando consigo escritos e tradições sagradas; deste modo, unem-se duas das tradições do Pentateuco: a Javista e a Eloísta (Jeovista). No tempo do rei Josias (640-609 a.c.), restaura-se o templo e procede-se a uma reforma religiosa: o Reino do Norte tinha desaparecido e o do Sul estava a ser castigado, porque tinham sido infiéis a Javé. É neste período e com esta perspectiva que aparecem os livros dos Juízes, Samuel e Reis. Em 587 a.c., Nabucodonosor avança sobre Jerusalém, toma a cidade e leva para Babilônia, como reféns, muitos dos seus habitantes. É um momento importante na História do povo de Deus. Os sacerdotes, longe do templo, voltam às tradições antigas, dando-lhes um cunho litúrgico e cultual. São ainda eles que, depois do Deuteronômio, dão ao Pentateuco a sua forma definitiva. Os judeus que tinham ficado na Palestina vêm chorar sobre as ruínas do templo e assim nascem as Lamentações, que a Vulgata, indevidamente, atribuiu a Jeremias. Ao mesmo tempo, um profeta anônimo, discípulo de Isaías (Segundo Isaías), conforta os

desterrados na Babilônia (Is 40-55). Depois do regresso da Babilônia, são compostos os capítulos 56-66 de Isaías (Terceiro Isaías) e, no séc. V a.c., completa-se a obra com os capítulos 24-27 e 34-35 (Apocalipse de Isaías). Em 538 a.c., de novo em Jerusalém, o Deuteronômio separa-se dos livros históricos e une-se ao Pentateuco; aparece Rute e os profetas Ageu e Zacarias. É também neste século que floresce a literatura sapiencial, editando-se o livro dos Provérbios e, pouco depois, o Livro de Job. Com a reconstrução do templo, nascem novos salmos e adaptam-se os antigos à nova liturgia. No séc. IV a.c., já deveria estar completo o Saltério; nasce o Cântico dos Cânticos; escreve-se Jonas, que canta a providência e a salvação universal de Deus, e Tobias, que exalta a providência de cada dia. A historiografia deste século está representada por 4 livros: 1 e 2 das Crônicas (ou Paralipômenos), Esdras e Neemias, que são obra de um só autor, chamado Cronista. No ano 333 a.c., com a conquista da Palestina por Alexandre Magno, começa, na literatura bíblica, o período helenista. Como reação, nasce um novo gênero literário tipicamente hebreu: o midrache bíblico. Pertencem a este período o Eclesiastes (ou Qohélet) e Ben Sira (ou Eclesiástico). Em 175 a.c., Antíoco IV obriga todos os seus súbditos a adoptar a vida e a religião dos gregos. Esta medida provoca a revolta dos Macabeus. É neste ambiente que Daniel publica um livro apocalíptico, para animar os seus compatriotas na luta. Anos depois (100 a.c.), aparece o livro de Ester, 1. e 2. dos Macabeus e o livro de Judite. Enquanto os judeus da Palestina resistiam à helenização, alguns judeus de Alexandria procuraram assimilar o pensamento grego, sem sacrificar os seus valores próprios. Esta atitude exprime-se no livro da Sabedoria. CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO O Antigo Testamento é a parte mais longa da Bíblia. Constitui a lista oficial ou cânon de livros aceites como inspirados e referentes ao tempo da religião hebraica anterior ao cristianismo. Mas esta lista ou Cânon da Sagrada Escritura conheceu algumas divergências, já desde os tempos antigos. Tais divergências nascem das próprias vicissitudes da formação da Bíblia entre os antigos hebreus.

A Bíblia que tem a lista mais longa de livros, chamada dos Setenta, é, na verdade, a mais antiga e provém do judaísmo de Alexandria. Apresenta uma tradução dos textos bíblicos para o grego, feita nos três séculos imediatamente anteriores ao cristianismo. Curiosamente, a lista mais recente é aquela que nos propõe apenas o texto original hebraico; a lista final dos livros desta Bíblia Hebraica foi fixada por uma assembléia de rabinos em Jâmnia, só pelos finais do séc. I a.c., e os critérios aí seguidos levaram a diminuir a lista de livros até então reconhecidos como pertencendo à Bíblia. Ficaram assim de fora, no todo ou em parte, alguns livros incluídos há séculos na Bíblia do judaísmo de Alexandria. Por várias circunstâncias, nomeadamente pelo fato de estar na língua grega de uso internacional no Mediterrâneo oriental, depressa o cristianismo fez sua a Bíblia Grega da Tradução dos Setenta (LXX) e sempre aceitou sem grandes dificuldades o cânon do Antigo Testamento por ela apresentado. Entre os cristãos, a posição a tomar diante destes dois cânones só foi discutida mais significativamente depois da Reforma Protestante. Hoje em dia, as confissões protestantes em geral só aceitam os livros que pertencem ao cânon hebraico, o chamado "cânon curto". Os livros que se encontram a mais na lista grega judaica e cristã antiga são chamados deuterocanônicos ("apócrifos", entre os protestantes) ou pertencentes ao "segundo cânon", chamado "cânon longo". Convencionou-se dar o nome de "primeiro cânon" à lista de livros que são coincidentes tanto na Bíblia Hebraica como na Bíblia Grega - livros chamados protocanônicos (ver p. 2135-2136). AT hebraico. NOMES DE DEUS Nesta Bíblia adoptamos diferentes termos para os diferentes nomes de Deus no NOMES DE DEUS Javé (Yhwh): - S E N H O R ( s ó n o texto) 'Adonay: - Senhor 'El: - Deus 'Elohim: - Deus 'Eliôn: - AlGssimo 'El 'Eliôn: - Deus algssimo Seba'ot: - do universo Shadday: - Supremo 'El Shadday: - Deus Supremo 'Adonay Yhwh: - Senhor DEUS

! CONTEÚDOS E SEÇÕES A atual lista de livros do Antigo Testamento foi, ao longo da sua história e tradição, organizada segundo princípios diferentes, daí resultando classificações que não são coincidentes. As duas principais classificações representam, ainda hoje, as duas tradições da Bíblia Hebraica e da Bíblia Grega, no judaísmo antigo. A primeira divide o Antigo Testamento em Torá (Lei), Nebi'îm (Profetas) e Ketubîm (Escritos); a segunda divide-o em Pentateuco, Históricos, Sapienciais e Proféticos. Apesar de as modernas traduções tenderem a utilizar, sobretudo o texto hebraico da Bíblia, para estas divisões e para o ordenamento dos livros dentro do Antigo Testamento, é muito mais frequente seguirem o esquema da segunda, ou dos Setenta. É a que seguimos nesta edição, fazendo anteceder cada uma destas seções de uma Introdução própria. http://www.catequisar.com.br/texto/materia/biblia/curso/curso1/01.htm Observação. Sempre fazendo suas anotações com dúvidas, novidades, perguntas. Para que possa pesquisar outro momento ou pedir ajuda no grupo de estudo. (Pe. Pavan)