REGISTRO DE ESPÉCIES DE COLEOBROCAS ATACANDO BANANEIRAS DA CULTIVAR TERRA 1

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Transcrição:

Universidade Federal Rural do Semi-Árido Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação http://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/sistema ISSN 0100-316X (impresso) ISSN 1983-2125 (online) REGISTRO DE ESPÉCIES DE COLEOBROCAS ATACANDO BANANEIRAS DA CULTIVAR TERRA 1 SÔNIA MARIA FORTI BROGLIO 2*, JAKELINE MARIA DOS SANTOS 2, NATANAEL SILVA BATISTA 2, JOSÉ ROSILDO TENÓRIO DOS SANTOS 2, LÍGIA BROGLIO MICHELETTI 2 RESUMO - Relata-se a ocorrência das coleobrocas Cosmopolites sordidus (Germar, 1824), Metamasius hemipterus (L., 1758), Metamasius canalipes (Gyllenhal, 1838) e Rhynchophorus palmarum (L., 1758) atacando bananeiras da cultivar Terra (Musa paradisiaca) (Musaceae), no município de Joaquim Gomes, estado de Alagoas. Vinte insetos adultos foram enviados ao Prof. Dr. Sérgio Antonio Vanin, do Departamento de Zoologia, do Instituto de Biociências, da Universidade de São Paulo e identificados através de características morfológicas, sendo este o primeiro relato de M. canalipes e R. palmarum danificando a cultivar Terra no Brasil. Os sintomas do ataque em campo se manifestavam inicialmente pela clorose, necrose e queda das folhas inferiores; os frutos não se desenvolviam a contento e as plantas terminavam por tombarem. Em decorrência da infestação foi verificada a morte de 70% das plantas avaliadas na área. Palavras-chave: Musa sp. AAB. Curculionidae. Ocorrência. RECORD OF SPECIES COLEOBORERS ATTACKING BANANA CULTIVAR TERRA ABSTRACT It is reported the occurrence of coleoborers Cosmopolites sordidus (Germar, 1824), Metamasius hemipterus (L., 1758), Metamasius canalipes (Gyllenhal, 1838) and Rhynchophorus palmarum (L., 1758) attacking banana cultivar 'Terra' (Musa paradisiaca) (Musaceae), in the municipality of Joaquim Gomes, State of Alagoas. Twenty adult specimens were sent to Prof. Dr. Sergio Antonio Vanin, Department of Zoology, Institute of Biosciences, University of São Paulo and identified by morphological characteristics, being this the first report of M. canalipes and R. palmarum damaging the cultivar 'Terra in Brazil. Attack symptoms in the field are initially manifested by chlorosis, necrosis and fall of the lower leaves, the fruits did not develop satisfactorily and plants finished by fall over. As a result of infestation was observed the death of 70% of the plants evaluated in the area. Keywords: Musa sp. AAB. Curculionidae. Occurrence. *Autor para correspondência. 1 Recebido para publicação em 14/01/2013; aceito em 06/03/2014 2 Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas, BR 104N, Km 85, 57.100-000, Rio Largo, AL, soniamfbroglio@gmail.com; jackbilu@hotmail.com; natanael_agronomo@hotmail.com; j.rosildo@gmail.com; ligia_micheletti@hotmail.com. 200

INTRODUÇÃO O Brasil se destacou, segundo IBGE (2012), como o quinto produtor mundial de banana, tendo produzido 6,9 milhões de toneladas em uma área cultivada de 481 mil hectares. Apesar de sua importância, há poucas informações acerca do cultivo de bananeiras da cultivar Terra (Musa paradisiaca) (Musaceae) no País, existindo atualmente os polos de produção sul baiano, centro amazonense e vale do Acre (LUCENA et al., 2013). Pragas e doenças podem influenciar negativamente o aspecto qualitativo e quantitativo da produção. Durante o cultivo a bananeira pode ser atacada por muitas pragas, dentre elas as coleobrocas (Coleoptera: Curculionidae), destacando-se as espécies: Cosmopolites sordidus (Germar, 1824) e Metamasius hemipterus (Linnaeus, 1758) (COSTA, 2007). Dentre os insetos que causam danos à bananeira, C. sordidus (broca-do-rizoma) é considerado a praga-chave, por ocasionar prejuízos à produção. As perdas em peso e tamanho dos frutos podem reduzir a produção de bananais Prata (Musa sapientum), em até 30%; em variedades mais suscetíveis como a Nanica (Musa acuminata var. Cavendish) podem chegar a 80% (FANCELLI, 2004). As larvas, ao penetrarem nos rizomas, passam a se alimentar dos mesmos, sendo as responsáveis pelas perfurações/ galerias, causando danos diretos e indiretos às plantas (FANCELLI, 2004; FANCELLI; MESQUITA, 2008). As galerias podem proporcionar a entrada de fitopatógenos como o fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense (E.F. Smith) Sn & Hansen, causador do Mal-do-Panamá. Assim, é comum no bananal a queda de plantas que já lançaram cachos, já que essas não possuem mais um sistema radicular vivo, suficiente para aguentar o peso dos mesmos (BATISTA FILHO et al., 2005). Os insetos do gênero Metamasius também estão frequentemente associados ao bananal, sendo atraídos pelas iscas utilizadas na captura de adultos da broca-do-rizoma. Não eram considerados pragas da cultura, pois ocorriam em pseudocaules tombados, em decomposição, ou em plantas depauperadas (FANCELLI, 2004). Todavia, relatos do ataque desses insetos em bananais em produção têm sido frequentes na região produtora do Estado de Roraima (PEREIRA et al., 2004) e mais recentemente no município de Tancredo Neves, na Bahia (FANCELLI et al., 2012). Nas Américas Central e do Sul, no Caribe e na África, M. hemipterus (broca-rajada) está associado a numerosas espécies de plantas como pupunheira, cana-de-açúcar, milho, bananeira, abacaxi e palmeira; sobre Metamasius canalipes (Gyllenhal, 1838) as informações são escassas, relatando-se que adultos foram coletados sobre palmeira e cana-deaçúcar em países como a Bolívia e o Brasil (VAURIE, 1966). Devido à importância dos insetos nas interações bioecológicas, este trabalho teve como objetivo acrescentar à bibliografia existente informações sobre a ocorrência e identificação de coleobrocas que atacavam bananeiras da cultivar Terra, no município de Joaquim Gomes, estado de Alagoas, contribuindo para o conhecimento de insetos-praga da referida cultura na região. MATERIAL E MÉTODOS Em maio de 2012, foi solicitada uma visita técnica ao Centro de Ciências Agrárias (CECA) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) pela prefeitura do Município de Joaquim Gomes, AL, em plantio comercial de bananeiras, no Assentamento Vale do Galho do Meio I e II, em decorrência da alta mortalidade das plantas. A área de cultivo tinha 40 hectares e a variedade plantada era Musa paradisiaca (cultivar Terra ) (Musaceae) em espaçamento 2,20 m x 2,20 m (2066 plantas/ha), com um ano de idade. No entorno da área havia plantios diversos como maracujá, citros, mandioca e batata-doce. Foi realizada uma contagem, em 1% das plantas cultivadas (826 no total), caminhando-se em ziguezague, quantificando-se as bananeiras mortas. A observação da presença de formas imaturas e adultas foi feita no campo, através de cortes transversais e longitudinais no rizoma e no pseudocaule, mediante o uso de facões. Sessenta formas biológicas (larvas, pupas e adultos) foram visualizadas com lupas de aumento 10x (Glass ), sendo coletadas manualmente com o auxílio de pinças metálicas e acondicionadas em recipientes de vidro (17 cm de altura x 5,5 cm de diâmetro) contendo álcool a 70%. As larvas eram do tipo curculioniforme e as pupas livres (GALLO et al., 2002; FORTI et al., 2011). No Laboratório de Entomologia, do CECA, UFAL, localizado em Rio Largo, AL, foram separados vinte adultos, previamente conservados em álcool a 70%, sendo os recipientes embalados e enviados à identificação ao taxonomista Prof. Dr. Sérgio Antonio Vanin, do Departamento de Zoologia, do Instituto de Biociências, da Universidade de São Paulo, onde foram depositados. As identificações foram baseadas em características morfológicas, utilizandose chaves para a caracterização das espécies. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os sintomas observados nas plantas atacadas pelas coleobrocas se manifestavam inicialmente como clorose, seguida de necrose e queda das folhas inferiores (Figura 1). Devido às galerias horizontais 201

ou verticais, as plantas terminavam por tombarem (Figura 2) e os frutos que não se desenvolviam a contento caiam ao solo (Figura 3). Em decorrência do ataque foi verificada a morte de 70% das bananeiras avaliadas, equivalendo a 578 plantas. Figura 1. Bananeiras apresentando injúrias ocasionadas por coleobrocas, como folhas cloróticas, necróticas e queda das folhas inferiores. Figura 2. Tombamento de bananeira devido ao ataque por coleobrocas. 202

Figura 3. Queda dos frutos decorrente do ataque de bananeira por coleobrocas. 203 Dos insetos enviados à identificação foram definidas as espécies: Cosmopolites sordidus (Germar, 1824), Metamasius hemipterus (Linnaeus, 1758), Metamasius canalipes (Gyllenhal, 1838) e Rhynchophorus palmarum Linnaeus, 1764 (Coleoptera: Curculionidae), nas quantidades de oito, seis, dois e quatro espécimes, respectivamente, sendo as duas últimas espécies relatadas pela primeira vez no Brasil atacando bananeiras da cultivar Terra. Devido à proximidade dos bananais com a mata, onde havia coqueiros e palmeiras, possivelmente houve migração de R. palmarum (broca-doolho-do-coqueiro), que é praga importante dessas plantas, para o plantio de bananas. Também, Batista Filho et al. (2001; 2002) constataram a ocorrência de R. palmarum atacando plantios comerciais de banana da variedade Prata no Município de São Bento do Sapucaí, Estado de São Paulo, relatando que a quantidade de larvas foi responsável por extensas galerias no rizoma, provocando o amarelecimento das folhas, redução de peso e número de cachos e queda das plantas. Nessa mesma região, Takada et al. (2011) observaram que nas propriedades monitoradas, houve redução gradativa da produtividade chegando até a perda total, devido à infestação pela praga. Como o estado de Alagoas apresenta extensas áreas de cultivo com cana-de-açúcar, sendo a principal cultura em área plantada, deve-se ter atenção especial, pois há relatos informando que esta planta é hospedeira para M. hemipterus, M. canalipes e R. palmarum (VAURIE, 1966; ALMEIDA et al., 2010). Portanto, é necessário que se adotem medidas de manejo de forma racional visando amenizar os efeitos negativos que essas coleobrocas possam acarretar à cultura de banana em Alagoas e a outras culturas que sejam hospedeiras desses insetos. Tais informações podem ser usadas para subsidiar possíveis intervenções de monitoramento e controle. CONCLUSÃO As coleobrocas coletadas em Joaquim Gomes, AL, atacando bananeiras da cultivar Terra foram identificadas como C. sordidus, M. hemipterus, M. canalipes e R. palmarum, sendo as duas últimas espécies relatadas nesta cultivar pela primeira vez no Brasil. AGRADECIMENTOS Ao Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (ITERAL) pelo deslocamento à área e ao Prof. Dr. Sérgio Antonio Vanin pela identificação dos exemplares das coleobrocas. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. M. B. de. et al. Susceptibilidade de Rhynchophorus palmarum à ação de Metarhizium anisopliae e compatibilidade do entomopatógeno com agrotóxicos utilizados na cultura da banana. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 77, n. 4, p. 661-668, 2010. BATISTA FILHO, A. et al. Controle biológico da broca da bananeira. In: REUNIÃO ITINERANTE DE FITOSSANIDADE DO INSTITUTO BIOLÓGI- CO, 8, 2005, Registro. Anais. Registro: IB/APTA/ UNESP, 2005. p. 1-9.

BATISTA FILHO, A.; TAKADA, H. M.; CARVA- LHO, A. G. Brocas da bananeira. In: REUNIÃO ITINERANTE DE FITOSSANIDADE DO INSTI- TUTO BIOLÓGICO, 7, 2002, São Bento do Sapucaí. Anais. São Bento do Sapu-caí, 2002. p. 1-16. BATISTA FILHO, A. et al. Ocorrência e danos de Rhynchophorus palmarum (L.) (Coleoptera: Curculionidae) em plantações de banana em São Bento do Sapucaí, Estado de São Paulo. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 68, p. 39, 2001. Trabalho apresen-tado na REUNIÃO ANUAL DO INSTITU- TO BIOLÓGI-CO, 14, 2001, São Paulo. Resumos. TAKADA, H. M. et al. Flutuação populacional de Rhynchophorus palmarum no município de São Bento do Sapucaí, SP. Biológico, São Paulo, v. 73, n. 1, p. 45-51, 2011. VAURIE, P. A revision of the Neotropical genus Metamasius (Coleoptera, Curculionidae, Rhynchophorinae). Bulletin of the American Museum of the Natural History, New York, v. 131, n. 3, p. 297-300, 1966. COSTA, J. N. M. (Ed.). Sistema de produção de banana para o estado de Rondônia. Porto Velho: Embrapa Rondônia: Emater-RO, 2007. 41 p. (Sistemas de Produção/Embrapa Rondônia, 29). FANCELLI, M. et al. Metamasius hemipterus L. como pragas de bananeira cv. Terra. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 34, n. 3, p. 944-946, 2012. FANCELLI, M. Pragas e seu controle. In: BORGES A. L.; SOUZA, L. da S. (Ed.). O cultivo da bananeira. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004. p. 195-208. FANCELLI, M.; MESQUITA, A. L. M. Manejo de pragas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 29, p. 66-77, 2008. FORTI, L. C. et al. Ordem Coleoptera. In: FUJI- HARA, R. T et al. Insetos de importância econômica: guia ilustrado para identificação de famílias. Botucatu: FEPAF, 2011. p. 187-226. GALLO, D. et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920p. IBGE. Produção Agrícola Municipal. 2012. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br. Acesso em: 25 fev. 2014. LUCENA, C.C. de et al. Caracterização dos principais polos de produção de banana no Brasil. 2013. Disponível em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/ publicacoes/acorbat2013/mercado/mt003.pdf > Acesso em: 26 fev. 2014. PEREIRA, P. R. V. da. et al. Ocorrência de Metamasius hemipterus (Linnaeus, 1758) (Coleoptera: Curculionidae) em bananais do estado de Roraima. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2004. 6 p. (Documentos, 13). 204