Composição florística e distribuição ecológica de epífitos vasculares na Floresta Nacional de Passo Fundo, Rio Grande do Sul

Documentos relacionados
Diversidade, Riqueza e Distribuição de Bromélias e Orquídeas epífitas na Mata de Galeria do Rio das Antas, Poços de Caldas MG.

Epífitos vasculares do Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos

Epífitos vasculares em área com floresta estacional semidecidual, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil

INFLUÊNCIA DOS FORÓFITOS Dicksonia sellowiana e Araucaria angustifolia SOBRE A COMUNIDADE DE EPÍFITOS VASCULARES EM FLORESTA COM ARAUCÁRIA

Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental;

Vascular epiphytes on an ecotone between Araucaria forest and Seazonal forest in Missiones, Argentina

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DE EPÍFITOS VASCULARES DO BOSQUE SÃO CRISTOVÃO CURITIBA PARANÁ BRASIL

Composição florística e estrutura comunitária de epífitos vasculares em uma floresta de galeria na Depressão Central do Rio Grande do Sul 1

Fraga, L.L. et al. On line version of this paper is available from:

Abstract. Introdução. Resumo

ESTRUTURA DA SINÚSIA EPIFÍTICA E EFEITO DE BORDA EM UMA ÁREA DE TRANSIÇÃO ENTRE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECÍDUA E FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

Hue Mauá, Atlantic Forest biome, Paraná State BRAZIL VASCULAR EPIPHYTES of HUE Mauá, Telêmaco Borba, Brazil

CONSERVAÇÃO DAS FLORESTAS NA BACIA DO ALTO IGUAÇU, PARANÁ AVALIAÇÃO DA COMUNIDADE DE EPÍFITAS VASCULARES EM DIFERENTES ESTÁGIOS SERAIS

Epífitos vasculares em fragmentos de Floresta Ombrófila Mista, Curitiba, Paraná, Brasil 1

Epífitas vasculares em duas formações ribeirinhas adjacentes na bacia do rio Iguaçu Terceiro Planalto Paranaense

4.1 PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS DA FLORESTA OMBRÓFILA DENSA DO SUL DE SANTA CATARINA

LEVANTAMENTO DE EPÍFITAS PRESENTES NA ARBORIZAÇÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE FAROL PARANÁ

Distribuição da comunidade de epífitas vasculares em sítios sob diferentes graus de perturbação na Floresta Nacional de Ipanema, São Paulo, Brasil

RELAÇÕES DE EPÍFITAS FANEROGÂMICAS COM SEU AMBIENTE: UMA ANÁLISE COMPARATIVA EM FLORESTA ESTACIONAL NO SUL DO BRASIL

Composição florística e estrutura da comunidade de epífitas vasculares em uma área de ecótono em Campo Mourão, PR, Brasil

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO ECOLÓGICA DE EPÍFITOS VASCULARES NO PARQUE ESTADUAL DE ITAPUÃ, VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL

Efeito de borda sobre epífitos vasculares em floresta ombrófila mista, Rio Grande do Sul, Brasil

Pteridófitas no Câmpus Barbacena do IF Sudeste MG

COMPORTAMENTO POPULACIONAL DE CUPIÚBA (GOUPIA GLABRA AUBL.) EM 84 HA DE FLORESTA DE TERRA FIRME NA FAZENDA RIO CAPIM, PARAGOMINAS, PA.

EPIFITISMO VASCULAR EM DUAS ÁREAS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL CURIÓ (PNMC), PARACAMBI, Rio de Janeiro

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA PTERIDOFLORA DA REGIÃO DE GUARAPUAVA (PR)

RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DE EPÍFITOS VASCULARES EM ÁREAS URBANAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS SINOS, RS, BRASIL

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO ECOLÓGICA DE EPÍFITOS VASCULARES NO PARQUE ESTADUAL DE ITAPUÃ, VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE EPÍFITOS VASCULARES DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL TUPANCY, ARROIO DO SAL, RS BRASIL

FITOSSOCIOLOGIA DE FRAGMENTOS FLORESTAIS DE DIFERENTES IDADES EM DOIS VIZINHOS, PR, BRASIL

Florística do Estado de Santa Catarina, baseado nos dados do IFFSC um olhar geral

CRESCIMENTO DIAMÉTRICO MÉDIO E ACELERADO DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA DE EPÍFITAS EM UMA ÁREA DE AMOSTRAGEM NO JARDIM BOTÂNICO DE LAJEADO, RIO GRANDE DO SUL

Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí - área de Cerrado no Sudeste do Brasil

Epifitismo vascular em sítios de borda e interior na Floresta Nacional de Ipanema,

AULÃO UDESC 2013 GEOGRAFIA DE SANTA CATARINA PROF. ANDRÉ TOMASINI Aula: Aspectos físicos.

CRESCIMENTO DE Tillandsia pohliana EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE SOMBREAMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

Epífitas vasculares da Estação Ecológica Barreiro Rico, Anhembi, SP, Brasil: diversidade, abundância e estratificação vertical

O uso de Saias Foliares em três espécies de Cyathea (Cyatheaceae) como defesa estrutural ao Epifitismo

Cad biodivers. v. 6, n.2,jan ISSN

2017 Ecologia de Comunidades LCB Prof. Flávio Gandara Prof. Sergius Gandolfi. Aula 2. Caracterização da Vegetação e Fitogeografia

RIQUEZA, ESTRUTURA COMUNITÁRIA E DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE EPÍFITOS VASCULARES DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL TUPANCY, ARROIO DO SAL, RS, BRASIL

FITOSSOCIOLOGIA DE UMA FLORESTA COM ARAUCÁRIA EM COLOMBO-PR RESUMO

ANNETE BONNET EPÍFITOS VASCULARES DAS FLORESTAS DO RIO TIBAGI, PARANÁ

H eringeriana DISTRIBUIÇÃO VERTICAL E VALOR DE IMPORTÂNCIA DAS EPÍFITAS VASCULARES DA RESERVA BIOLÓGICA DO GUARÁ, BRASÍLIA, DF.

MANILKARA HUBERI STANDLEY (MAÇARANDUBA), EM UMA FLORESTA NATURAL NA REGIÃO DE PARAGOMINAS, PA 1.

Epífitas vasculares de uma área de ecótono entre as Florestas Ombrófilas Densa e Mista, no Parque Estadual do Marumbi, PR

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS BACHARELADO LISLAINE CARDOSO DE OLIVEIRA

Epifitismo vascular em sítios de borda e interior em Floresta Estacional Semidecidual no Sudeste do Brasil

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA DO COMPONENTE EPIFÍTICO VASCULAR OCORRENTE NAS FORMAÇÕES FLORESTAIS DA FAZENDA NOIVA DA COLINA, MUNICÍPIO DE BOREBI (SP)

Palavras chave: Elaeocarpaceae; Sloanea; Parque Ecológico Jatobá Centenário.

Biomas / Ecossistemas brasileiros

Similaridade florística em duas áreas de Cerrado, localizadas no município de Parnarama, Maranhão - Brasil

Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina (IFSC) Fase 2007/2008

Fitogeografia de São Paulo

Grandes Ecossistemas do Brasil

Distribuição vertical de samambaias epífitas em um fragmento de Floresta Atlântica no Nordeste do Brasil

CARACTERIZAÇÃO MICROCLIMÁTICA DA ORQUÍDEA Laelia purpurata REINTRODUZIDA EM ROCHAS NA ILHA DE SANTA CATARINA (DADOS PRELIMINARES) RESUMO

1 Mestre em Economia e Doutoranda em Ambiente e Desenvolvimento, Univates.

ANÁLISE DA CHUVA DE SEMENTES DE Eugenia verticilatta (Vell.) Angely EM FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL, FREDERICO WESTPHALEN, RS 1

Luiz Felipe Mania 1,2 & Reinaldo Monteiro 1

Pteridófitas da Fazenda Califórnia, Bebedouro, SP

ARTIGO. Composição e estrutura de epífitos vasculares em floresta brejosa no Sul do Brasil

PTERIDÓFITAS DE UM REMANESCENTE FLORESTAL NO MORRO DA EXTREMA, PORTO ALEGRE, RS.

Comunidade epifítica vascular do Parque Estadual da Serra Furada, sul de Santa Catarina, Brasil

Mariana Terrôla Martins Ferreira

Clima de Passo Fundo

Fenologia de Ziziphus joazeiro Mart. em uma área de ecótono Mata Atlântica-Caatinga no Rio Grande do Norte

Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Rio Uruguai, RS, Brasil

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA PÓS - GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA. Juçara de Souza Marques

PTERIDÓFITAS DA FLORESTA ESTADUAL DE BEBEDOURO, BEBEDOURO, SP, BRASIL 1

ASPECTOS FENOLÓGICOS DE PHLEBODIUM DECUMANUM (WILLD.) J.SM. (POLYPODIACEAE) EM UM FRAGMENTO URBANO DE FLORESTA ATLÂNTICA NO ESTADO DA PARAÍBA

Epífitas de Ibitipoca 1

Programa Analítico de Disciplina ENF305 Ecologia e Restauração Florestal

ASPECTOS FLORÍSTICOS E ECOLÓGICOS DE EPÍFITOS VASCULARES SOBRE FIGUEIRAS ISOLADAS NO NORTE DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL

Epífitas vasculares de uma área de ecótono entre as Florestas Ombrófilas Densa e Mista, no Parque Estadual do Marumbi, PR

Curso de Graduação em Engenharia Ambiental. Disciplina: BI62A - Biologia 2. Profa. Patrícia C. Lobo Faria

PADRÕES GEOGRÁFICOS DE CACTÁCEAS EPIFÍTICAS NO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Epífitas da Fazenda Fortaleza de Sant Anna

FRAGMENTOS FLORESTAIS

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA FAMÍLIA LECYTHIDACEAE NA PARAÍBA

COMUNIDADE EPIFÍTICA DE SYAGRUS CORONATA (MART.) BECC. (ARECACEAE) EM ÁREAS DE PASTAGENS NA CAATINGA, BAHIA 1

Mata Atlântica Floresta Pluvial Tropical. Ecossistemas Brasileiros

Vegetação de Restinga

EFEITOS DAS ESTRADAS NA FRAGMENTAÇÃO AMBIENTAL NO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL SIANE CAMILA LUZZI¹, PAULO AFONSO HARTMANN²

Oficina de Vegetação Treinamento de Campo 2014 Exercício 2

Inventário e análise da composição e estrutura horizontal e vertical dos remanescentes florestais do Estado de Santa Catarina (Meta 2)

ORQuíDEAS EPIFíTICAS DE UMA FLORESTA SAZONAL NA ENCOSTA DA SERRA GERAL, ITAARA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.

UFRRJ INSTITUTO DE FLORESTAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E FLORESTAIS TESE

PETERSON TEODORO PADILHA

ARTIGO. Riqueza e composição de filicíneas e licófitas em um hectare de Floresta Ombrófila Mista no Rio Grande do Sul, Brasil

Área: ,00 km², Constituído de 3 distritos: Teresópolis (1º), Vale do Paquequer (2 ) e Vale do Bonsucesso (3º).

Geo. Monitor: Bruna Cianni

Composição e distribuição espacial de bromélias epífitas em Floresta Estacional Decidual Mariane Paludette Dorneles 1, Ana Cristina Biermann 2

Geografia. Os Biomas Brasileiros. Professor Thomás Teixeira.

MARISE PIM PETEAN AS EPÍFITAS VASCULARES EM UMA ÁREA DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA EM ANTONINA, PR

Transcrição:

Composição florística e distribuição ecológica de epífitos vasculares... 231 Composição florística e distribuição ecológica de epífitos vasculares na Floresta Nacional de Passo Fundo, Rio Grande do Sul Cristiano Roberto Buzatto 1, Branca Maria Aimi Severo 1, Jorge Luiz Waechter 2 1 Universidade de Passo Fundo, Instituto de Ciências Biológicas, Campus I, Bairro São José, BR 285 km 171, CEP 99001-970, Passo Fundo, RS, Brasil. crbuzatto@gmail.com 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Biociências, Departamento de Botânica. Recebido em 21.XI.2006. Aceito em 30.VI.2008. RESUMO O epifitismo vascular constitui uma característica comum de florestas tropicais e subtropicais úmidas de todo o mundo. Um inventário florístico foi realizado em uma área de floresta com araucária na Floresta Nacional de Passo Fundo (29º16 S, 52º18 W), próximo à Mato Castelhano, Rio Grande do Sul. O levantamento florístico resultou em 44 espécies, pertencentes a 28 gêneros e 12 famílias. Orchidaceae (13), Polypodiaceae (8) e Bromeliaceae (6) foram as famílias mais diversificadas. A riqueza variou de 9 a 30 espécies, respectivamente nos troncos de samambaias arborescentes e na copa de árvores do dossel. As espécies mais freqüentes foram Peperomia catharinae (Piperaceae) e três espécies das pteridófitas, Campyloneurum nitidum, Microgramma squamulosa e Pleopeltis angusta (Polypodiaceae). A análise multivariada distinguiu dois grupos, um incluindo fustes e copas de árvores com ritidoma áspero e outro hábitats mais especializados, como ramos de araucária, espécies de Myrtaceae com ritidoma liso e cáudices de Dicksonia sellowiana. A riqueza epifítica na área estudada é menor do que em outros estandes de floresta mista com araucária do sul do Brasil, provavelmente como conseqüência da situação relativamente austral e continental, que reduz a influência das florestas atlânticas altamente diversificadas. Palavras-chave: epifitismo, florística, Floresta Ombrófila Mista. ABSTRACT Floristic composition and ecological distribution of vascular epiphytes in the National Forest of Passo Fundo, Rio Grande do Sul. Vascular epiphytes are a common feature of tropical and subtropical humid forests around the world. A floristic survey was conducted in a mixed araucaria forest at the Passo Fundo National Forest (29º16 S and 52º18 W), near Mato Castelhano, Rio Grande do Sul. The floristic survey resulted in 44 species, from 28 genera and 12 families. Orchidaceae (13), Polypodiaceae (8) and Bromeliaceae (6) were the most species-rich families. Richness varied from 9 to 30 species, respectively on the trunks of tree-ferns and on the crowns of canopy trees. The most frequent species were Peperomia catharinae (Piperaceae) and three species of ferns, Campyloneurum nitidum, Microgramma squamulosa, and Pleopeltis angusta (Polypodiaceae). Multivariate analysis distinguished two groups, one including trees with rough bark, and another including specialized habitats, like branches of araucaria, Myrtaceae with smooth bark, and caudices of tree-ferns. Epiphytic richness in the studied area is lower than in other stands of mixed araucaria forests of South Brazil, probably as a consequence of the relatively southern and continental try conditions, which reduces the influence of the highly-diversified atlantic rain-forests. Key words: epiphytism, floristics, mixed ombrophilous forest. INTRODUÇÃO A Região Sul do Brasil é caracterizada por apresentar diversos tipos de vegetação, entre elas a floresta ombrófila mista ou floresta com araucária. Essa região fitoecológica caracteriza-se pela presença imponente de Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze, popularmente conhecida como pinheirobrasileiro (Negrelle & Silva, 1992). Esta espécie, em suas associações, compreende agrupamentos de espécies com características próprias, formando estágios sucessionais distintos, com uma gama de espécies vegetais e animais (Klein, 1960). Apesar da importância da floresta ombrófila mista, em termos de cobertura florestal para a Região Sul, e da crescente devastação a que este tipo de formação vem sendo submetido, poucos estudos foram realizados (Reitz & Klein, 1966; Negrelle & Silva, 1992; Mauhs, 2002).

232 BUZATTO, C.R.; SEVERO, B.M.A. & WAECHTER, J.L. O componente epifítico vascular é responsável por grande diversidade de espécies, com ampla participação taxonômica, formando complexo grupo em florestas tropicais e subtropicais úmidas. Constitui cerca de um terço do total da flora vascular de florestas tropicais e aproximadamente 10% de todas as espécies (Benzing, 1990; Nieder et al., 1996-1997). Algumas espécies epifíticas são associadas com alguma espécie forofítica em particular, característica que pode promover a colonização de epífitos com sucesso. A abundância na composição desses vegetais está fortemente relacionada ao microclima (Padmawathe et al., 2004) e às características físicas do hospedeiro, correlacionado à cobertura do dossel florestal (Callaway et al., 2002). Entre as associações com forófitos específicos, destacam-se as relações sobre cáudices de samambaias arborescentes, incluindo, principalmente, diversas espécies de filicíneas epifíticas sobre o xaxim (Dicksonia sellowiana Hook.) (Cortez, 2001; Schimitt et al., 2005). A relação com outras espécies epifíticas também é destacada pela ciclagem de nutrientes para os demais estratos vegetais, além de sua relação simbiótica com fungos micorrízicos (Oliveira, 2004; Pereira et al., 2005). A distribuição das espécies epifíticas sobre os forófitos relaciona-se ao tipo de substrato que este proporciona. Diversos estudos segmentaram o forófito para melhor compreensão da comunidade epifítica, considerando desde pequenos intervalos (Waechter, 1992; Schimitt et al., 2005) a divisões mais específicas de cada forófito (Dislich, 1996; Gonçalves & Waechter, 2002; Kersten & Silva, 2002; Zotz & Vollrath, 2002; Rogalski & Zanin, 2003; Giongo & Waechter, 2004). Devido à grande diversidade e distribuição de epífitos vasculares, vários estudos foram realizados para a compreensão dessa vegetação em florestas tropicais (Bøgh, 1992; Hietz-Seifert et al., 1996; Pupulin, 1998; Nieder et al., 1999; Carlsen, 2000; Arévalo & Betancur, 2004; Bartholott et al., 2001; Nieder et al., 2001; Rocha & Agra, 2002; Schwesinger & Prieto, 2002; Flores-Palacios & García-Franco, 2004; Mynssen & Windisch, 2004; Padmawathe et al., 2004; Burns & Dawson, 2005; Cardelús et al., 2006), considerando aspectos ecológicos e a distribuição geográfica desta sinúsia na planície costeira do Rio Grande do Sul (Waechter, 1992; Gonçalves & Waechter, 2002). No Brasil, a maior concentração de estudos sobre a flora epifítica é na região Sul, principalmente no Paraná (Cervi et al., 1988; Dittrich et al., 1999; Kersten & Silva, 2001, 2002; Borgo & Silva, 2003) e no Rio Grande do Sul, onde se destacam os trabalhos de Aguiar et al. (1981), Waechter (1986, 1992, 1998), Gonçalves & Waechter (2002, 2003), Rogalski & Zanin (2003), e Giongo & Waechter (2004) e Waechter & Baptista (2004). O presente estudo objetivou levantar as espécies de epífitos vasculares, na região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, de ocorrência da Floresta Ombrófila Mista, abordando aspectos ecológicos deste grupo vegetal. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na Floresta Nacional de Passo Fundo (Flona) (29º16 S e 52º18 W), localizada à 687 m de altitude, no município de Mato Castelhano, região do Planalto Médio, Rio Grande do Sul. As observações no campo foram feitas em duas áreas denominadas e convencionadas pela administração da Flona de talhão 10 e talhão 74 (Fig. 1). Fig. 1. Localização geográfica da Floresta Nacional de Passo Fundo, município de Mato Castelhano, Rio Grande do Sul, Brasil.

Composição florística e distribuição ecológica de epífitos vasculares... 233 A vegetação na área de estudo é a floresta ombrófila mista ou floresta com araucária (Brasil, 2005). O clima da região corresponde ao tipo subtropical úmido (Cfa) da classificação de Köppen (Embrapa, 2005). A precipitação anual é de 1785 mm, sendo setembro o mês mais chuvoso, com precipitação média de 207 mm, e abril, o mês menos chuvoso, com precipitação média de 118 mm. A temperatura média anual é 17,5ºC, sendo junho o mês mais frio, com temperatura média de 12,7ºC e janeiro o mês mais quente, com temperatura média de 22,1ºC, conforme observado na Fig. 2 (Inmet, 2006). Temperatura média (ºC) 30 24 18 12 6 0 J A S O N D J F M A M J Seqüência2 Temp. Seqüência1 Precip. 250 200 150 100 Fig. 2. Diagrama ombrotérmico para a estação meteorológica de Passo Fundo, para o período de 1961 a 1990 (Inmet, 2006). O levantamento florístico foi realizado no período de maio de 2005 a fevereiro de 2006, com expedições mensais à área para observação e coleta de material fértil. Foram coletados três exemplares de cada espécie e herborizados, conforme procedimentos usuais (Mori et al., 1985), identificados com auxílio de bibliografia e consultas a especialistas. As abreviaturas de autores das espécies seguem International Plant Name Index (IPNI, 2006). O material testemunho está depositado nos herbários RSPF e ICN. Para a observação e a coleta das espécies de epífitos vasculares, os forófitos foram divididos em sete categorias de substratos: 1) base e 2) copa do pinheirobrasileiro (Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze); 3) base e 4) copa de árvores grandes do dossel (Cedrela fissilis Vell., Luehea divaricata Mart., Nectandra lanceolata Nees, Ocotea porosa (Nees & C. Mart.) Barroso, Ocotea pulchella (Nees) Mez, Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan., Sloanea monosperma Vell. e Tabebuia alba (Cham.) Sandwith); 5) árvores do sub-bosque com ritidoma liso e descamante, com representantes da família Myrtaceae (Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O. Berg, Eugenia involucrata DC., Eugenia pyriformis Cambess., Myrcia sp.); 6) ár- 50 0 Precipitação média (mm) vores do sub-bosque com ritidoma áspero ou rugoso (Allophylus edulis (A.St.-Hil., Cambess. & A. Juss.) Radlk., Ilex paraguariensis A. St.-Hil., Jacaranda micrantha Cham. e Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke); 7) árvores do sub-bosque com cáudice fibroso (Dicksonia sellowiana Hook.). A observação de epífitos vasculares foi realizada a partir do solo, com eventuais escaladas e com auxílio de binóculo Premier, 20x50 mm. Foram avaliados ramos caídos próximos aos forófitos analisados. A classificação em categorias ecológicas de epífitos vasculares seguiu o modelo proposto por Benzing (1990) sendo holoepífitos habituais (HAB), holoepífitos facultativos (FAC), holoepífitos acidentais (ACI) e hemiepífitos secundários (HEM). O coeficiente de correlação de Pearson e a regressão linear entre número de substratos ocupados e número de espécies epifíticas foram calculados no programa Microsoft Excel. As categorias de substrato foram comparadas pela composição epifítica usando análise de agrupamentos, empregando a distância euclidiana como coeficiente de comparação, complementando o Índice de Jaccard e a soma de quadrados como algoritmo de agrupamento. A análise foi processada no programa Syntax 2000 (Podani, 2001). RESULTADOS Foram registradas, para a Floresta Nacional de Passo Fundo, 44 espécies de epífitos vasculares, distribuídas em 28 gêneros e 12 famílias (Quadro 1). Orchidaceae, com 13 espécies foi a família com maior representatividade, seguida por Polypodiaceae (oito espécies) e Bromeliaceae (seis espécies). Essas três famílias contribuíram com 61,36% das espécies registradas. Para as famílias Cactaceae e Piperaceae foram registradas quatro espécies, para Aspleniaceae e Hymenophyllaceae, duas espécies. As demais famílias contribuíram com apenas uma espécie cada. Com relação às categorias ecológicas, 37 espécies foram classificadas como holoepífitos habituais, envolvendo todas as espécies de Polypodiaceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Hymenophyllaceae, Gesneriaceae e Vittariaceae. Representantes das famílias Aspleniaceae (Asplenium sellowianum), Melastomataceae (Leandra sp.), Orchidaceae (Cyclopogon elatus) e Piperaceae (Peperomia hilariana) foram classificadas como holoepífitos acidentais. Tradescantia fluminensis e Asplenium gastonis foram as espécies classificadas como holoepífitos facultativos, por serem facilmente encontradas na condição geofítica. Blechnum binervatum foi a única espécie hemiepifítica, no caso um hemiepífito secundário.

234 BUZATTO, C.R.; SEVERO, B.M.A. & WAECHTER, J.L. QUADRO 1 Relação de famílias e espécies de epífitos vasculares da Floresta Nacional de Passo Fundo, município de Mato Castelhano, Rio Grande do Sul. Categoria ecológica (Cecol). Nomes completos dos coletores: Cristiano Roberto Buzatto (CRB); Roberto Busato (RB); Jorge Luiz Waechter (JLW); Marcelo Somenzi Rother (MSR). * espécie não coletada. Família/Espécie Cecol Coletor Aspleniaceae Asplenium gastonis Fée FAC CRB7 & RB Asplenium sellowianum (Hieron.) Hieron. ACI CRB32 & RB Blechnaceae Blechnum binervatum (Poir.) C. V. Morton & Lellinger HEM * Bromeliaceae Aechmea recurvata (Klotzsch) L. B. Sm. HAB * Billbergia nutans H. Wendl. HAB CRB8 & RB Tillandsia aeranthos (Loisel.) L. B. Sm. HAB CRB26 & RB Tillandsia recurvata (L.) L. HAB * Tillandsia stricta Sol. HAB CRB31 Tillandsia usneoides (L.) L. HAB * Cactaceae Lepismium houlletianum (Lem.) Barthl. HAB * Lepismium lumbricoides (Lem.) Barthl. HAB * Lepismium warmingianum (K. Schum.) Barthl. HAB CRB21 & RB Rhipsalis floccosa Salm-Dyck ex Pfeiff. HAB CRB25 & RB Commelinaceae Tradescantia fluminensis Vell. FAC CRB19 & RB Gesneriaceae Sinningia douglasii (Lindl.) Chautems HAB CRB38 & RB Hymenophyllaceae Trichomanes angustatum Carm. HAB CRB2 & MSR Trichomanes hymenoides Hedw. HAB * Melastomataceae Leandra sp. ACI CRB33 & RB Orchidaceae Acianthera cryptantha (Barb. Rodr.) Pridgeon & M. W. Chase HAB * Acianthera hygrophila (Barb. Rodr.) Pridgeon & M. W. Chase HAB CRB6 & RB Barbosella crassifolia (Edwall) Schltr. HAB CRB1 & JLW Bulbophyllum regnellii Rchb. f. HAB CRB20 & RB Campylocentrum grisebachii Cogn. HAB * Capanemia superflua (Rchb. f.) Garay HAB CRB29 Cyclopogon elatus (Sw.) Schltr. ACI CRB4 Octomeria cf. sancti-angeli Kraenzl. HAB CRB3 Oncidium bifolium Sims HAB CRB34 Oncidium ottonis Schltr. HAB CRB36 Oncidium macronyx Rchb. f. HAB CRB35 Pleurobotryum hatschbachii (Schltr.) Hoehne HAB CRB30 Trichosalpinx matinhensis (Hoehne) Luer HAB CRB27 & RB Piperaceae Peperomia catharinae Miq. HAB CRB24 & RB Peperomia hilariana Miq. ACI CRB13 & RB Peperomia tetraphylla (G. Forst.) Hook. & Arn. HAB * Peperomia trineura Miq. HAB CRB14 & RB Polypodiaceae Campyloneurum austrobrasilianum (Alston) de la Sota HAB CRB9 & RB Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C. Presl. HAB CRB10 & RB Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota HAB CRB22 & RB Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M. G. Price HAB CRB11 & RB Pecluma sicca (Lindm.) M. G. Price HAB CRB12 & RB Pleopeltis angusta Willd. HAB CRB15 & RB Pleopeltis hirsutissima (Raddi) de la Sota HAB CRB17 & RB Pleopeltis squalida (Vell.) de la Sota HAB CRB16 & RB Vittariaceae Vittaria lineata (L.) Sm. HAB CRB28 & RB

Composição florística e distribuição ecológica de epífitos vasculares... 235 Entre as sete categorias de substrato estudadas, duas se destacaram pela riqueza maior de espécies epifíticas. O dossel e a base de forófitos de grande porte foram, respectivamente, as regiões mais ricas em espécies (Fig. 3). A base de araucária apresentou um número maior de espécies epifíticas em comparação com a copa, cujo valor foi semelhante ao encontrado sobre mirtáceas. A riqueza em árvores do sub-bosque foi superior ao valor registrado sobre cáudices de xaxim. Peperomia catharinae (Piperaceae) destacou-se por apresentar a maior amplitude ecológica, registrada em todas as categorias de substratos. Campyloneurum nitidum, Microgramma squamulosa e Pleopeltis angusta (Polypodiaceae) também formaram as espécies de maior distribuição. O número de espécies epifíticas que ocorreram em apenas uma e duas categorias foram 13 e 12, respectivamente, destacando-se representantes da família Orchidaceae, com 12 espécies (Tab. 1). A relação entre número de substratos ocupados e o número de espécies epifíticas apresentou uma correlação negativa (p = 0,0129; α = 0,05) (Tab. 1; Fig. 4). Deste modo, a maioria das espécies epifíticas foi considerada seletiva quanto ao substrato considerado, enquanto um número reduzido foi amplamente distribuído. Número de espécies 35 30 25 20 15 10 5 0 Dcop Dbas Abas Acop Smir Sout Sdic Substratos Fig. 3. Riqueza de epífitos vasculares por categoria na Floresta Nacional de Passo Fundo, município de Mato Castelhano, Rio Grande do Sul. Árvores do dossel copa (Dcop), árvores do dossel base (Dbas), araucárias base (Abas), araucárias copa (Acop), árvores do sub-bosque mirtáceas (Smir), árvores do sub-bosque outras (Sout) e árvores do sub-bosque dicksonias ou xaxins (Sdic). TABELA 1 Matriz de dados com a presença/ausência das espécies epifíticas nos substratos analisados na Floresta Nacional de Passo Fundo, Rio Grande do Sul. Família (Fam); Categorias de forófitos: araucárias base (Abas), araucárias copa (Acop), árvores do dossel base (Dbas), árvores do dossel copa (Dcop), árvores do sub-bosque mirtáceas (Smir), árvores do sub-bosque outras (Sout), e árvores do sub-bosque dicksonias (Sdic); Amplitude ecológica (Aecol). Espécie Fam Abas Acop Dbas Dcop Smir Sout Sdic Aecol Peperomia catharinae PIP 1 1 1 1 1 1 1 7 Campyloneurum nitidum POL 1 0 1 1 1 1 1 6 Microgramma squamulosa POL 1 1 1 1 1 1 0 6 Pleopeltis angusta POL 0 1 1 1 1 1 1 6 Billbergia nutans BRO 1 0 1 1 1 1 0 5 Tillandsia stricta BRO 1 1 1 1 0 1 0 5 Pecluma sicca POL 1 0 1 1 1 1 0 5 Pleopeltis squalida POL 1 1 1 1 0 1 0 5 Asplenium sellowianum ASP 1 0 1 0 1 0 1 4 Rhipsalis floccosa CAC 0 1 1 1 1 0 0 4 Trichomanes hymenoides HYM 1 0 1 0 1 1 0 4 Capanemia superflua ORC 1 0 1 1 0 1 0 4 Peperomia tetraphylla PIP 1 0 1 1 0 0 1 4 Peperomia trineura PIP 1 0 1 1 0 1 0 4 Campyloneurum austrobrasilianum POL 1 0 1 1 0 0 1 4 Pleopeltis hirsutissima POL 1 1 1 1 0 0 0 4 Asplenium gastonis ASP 1 0 1 1 0 0 0 3 Aechmea recurvata BRO 0 0 1 1 1 0 0 3 Tillandsia usneoides BRO 0 1 0 1 1 0 0 3 Tillandsia recurvata BRO 0 1 0 1 0 0 0 2 Tillandsia aeranthos BRO 1 0 0 1 0 0 0 2 Lepismium houlletianum CAC 0 1 0 1 0 0 0 2 Lepismium lumbricoides CAC 0 0 0 1 1 0 0 2 Lepismum warmingianum CAC 0 1 1 0 0 0 0 2 Acianthera hygrophila ORC 0 0 1 1 0 0 0 2 Bulbophyllum regnellii ORC 0 1 0 1 0 0 0 2 (continua)

236 BUZATTO, C.R.; SEVERO, B.M.A. & WAECHTER, J.L. TABELA 1 (cont.) Espécie Fam Abas Acop Dbas Dcop Smir Sout Sdic Aecol Pleurobotryum hatschbachii ORC 0 0 0 1 1 0 0 2 Trichosalpinx matinhensis ORC 0 0 1 1 0 0 0 2 Peperomia hilariana PIP 1 0 1 0 0 0 0 2 Pecluma pectinatiformis POL 0 0 1 1 0 0 0 2 Vittaria lineata VIT 0 0 1 1 0 0 0 2 Blechnum binervatum BLE 0 0 1 0 0 0 0 1 Tradescantia fluminensis COM 0 0 0 0 0 0 1 1 Sinningia douglasii GES 0 0 0 0 1 0 0 1 Trichomanes angustatum HYM 0 0 0 0 0 0 1 1 Leandra sp. MEL 0 0 0 0 0 0 1 1 Acianthera cryptantha ORC 0 0 0 0 1 0 0 1 Barbosella crassifolia ORC 0 1 0 0 0 0 0 1 Campylocentrum burchelli ORC 0 1 0 0 0 0 0 1 Cyclopogon elatus ORC 0 0 1 0 0 0 0 1 Octomeria cf. sancti-angeli ORC 0 0 0 1 0 0 0 1 Oncidium bifolium ORC 0 0 0 1 0 0 0 1 Oncidium ottonis ORC 0 1 0 0 0 0 0 1 Oncidium macronyx ORC 0 0 0 1 0 0 0 1 Riqueza específica 17 15 26 30 15 11 9 123 Número de espécies 15 12 9 6 3 y = -1,8929x + 13,857 R 2 = 0,7408 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Número de substratos ocupados Fig. 4. Relação entre números de substratos ocupados e número de espécies de epífitos vasculares na Floresta Nacional de Passo Fundo, município de Mato Castelhano, Rio Grande do Sul. Quanto aos substratos, foram observados dois grupos bem distintos. Um grupo envolvendo a base de araucárias, árvores do sub-bosque de ritidoma áspero ou rugoso e árvores do dossel (base e copa), mostrou-se mais favorável ao epifitismo vascular. O segundo grupo mostrou-se mais restritivo ou especializado. Neste ambiente foram incluídos tanto os ramos de araucária, expostos às mais diversas condições climáticas, como Dicksonia sellowiana, com preferência por ambientes úmidos e sombreados, e mirtáceas (Fig. 5). Fig. 5. Relações entre sete categorias de substratos com base na composição de epífitos vasculares, na Floresta Nacional de Passo Fundo, Mato Castelhano, Rio Grande do Sul. Método: distância euclidiana como coeficiente de comparação, soma de quadrados como técnica de agrupamento. Categorias de forófitos: araucárias base (Abas), árvores do sub-bosque outras (Sout), árvores do dossel base (Dbas), árvores do dossel copa (Dcop), araucárias copa (Acop), árvores do sub-bosque mirtáceas (Smir) e árvores do sub-bosque dicksonias ou xaxins (Sdic). DISCUSSÃO O número de espécies por família seguiu um padrão observado em outros estudos realizados na Região Sul do Brasil, com um grande número de espécies concentradas em poucas famílias (Aguiar et al., 1981; Waechter, 1986; Waechter, 1992; Dittrich

Composição florística e distribuição ecológica de epífitos vasculares... 237 et al., 1999; Kersten & Silva, 2001; Kersten & Silva, 2002; Giongo & Waechter, 2004). Orchidaceae também é a família com maior riqueza em estudos realizados na região tropical (Bøgh, 1992; Carlsen, 2000; Nieder et al., 2001; Arévalo & Betancur, 2004), bem como em regiões com predomínio de floresta ombrófila mista (Cervi et al., 1988; Dittrich et al., 1999; Kersten & Silva, 2001; Kersten & Silva, 2002; Borgo & Silva, 2003). Os holoepífitos habituais na Flona de Passo Fundo, assim como nas florestas com araucária paranaenses (Dittrich et al., 1999; Kersten & Silva, 2001; Borgo & Silva, 2003), formam a categoria mais diversificada. Esse padrão também é observado na planície costeira sul-rio-grandense (Waechter, 1986) e em florestas tropicais (Bøgh, 1992). A distribuição vertical de epífitos vasculares na Flona de Passo Fundo é muito evidente nos segmentos base e copa. No primeiro caso é observado o predomínio de espécies holoepifíticas acidentais e hemiepifíticas, enquanto o segundo é representado por espécies holoepifíticas, conforme observado na planície costeira do Rio Grande do Sul (Waechter, 1992). O formato peculiar de Araucaria angustifolia garante a implantação de um número relativamente grande de espécies epifíticas, desde a base até a copa. A base é a região que forma, como as demais zonas verticais, um microclima especializado que favorece a implantação de espécies epifíticas (Dislich 1996), destacando-se aspleniáceas (Asplenium sellowianum) e piperáceas (Peperomia hilariana). A diversidade de epífitos vasculares diminui a partir de aproximadamente três metros de altura, possivelmente devido à verticalidade do fuste. A copa das araucárias, por sua vez, oferece diferentes condições de luminosidade (Giongo & Waechter, 2004) e variações climáticas (Inmet, 2006), com a participação de orquidáceas como Barbosella crassifolia, Bulbophyllum regnelii, Campylocentrum grisebachii e Oncidium ottonis. Porém, a diversidade de espécies epifíticas na copa de Araucaria angustifolia difere de alguns estudos realizados na Região Sul, onde esta seção, como em outros forófitos, suporta maior diversidade de epífitos vasculares que o fuste ou a copa interna (Gonçalves & Waechter, 2002; Kersten & Silva, 2002; Giongo & Waechter, 2004). Essa diferença está relacionada à dificuldade de acesso à copa das araucárias, tornando-a pouco explorada. O levantamento das espécies epifíticas do dossel de araucária foi possível através da verificação de ramos caídos próximo aos forófitos analisados. No entanto, nem sempre os padrões dendrométricos influem na riqueza de epífitos sobre os forófitos, que segundo Waechter (1992), a inibição bioquímica, a competição com lianas e a eficiência dispersiva de diásporos são fatores que reduzem a diversidade epifítica. A presença de epífitos vasculares sobre Dicksonia sellowiana também é destacada, com a presença de espécies predominantemente holoepífitos habituais, representantes das famílias Piperaceae, Polypodiaceae e Hymenophyllaceae, e holoepífitos acidentais, como Asplenium sellowianum (Aspleniaceae), Leandra sp. (Melastomataceae) e Tradescantia fluminensis (Commelinaceae). Assim como em floresta com araucária (Schimitt et al., 2005) Trichomanes angustatum (Hymenophyllaceae) é amplamente distribuída sobre cáudice de Dicksonia sellowiana, onde a espécie apresenta ocorrência preferencial à este substrato em estudos realizados em florestas tropicais (Cortez, 2001; Dubuisson et al., 2003). A diversidade de Orchidaceae na Flona de Passo Fundo em apenas uma ou duas categorias de substratos caracteriza a seletividades dessas espécies. Essa característica é, possivelmente, devido ao sucesso de implantação dos diminutos diásporos anemocóricos (Nunes & Waechter, 1998). Por outro lado, uma pequena parte de espécies epifíticas, representadas principalmente por Peperomia catharinae (Piperaceae), Campyloneurum nitidum, Microgramma squamulosa e Pleopeltis angusta (Polypodiaceae) é amplamente distribuída nos substratos considerados. A variação na coloração das folhas de Peperomia catharinae é constatada nos substratos considerados, com tons avermelhados em segmentos mais expostos (dossel) a esverdeados em regiões menos expostas (demais estratos). A alta freqüência de representantes da família Polypodiaceae também é destacada por Borgo & Silva (2003) em Floresta Ombrófila Mista. Comparando estudos realizados em florestas com araucária (Dittrich et al., 1999; Kersten & Silva, 2002; Borgo & Silva, 2003) a não ocorrência de broméliastanque na Flona de Passo Fundo é notável. A ausência destas espécies pode estar relacionada à oscilação dos índices pluviométricos da região do Planalto Médio (Inmet, 2006). Segundo Borgo & Silva 2003, a presença destas espécies está relaciona a distribuição das chuvas ao longo do ano. O dendrograma de similaridade confirma a divisão dos substratos em dois grupos distintos, que favorecem ou restringem a implantação de espécies epifíticas. Esta divisão está relacionada às características físicas

238 BUZATTO, C.R.; SEVERO, B.M.A. & WAECHTER, J.L. do ritidoma. O maior grupo é formado pela copa e a base de árvores do dossel, que suportam a maior diversidade de espécies epifíticas, bem como a base de araucária e de árvores do sub-bosque. O grupo mais restritivo às espécies epifíticas é formado por dois pequenos grupos que compreendem a copa de araucária e mirtáceas do sub-bosque juntamente com Dicksonia sellowiana. A participação da copa de araucárias confirma a exploração limitada, principalmente com pequenas espécies epifíticas, como Barbosella crassifolia e Campylocentrum grisebachii, localizadas no lado superior dos ramos. Devido à fragmentação das florestas, muitas espécies podem estar desaparecendo, ainda sem o conhecimento da ciência. Apenas programas intensivos de conservação destes remanescentes, baseados na educação ecológica e associados à conscientização sobre a importância das florestas, possibilitarão a preservação das espécies, garantindo o microclima necessário para a manutenção e a preservação da flora epifítica. AGRADECIMENTOS À Universidade de Passo Fundo pelos auxílios que favoreceram a realização deste trabalho. Ao Ibama pela autorização de coleta e transporte de material botânico e aos funcionários da Floresta Nacional de Passo Fundo pelo auxílio e hospedagem. À Maria Leonor D El Rei Souza, Daniel de Barcellos Falkenberg e Rosana Moreno Senna, pelo auxílio na identificação das espécies. Ao acadêmico Roberto Busato pelo apoio durante as expedições e coletas. REFERÊNCIAS AGUIAR, L.W.; CITADINI-ZANETTE, V.; MARTAU, L.; BACKES, A. 1981. Composição florística de epífitos vasculares numa área localizada nos municípios de Montenegro e Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Botânica, n. 28, p. 55-93. ARÉVALO, R.; BETANCUR, J. 2004. Diversidad de epífitas vasculares en cuatro bosques del sector suroriental de la serranía de Chiribiquete, Guayana Colombiana. Caldasia, v. 26, n. 2, p. 359-380. BARTHOLOTT, W.; SCHIMIT-NEUERBURG, V.; NIEDER, J.; ENGWALD, S. 2001. Diversity and abundance of vascular epiphytes: a comparasion of secondary vegetation and primary montane rain forest in the Venezuelan Andes. Plant Ecology, n. 152, p. 145-156. BENZING, D.H. 1990. Vascular epiphytes: general biology and related biota. New York: Cambridge University Press. 354p. BØGH, A. 1992. Composition and distribution of the vascular epiphyte flora of an Ecuadorian Montane Rain Forest. Selbyana, v. 13, p. 25-34. BORGO, M.; SILVA, S.M. 2003. Epífitos vasculares em fragmentos de Floresta Ombrófila Mista, Curitiba, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, n. 26, v. 3, p. 391-401. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Unidades de conservação: Florestas Nacionais. Disponível em: <http://www. ibama.gov.br>. Acesso em: 18 maio 2005. BURNS, K.C.; DAWSON, J. 2005. Patterns in the diversity and distribution of epiphytes and vines in a New Zealand forest. Austral Ecology, n. 30, p. 883-891. CALLAWAY, R.M.; REINHART, K.O.; MOORE, G.W.; MOORE, D.J.; PENNINGS, S.C. 2002. Epiphyte host preferences and host traits: mechanisms for species-specific interactions. Oecologia, n. 132, p. 221-230. CARDELÚS, C.L.; COLWELL, R.K.; WATKINS, J.E. 2006. Vascular epiphyte distribution patterns: explaining the midelevation richness peak. Journal of Ecology, n. 94, p. 144-156. CARLSEN, M. 2000. Structure and diversity of the vascular epiphyte community in the overstory of a tropical rain forest in Surumoni, Amazonas State, Venezuela. Selbyana, n. 1-2, v. 21, p. 7-10. CERVI, A.C.; ACRA, L.A.; RODRIGUES, L.; TRAIN, S.; IVANCHECHEN, S.L.; MOREIRA, A.L.O.R. 1988. Contribuição ao conhecimento das epífitas (exclusive Bromeliaceae) de uma floresta de Araucária do Primeiro Planalto Paranaense. Insula, n. 18, p. 75-82. CORTEZ, L. 2001. Pteridófitas epífitas encontradas en Cyatheaceae y Dicksoniaceae de los bosques nublados de Venezuela. Gayana Botanica, n. 58, v. 1, p. 13-23. DISLICH, R. 1996. Florística e estrutura do componente epifítico vascular na mata da reserva da cidade universitária Armando de Salles Oliveira, São Paulo, SP. 175f. Dissertação (Mestrado em Ciências, área Ecologia) Universidade de São Paulo, São Paulo. DITTRICH, V.A.O.; KOZERA, C.; MENEZES-SILVA, S. 1999. Levantamento florístico dos epífitos vasculares do Parque Barigüi, Curitiba, Paraná, Brasil. Iheringia, Série Botânica, n. 52. p. 11-21. DUBUISSON, J.Y.; HENNEQUIN, S.; RAKOTONDRAINIBE, F.; SCHNEIDER, H. 2003. Ecological diversity and adaptative tendencies in the tropical fern Trichomanes L. (Hymenophyllaceae) with special reference to climbing and epiphytic habits. Botanical Journal of the Linnean Society, n. 142, p. 41-63. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Embrapa Trigo. Clima de Passo Fundo: normais climatológicas. Disponível em: <http://www.cnpt.embrapa.br/agromet/cli_pf1. html>. Acesso em: 18 maio 2005. FLORES-PALACIOS, A.; GARCÍA-FRANCO, J.G. 2004. Effect of isolation on the structure and nutrient content of oak epiphyte communities. Plant Ecology, n. 173, p. 259-269. GIONGO, C.; WAECHTER, J.L. 2004. Composição florística e estrutura comunitária de epífitos vasculares em uma floresta de galeria na Depressão Central do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Botânica, n. 27, v. 3, p. 563-572. GONÇALVES, C.N.; WAECHTER, J.L. 2002. Epífitos vasculares sobre espécimes de Ficus organensis isolados no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul: padrões de abundância e distribuição. Acta botanica brasilica, n. 16, v. 4, p. 429-441. GONÇALVES, C.N.; WAECHTER, J.L. 2003. Aspectos florísticos e ecológicos de epífitos vasculares sobre figueiras isoladas no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul. Acta botanica brasilica, n. 17, v. 1, p. 89-100. HIETZ-SEIFERT, U.; HIETZ, P.; GUEVARA, S. 1996. Epiphyte vegetation and diversity on remnant trees after forest clearance in southern Veracruz, Mexico. Biological Conservation, n. 75, p. 103-111.

Composição florística e distribuição ecológica de epífitos vasculares... 239 INMET. Balanço hídrico climático 1961-1990. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/html/agro.php?lnk=hídrico%20 Climático>. Acesso em: 16 jun. 2006. IPNI. The International Plant Names Index. Plant names. Disponível em: <http://www.ipni.org>. Acesso em: 15 maio 2006. KERSTEN, R.A.; SILVA, S.M. 2001. Composição florística do componente epifítico vascular em floresta da planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, n. 2, v. 24, p. 213-226. KERSTEN, R.A.; SILVA, S.M. 2002. Florística e estrutura do componente epifítico vascular em floresta ombrófila mista aluvial do rio Barigüi, Paraná Brasil. Revista Brasileira de Botânica, n. 25, v. 3, p. 259-267. KLEIN, R.M. 1960. O aspecto dinâmico do pinheiro brasileiro. Sellowia, n. 12, p. 17-44. MAUHS, J. 2002. Fitossociologia e regeneração natural de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista exposto a perturbações antrópicas. 66f. Tese (Mestrado em Biologia: Diversidade e manejo da vida silvestre) Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo. MORI, S.A.; SILVA, L.A.M.; LISBOA, G.; CORADIN, L. 1985. Manual de manejo do herbário fanerogâmico. Ilhéus: Centro de Pesquisas do Cacau. 97 p. MYNSSEN, C.M.; WINDISCH, P.G. 2004. Pteridófitas da reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil. Rodriguésia, v. 85, n. 55, p. 125-156. NEGRELLE, R.A.B.; SILVA, F.C. 1992. Fitossociologia de um trecho de floresta com Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. no município de Caçador-SC. Boletim de Pesquisa Florestal, n. 24-25, p. 37-54, jan./dez. NIEDER, J.; ENGWALD, S.; BARTHLOTT, W. 1999. Patterns of neotropical epiphyte diversity. Selbyana, n. 1, v. 20, p. 66-75. NIEDER, J.; IBISCH, P.L.; BARTHLOTT, W. 1996-1997. Biodiversidad de epifitas: una cuestión de escala. Revista del Jardín Botánico Nacional, v. 17-18, p. 59-62. NIEDER, J.; PROSPERI, J.; MICHALOUD, G. 2001. Epiphytes and their contribution to canopy diversity. Plant Ecology, n. 153, p. 51-63. NUNES, V.F.; WAECHTER, J.L. 1998. Florística e aspectos fitogeográficos de Orchidaceae epifíticas de um morro granítico subtropical. Pesquisas. Botânica, n. 48, p. 127-191. OLIVEIRA, R.R. 2004. Importância das bromélias epífitas na ciclagem de nutrientes da Floresta Atlântica. Acta botanica brasilica, v. 18, n. 4, p. 793-799. PADMAWATHE, R.; QURESHI, Q.; RAWAT, G.S. 2004. Effects of selective logging on vascular epiphyte diversity in a moist lowland forest of Eastern Himalaya, India. Biological Conservation, n. 119, p. 81-92. PEREIRA, O.L.; KASUYA, M.C.M.; ROLLEMBERG, C. L.; CHAER, G.M. 2005. Isolamento e identificação de fungos micorrízicos rizoctonióides associados a três espécies de orquídeas epifíticas neotropicais no Brasil. Revista Brasileira de Ciência do Solo, n. 29, p. 191-197. PODANI, J. 2001. Syn-tax 2000 computer programs for data analysis in ecology and systematics: user s manual. Budapest: Scientia Publishing. 53p. PUPULIN, F. 1998. Orchid florula of Parque Nacional Manuel Antonio, Quepos, Costa Rica. Revista de Biologia Tropical, v. 46, n. 4, p. 961-1031. REITZ, R.; KLEIN, R.M. 1966. Araucariáceas. Flora Ilustrada Catarinense, Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 62p. ROCHA, E.A.; AGRA, M.F. 2002. Flora do pico do Jabre, Paraíba, Brasil: Cactaceae Juss. Acta botanica brasilica, v. 16, n. 1, p. 15-21. ROGALSKI, J.M.; ZANIN, E.M. 2003. Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Rio Uruguai, RS, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, n. 26, v. 4, p. 551-556. SCHIMITT, J.L.; BUDKE, J.C.; WINDISCH, P.G. 2005. Aspectos florísticos e ecológicos de pteridófitas epifíticas em cáudices de Dicksonia sellowiana Hook. (Pteridophyta, Dicksoniaceae), São Francisco de Paula, RS, Brasil. Pesquisas. Botânica, n. 56, p. 161-172. SCHWESINGER, L.H.; PRIETO, R.O. 2002. Epiphytic angiosperms of Cuba. Selbyana, n. 2, v. 23, p. 224-244. WAECHTER, J.L. 1986. Epífitos vasculares da mata paludosa do Faxinal, Torres, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia. Série Botânica, n. 34, p. 39-49. WAECHTER, J.L. 1992. O epifitismo vascular na planície costeira do Rio Grande do Sul. 163f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. WAECHTER, J.L. 1998. Epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil subtropical. Ciência e Natura, n. 20, p. 43-66. WAECHTER, J.L.; BAPTISTA, L.R.M. 2004. Abundância e distribuição de orquídeas epifíticas em uma floresta turfosa do Brasil Meridional. In: BARROS, F.; KERBAUY, G.B. (Org.). Orquideologia sul-americana: uma compilação científica. São Paulo: Centro de Editoração da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2004. p. 135-145. ZOTZ, G.; VOLLRATH, B. 2002. Substrate preferences of epiphytic bromeliads: an experimental approach. Acta Oecologica, n. 23, p. 99-102.