Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: ANALISE DE CRESCIMENTO DE MUDAS DE GENIPA AMERICANA L., EM DIFERENTES SUBSTRATOS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA SUBÁREA: CIÊNCIAS AGRÁRIAS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP AUTOR(ES): RAFAEL SILVEIRA DA LUZ ORIENTADOR(ES): DENISE RENATA PEDRINHO
ANALISE DE CRESCIMENTO DE MUDAS DE Genipa americana L., EM DIFERENTES SUBSTRATOS Resumo Devido à carência de informações sobre o manejo do Genipa americana L., desenvolvida em locais diferentes de seu ambiente de áreas do pantanal e cerrado, faz-se necessário avaliar o comportamento desta espécie quando cultivadas em grande escala para atender a demanda exigida pela sua utilização em escala industrial, seja análise comparativa dos compostos bioquímicos oriundos de plantas desenvolvidas ou para comercialização dos frutos. O objetivo deste trabalho foi fornecer subsídios para a produção de mudas de Genipa americana L. em diferentes substratos, no ato Vermicomposto e Plantimax. O trabalho foi instalado na Horta Experimental da Unidade Agrárias da Universidade Anhanguera-Uniderp, Campo Grande (MS). O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições e cinco tratamentos, sendo: T1 substrato comercial; T2 25% de vermicomposto e 75% de substrato comercial; T3-50% de vermicomposto e 50% de substrato comercial; T4-75% de vermicomposto e 25% de substrato comercial; T5 100% de vermicomposto. Segundo dados avaliados a utilização de 100 % vermicomposto é recomendada como substrato para produção de mudas de Genipa americana L. Palavras-chave: Jenipapo, produção de mudas, matéria orgânica. Introdução Genipa americana L., conhecida popularmente como genipapo, é uma Rubiacea de porte arbóreo, com características de planta heliófita, semidecídua, seletiva higrófita, de ocorrência em áreas com florestas abertas e de vegetação secundária de várzeas situadas em locais temporário ou permanentemente inundados. A espécie parece desenvolver-se melhor em áreas com pluviosidade entre 1.200 e 4.000 mm e com temperaturas médias anuais entre 18 C e 28 C. Sua origem mais provável é no Norte da América do Sul, pela existência de
plantas em estado silvestre, mas está distribuída em toda a América Tropical, Caribe e também no Pantanal (DONADIO et al, 2002; LORENZI, 2006). O fruto é uma baga globosa, de aproximadamente 10 cm de comprimento por 7 cm de diâmetro, carnudo, de polpa aromática e macia. A polpa apresenta-se macia e doce e abriga numerosas sementes duras de cor castanho-escura. Por seu sabor muito agradável e sua elevada produtividade e bom tamanho (200 a 400 gramas de peso), o jenipapo é muito apreciado no Brasil. Sua madeira é amplamente usada nas construções civil e naval, e marcenaria (LORENZI, et al., 2006). Tendo em vista que a espécie Genipa americana é de fácil propagação por sementes, apresentando entre 83 e 92% de emergência; no entanto, o processo é lento, assíncrono e com baixa uniformidade (dados não publicados). Essas características são fontes de grande heterogeneidade no desenvolvimento das plantas, o que pode dificultar a condução dos tratos culturais em viveiros de produção de mudas. Suas sementes não apresentam dormência fisiológica e são classificadas como intermediárias, suportando armazenamento por até 60 dias (CARVALHO, 2000). Trabalhos encontrados na literatura, referentes à produção de mudas de Genipa americana em tubetes e com adubação química, recomendam locais com 40% de luminosidade e substratos que sejam ricos em compostos orgânicos. Nestas condições, as mudas apresentaram maiores valores de diâmetro do colo, altura, biomassa seca total e área foliar (MORAES NETO, 2000; MORAES NETO et al., 2001). Entretanto devido à carência de informações sobre o manejo do Genipa americana L., desenvolvida em locais diferentes de seu ambiente de áreas do pantanal e cerrado, faz-se necessário avaliar o comportamento desta espécie, quanto a produção de mudas, quando cultivadas com diferentes proporções de matéria orgânica. Objetivos Estudar o desenvolvimento e a qualidade de mudas Genipa americana L. utilizando diferentes doses de vermicomposto para obtenção de mudas em escala comercial.
Metodologia e Desenvolvimento O trabalho foi instalado na Horta Experimental da Unidade Agrárias da Universidade Anhanguera-Uniderp, Campo Grande (MS). O município de Campo Grande está localizado a latitude de 20º 26 34 e longitude de 54º 38 47 a 532,1 m do nível do mar. O clima na região é tropical úmido, com uma estação de chuvas no verão e outra de seca no inverno. A temperatura média anual é de 26º C e o índice de precipitação chega a 1.500 mm por ano. As sementes utilizadas foram provenientes de Aquidauana MS, sendo extraídas manualmente de frutos coletados em estágio final de maturação, lavadas para retirada da mucilagem e colocadas para secagem à sombra durante três horas e semeadas em bandejas de polietileno expandido com 72 células, preenchidas com diferentes porcentagens de vermicomposto e substrato comercial. A semeadura foi realizada no dia 07 de março de 2013, sendo colocadas 3 (três) sementes por célula. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições e cinco tratamentos, sendo: T1 substrato comercial (testemunha); T2 25% de vermicomposto e 75% de substrato comercial; T3-50% de vermicomposto e 50% de substrato comercial; T4-75% de vermicomposto e 25% de substrato comercial; T5 100% de vermicomposto. As avaliações iniciaram aos 30 dias após a germinação, que ocorreu no dia 05 de abril de 2013, avaliando-se por 60 dias, finalizando então, em 07 de junho de 2013. As avaliações foram realizadas semanalmente, aferindo-se 24 plantas por tratamento. As variáveis analisadas foram: altura total e altura da primeira folha com a utilização de uma régua graduada em centímetros e diâmetro do caule na altura do colo com paquímetro digital. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados A germinação das sementes iniciou aos 14 dias após a semeadura, entretanto as avaliações começaram 30 dias após a geminação, estendendo-se até 90 dias após a germinação. Nas Figuras 1, 2 e 3 estão expostos os resultados para
altura total de mudas de jenipapo, altura da primeira folha e diâmetro do caule. Observa-se que, para todas as variáveis houve ajuste de regressão linear positiva, onde se verifica melhores resultados para o tratamento 5, ou seja, 100% de vermicomposto. Altura Total da Planta Altura (cm) 35,000 30,000 25,000 20,000 15,000 10,000 5,000 0,000 y = 0,0013x2 + 0,016x + 18,078 R2 = 0,8478 0 20 40 60 80 100 120 Vermicomposto (%) Figura 1. Curva de regressão entre porcentagens de vermicomposto (zero, 25%, 50%, 75% e 100%) e altura total de plântulas de Genipa americana L. (dados sem transformação) procedência Aquidauna, MS, 2013. Altura da Primeira Folha Altura (cm) 14,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 y = 0,0258x + 9,93 R2 = 0,9105 2,000 0,000 0 20 40 60 80 100 120 Vermicomposto (%) Figura 2. Curva de regressão entre porcentagens de vermicomposto (zero, 25%, 50%, 75% e 100%) e altura da primeira folha de plântulas de Genipa americana L. (dados sem transformação) procedência da procedência Aquidauna, MS, 2013.
Diametro do Caule Altura (cm) 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 y = 0,0032x + 0,63 R2 = 0,8287 0,3 0,2 0,1 0 0 20 40 60 80 100 120 Vermicomposto (%) Figura 3. Curva de regressão entre porcentagens de vermicomposto (zero, 25%, 50%, 75% e 100%) e diâmetro do colo de plântulas de Genipa americana L. (dados sem transformação) procedência da procedência Aquidauna, MS, 2013. Esses resultados mostram que o vermicomposto favoreceu o desenvolvimento, crescimento e qualidade das mudas, devido a sua composição, onde se encontra grande quantidade de macronutrientes e micronutrientes, bem como matéria orgânica. Segundo Nunes et. al., (2000), Lima et. al., (1997), Fachinello et al., (1995), a composição do substrato é fundamental para a formação de mudas de qualidade. Os autores destacam que a matéria orgânica favorece a retenção de água e aeração do substrato, contribuindo e favorecendo para o desenvolvimento das plantas. Resultados semelhantes foram observados por Dantas et, al (2008), onde os autores relatam que, mudas de jenipapo quando submetidas a cultivo em diferentes substratos apresentam altura de planta e diâmetro do colo superior para substratos ricos em matéria orgânica. Mesquita et. al., (2009), estudando o comportamento de mudas de jenipapo em diferentes substratos, afirmam que, melhores resultado para altura das plantas e diâmetro de colo são verificados para substratos contendo matéria orgânica. De acordo com Silva et, al., (2001), a utilização de adubos orgânicos para a composição de substratos para produção de mudas de jenipapo deve ser reduzida.
Os autores afirmam que, por ser o jenipapo uma espécie nativa do cerrado, a planta é pouco exigente em matéria orgânica. Considerações Finais De acordo com os resultados da pesquisa, recomenda-se a utilização de vermicomposto, como substrato para produção de mudas de Genipa americana L., sendo que o tratamento 5 (100% de vermicomposto) proporcionou melhores resultados para altura total de mudas de jenipapo, altura da primeira folha e diâmetro do caule. Fontes Consultadas CARVALHO, J.E.U. e NASCIMENTO, W.M.O.. Sensibilidade de sementes de jenipapo (Genipa americana L.) ao dessecamento e ao congelamento. Revista Brasileira de Fruticultura, 22: 53-56, 2000. DANTAS, A. C. V. L.; PRADO NETO M.; LEDO C. A. S.; In: XX Congresso Brasileiro de Fruticultura. 54th Annual Meeting of the Interamerican Society for Tropical Horticulture. Centro de Convenções, Vitória, ES. 2008. DONADIO, L.C.; MÔRO, F.V. e SERVIDONE, A. A. Frutas Brasileiras. Jaboticabal, Novos Talentos, 2002. FACHINELLO, J. C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J. C.; KERSTEN E FORTES, G. R. de L. Propagação de fruteiras de clima temperado. Universidade Federal de Pelotas, 2.(Ed.), Pelotas. 1995. 178 p. 2006. LIMA, A. A; BORGES, A. L. CALDAS, R. C. Produção de mudas de maracujazeiro. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 17, n. 2, p. 127-129, 1997.
LORENZI, H.; BACHER, L.; LACERDA, M.; SARTORI, S. Frutas brasileiras e exóticas cultivadas: de consumo in natura. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2006. 672p. MESQUITA, J.B.; SANTOS, M. J. C.; RIBEIRO, G. T.; MOURA, A. O.. Avaliação da composição de substratos e recipientes na produção de mudas de jenipapo (Genipa americana L.). Acta Forestalis, Aracaju, v.1, n.1, p.47-58, 2009. MORAES NETO, S.P. & GONÇALVES, J.L.M. Mudas de algumas espécies arbóreas que ocorrem na Mata Atlântica em função do nível de luminosidade. Revista Árvore, 24(1): 35-46, 2000. MORAES NETO, S.P.; GONÇALVES, J.L.M. & TAKAKI, M. Produção de mudas de seis espécies arbóreas, que ocorrem nos domínios da Mata Atlântica, com diferentes substratos de cultivo e níveis de luminosidade. Revista Árvore, 25(3): 277-287, 2001. NUNES, M. U. C. Produção de mudas de hortaliças com o uso da plasticultura e do pó de coco. Circular Técnica da Embrapa Tabuleiros Costeiros 13, Aracaju, 2000. SILVA, R. P. da; PEIXOTO, J. R.; JUNQUEIRA, N. T. V. Influência de diversos substratos no desenvolvimento de mudas de maracujazeiro azedo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deneger). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 23, n. 2, p. 377-381, 2001.