ESPERANÇA DE PAZ: Jesus perante Pilatos para ser julgado

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LUCIANE GALVÃO 1 RESUMO O presente texto tem por objetivo analisar a perícope que encontra-se no evangelho segundo escreveu São Marcos, capítulo quinze, versículos de um à quarenta e quatro. O objetivo é, além de abordar a figura política, social e espiritual de Jesus Cristo no contexto de sua época, tratará, também, a cultura judaica com cunho religioso, suas expectativas com relação ao Messias, os subgrupos formados a partir do judaísmo e o que os diferencia. Outros pontos que serão trabalhados giram em torno da figura de Pôncio Pilatos: sua história, suas influências e o seu governo; os entraves enfrentados por Pilatos ao receber Jesus, a influência de seu cargo político em relação à sua decisão e as consequências psicológicas e espirituais desenvolvidas na vida deste personagem. Esses pontos têm o objetivo de conduzir a análise sobre a razão pela qual esse povo colocou a esperança em Pôncio Pilatos e clamou a execução de Jesus. PALAVRAS-CHAVE: Política, social, cultura judaica, Messias, Pôncio Pilatos. ESPERANÇA DE PAZ: Jesus perante Pilatos para ser julgado Perícope E entregaram Jesus a Pilatos E, logo ao amanhecer, os principais dos sacerdotes, com os anciãos, e os escribas, e todo o Sinédrio, tiveram conselho; e, ligando Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos. (Evangelho segundo São Marcos, capítulo 15, versículo 1) Forma grega - καì eύθύς πρωί συµβουλιον ποιήσαντες οι απχιεπεις µετα των πρεσβυτερων και γραµµατέων και ολον το συνέδριον δήσαντες τον 'Ιησουν απήνεγκαν και πρεδωκαν Πιλατω 1 Aluna da disciplina de Exegese do Novo Testamento, do segundo semestre de 2014, na Faculdade Teológica Batista Central de Brasília. 1

Tradução livre E imediatamente de manhã, na presença do Conselho, os principais sacerdotes, os anciãos, os escribas e todo o Sinédrio, após render Jesus, o entregaram na presença de Pilatos. TABELAS Verbos Entregar, julgar, acusar, levar. Substantivos Pilatos, sacerdotes, anciãos, escribas, Sinédrio, Conselho INTRODUÇÃO Entregaram a Pôncio Pilatos é o tema que após análise e reflexão no contexto da época, foi diagnosticado como relevante para ser exibido nesta obra. Com a apresentação que o Evangelho segundo São Marcos dá a Jesus, atribuindo-lhe valores de servo, percebe-se claramente que os fatos narrados dão ênfase ao ministério de Jesus Cristo no decorrer de sua jornada. Na perícope selecionada o evangelista descreve sua narração isentando-se de detalhes contextuais, e, de forma objetiva, cita os fatos. O estilo da escrita de São Marcos traz ao leitor contemporâneo deixa obstáculos para uma compreensão absoluta do cenário apresentado. Isto exige do ledor a suplementação em outras fontes bíblicas e seculares, com os crivos, permitindo a fundamentação para compreensão do fato de Jesus ter sido entregue a Pilatos. Para alcançar o entendimento proposto, é necessário conhecer Pôncio Pilatos: militar, talvez nascido em Roma. Prefeito da província romana da Judéia, foi o juiz que condenou Jesus Cristo a morrer na cruz, apesar de não ter nele encontrado nenhuma culpa. Suas origens são desconhecidas, até que foi nomeado pelo Imperador Tibério (42 a. C.-37) para ser o praefectus da Judéia em uma jurisdição que chegava até a Samaria e a Iduméia. Após isto, ficou praticamente com poder absoluto, embora subordinado ao governador da Cesaréia. Como prefeito tinha que manter a ordem na província e administrá-la tanto judicial como economicamente. Seu relacionamento com os judeus nunca foi tranquilo e como prefeito viveu anos turbulentos na Palestina por sua conduta abusiva, além de sua crueldade, com frequentes execuções de prisioneiros sem julgamentos. 2

É compreendido, por meio dos evangelhos, que o prefeito não se dava bem com Herodes Antipas (21 a.c.-44), Rei da Galiléia e Pérsia (4 a. C.-37). 2 Bem relacionado, Pilatos casou-se com a neta de César Augusto. Segundo o evangelista Lucas, Herodes Antipas e Pilatos, o governador romano, consideravam-se inimigos até o dia em que o destino os reuniu para determinar o destino de Jesus. Naquele dia eles colaboraram, esperando ter sucesso onde Herodes, o Grande, havia falhado: preservar o reino. Na obra de Shedd (SHEDD, SD), é exposto que Pilatos estava, no dia da crucificação, em Jerusalém para garantir a ordem pública durante a páscoa, num tempo quando os sentimentos nacionais se inflamavam na cultura judaica. Nessa data, conhecida como pessach, o povo judeu celebra a libertação do Egito e reitera o laço para com o Deus que teria possibilitado a execução daquela memorável vitória. Para alguns estudiosos, a celebração de tal evento foi crucial para que a comunidade judaica preservasse seus laços nos mais diferentes lugares em que viveram e ainda vivem. No dia antes do pessach, a família deve jejuar em homenagem aos primogênitos que não foram atingidos pela última das maldiçoes egípcias. 3 As autoridades religiosas estavam prestes a entregarem ao poder político uma questão que era primariamente religiosa e que era da responsabilidade deles. Além de não terem autoridade para a execução de Jesus, não queriam sujar suas santas mãos com tal coisa. Por isto resolveram entrega-lo aos romanos (CHAMPLIN, 2002). Embora Jesus tenha sido revelado como o Filho de Deus, como apresentado em exemplos de passagens como o Evangelho Segundo São Marcos, capítulo 1, versos 9 e 10, grande parte dos judeus não o conheceu como sendo o Messias que esperavam. O evangelho descreve Jesus sendo batizado por João Batista, no rio Jordão 4. Ao sair da água, foi visto os céus abertos, e o Espírito, que como pomba descia sobre ele. Também foi ouvida uma voz dos céus, caracterizando Jesus como Filho amado. Nessa narrativa, o autor preocupa-se, também, em citar a passagem da cura dum paralítico 5, destacando o poder do Filho. Nesta passagem pode-se encontrar o confrontamento de grupos políticos e religiosos do poder de Jesus. Como evidência da Sua soberania como Deus 2 http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/poncpilt.html 3 http://www.brasilescola.com/pascoa/pascoa-judaica.htm 4 O rio Jordão nasce na encosta do monte Hérmon, e segue até ao mar da Galiléia, para desaguar no mar Morto. 5 Ver Evangelho segundo São Marcos, Capítulo 2, versículos 10 a 12. 3

encarnado, deu ordem ao paralítico, de forma que obtivesse a cura. É observada, ainda na descrição, a surpresa dos religiosos que acompanharam o desenrolar do milagre. Devido aos constantes conflitos étnicos e políticos, os judeus almejavam um Salvador que os livrasse das aflições compreendidas nos tempos presentes. A esperança era que o Rei dos judeus proporcionasse um governo justo, elevando, assim, essa classe étnica. Dada à frustração de suas perspectivas (por Jesus não ser apenas uma figura social e política, mas o próprio Deus encarnado), o povo judeu sofreu as consequências dos seus atos referentes à crucificação do Cristo, utilizando a influência de Pilatos. Esse cenário transpassou por séculos, influenciando pessoas e culturas. A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO ROMANA A Palestina antiga era cobiçada pelas nações, por sua posição geográfica, que colocava na encruzilhada das grandes rotas comerciais que uniam o Egito à Mesopotâmia e a Arábia à Ásia Menor. Na obra de González (GONZÁLEZ, 2011), é descrito o período de instabilidade desta região, devida as constantes invasões, principalmente pelo Egito e grandes Impérios que surgiram na região da Mesopotâmia e Pérsia. No século IV a.c., um novo contendente entrou na arena: Alexandre e suas hostes macedônias. Seu propósito era, além de conquistar o mundo, unir toda a humanidade sob uma mesma civilização de totalidade marcantemente grega. O resultado disso foi o helenismo. Funari (FUNARI, 2002) descreve o helenismo como a civilização que utilizava do grego como língua oficial, a partir das conquistas de Alexandre, o Grande (336 a.c.). Depois de sua morte, o Império dividiu-se em três reinos, centrados na Macedônia, no Egito e na Mesopotâmia. A principal característica deste mundo helenístico era a convivência de inúmeros povos, com dezenas de línguas, governados por uma elite de origem macedênia e que tinha na língua grega um elemento de comunicação oficial e universal. A civilização helenística baseava-se na convivência de muitos povos e as trocas culturais entre os diferentes grupos intensificaram-se de forma extraordinaria. Assim como a cultura, a religião também consistia em equiparar e fundir os deuses de diversos povos. Por isso, na história da Palestina, desde a conquista de Alexandre, o Grande, 4

pode se ver como um conflito constante entre as pressões do helenismo e a fidelidade dos judeus que alí viviam ao seu Deus e suas tradições. Fundada há quase três mil anos, após a invasão grega (1.400 a.c.), a história lendária conta que os irmãos Rômulo e Remo, criaram Roma. Para a mitologia, o surgimento dos povos que ficaram debaixo de Roma e a própria Roma, foram cidades planejadas a partir do pensamento dos deuses. Não é descartada, também, a hipótese de que Roma resultou da fusão de pequenos povoados latinos 6 e sabinos do Palatino numa comunidade urbana. Ainda que fosse uma civilização de porte médio, possuía um poderio Bélico, capaz de pôr fim a cada inimigo que se opusesse à sua expanção originada dos estrucos. Roma estabeleceu regime Republicano em 509 a.c. e comandou o mundo civilizado sob a égide dos Césares, sob a cultura e a língua helênica, juntamente com o poder filosófico extraído da polís grega. Esse domínio vai se estender por aproximadamente 600 anos. Ou seja, um mundo antigo estabeleceu para o mundo moderno o poderio do conhecimento e da cultura grega como forma de vida que em algumas situações vigoram ainda hoje. Neste sentido é impossivel não pensar no direito grego e romano, na matemática e na República que o mundo atual ainda tenta implantar com as mesmas convicções que esse povo. O império tornou-se um imenso conglomerado de terras que, no seu auge, se estendia da Grã-Bretanha ao rio Eufrates, do Mar do Norte ao Egito. A língua desses povos era o latim, que mais tarde vai se tornar a língua base de quase toda a Europa e América Latina, especificamente os países de língua latina. O alfabeto era o latino. Alguns judeus, decendentes dos que haviam ido ao exílio na Babilônia, espalharam-se por toda a região circunvizinha, vivendo, assim, fora da Palestina. Em geral, esses judeus, chamados de da Diáspora ou da Dispersão, não construíram templos nos quais podiam oferecer sacrifícios, mas antes, edificaram sinagogas nas quas estudavam as Escrituras. No período interbíblico, em meio à esse contexto, o apócrifo de Macabeus cita os conflitos vivenciados por Alexandre, o Macedônio, filho de Filipe. Descreve que ele reinava na Grécia quando saiu da terra dos ceteus (região da Grécia antiga) e derrotou a Dario, rei dos medos e persas. Seu domínio foi tão tenebroso e sangrento que Macabeus cita que a terra emudeceu diante dele. Após sua morte, os males se multiplicaram na terra. Deles saiu aquele que raiz de 6 Pequeno povoado que vivia na região do Lácio. 5

pecado, Antíoco Epifanes, filho do rei Antíoco, que estivera em Roma, como refém e tornou-se rei. (Apócrifo dos Macabeus, 2009) Antíoco Epifânio se propôs reinar a terra do Egito, invadindo-a com um exército imponente. Fez todo tipo de atrocidade, inclusive contra os judeus da Palestina. Como reação, os judeus se revoltaram na tenativa de preservar sua cultura, religião e obter o reconhecimento do Estado. Encabeçado por Judas Macabeus, houve um grande confronto com os povos opressores. O livro descreve a relevância do movimento revolucionário com a apreciação e apoio dos romanos. Judas teve conhecimento da fama dos romanos, dos quais se dizia que eram valentes guerreiros e que atendiam a tudo o que se pedisse deles; que estabeleciam pactos de amizade com todos os que os procurassem, 2 e que o seu poder era grande. (Apócrifo dos Macabeus, 2009) Como estratégia, os Macabeus propuseram uma aliança com Roma, o que foi aceita pelo Senado. Assim sendo, foi gravado em placas de bronze e remeteram à Jerusalém, para que aí fosse conservada, entre os judeus, como memorial de paz e aliança. No documento foi inserido um pacto que os judeus fizeram com os romanos. Inicia-se declarando prosperidade aos romanos e à nação dos judeus, em terra e no mar, para sempre. Nas placas foram inscritos que, caso haja guerra declarada, de alguma nação aos romanos, ou aos seus aliados, a nação dos judeus trarlhes-iam auxílio, de todo o coração, segundo as exigências do momento. Neste caso, os judeus declararam negar fornecer trigo, armas, dinheiro ou navios. Da mesma forma, se a nação dos judeus fosse envolvida em guerras, os romanos lhes dariam ajuda, sem falsidade. 7 Flávio Josefo cita que a cópia do documento foi escrito por Eupotemo e por Jasão, sendo então Judas o sumo sacerdote, e Simão, seu irmão, o general de todo exército. Esse tratado foi o primeiro que os judeus fizeram com os romanos. Roma, surgida de uma união de povos, sabia conviver com as diferenças e adotava, por vezes, uma engenhosa tática para evitar a oposição e cooptar possíveis inimigos: incluir membros das elites de povos aliados na órbita romana, com a concessão de direitos totais ou parciais da cidadania. Na prática, a aliança com Roma significava o fornecimento de forças militares, chamadas auxiliares, a aceitação da hegemonia política romana. Alguns povos aliados recebiam todos os 7 Apócrifo dos Macabeus, página 9 6

direitos dos cidadãos romanos incluindo o de voto, ainda que este fosse pouco importante, já que as assembleias eram dominadas pela nobreza e porque o voto exigia a presença física de Roma. Na obra de Flávio Josefo nota-se que houve muitos outros combates e alianças que foram realizados, de forma que o governo romano teve grande ascensão, mantendo-se a perseguição aos judeus, ora em maior intensidade, ora em menor. Otávio, herdeiro de César, em 31 a.c, tornou-se o único grande general, logo reconhecido pelo Senado como o principal, sendo chamado, por isso, de Príncipe. Recebeu, ainda, o título de Augusto, o venerável. Inaugurou um período de relativa paz interna que durou 250 anos (31 a.c. a 235 d.c). Este período ficou conhecido como Pax Romana. Roma, na época de Cristo, vivia grande influência grega, de forma que muitos judeus que viviam fora da Palestina, em importantes comunidades judaicas dispersas, passaram a falar grego. Segundo Funari, o governo romano não se preocupava em extinguir a cultura e religião dos povos que viviam sob seu domínio. AUTONOMIA ROMANA E SEGMENTAÇÃO JUDAICA Para acabar com a corrupção e extorsão que haviam caracterizado a administração do período republicano, Roma foi reorganizada por Augusto 8, passando, então a ter a estrutura de império. Nesta disposição de governo, a principal característica é a centralização do poder nas mãos de uma só governante. No século 2 a.c. a Judéia 9 ingressou numa fase de relativa autonomia sob a liderança hasmonéia 10. Pouco após tal ascensão, o Estado hasmoneu foi submetido ao domínio direto de Roma e seus vassalos. Stegemann (STEGEMANN, 2004) relata a impotência do povo judeu perante os romanos, ainda que tenham surgido grandes revoltas. Neste período, considerado Alto Império, Roma dominava grande parte dos territórios do mundo oriental. Seus representantes locais tinham função de governantes na jurisdição determinada pelo Imperador. 8 O nome Augusto é uma titulação dada ao integrante do governo que tinha em suas mãos a concentração de vários ramos do poder. 9 Região localizada no sul da Palestina, a qual sofria influência política do Império romano. 10 Dinastia fundada sob liderança de Simão Macabeu. 7

O título de tetrarca (τετράρχης) era designado ao rei ou autoridade política que governava a quarta parte de uma região ou país. Tal titulação originou-se de Herodes, o Grande, o qual reinou a Palestina até meados do século 4 a.c. Após sua morte, o rei Imperador Augusto dividiu o território da Palestina em três partes e as entregou aos filhos de Herodes. A região composta pela Judéia, Samaria e Induméia, ficou aos cuidados de Arquelau, o qual recebeu o título de etnarca 11. A região da Galiléia e Peréica ficou sob o governo de Herodes Antípas, o tetrarca 12. Já a região que era composta da Batanéia, Traconites, Ituréia, Gaulanites e Auranites, regiões a nordeste do mar da Galiléia, ficou sob a regência de Filipe, o tetrarca. E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias. (Lucas 3:1-2) Outro cargo importante para Roma e para os judeus era a figura do sumo sacerdote. Na perícope é citato Caifás e Anás, seu sogro. Esse teve cinco filhos, todos sumo-sacerdotes, sucessivamente. Como prática, os judeus nomeavam o sumo sacerdote, o qual tinha cargo vitalício. Por receio político, Anás foi deposto pelos romanos, e Caifás passou a agir como sumo sacerdote em seu lugar; os próprios judeus, entretanto, jamais o consideraram deposto e em realidade ele continuou sendo o poder por detrás do trono. (CHAMPLIN, 2002) O Sinédrio era descrito como o grande concílio, o qual era composto de setenta e um membros entre escribas, anciãos, membros proeminentes das famílias dos sumo-sacerdotes, o presidente da assembléia. As mais importantes causas eram trazidas diante deste tribunal, uma vez que os governadores romanos da Judéia tinham entrague ao Sinédrio o poder de julgar tais causas, e de trambém pronunciar sentença de morte, com a limitação de que uma sentença capital anunciada pelo Sinédrio não era válida a menos que fosse confirmada pelo procurador romano. (STRONG, 2002) Como desenvolvimento social, os judeus segregaram-se em partidos que seguiam por caminhos diferentes de colaboração e de separativismo. Os principais segmentos surgidos do judaísmo foram os essênios, os zelotes, os saduceus e os fariseus. 11 Naquela época Roma designava este título àquele que tinha como atribuição governar um povo. Era subordinado aos demais governadores, além do Imperador. 12 Ver o Evangelho de Lucas, capítulo 3, vs. 1. 8

Essênios eram os mais separados. Tinham como características serem pacifistas, não resistindo ativamente a Herodes ou aos romanos, mas retiravam-se para comunidades monásticas. Criam que a invasão romana era castigo por seu fracasso em guardar a Lei. Josefo cita que tal grupo cria ser necessário fazer todo o possível para praticar a justiça. Possuem todos os bens em comum, sem que os ricos tenham maior parte que os pobres. Zelotes advogavam a revolta armada para expulsar os estrangeiros impuros. Um ramo dos zelotes especializava-se em atos de terrorismo político contra os romanos, enquanto outro operava uma política moral para manter os judeus na linha. Saduceus eram colaboracionistas. Foram antes helenizados sob os gregos, e depois cooperaram com os macabeus, com os romanos e com Herodes. Humanistas na teologia, os saduceus não criam na vida após a morte, nem na intervenção divina na terra. Há forte indicação que os saduceus pertenciam aos grupos politicamente dominantes, devido o fato de não encontrar seus adeptos entre o povo, mas entre pessoas ricas e afamadas. Alguns autores afirmam ser um grupo surgido em reação antifarisaico. Fariseus eram um partido popular de classe média. Mantinha altos padrões de pureza, sobretudo em questões como a guarda do sábado, a pureza ritual e o tempo exato dos dias festivos. Tratavam os judeus que não agiam assim como gentios. Com objetivo de acentuar e defender as questões religiosas judaicas, opunham-se ao helenismo. Mantinham uma observância escrupulosa da letra da lei mosaica, mas consideravam a tradição rabínica igual às escrituras do Antigo Testamento. REVOLUÇÃO A FAVOR DA PAZ Falar em revolução a favor da paz no período de dominação romana é quase algo irreal por se tratar de um período de expansão do mundo e de revoluções por posse de tesouros e terras. No entanto qualquer estudante que observe com um olhar mais atento vai perceber que houve um tipo de busca incessante pela harmonia dos povos, ainda que fosse de domínio de apenas um povo, neste caso os romanos. Isso em parte porque eles estavam completamente envolvidos na helenização. Os romanos rotulavam os judeus de ateus por causa da sua recusa em honrar os deuses gregos e 9

romanos, e os consideravam desajustados sociais por causa dos seus costumes. Isto era o suficiente para o governo romano perseguir aquele que não sujeitasse aos decretos do Império. Sob o domínio romano, a terra santa foi influenciada por fatores socioeconômicos e políticos para a formação de grupos na terra de Israel. Como oposição, os judeus passaram a adotar costumes que trariam em evidência sua cultura. 13 Em um recuo contra a pressão de aceitar a cultura grega, as famílias haviam começado a adotar recentemente nomes que retrocediam aos tempos dos patriarcas e ao Êxodo do Egito (como os americanos étnicos que escolheram nomes africanos ou hispânicos para seus filhos). Assim Maria recebeu seu nome de Miriã, a irmã de Moisés, e José recebeu o nome de um dos doze filhos de Jacó, como os quatro irmãos de Jesus. (YANCEY, 2011). Se observarmos o ministério de Jesus Cristo em andamento, muitos homens e mulheres foram curados de seus males, outros foram libertos de suas prisões espirituais e psicológicas. Seu discurso girava em torno do Reino dos Céus, dizendo ser Ele o Filho de Deus, esclarecendo princípios outrora não notados por seus antepassados. Diante deste cenário, as autoridades religiosas naquela região procuravam prendê-lo (Evangelho segundo São Marcos, capítulo 8, verso 31 e capítulo 12, verso 12). Jerusalém era a cidade sagrada do povo judeu. Sob o domínio do povo de Israel, por intermédio do rei Davi, Salomão, seu filho, construiu um templo (por volta de 900 a.c), o qual tornou-se um centro sagrado do povo judeu. O pensamento das pessoas que pertenciam aquela comunidade era que somente o templo era o lugar onde Deus se encontrava presente. Eles também entendiam que no templo, e somente lá, o sacrifício podia ser apresentado a Deus que é o caminho para o perdão. Esse rito mediava não apenas a presença da divindade, mas também a remissão do pecado apresentado. No início da semana da Páscoa, a mais sagrada do ano judaico e data de grande relevância ao povo judeu 14, ocorreram duas procissões em Jerusalém. Vindo a oeste da cidade, 13 O judaísmo é considerado a primeira religião monoteísta a aparecer na história. Tem como crença principal a existência de apenas um Deus, o criador de tudo. Tem como orientação de fé e conduta a Torá ou o Pentateuco, Escritos sagrados que foram revelados diretamente por Deus. Seguem um calendário lunissolar, cujas datas comemorativas estão de acordo com as ações diretas de Deus para com o povo. 14 Data que o judeu comemora o livramento por parte de Deus aos hebreus da escravidão no Egito, cerca de 1400 a.c. Nesta data o povo judeu faz um peregrinação até Jerusalém (cidade santa, onde encontra-se o templo 10

Pôncio Pilatos, o governador romano de Iduméia, de Judéia e de Samaria entrou nessa jurisdição na frente de uma fileira da cavalaria e de soldados imperiais. Seu desfile militar era uma demonstração do poder e da teologia imperial romanos. Com o objetivo de zelar pela ordem em Jerusalém, era um hábito dos governadores romanos da Judéia estarem naquela cidade durante as principais festividades judaicas. Nesta ocasião, em um contracortejo, uma procissão de camponeses, vindo a leste de Jerusalém, Jesus montou num jumento e desceu o monte das Oliveiras, saudado por seus seguidores. Preso por acusações de grupos religiosos da época, a saber: fariseus e zelotes, Jesus passou por duas formas de julgamento. O julgamento eclesiástico diante das autoridades judaicas, e o civil perante o governador romano. No julgamento eclesiástico, Jesus é preso à meia-noite em caráter informal e preliminar, aguardando o amanhecer para ser levado ao conclave oficial do sinédrio. Este convocou uma breve reunião, o mais cedo possível, para ratificar, na área cível, o prosseguimento da irregular sessão noturna e para entregar o processo a Pilatos a tempo de pronunciar-se antes da hora do sacrifício dos cordeiros pascais, à tarde. (SHEDD) A multidão que soubera e acompanhara o pronunciamento de Pilatos sobre Jesus não se identifica com a multidão que outrora acompanhava Jesus e ouvia seus ensinamentos. Em uma cena forjada pelo Sinédrio e pelas autoridades da época, aquele aglomerado de pessoas tinha intenções políticas e sociais de trazer de volta àquela região uma paz religiosa, a qual compreendia que Jesus a perturbava. Influenciada pelo culto ao imperador, pelos costumes e sincretismo grego, essa multidão aguardava a sentença de Jesus, esperançando-se, assim, na decisão de Pilatos. Uma pergunta irônica de Pilatos a Jesus induzia que a negação de seu senhorio antes anunciado aos seus seguidores: Você é o Rei dos Judeus?. Pressionado pelas acusações dos sumos-sacerdotes, Pilatos ainda repetidamente tentava tirar de Jesus alguma declaração, positiva ou negativamente, mas nada obteve. Deixar de responder os questionamentos de uma autoridade inicialmente feito por ordem de Salomão, cerca de 900 anos antes de Cristo, e reconstruído por ordem de Herodes, o Grande) para prestar culto e festejar esta data. 11

caracteriza coragem, mas também desprezo. A cena alvoroçava ainda mais a multidão inflamada pelo Sinédrio: era o perturbador da ordem e dos costumes sendo julgado. Costumeiramente, Pilatos, na páscoa, oferecia ao povo um prisioneiro para ser liberto. Nesta ocasião, havia um homem, chamado Barrabás 15. Este era o tipo insurgente político que a hierarquia esperava no Messias, um que não hesitaria em recorrer à força, em contraste com a atitude de Jesus. Desta forma, tanto Jesus como Barrabás eram revolucionários. Ambos desafiavam a autoridade imperial. O primeiro de forma não-violenta, contrastando com o segundo. Ao questionar a multidão quem gostariam que fosse liberto, sem hesitar ouviu-se o grito daquele povo: Soltem Barrabás! Era preferível um assassino solto a um que blasfemasse tão abertamente, influenciando multidões a compreenderem os desígnios de Deus, indo além do que os costumes judaicos permitiam. Pilatos, sem achar em Jesus culpa alguma, ainda questiona a multidão sobre o que desejavam que fosse feito a Jesus. Um grande coro ressoa aos ouvidos de Pilatos como que uma ordem: Crucifica-o! Uma vez morto de forma tão humilhante talvez aquela sociedade percebesse que as autoridades religiosas não permitiriam perturbações à ordem judaico-imperial. Assim sendo, Pilatos acatou o pedido da multidão e levou Jesus à condenação. Foi, então, torturado, humilhado, e despido 16. Em uma falsa cerimônia de coroação, foi posto uma coroa de espinhos em sua cabeça, e envolvido com manto de púrpura. Vestido outra vez é levado para crucificação sendo ovacionado pela multidão. A crucificação era uma das práticas de terrorismo imperial romano. Era um tipo de punição para pessoas como escravos fugitivos ou rebeldes insurgentes que subvertiam a lei e a ordem de Roma e, portanto, perturbava a Pax Romana. A publicidade era uma forma de intimidação social. (BORG & CROSSAN, 2006) 15 Barrabás tem o significado filho dum pai. O que contrasta com o que Jesus anunciava ser: Filho do Pai. (SHEDD, S/D) 16 Como indicação de sua impotência nas mãos dos soldados romanos. 12

Chegada a hora sexta, às 12 horas, a narrativa de São Marcos declara ter havido trevas sobre a terra até a hora nona, ou seja, até às 15 horas. A terra enegreceu por três horas. Podendo ser este trecho usado como simbolismo, o autor destaca o lamento pelo acontecimento, bem como o julgamento das autoridades responsáveis por crucificar Jesus. Ao dar seu último suspiro, o véu do Templo se rasgou compartilhando do mesmo ambiente o santo lugar do santíssimo lugar. 17 Ao presenciar a crucificação, o centurião que estava em frente à Jesus declara que verdadeiramente, este homem era Filho de Deus. Segundo a teologia imperial romana, o imperador era o Fiho de Deus a revelação do poder e da vontade de Deus na terra. Ao o centurião fazer tal declaração, deixou de elevar honra ao imperador e reconheceu que Jesus está acima da autoridade máxima de Roma, que Ele é o Soberano. Está consumado (τελεστές) (STRONG, 2002). Ao consumar a execução de Jesus a expectativa dos judeus, sobretudo do Sinédrio, era que a partir daquele momento a paz e ordem haviam retornado ao Império. Esta esperança estendeu-se apenas por três dias: tempo determinado para a ressurreição daquele que tem a chave da vida e da morte em Suas mãos. (Evangelho segundo São João, 2002) A reaparição de Jesus inicialmente trouxe grande assombro, até mesmo aos seus seguidores. Ao compreenderem que Sua ressurreição já havia sido anunciada pelo então Senhor Jesus Cristo, brotou nesses corações o encorajamento daqueles que criam em Seu Senhorio, e também esperança de que o Reino dos Céus era o local, preparado por Cristo, para suas habitações eternas. A revolução que Cristo causou nos corações de seus seguidores trouxe tamanha interferência no Império, que os sacerdotes, judeus, fariseus, zelotes, saduceus, essênios, autoridades romanas, o Conselho, anciãos e toda a sociedade, até os dias atuais, tentam conter a avalanche do movimento hoje chamado cristianismo. 17 Parte mais sagrada do Templo, a qual somente era permitido acesso do Sumo Sacerdote, após ritual de purificação. Era onde Deus se manifestava. (Ver em Bíblia Sagrada, livro do Êxodo, capítulo 26). (Livro do Êxodo, 2002) 13

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Apócrifo dos Macabeus. (2009). São Paulo: Ave Maria. BORG, M. J., & CROSSAN, J. D. (2006). A Última Semana. (A. Calado, Trad.) Rio de Janeiro: Nova Fronteira. CHAMPLIN, R. N. (2002). O Novo Testamento interpretado versículo por versículo (1ª ed., Vol. I). São Paulo: Hagnos. Evangelho segundo São João (Revista e Atualizada ed.). (2002). Barueri/SP, Brasil / São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. Evangelho segundo São Marcos (Revista e Atualizada ed.). (2002). Barueri/ SP, Brasil / São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. FUNARI, P. P. (2002). Grécia e Roma - Repensando a História (2ª ed.). São Paulo: Contexto. GONZÁLEZ, J. L. (2011). História Ilustrada do Cristianismo (2ª ed., Vol. I). São Paulo: Vida Nova. http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/poncpilt.html. (s.d.). Fonte: Só Biografias. JOSEFO, F. (2013). História dos Hebreus. (23ª). (V. Pedrosa, Trad.) CPAD. Livro do Êxodo. (2002). Barueri, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. SHEDD, R. (s.d.). O Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova. SOUSA, R. (s.d.). http://www.brasilescola.com/pascoa/pascoa-judaica.htm. Fonte: Brasil Escola. STEGEMANN, E. W. (2004). História Social do Protocristianismo (1ª ed.). (N. Schneider, Trad.) São Paulo: Sinodal. STRONG, J. (2002). Nova Concordância Exaustiva da Bíblia. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil. YANCEY, P. (2011). O Jesus que nunca conheci (11ª ed.). São Paulo: Vida. 14