ICTR 2004 CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Costão do Santinho Florianópolis Santa Catarina



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Transcrição:

ICTR 2004 CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Costão do Santinho Florianópolis Santa Catarina IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS NO LABORATÓRIO DE SOLOS DA UEMA Alessandro Costa da Silva Mariano Oscar Ibanez Rojas Emanuel Gomes de Moura PRÓXIMA Realização: ICTR Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável NISAM - USP Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP

IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS NO LABORATÓRIO DE SOLOS DA UEMA Alessandro Costa da SILVA 2, Mariano Oscar Ibanez Rojas 3, Emanuel Gomes de MOURA 4. RESUMO: A geração de resíduos químicos em laboratórios de pesquisa é uma preocupação que vem se tornado constante nas instituições de ensino, e recentemente vem envolvendo esforços de várias universidades brasileiras. Objetivando discutir o problema, este trabalho apresenta uma tentativa de implantação de um programa de gerenciamento de resíduos químicos gerados nos laboratórios de análise de amostras de solos da Universidade Estadual do Maranhão. A citada experiência faz parte da primeira etapa de desenvolvimento de um futuro programa de gestão dos resíduos químicos gerados nos laboratórios de análises da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Palavras-chave: Resíduos químicos, laboratório, gerenciamento 2 Prof. Dr. Departamento de Química da Universidade Estadual do Maranhão UEMA, Cidade Operária s/n 65065270, São Luís-MA 3 Prof. Dr. Visitante do Departamento de Química 4 Gerente do Núcleo de Solos da UEMA 2283

INTRODUÇÃO No Brasil já existe uma nova lei ambiental sancionada em 31/03/98, que estabelece penalidades, civis e administrativas a empresas e pessoas que provocarem danos ao meio. Entretanto, os problemas ambientais ainda vão ser fonte de preocupação para os ambientalistas, como exemplo, cita-se a geração e o descarte inadequado de resíduos (industriais, hospitalares, domésticos e até mesmo provenientes dos laboratórios universitários) diretamente nos cursos d água. A geração de resíduos, bem como o procedimento de descarte nos laboratórios universitários, seja este de análise de rotina, pesquisa ou de aulas práticas, tem sido um assunto evitado entre os profissionais e estudantes, principalmente em função da pouca importância, até então, dada a este tema. Muito embora, seja um verdadeiro contra-senso, pois alguns destes laboratórios executam trabalhos de controle da poluição ambiental. A contaminação de ambientes aquáticos por descarga de efluentes sem tratamento contribuiu para aumentar a perda de confiança nos profissionais responsáveis pelo gerenciamento de resíduos de laboratório. Mas é bom ressaltar que as atividades de controle de resíduos realizadas por um laboratório deve ser partilhada por outros laboratórios e a instituição deve, também, estar em consonância com estes programas de gerenciamento. O atual estágio de degradação do ambiente, por meio de descarte de resíduos é motivo de preocupação dos diversos setores da sociedade. O lançamento in natura de resíduos nocivos a animais e plantas deve ser minimizado visando colaborar para a preservação ambiental. Neste sentido, as universidades desempenham papel relevante no estabelecimento de procedimentos que evitem a geração indesejada e o descarte inadequado destes resíduos. O complicador ambiental nesta questão refere-se ao fato destes mesmos laboratórios utilizarem freqüentemente reagentes químicos durante os procedimentos de análise. Estes reagentes por sua vez são descartados na forma de resíduos após o uso, e os cursos d água situados próximos as universidades acabam invariavelmente sendo os receptores finais destas substâncias. A contaminação de ambientes aquáticos por descarga de efluentes sem tratamento contribuiu para aumentar a perda de confiança nos profissionais responsáveis pelo gerenciamento de resíduos de laboratório. Por esta razão, foi montada em 2003 uma proposta para implementação de um programa de gerenciamento de resíduos químicos gerados nos laboratórios de análise de amostras de solos do Núcleo de Solos da Universidade Estadual do Maranhão. O Laboratório de Análise de Solos da UEMA, realiza caracterização física, química e biológica de amostras de solos, por meio de metodologia descrita pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas). Durante as análises, principalmente nas etapas de digestão, extração e pré-concentração, são produzidos resíduos químicos. Estes incluem, basicamente, solventes orgânicos, restos de solo, além de outras impurezas. Como os produtos químicos usados nestes laboratórios são, geralmente resíduos perigosos, não podem ser jogados indiscriminadamente pelo "ralo da pia. O presente trabalho visa apresentar uma das primeiras experiências de gerenciamento do procedimento de coleta e armazenamento de resíduos do laboratório de solos da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). 2284

METODOLOGIA O projeto de programa de gerenciamento de resíduos químicos gerados nos laboratórios de análise de amostras de solos inclui diversas atividades dentre estas destacam-se: i) realização de seminários internos para a sensibilização e conscientização dos funcionários da importância do programa; ii) levantamento da quantidade e tipo de resíduo gerado, bem como da fonte geradora (etapa no procedimento de análise); iii) recolhimento no laboratório, após testes de incompatibilidade, dos iv) resíduos gerados de forma individual (responsabilidade objetiva); desenvolvimento de procedimentos para tratamento, no laboratórios, dos resíduos já recolhidos; v) elaboração de um cronograma de retirada, por parte da prefeitura de campus, da escória do resíduos após tratamento. DISCUSSÃO Os resíduos gerados no laboratório durante as análises são recolhidos por meio dos procedimentos detalhados abaixo: Diariamente cada usuário recolherá os resíduos gerados por meio de suas análises laboratoriais. O recolhimento será feito em frascos de vidro de 5 L, sendo armazenados por um curto período de tempo no próprio laboratório. A definição de quantos frascos de coleta ficam disponíveis para cada usuário vai depender do volume de amostras analisadas por dia de trabalho. Deve-se sempre evitar a mistura de resíduos. Entretanto, quando for necessária, deve ser observada a compatibilidade química entre as substâncias misturadas, que devem ser listadas no próprio frasco e/ou em arquivos apropriados. A mistura em um mesmo frasco deve ser feita pelo próprio responsável pela geração daquele resíduo, já que é necessário o conhecimento da possível incompatibilidade entre eles. Ver detalhes http//phyichem.ox.ac.uk/msds/incompatibles.html. Cada frasco de coleta de resíduos deve ser devidamente identificado por meio de símbolos (por ex., caveira), de forma a ser facilmente identificado o grau de periculosidade do conteúdo do recipiente que, por sua vez, não deverá ser armazenado em lugares altos e nem ficar exposto próximo a bancadas. Os rótulos dos frascos devem identificar o responsável, a data e o tipo de análise que levou à geração de tal resíduo. Estes frascos podem ser usados para coleta de resíduos de um mesmo usuário ou por vários usuários que estejam realizando um mesmo trabalho, por exemplo uma mesma análise. De acordo com GRIST (1995) a rotulagem e a marcação de recipientes que contenham substâncias químicas, por intermédio de símbolos e textos de avisos, são precauções essenciais de segurança. Os rótulos ou etiquetas aplicados sobre uma embalagem devem conter em seu texto as informações que sejam necessárias para que o produto ali contido seja tratado com toda a segurança possível. Os dados que devem conter em um determinado rótulo podem ser exemplificados: i) o nome do produto; ii) a concentração; iii) os cuidados, iv) os antídotos e v) as incompatibilidades. Já durante o armazenamento deve-se considerar: i) as incompatibilidades entre os 2285

materiais armazenados, principalmente nos almoxarifados, ii) o sistema de ventilação, iii) a sinalização correta e iv) a disponibilidade de EPI e EPC, bem como a separação da área administrativa da área técnica e da armazenagem. Com relação a estocagem, as recomendações envolvem as seguintes premissas: 1.Estocar em área bem ventilada protegida de extremos de temperatura e fontes de ignição; 2.Assegurar que as substâncias químicas não serão manipuladas por pessoas não autorizadas; 3.Inspecionar o estoque de tempos em tempos e retire as substâncias vencidas e em deterioração;4.subdividir o estoque em classes para reduzir os riscos (ácidos c/ ácidos, bases c/ bases e etc.); 5.Não fumar onde substâncias químicas estão estocadas; 6.Transportar com cuidado embalagens com resíduos perigosos; 7.Identificar toda e qualquer embalagem com produto químico produzido. No laboratório começou a existir um acúmulo de frascos de resíduos individuais (capacidade de 5L) havendo, portanto, a necessidade de uma mistura destes resíduos em bombonas de polietileno de alta densidade com capacidade para 50L. De acordo com ARMOUR (1991) além das normas de segurança (como local adequado, boa sinalização, dentre outros) os recipientes para coleta de resíduos não podem ultrapassar a marca de 80% de sua capacidade, evitando com isto, transbordamentos causados por expansões daquela respectiva mistura. Visando minimizar o problema de geração e acúmulo dos resíduos no laboratório de solos, foi adotada a regra da responsabilidade objetiva, descrita por JARDIM (1998), ou seja, quem gerou o resíduo é responsável pelo mesmo. Para isto, será criado um programa-piloto de gerenciamento de resíduos que prevê palestras internas sobre gestão ambiental, a importância do uso de equipamentos de proteção individual e informações sobre manuseio e descarte de resíduos. Os resíduos químicos também podem ser classificados como resíduos de processo ou descarte de materiais químicos comerciais. Esta distinção é importante na rotulagem. Um resíduo de processo é aquele que em virtude de algum uso, processo ou procedimento, não atende as especificações originais do fabricante. Exemplos: efluentes de colunas cromatográficas, produtos diluídos, misturas reacionais, papéis contaminados, etc. Um produto comercial (nunca processado) deve ser descartado no frasco original. Exemplos: pequenos frascos de produtos antigos nunca utilizados de laboratórios, áreas de serviço, etc. Mesmo que um resíduo de laboratório não se enquadre em nenhuma destas classes ou esteja listado nas tabelas deve haver regras específicas de descarte definidas no âmbito da própria instituição. É prática perigosa utilizar frasco de um produto rotulado para guardar qualquer outro diferente ou colocar nova etiqueta sobre a antiga. Isto pode causar um grave acidente. Quando encontrar uma embalagem sem rótulo, não tente adivinhar o que há em seu interior. Se não houver possibilidade de identificação, descarte o produto, levando-se em consideração os procedimentos/normas de segurança. Maiores informações no site http://msds.pdc.cornell.edu/msds/hazcom/ ou http://www.ilpi.com/msds/index.chtml/. CONCLUSÃO A principal contribuição deste trabalho, além de relatar uma experiência de controle ambiental que poderá ser reproduzida por outros grupos de pesquisa, foi a de 2286

encontrar as relações existentes entre a química ambiental que se ensina na sala de aula e a química que é praticada no dia-a-dia dos laboratórios de ensino e/ou pesquisa. BIBLIOGRAFIA ARMOUR, M. A. Hazardous Laboratory Chemicals Disposal Guide. Boca Raton: CRC Press. 1991. 360p. GRIST, N.R. Manual de Biosegurança para o Laboratório. 2 a Paulo:Liv.Santos, 1995. 125p. Ed. São JARDIM, W. F. Gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios de ensino e pesquisa. Quim. Nova. São Paulo, 21(5):671-673, 1998. LUNN, G., SANSONE, E. B. Destruction of hazardous chemicals in the laboratory. New York: John Wiley & Sons. 1990. 269p. MANAHAN, S. E. Fundamentals of Environmental Chemistry. Lewis Publishers. Flórida, 1993. 844p. 2287

ABSTRACT: The generation of chemical residues in research laboratories is constant and a serious concern which is becoming common in the teaching institution, and several Brazilian Universities have recently made efforts in this sense. Aiming to discuss the matter, this work presents a tentative of the management program of the residues generated in soils laboratories of the Laboratory of the Soil Nucleus of the Stadual University of Maranhão (UEMA). This first experimental procedure integrates a general management program which should be established on chemical analysis laboratories at the Stadual University of Maranhão. Key words: chemical residues, laboratory, management. 2288