No dia 23 de Maio de 2006, realizou-se o 50º Aniversário da Escola de Tropas Pára-quedistas (Tancos) constituindo um dos eventos mais relevantes das Comemorações do Cinquentenário. A cerimónia contou com a presença de altas entidades das Forças Armadas, sendo presidida por Sua Excelência o General Chefe do Estado-Maior do Exército, General Luís Valença Pinto. De referir, que também esteve presente Sua Excelência o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General Manuel José Taveira Martins o que muito honrou as Tropas Pára-quedistas, em particular, os milhares de ex-militares pára-quedistas que, assistindo às cerimónias, recordaram que estas Tropas foram criadas no seio da Força Aérea e dela fizeram parte durante cerca de 40 anos. As cerimónias militares tiveram lugar na parada Alferes Mota da Costa. As forças em parada, sob o comando do 2º Comandante da Unidade, Tenente-Coronel Pára Jorge Prazeres, integravam as subunidades da ETP e representantes das subunidades pára-quedistas da nova Brigada de Reacção Rápida.
Para recordar algumas emoções associadas à saída de uma aeronave, a Torre Americana esteve disponível durante a tarde para os mais arrojados. No famoso pinhal do Batalhão de Instrução estiveram como sempre aqueles que, com os seus petiscos, permitiram a confraternização até ao por do sol. «Cerimónia do Dia da ETP» 23 de Maio de 2006 PROGRAMA 08H00 Alvorada Festiva (Fanfarra); 08H30 Içar da Bandeira Nacional; 08H40 Missa de Acção de Graças/Memória dos nossos Mortos; 09H15 Homenagem dos Ex-Páras junto ao Monumento aos Mortos em Combate; 09H30 Chegada dos Convidados; 10H00 Guarda de Honra à Entidade que preside à Cerimónia; 10H30 Cerimónia Militar; Apresentação das Forças em parada à Entidade que preside à Cerimónia; Integração do Estandarte Nacional; Homenagem aos Mortos; Alocução do Ex. mo Comandante da ETP; Leitura da mensagem de sua Ex.ª o CEME; Entrega de Condecorações; Rendição do Porta-Estandarte Nacional da ETP; Desfile das Forças em Parada; 11H30 Apresentação de Delegações das Associações de antigos Pára-quedistas; Entrega de Grifos de Honra; 11H45 Demonstração de Actividades da ETP; 12H00 Exposição no Pavilhão Gimnodesportivo; 12H30 Almoço de Confraternização; 14H30 Actividades Diversas na ETP; 17H00 Fim das actividades. Alocução proferida pelo Exº Comandante da Escola de Tropas Pára-quedistas ( Coronel Infª Pára-quedista Carlos Perestrelo ) Exº Sr General Luís Valença Pinto - Chefe do Estado-Maior do Exército, meu general, a presença de Vª Exª, presidindo às cerimónias do 50º Aniversário da Escola de Tropas Pára-quedistas é motivo de particular regozijo para todos quantos servem nesta unidade, constituindo uma inequívoca demonstração do interesse de Vª Exª pela
evocação de um dos momentos mais significativos da história das Tropas Páraquedistas. Exº Sr General Manuel José Taveira Martins - Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, receber Vª Exª nesta escola de tropas, que durante cerca de 40 anos, fez parte da estrutura de unidades territoriais da Força Aérea Portuguesa, é necessáriamente motivo de grande orgulho para todos aqueles que nesta casa receberam a sua formação. Exº Sr Major-General Eduardo Manuel de Lima Pinto - Comandante das Tropas Páraquedistas e da Brigada de Reacção Rápida, a presença de Vª Exª como Comandante, demonstra a continuidade de um incondicional apoio, absolutamente necessário para o cabal cumprimento das missões que nos estão superiormente cometidas. Exº Sr Dr Vitor Martins Arnault Pombeiro - Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, o nosso sincero agradecimento pela presença de Vª Exª nesta cerimónia, que materializa a estreita e profícua colaboração, que tem pautado o relacionamento desta unidade militar com os órgãos do poder local, da região a que nos orgulhamos de pertencer. Excelentíssimos senhores oficiais generais, excelentíssimos convidados, minhas senhoras e meus senhores, militares e funcionários civis da Escola de Tropas Páraquedistas, camaradas pára-quedistas, comemoramos hoje uma data relevante da nossa existência. Uma história de meio século, onde os militares e civis desta Escola, herdeira das tradições do BCP, do RCP, da BETP e recentemente da ETAT, muito contribuíram com o seu trabalho e a sua dedicação para tornarem esta unidade como um símbolo prestigiado da cultura militar. Recordamos hoje o dia 23 de maio de 1956, data da inauguração do aquartelamento do Batalhão de Caçadores Pára-quedistas em Tancos, em cerimónia presidida pelo então Subsecretário de Estado da Aeronáutica, Tenente-Coronel Kaúlza de Arriaga, a cuja memória prestamos mais uma vez uma sentida homenagem. Não podemos deixar de recordar os nossos pioneiros e as nossas enfermeiras que sendo as primeiras mulheres a servir nas Forças Armadas tiveram uma dedicação inexcedível nos diversos teatros de operações. Ao longo dos tempos esta unidade tem vindo a assegurar algumas missões essenciais para as tropas pára-quedistas, sendo responsável pela formação dos seus militares, segundo padrões de exigência que se foram ajustando às novas realidades. Tão nobre missão conferiu a esta unidade, merecidamente, o estatuto de Casa-Mãe de todos os pára-quedistas, orgulhando-se de ter formado até hoje mais de 44.000 que aqui fizeram a sua opção de servir Portugal envergando uma Bóina Verde. A presença nesta cerimónia de tantos pára-quedistas do passado e do presente é bem exemplo dos laços de camaradagem, espírito de corpo e espírito de missão que nesta Escola são consolidados. Nesta unidade continuam a ser forjadas as virtudes militares representando um santuário onde são conservadas as tradições gloriosas de 50 anos de pára-quedismo militar. As nossas Associações de Pára-quedistas merecem hoje uma evocação especial com os mais rasgados elogios por servirem de veículo de informação privilegiado para aqueles que por opção decidem vir saltar connosco. Meu General, digníssimos convidados, camaradas, o dia de hoje, além de festivo, cumpre que seja de reflexão, fazendo um balanço retrospectivo da actividade desenvolvida durante o ano e perspectivar o futuro. Realçamos alguns dos aspectos mais marcantes para esta unidade no âmbito das suas componentes principais da nossa missão: a instrução e o treino operacional Com um calendário de instrução muito intenso, executaram-se 20 cursos terrestres e 39 aeroterrestres com um total de 1744 instruendos obtendo-se um aproveitamento
de cerca 80%. Qualificaram-se 462 pára-quedistas, efectuaram-se 10345 saltos de abertura automática e 3035 saltos de abertura manual, lançaram-se mais de 50.000 libras de cargas nas aeronaves de transporte aéreo táctico da Força Aérea. Estes números demonstram que no universo das actividades que aqui se desenvolvem, fazemos sempre o melhor para bem servir a nossa instituição militar. Cabe realçar que a formação aeroterrestre é fundamental para a continuidade das actividades relacionadas com o salto em pára-quedas, constituindo uma das especificidades características desta Escola. Na instrução mais especializada, como por exemplo os instrutores de pára-quedismo, os precursores, os saltadores operacionais de grande altitude e os instrutores de queda-livre a formação é muito exigente e as dificuldades na obtenção de quadros devidamente qualificados não permitem manter os níveis de proficiência desejáveis. As restrições financeiras têm tido os seus reflexos nos prazos estipulados para se proceder à renovação de equipamentos e na diminuição das horas de vôo necessárias para garantir a obtenção e manutenção das qualificações aeroterrestres. Relevamos ainda as profundas alterações que estão a ser implementadas no sistema de instrução do Exército. A importância e dimensão destas mudanças e o nível de ambição que lhes está subjacente, a par do processo de transformação que está em curso no Exército, conferem a esta matéria um estatuto de prioridade. No âmbito do treino operacional e não menos relevante, é a nossa missão de assegurar o apoio técnico aeroterrestre, prioritáriamente à nossa Brigada de Reacção Rápida e, quando necessário, a outras unidades do Ramo e das Forças Armadas. Merece que seja sublinhado o esforço inicialmente encetado pelo Comando do Exército no sentido de reestruturar o Batalhão Aeroterrestre da Brigada de Reacção Rápida, com o objectivo de proporcionar as condições adequadas para um bom reequipamento e melhoria dos seus níveis de operacionalidade. Cabe-nos também através da Companhia de Abastecimento Aéreo do Batalhão Aeroterrestre, sublinhar o contributo muito importante na actividade de lançamento de carga aérea, conduzido pelas esquadras de transporte aéreo táctico da Força Aérea. Estando hoje aqui presente, Sua Exª o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, não podemos deixar aqui de relevar a extraordinária relação com este Ramo das Forças Armadas, que em muito ultrapassa os aspectos meramente funcionais e que fruto de uma actuação conjunta, alicerçada em anos de estreita cooperação, nos tem permitido cumprir alguns requisitos de treino aeroterrestre, independentemente das dificuldades associadas ao actual quadro de contenção orçamental. Meu General, digníssimos convidados, camaradas, gostaríamos de realçar algumas actividades que se desenvolveram no último ano e que merecem ser aqui referidas, atendendo à sua importância: A excelente prestação auferida pela equipa representante da nossa Escola no 26º Challenge entre Escolas de Pára-quedismo Militar Europeias, que se realizou aqui em Tancos. Portugal, como um dos membros fundadores desta competição em 1980, nunca deixou de participar e obteve um extraordinário 1ºlugar, com excelentes resultados ao nível individual, que representam seguramente uma das melhores representações nacionais de sempre. Referimos com orgulho que também vencemos esta competição em 1986 (Alcantarilha Espanha) e 1987 (Brize Norton Inglaterra). Com o troféu actualmente na nossa posse, vamos deslocar-nos em meados de Junho a Pau-França, para tentar dar continuidade a estes bons desempenhos. A participação anual de uma força de precursores num exercício na região de Valladolid em Espanha, tem sido fundamental para garantir o treino operacional necessário para esta subunidade do Batalhão Aeroterrestre. Este exercício terminou na passada semana e executaram-se 32 saltos de queda-livre operacional, 9 dos quais
com recurso a oxigénio e em conjunto com outras unidades congéneres da NATO efectuaram o seu treino avançado de infiltração a muito grande altitude. Considerando as dificuldades da actualidade para a execução deste tipo de exercícios no território nacional, é absolutamente vital dar continuidade a esta cooperação. De salientar também, a campanha extremamente activa no âmbito da divulgação e imagem que nos tem permitido com os meios que são tradicionais nas nossas tropas, como sejam a Fanfarra e os Cães, desenvolver, com dedicação e espírito de sacrifício, actividades em consonância com os esforços encetados pela Direcção de Recrutamento do Exército, dando resposta aos desafios impostos pela mudança no sistema de obtenção dos recursos humanos; Meu General, digníssimos convidados, camaradas, o dia de hoje é também particularmente importante pelo facto de estarem entre nós, representantes da Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Espanha, França, Grécia, Hungria, Itália e Polónia que participam no 16º Congresso da União Europeia de Pára-quedistas que se está a realizar este ano em Portugal. Um agradecimento muito especial a todos vós. Homenageamos também os nossos ciclistas peregrinos que no passado dia 14, partiram do nosso glorioso monumento junto à porta d armas desta Escola rumo ao estado do Vaticano, para anunciarem o nosso aniversário e receberem a benção de Sua Santidade o Papa. Não poderíamos deixar de referir, que vamos sempre recordar com alguma emoção, a participação neste 50º aniversário das Esquadras 501 e 502 da Força Aérea, que com as suas aeronaves C-130 Hércules e C-212 Aviocar se associaram a todos os páraquedistas de uma forma muito solene durante a cerimónia de evocação aos nossos mortos. Bem hajam. Meu General, digníssimos convidados, camaradas, termino com um tributo ao passado, àqueles homens e mulheres que deram a esta instituição o carácter que a diferencia, aos que edificaram o património que nos enche a alma de orgulho. A nossa homenagem às gerações ilustres que criaram os laços necessários para a garantia da coesão, que fazem com que o militar pára-quedista aplique no seu dia-a-dia o lema de Um por Todos e Todos por Um, fazendo com que aqueles que conquistaram o direito a envergar uma Bóina-Verde, ao longo da sua vida, continuem indelevelmente ligados a esta Escola e aos valores que aqui cultivamos. Saibamos nós, dignos representantes das Tropas Pára-quedistas, honrar hoje e no futuro, o passado que nos foi legado e que com todo o orgulho, possamos unir os esforços no cumprimento do objectivo comum de assegurar os voluntários que garantirão o fluxo de sangue novo que perpetuará esta instituição. Como é apanágio da condição militar tudo faremos para que as tropas formadas nesta casa, estejam preparadas para dar a resposta exigida pelo Exército e por Portugal, fazendo jus ao nosso lema Que Nunca por Vencidos se Conheçam. Disse! Em nome das Tropas Pára-quedistas Obrigado ao Exército e à Força Aérea em geral e a todos aqueles que se associaram às nossas comemorações demonstrando um apoio incondicional para com aqueles que serviram e servem nas nossas fileiras.
Aos mais de 44000 pára-quedistas que pertencem a esta grandiosa família, um agradecimento muito especial por terem um dia tomado a decisão de vir saltar connosco. Bem hajam.