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O Macaqueiro Ano XV Nº 69 Jan/Fev de 2015 Tefé (AM) Brasil ISSN 2317-4587 André Dib A caminho de casa Em dia de festa, seis peixes-boi reabilitados são devolvidos à natureza na Amazônia

Nesta edição Luna, um dos peixes-boi devolvidos ao ambiente natural Sônia Vill Fato Pesquisa analisa escolhas subjetivas e estratégias de produção na economia ribeirinha 03 Produzimos Conheça as novas publicações do Instituto Mamirauá 04 A palavra é... Forrageiras 05 Projeto Instituto Mamirauá disponibiliza jogos didáticos de Educação Ambiental para download 06 Reportagem especial Em dia de festa, seis peixes-boi reabilitados são devolvidos à natureza na Amazônia 08 Aconteceu Confira alguns dos nossos destaques 13 Pesquisa Cheia interfere na temporada reprodutiva dos jacarés 14 Retrato 16 Expediente Expediente O Macaqueiro é uma publicação do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social e unidade de pesquisa fomentada e supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Distribuição gratuita. Jornalista responsável: Eunice Venturi (SC01964-JP). Edição: Eunice Venturi. Textos: 2 O Amanda macaqueiro Lelis, Eunice Ano Venturi XIV e Vanessa nº 66 Eyng. Julho/Agosto Revisão: Danielle Bambace. 2014 Projeto Gráfico: W5. Impressão: Gráfica Ampla. Tiragem: 1.200 exemplares. Contatos: Estrada do Bexiga, 2.584. Cx. Postal: 38 - Bairro: Fonte Boa - CEP: 69553-225. Tefé (AM) / Tel.+55 (97) 3343-9780 - ascom@mamiraua.org.br - www.mamiraua.org.br

Fato Pesquisa analisa escolhas subjetivas e estratégias de produção na economia ribeirinha Por Vanessa Eyng Aeconomia das comunidades ribeirinhas na várzea amazônica dialoga com dinâmicas de produção, consumo e sazonalidade do nível dos rios. Os núcleos familiares constroem aquelas dinâmicas a partir de suas escolhas estratégicas, analisando os riscos e as necessidades para manter o grupo, principalmente em atividades de pesca e de agricultura. Para compreender melhor esses processos, o Instituto Mamirauá desenvolve pesquisa sobre o tema. Alex Coelho, do Grupo de Pesquisa em Organização Social do Instituto Mamirauá, explica que dados qualitativos foram coletados em 23 domicílios nas comunidades Araçari, Terra Nova, Monte Cristo, Batalha de Baixo e Bela Vista do Batalha, todas na Reserva Mamirauá. A partir disso, o pesquisador buscou compreender como as famílias escolhem as atividades econômicas que vão desenvolver e com qual empenho as realizarão. O trabalho que a família desempenha tem o objetivo de garantir a subsistência do grupo. Parte do que o grupo necessita vem da produção obtida em atividades de pesca e agricultura, a outra parte é composta de itens básicos como açúcar, café, sabão e de itens duráveis, os bens de patrimônio, como uma segunda casa na cidade, motor rabeta, TV, entre outros, que o domicílio adquire no mercado, por meio de ingressos monetários, mostra Alex. Na economia destas famílias, cuja orientação é camponesa, uma característica marcante é a diver- sidade de estratégias econômicas e de produção dos grupos, que são pautadas em escolhas subjetivas, norteadas por uma racionalidade econômica ribeirinha. Essas escolhas envolvem a avaliação de diferentes aspectos, cujos pesos podem variar, sempre objetivando diminuir os riscos à subsistência. Outro aspecto que influencia na tomada de decisão é a experiência econômica do ano anterior. A produção de farinha está entre as atividades realizadas por grande parte das comunidades Entender as atividades econômicas e as escolhas estratégicas requer atenção a estas diversas possibilidades. O que motiva as estratégias produtivas e as escolhas das atividades a serem desempenhadas não é apenas o preço da produção no mercado, mas também o esforço empregado pelo grupo para garantir a produção e a disponibilidade de força de trabalho e de recursos naturais disponíveis, conclui o pesquisador. Sônia Vill Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá 3

Produzimos Confira as últimas produções científicas e técnicas do Instituto Mamirauá Edição de Amanda Lelis Índice de Antropização Foi publicado no volume 48 do periódico internacional Ecological Indicators, de janeiro de 2015, o artigo Development of a Flooded Forest Anthropization Index (FFAI) applied to Amazonian areas under pressure from different human activities. O artigo apresenta o Índice de Antropização de Florestas Inundáveis, capaz de quantificar e qualificar o grau de impacto humano nesse tipo de ambiente. Mensurar o grau de pressão antrópica sobre estas áreas pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias de conservação. O artigo é assinado por José Leonardo Lima Magalhães, Maria Aparecida Lopes e Helder Lima de Queiroz. Renato Mangolim Congresso Colombiano de Zoologia Oito pesquisadores do Instituto Mamirauá apresentaram resultados de pesquisas no IV Congresso Colombiano de Zoologia, realizado de 01 a 05 de dezembro em Cartagena, na Colômbia. Com o slogan La biodiversidad sensible, un patrimonio natural irreemplazable, o evento reuniu cerca de três mil especialistas de diversas áreas para seminários, palestras e fóruns em torno de diferentes temas sobre diversidade animal e novos enfoques para o manejo e conservação de espécies. Como parte da programação do Congresso, aconteceu também o Congresso Latino-americano de Herpetologia e a décima edição do Congresso da Sociedade Latino-americana de Especialistas em Mamíferos Aquáticos (Solamac). Quelônios Um dos trabalhos apresentados na Colômbia foi o da pesquisadora Ana Júlia Lenz, sobre as experiências de monitoramento de quelônios aquáticos na região do Médio Solimões (AM). Três linhas de pesquisa estão inseridas no Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios: ecologia reprodutiva, monitoramento populacional e conservação comunitária. As pesquisas são realizadas com foco em três espécies, as Tartarugas-da-Amazônia, Tracajás e Iaçás, a fim de avaliar o status populacional desses animais na Reserva Mamirauá e também caracterizar aspectos da sua ecologia reprodutiva. Além dessas pesquisas, o Instituto também trabalha junto às comunidades ribeirinhas, incentivando a conservação comunitária das áreas de desova dessas espécies. Amanda Lelis Sônia Vill Congresso Latino-americano de Herpetologia A pesquisadora Thais Morcatty apresentou estudo de comparação de metodologias para captura de jabutis na Amazônia no evento realizado na Colômbia. Por ser uma espécie com grande ocorrência de caça e também pelos impactos de perda de habitat, o jabuti amazônico é classificado como vulnerável à extinção pela lista vermelha da International Union for Conservation of Nature (IUCN). Para conhecer estas publicações, acesse a área de Publicações do site do Instituto Mamirauá em www.mamiraua.org.br/publicacoes. Boa leitura! 4 O macaqueiro Ano XV nº 69 JANEIRO/FEVEREIRO 2015

Opinião A palavra é... Forrageiras Plantas forrageiras são aquelas usadas como alimento volumoso úmido, caracterizado pelo baixo teor energético e alto teor de fibras. As forrageiras são a base alimentar de vários animais domésticos e selvagens e podem ser compostas por diversas famílias de plantas. As mais conhecidas na criação de animais domésticos são as gramíneas (Poaceae) e as leguminosas (Fabaceae). O Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá vem realizando assessoria técnica a criadores de gado bovino e bubalino na Reserva Amanã desde 2012 e, de lá pra cá, vem construindo junto com os criadores os conhecimentos sobre a produção destes animais na região. A criação de bois e búfalos esbarra em uma série de questões sociais, econômicas, culturais e ambientais e grande parte delas está relacionada à alimentação destes animais. A conversão de áreas para produção de pastagem e a produtividade do rebanho são exemplos disso. A boa notícia é que, da mesma forma como a alimentação pode levar a problemas, ela também pode ser a solução. Uma dieta em quantidade e qualidade adequada ajuda a garantir bons rendimentos ao produtor, assim como pode diminuir a pressão sob áreas de floresta, quando manejadas de forma eficiente. Para contribuir com essas soluções, o Instituto Mamirauá inicia uma pesquisa com as forrageiras disponíveis na região do Amanã, envolvendo os próprios criadores na caracterização dessas plantas. Em outras etapas, as plantas passarão por identificação botânica e algumas serão selecionadas para avaliação agronômica, definindo sua produtividade e qualidade nutricional. Espera-se com isso, ampliar os conhecimentos sobre os alimentos disponíveis na região e assim contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos moradores da Reserva com responsabilidade ambiental. Amanda Lelis Uma dieta em quantidade e qualidade adequada, para a criação de bovinos e bubalinos, ajuda a garantir bons rendimentos ao produtor, assim como pode diminuir a pressão sob áreas de floresta, quando manejadas de forma eficiente. Paula Araújo Veterinária do Programa de Manejo de Agroecossistemas Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá 5

Projeto Instituto Mamirauá disponibiliza jogos didáticos e infográficos interativos de educação ambiental Por Amanda Lelis Conhecer, respeitar e contribuir para a conservação da natureza. Essas são algumas das lições ensinadas pelas equipes que trabalham em prol da educação ambiental. Fazer com que grupos de realidades e faixas etárias distintas apreendam esses e outros conhecimentos pode não ser tarefa fácil. A equipe do Instituto Mamirauá encontrou uma maneira leve e divertida de desenvolver esse trabalho: brincando. Foram produzidos jogos didáticos e infográficos interativos para auxiliar nas atividades com escolas e comunitários. Os jogos estão agora disponíveis para download gratuito no site do Instituto Mamirauá. O jogo é uma ferramenta que possibilita trabalharmos diversos conceitos, de forma participativa, interativa e dinâmica. O conteúdo tem o objetivo de difundir o conhecimento sobre a região amazônica, fauna e flora, a importância da conservação, entre outros assuntos, afirma Claudioney Guimarães, educador ambiental do Instituto Mamirauá. Foram disponibilizados para download cinco jogos, que trazem informações sobre a região amazônica, manejo florestal, sistemas agroecológicos, e espécies da fauna e flora encontradas na região. Os jogos são utilizados pelo Instituto em grande formato, de maneira que os Everson Tavares A Trilha Ecológica é um dos jogos disponibilizados pelo Instituto. No formato de um tabuleiro gigante, o jogo envolve os participantes 6 O macaqueiro Ano XV nº 69 JANEIRO/FEVEREIRO 2015

participantes possam interagir com as atividades. Na versão para download, os educadores e interessados podem baixar o arquivo em PDF em formato reduzido (A3), e imprimir. Os infográficos interativos trazem informações sobre aves, mamíferos aquáticos e os vertebrados terrestres das Reservas Mamirauá e Amanã. Outro material traz conteúdo sobre os ecossistemas da Amazônia, os benefícios da floresta, as florestas tropicais e os tipos de rios amazônicos. Os jogos do Mamirauá A Trilha Ecológica é um desses jogos. No formato de tabuleiro, ela aborda aspectos relacionados ao cuidado com o meio ambiente, informações sobre a água e o uso sustentável das florestas. Durante o jogo, os participantes aprendem as principais características de florestas de várzea, produtos florestais madeireiros e não madeireiros, manejo participativo e outros assuntos. Também estão disponíveis três jogos da memória. O Jogo da memória Interações entre animais e a floresta é um painel, que possibilita o exercício de memorização com imagens e textos informativos. O Jogo da memória Fauna e Flora das Reservas Mamirauá e Amanã traz 20 imagens, com nome popular e científico de alguns animais e plantas encontrados nas Reservas. O Jogo quebra-cabeça Sistema Agroecológico traz uma imagem informativa sobre um sistema agroecológico, caracterizando e definindo as diferentes formas de uso do solo em uma propriedade que se utiliza do sistema. O jogo de erros e acertos apresenta iniciativas em prol da conservação e outras, contrárias à conservação ambiental. A brincadeira é fazer com que os participantes reflitam, comentem e discutam sobre as ilustrações apontadas. Nossa proposta é disponibilizar informações relevantes sobre MAMIRAUÁ ONLINE Acesse a área de educação ambiental do Projeto BioREC e conheça essas ferramentas em www.mamiraua.org.br/ biorec-ea conservação ambiental, para que as pessoas conheçam a Amazônia num contexto geral, enquanto bioma, bacia hidrográfica, e também apresentar o que são Reservas de Desenvolvimento Sustentável, manejo sustentável, entre outros assuntos, reforçou Claudioney. Além dos jogos educativos, também foram publicados no site infográficos dentro dessa temática. Os materiais podem ser utilizados por educadores, como apoio às aulas e às atividades de educação ambiental. Estas ações fazem parte do projeto Participação e Sustentabilidade: o Uso Adequado da Biodiversidade e a Redução das Emissões de Carbono nas Florestas da Amazônia Central BioREC, desenvolvido pelo Instituto Mamirauá com financiamento do Fundo Amazônia. Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá 7

Reportagem especial A caminho de casa Por Amanda Lelis Em dia de festa, seis peixes-boi reabilitados são devolvidos à natureza na Amazônia Eram cinco da manhã quando a equipe do Instituto Mamirauá iniciou o trabalho, no domingo de sol e chuva, 11 de janeiro. Equipamentos e materiais postos na voadeira rumo ao Centro de Reabilitação de Peixe-Boi Amazônico de Base Comunitária, o Centrinho. A missão: devolver à natureza seis peixes-boi amazônicos que estavam em processo de reabilitação. Os animais foram soltos no Lago Arati, em frente à comunidade Vila Nova do Amanã, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, município de Maraã (AM). Todos os animais chegaram ao Centrinho com poucos meses de vida, após se perderem das mães, em decorrência de acidentes como emalhes em redes de pesca ou pela caça. A ideia do Centrinho é reabilitar esses animais no menor tempo possível, o tempo em que eles permaneceriam com a mãe, sendo amamentados e aprendendo uma série de coisas, como o deslocamento por rotas migratórias. Uma vez que os animais já ganharam peso, comprimento e estão saudáveis, nós soltamos em ambiente natural para que eles se reintegrem com a população nativa. Assim, eles deixam de ser cativos e passam a contribuir para geração de novos filhotes. Na natureza eles contribuem com a população em geral, afirma Miriam Marmontel, pesquisadora do Instituto Mamirauá. 8 O macaqueiro Ano XV nº 69 JANEIRO/FEVEREIRO 2015

Amanda Lelis André Dib Na sexta-feira, dia 9, foi adaptado à cauda um cinto equipado com transmissor de sinais de rádio. Os animais foram deslocados de voadeira, do Centrinho até o Lago Arati, acompanhados da equipe de especialistas do Instituto Mamirauá. Para que o desgaste fosse menor durante o translado, que durou cerca de 30 minutos, os peixes-boi foram molhados constantemente e cobertos com uma toalha úmida. Esse cuidado contribuiu para manter a pele do animal hidratada e conservar sua temperatura corporal estável. Além disso, os veterinários monitoravam a respiração dos peixes-boi durante o trajeto. Foram três viagens até que os seis peixes-boi fossem soltos no lago. Os cintos instalados nos animais emitem um sinal que permite aos pesquisadores acompanharem o deslocamento de cada peixe-boi Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá 9

André Dib Reportagem especial No centrinho, é feita medição e pesagem frequentemente, parte do acompanhamento do estado clínico dos animais No Centrinho, os animais foram acompanhados por uma equipe formada por veterinários, biólogos, educadores ambientais e técnicos, além dos comunitários que também participam e contribuem para os cuidados. Desde a chegada no Centrinho, é acompanhado o estado clínico dos animais e verificada a necessidade de cuidados especiais, no caso de ferimentos, desidratação ou doenças. Com a soltura desses seis peixes-boi ao ambiente natural, o Centrinho passa a cuidar de apenas dois filhotes fêmeas. Dia de festa Comunitários da Reserva Amanã participaram da soltura. Durante o dia foram realizadas atividades nas comunidades Vila Nova do Amanã e Boa Esperança, com participação dos moradores dessas e outras comunidades da reserva. O Instituto organizou concursos de poesia e desenho sobre a soltura dos animais com as escolas das comunidades. O anúncio dos primeiros lugares foi feito durante a celebração e os autores dos melhores trabalhos receberam um peixe-boi de pelúcia. O envolvimento comunitário tanto na reabilitação dos animais, quanto no monitoramento depois que eles são soltos, tem permitido que a caça comece a diminuir e que as pessoas adquiram uma apreciação pela espécie, reforça Miriam. Estamos trabalhando para ter nossa área mais preservada, mais cuidada. Meu pai era caçador de peixe-boi, foi criado naquele costume. Não teve informação como a gente, uma formação para entender que se não cuidar, pode ficar pior. Hoje a gente tem consciência que no futuro a conservação vai ter 10 O macaqueiro Ano XV nº 69 JANEIRO/FEVEREIRO 2015

Comunitários da Reserva Amanã acompanharam a soltura Criança observa o animal que sobe à superfície para respirar, agora em ambiente natural Amanda Lelis Amanda Lelis Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá 11

Reportagem especial Amanda Lelis um impacto muito grande na continuidade do nosso trabalho, disse Josué Tavares Moraes, da comunidade Boa Esperança. Monitoramento Esse foi o terceiro evento de soltura de peixes-boi amazônicos reabilitados, realizado pelo Instituto Mamirauá. O último aconteceu em agosto de 2012. Na época, cinco peixes-boi foram devolvidos à natureza, sendo que quatro deles foram adaptados com cintos com radiotransmissores. Foram acompanhados durante cinco meses, até a perda de sinal do último peixe-boi monitorado. Cada cinto tem uma frequência única, então conseguimos acompanhar esses animais individualmente. É o momento de verificar se eles estão se adaptando bem ou não. Saber se estão fazendo a rota migratória, se estão em local rico em alimentação, se estão juntos ou não, se estão se deslocando ou se permaneceram parados em algum local, reforça Miriam. A radiotelemetria tem se mostrado uma importante ferramenta conservacionista, auxiliando na gestão e planejamento de unidades de conservação e também na elaboração de Planos de Ação Nacionais para a Conservação de Espécies Ameaçadas, por possibilitar estudos de uso de habitat, velocidade de deslocamento, rotas migratórias e outros aspectos do comportamento das espécies em vida livre. Com o monitoramento, vamos gerar uma série de informações sobre a espécie, que é pouco conhecida e que é considerada vulnerável à extinção e vamos observar o grau de sucesso desses animais de volta ao ambiente natural, reforça Miriam. Piti foi o primeiro peixe-boi a chegar no Centrinho e participou da primeira soltura. No entanto, não se adaptou ao ambiente natural e precisou ser recapturado, para impedir a contínua perda de peso observada na época pelos pesquisadores. Nessa nova soltura, espera-se que ele esteja mais adaptado ao ambiente e se desenvolva bem. O Centro de Reabilitação de Peixe-Boi Amazônico de Base Comunitária foi criado pelo Instituto Mamirauá em 2008, e é um criatório conservacionista autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama). Há 15 anos, antes da criação do Centrinho, o Instituto Mamirauá realizou a primeira soltura de um peixe-boi reabilitado da Amazônia. Após a soltura, os animais continuam sendo monitorados. Mas, dessa vez, por radiotelemetria 12 O macaqueiro Ano XV nº 69 JANEIRO/FEVEREIRO 2015

Aconteceu Medalha de honra A Câmara Municipal de Tefé (AM) concedeu a José Marcio Ayres a medalha de Honra ao Mérito Legislativo Monsenhor Barrat pelos trabalhos realizados na região. A homenagem in memorian foi concedida em evento realizado na noite de 16 de dezembro, em edifício que leva o seu nome, a Escola de Educação Profissional José Márcio Ayres Cetam. Dolly Sá, ouvidora do Instituto Mamirauá, recebeu a honraria representando a família do cientista paraense, que iniciou esforços de conservação na região e que levaram o Governo do Amazonas a criar a Reserva Mamirauá. Por Amanda Lelis Amanda Lelis Zoonoses Entre os dias 08 e 13 de dezembro aconteceu a campanha de castração de cães e gatos em Tefé (AM), apoiada pelo Instituto Mamirauá e realizada pela Associação de Proteção Animal de Tefé (APAT) em parceria com a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo (ANCLIVEPA/SP), Fórum Nacional de Defesa e Proteção Animal (FNDPA), Secretaria Municipal de Saúde de Tefé (SEMSA) e Exército. Durante a campanha, o Instituto Mamirauá coletou material biológico dos animais e aplicou um questionário socioeconômico aos donos dos animais. O objetivo é viabilizar uma pesquisa que visa estudar agentes infecciosos em roedores, morcegos e animais domésticos na cidade de Tefé (AM) e comunidades das Reservas Mamirauá e Amanã. Por Amanda Lelis Avaliação do manejo A equipe do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá esteve reunida com os grupos de manejadores para a avaliação do ano de 2014. As reuniões aconteceram entre 08 e 17 de dezembro em Tefé e na Reserva Amanã e entre 12 e 24 de janeiro na Reserva Mamirauá. A avaliação do manejo é importante, pois dá subsídios à produção do relatório anual que é encaminhado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério da Pesca e Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc). A partir desse relatório, é estabelecida a quota de pesca autorizada para cada grupo no próximo manejo. Por Amanda Lelis Transferência de gestão No dia 22 de janeiro foi realizada, na Vila Alencar, assembleia para discutir quem ficará com a propriedade e com a gestão da Pousada Uacari. Foi acertado que a Associação de Auxiliares e Guias de Ecoturismo de Mamirauá (Aagemam) será a gestora da atividade, enquanto a propriedade será compartilhada entre a Aagemam e as comunidades do setor Mamirauá. Atualmente, o Instituto compartilha a gestão da pousada com as comunidades locais. A proposta é que até 2022 esteja totalmente concluída a transferência. Participaram do encontro a equipe do Instituto Mamirauá, representantes do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc), equipe da Pousada Uacari e comunitários da Reserva Mamirauá. Oito, das dez comunidades do setor Mamirauá, estiveram presentes na reunião e participaram da tomada de decisão. Por Amanda Lelis Amanda Lelis Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá 13

Pesquisa Na Amazônia, nível elevado d`água interfere no desenvolvimento de ovos de jacarés Texto e fotos: Eunice Venturi ano de 2014 foi marcado por O uma seca atípica na Amazônia. O nível d`água não baixou como em anos anteriores e a chuva, que geralmente iniciava em novembro, começou em outubro. Esse início antecipado da chuva fez o nível d`água subir alagando ninhos de jacarés em regiões da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas. A constatação foi feita por pesquisadores do Instituto Mamirauá que monitoram os ninhos de jacarés desde 2007. Com isso, das oito áreas monitoradas na Reserva Mamirauá, em uma delas os pesquisadores encontraram corpos d água com até 40% dos ninhos alagados. A coloração preta dos ovos indica o apodrecimento dos mesmos. Nós já registramos, em anos anteriores, a alagação de ninhos, sobretudo nos ambientes do Aranapu, que é um setor da Reserva Mamirauá. Nessa área, os ninhos são colocados nos corpos d`água principais como canos e lagos, onde qualquer mudança da água é muito mais direta. Só que em 2014, o nível d`água não desceu tanto [vide gráfico 1] e começou a encher um pouco antes do normal, explicou Robinson Botero-Arias, pesquisador do Instituto Mamirauá. Segundo o pesquisador, a porcentagem de ninhos que estavam alagados foi maior do que em anos anteriores: No ano passado, nós monitoramos 347 ninhos na Reserva Mamirauá, sendo que mais de 50 foram perdidos pela alagação. Se a gente fizer um somatório geral na Ao se depararem com os ninhos, os pesquisadores realizam medição e pesagem dos ovos encontrados 14 O macaqueiro Ano XV nº 69 JANEIRO/FEVEREIRO 2015

área que abrange o estudo, na Reserva Mamirauá, 15% dos ninhos foram perdidos. Há lagos em que todos os ninhos foram inundados e todos os ovos perdidos. Com o objetivo de estudar a ecologia de nidificação dos jacarés, o Instituto Mamirauá monitora os ninhos desses animais. As fêmeas constroem os ninhos em pequenos montes de vegetação, localizados próximos à água, e passam a vigiá-los. Quando os pesquisadores encontram os ninhos sem a presença das mães, eles abrem esses ninhos, procurando pelos ovos. São registrados os dados de número total de ovos no ninho, bem como dados de peso, comprimento e largura. Entre dezembro e janeiro é a época de nascimento dos filhotes e os pesquisadores retornam aos ninhos para acompanhar o sucesso da eclosão e registrar quantos foram predados e quantos eclodiram. Na opinião do pesquisador, possivelmente o percentual de ninhos perdidos em 2014 não representa uma consequência imediata para a conservação de jacarés. Nós temos uma espécie muito abundante e as taxas de recrutamento [dos indivíduos que se inserem na população e são sexualmente ativos] são relativamente baixas. Cada ninho tem, em média, cerca de 40 ovos, portanto acreditamos que apenas um Monitoramento do nível d`água na Reserva Mamirauá de 2012 a 2014. O nível d`água no pico da cheia vem ficando menor ano após ano. m. a. n. m. 40 35 30 25 20 indivíduo vai chegar à vida adulta. Para um ano, talvez o efeito não seja tão negativo. Mas se isso tornar-se um padrão e começar a ocorrer ano após ano será necessário preocupar-se. Por enquanto, é um evento natural, já que temos uma população bastante saudável, bastante abundante, analisou Robinson. 2012 2013 2014 Fonte: Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - Banco de dados fluviométrico da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Acessado em 27/01/2015 - http:// mamiraua.org.br/pt-br/pesquisa-e-monitoramento/monitoramento/fluviometrico/ Pesquisadores do Instituto Mamirauá monitoram os ninhos de jacarés desde 2007 Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá 15

Retrato No registro de André Dib, um comunitário rema durante o nascer do sol no lago Amanã. Curta o Instituto Mamirauá nas redes sociais: Instituto.mamiraua @InstMamiraua InstitutoMamiraua