ANÁLISE DA TECNICA DE QUANTIS PARA O PERIODO DE ESTAÇÃO SECA DA REGIÃO AMAZÔNICA DE 1981 A 2010 Adriana Bindá Lima 1 2 3, Ana Cleide Bezerra 2 4, Renato Cruz Senna 2 5 1 Universidade do Estado do Amazonas Meteorologia/UEA adriana.binda@gmail.com 3 2 Sistema de Proteção da Amazônia DivMet/SIPAM - anameteoro@yahoo.com.br 4 renato.senna@sipam.gov.br 5 RESUMO: A técnica dos Quantis foi utilizada para avaliar o período de estação seca da Região Amazônica, através das séries de dados de precipitação do NCEP que abrange um período de 30 anos de 1981 a 2010, cujo o recorte foi o trimestre de junho, julho e agosto (JJA) com finalidade de identificarem-se áreas onde ocorreram déficits ou excedentes de precipitação. Através deste método pode ser observada a normal climatológica da região. Nesse trimestre se estabelece a estação de inverno do hemisfério sul, onde no mês de junho os máximos de precipitação (valores acima de 250 mm) concentram-se no norte do Amapá, Roraima e noroeste do Amazonas. Nos meses seguintes as chuvas diminuem consideravelmente sobre toda região, principalmente, nos estados de Rondônia, Mato Grosso e Tocantins, no mês de julho, por exemplo, são encontrados valores abaixo de 10 mm. Palavra Chave: Precipitação, técnica dos quantis, estação seca ABSTRACT: The technique quantiles were used to evaluate the period of dry season in the Amazon region, through the series of NCEP rainfall data covering a period of 30 years from 1981 to 2010, whose cut was the quarter of June, July and August (JJA) with the purpose of identifying areas where there were deficits or surpluses of precipitation. This method can be seen from the climatological normal region. This quarter is established the winter in the southern hemisphere, where in June the maximum rainfall (above 250 mm) concentrated in northern Amapá, Roraima and northwestern Amazonas. In the months following the rains diminish considerably over the whole region, mainly in the states of Rondônia, Mato Grosso and Tocantins, in the month of July, for example, values are found below 10 mm. Keywords: Precipitation, technical quantiles, dry season
1. INTRODUÇÃO A precipitação da Região Amazônica possui uma media aproximada de 2300mm/ano. A distribuição de chuva no trimestre Junho-Julho-Agosto (JJA) é caracterizada por possuir um baixo índice pluviométrico com valores máximo de 350.mm, considerada de acordo com a análise do CPTEC/INPE (2005), o período de estiagem, principalmente na parte central, que está sob o domínio do ramo descedente da Célula de Hadley (célula de circulação atmosférica com ventos ascendentes no Atlântico Tropical Norte e descendente na Região Amazônica), induzindo um período seco. Este período no Hemisfério Sul ocorre pouca incidência Solar, porém, a Amazônia por está localizada na Zona Equatorial recebe mais energia do que perdem por emissão para o espaço Há vários sistemas atmosféricos que atuam sobre a região, muitos relacionados ao comportamento da Temperature da Superficie do Mar (TSM) na bacia do Atlântico, que estão associada à célula de Hadley, e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que nesse período ainda está no Hemisfério Norte. Conseqüentemente, esta intensificação da circulação atmosférica faz com que os movimentos descendentes especialmente sobre o sudoeste da Amazônia sejam mais intensos do que a média, o que dificulta a formação de nuvens e, portanto, de chuva na região. Além dos anticiclones do Atlântico Sul que nos últimos anos tem se tornado mais intenso, estendendo-se até o continente e gerando uma região de estabilidade atmosférica que não favorece a formação de chuva no Sul da Amazônia. Todos esses sistemas ao longo desses 30 anos climatológicos demonstram uma variabilidade natural de clima, onde anos secos e úmidos alternam-se na escala interanual. O objetivo deste trabalho é analisar o uso da Técnica dos Quantis para o período da estação seca na Região Amazônica, identificando as áreas onde ocorreram déficits ou excedentes de precipitação para esse trimestre climatológico, no recorte temporal de 1981 a 2010. Segundo Souza et. al (2004) os fenômenos climatológicos exigem estudos estatísticos para definir as suas características, que dependem da obtenção e análise das series temporais. Para isso é necessário aplicar uma técnica estatística adequada. Dentre muitos estudos para a Região Amazônica relacionado a precipitação foi aplicada a Técnica dos Quantis que Segundo Xavier e Xavier (1987) baseia-se na distribuição da freqüência acumulada em regiões de áreas iguais e múltiplas de 25%, dividindo o conjunto de dados em quatro partes iguais, apresentado-se como uma técnica útil para o monitoramento de períodos extremos de seca ou chuva para a Região Amazônica.
2. MATERIAL E MÉTODOS Para desenvolver o estudo foram utilizados dados diários de precipitação do CPC/NCEP processado na DivMet/SIPAM CR Manaus, onde, foram acumulados mensalmente para definir o período da estação seca por ano, direcionado para o trimestre Junho, Julho e Agosto (JJA), por apresentar como o período mais intenso de déficit de chuva. Diante disto, foi agrupados series de dados mensais acumulados. A área espacial de recorte (figura 01) fica entre as latitudes 5 S e 20 S e as longitudes 40 W e 80 W, que cobre a Região Amazônica ao norte do Brasil. Figura 01 Região Amazônica Org. Adriana Bindá, 2011 Fonte: Dados CPRM O banco de dados de precipitação abrange o período de 1981 a 2010, com resolução espacial de 0,5º X 0,5º em pontos de grads. A análise foi dividia em fases de estudo, onde, no primeiro momento os dados foram tabulados em uma planilha de excel para realizar a aplicação da técnica dos quantis, facilitando a descrição gráfica do conjunto de dados observados, para verificar as frequências dos diversos valores existentes. Com a finalidade de identificarem-se áreas onde ocorreram déficits ou excedentes de precipitação, aplicou-se o método dos Quantis, classificando o período da estação chuvosa e seca da série de 1980 a 2010 para a região. A caracterização climática da precipitação é tomada por base na técnica dos Quantis, pela qual se definiu as categorias: muito seco (0-15%), seco (15 35%), normal (35 65%), chuvoso (65 85%) e muito chuvoso (85 100%) de tal forma que
o mínimo climatológico considerado normal é dado pelo quantil 35% e o máximo pelo quantil 65%. Como frequência, define-se o número de vezes em que um dado valor de uma variável se repete. A associação das respectivas frequências a todos os diferentes valores observados define a distribuição de frequências do conjunto de valores observados. Uma outra forma de representação gráfica é baseada na frequencia acumulada, que pode ser definida como a soma das frequências de todos os valores menores ou iguais ao valor correspondente ao ponto. A técnica dos quantís baseia-se na frequência acumulada. E no segundo momento os dados foram interpolados no programa Surfer, onde o método utilizado foi o de Shepard. Este método é um interpolador exato que suavisa os as distâncias entre os pontos, se assemelha ao método inverso. Resultando ao final um mapa climatológico de máxima e mínima dos dados de precipitação, que foi utilizado para conhecer o comportamento da série temporal analisada de 30 anos, observando as principais propriedades, como a tendência de um ciclo sazonal. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os mapas climatológicos de precipitação para o trimestre junho, julho e agosto são mostrados na Figura 02. Durante o trimestre se estabelece a estação de inverno do hemisfério sul, onde no mês de junho os máximos de precipitação (valores acima de 250 mm) concentram-se no norte do Amapá, Roraima e noroeste do Amazonas. Figura 02 Climatologia de Precipitação para a Região Amazônica Org. Ana Cleide Bezerra, 2011 Fonte: Dados CPC/NCEP Nos meses seguintes as chuvas diminuem consideravelmente sobre toda região, principalmente, nos estados de Rondônia, Mato Grosso e Tocantins, no mês de julho, por exemplo, são encontrados valores abaixo de 10 mm.
4. CONCLUSÃO Em suma, a ocorrência de estiagem observadas ao longo da série confirmou-se no trimestre de junho-julho-agosto (JJA) por meio da Técnica dos Quantis, exigindo mais estudo correlacionado aos sistemas meteorológicos de cada ano. 5. AGRADECIMENTOS Os autores desejam agradecer a FAPEAM (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) que formenta os estudos no Estado e á todos aqueles que, direta ou indiretamente, realizam pesquisas na Amazônia, contribuindo para um conhecimento mais profundo e amplo da Região. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAVALCANTI, Iracema Fonseca de Albuquerque; FERREIRA, Nelson Jesus; SILVA, Maria Gertrudes Alvarez Justi e DIAS, Maria Assunção Faus (Orgs.). Tempo e Clima no Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2009; FERREIRA, Artur Gonçalves. Meteorologia Prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2006; MENDONÇA, Francisco e DANNI-OLIVEIRA, Inês Moresco. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007; SOUZA, André Luiz Farias de; RAMOS, Andréa Malheiros Ramos, CONDE, Fábio Cunha, MASSAMBANI, Oswaldo e RECUERO, Fernando Sampaio. Comparação de dados climatológicos modelados e observados utilizando a técnica dos quantis. 2004. Disponível em: < http://mtcm15.sid.inpe.br/col/cptec.inpe.br/walmeida/2004/12.13.15.51/doc/souza_comparacao%20de% 20dados.pdf > Acesso em 07 de junho de 2011; XAVIER, T. M. B. S e A. F. S. XAVIER, 1987. Classificação e monitoração de períodos secos ou chuvosos e cálculos de índices pluviométricos para a região nordeste do brasil. Revista Brasileira de Engenharia. Vol 5, 2:7-30. XAVIER, Teresinha de Maria Bezerra Sampaio; SILVA, José de Fátima e REBELLO, Expedito Ronald Gomes. A técnica dos quantis e suas aplicações em meteorologia, climatologia e hidrologia, com ênfase para as regiões brasileiras. Brasília: Thesaurus, 2002; Seca na Amazônica, artigo publicado em 2005 Disponível em : <http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?cod_noticia=492>. Acesso em 30 de maio de 2011; Dados de Precipitação do CPC/NCEP, disponível em : <ftp://ftp.cpc.ncep.noaa.gov/precip/cpc_uni_prcp/gauge_glb/rt/> acesso diário;