A C Ó R D Ã O Nº 54.310 (Processo nº. 2010/50487-8) Assunto: Prestação de Contas relativo ao Convênio nº.018/2009 firmado entre o INSTITUTO DE APRENDIZAGEM E CULTURAL LUZ DO AMANHÃ e a ASIPAG. Responsável : Sr. JOSÉ JOAQUIM COELHO - Presidente. Relator: Conselheiro ANDRÉ TEIXEIRA DIAS EMENTA: Prestação de Contas. Contas irregulares. Condenação do responsável. Devolução do valor conveniado. Dano ao erário. Aplicação de multa. Relatório do Exmº. Sr. Conselheiro ANDRÉ TEIXEIRA DIAS: Processo nº 2010/50487-8. ASSUNTO: Prestação de Contas do Convênio ASIPAG 018/2009. VALOR: R$30.000,00 (trinta mil reais). OBJETO: Cultura e Responsabilidade Social. PROCEDÊNCIA: Instituto de Aprendizagem e Cultural Luz do Amanhã. INTERESSADO: José Joaquim Coelho Presidente. O Órgão Técnico (fls. 54/55) em seu parecer, opinou pela IRREGULARIDADE das contas, com devolução de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) devidamente corrigido, face a não comprovação da execução do objeto do convênio. Sugeriu a aplicação de multa pelo débito apontado. Citado, o responsável não apresentou defesa nos autos (fls. 60/63). Em nova manifestação, o órgão técnico (fls.65/66) ratificou seu relatório anterior. O Ministério Público de Contas (fls. 69/74), sugeriu a IRREGULARIDADE das contas, com devolução integral dos recursos recebidos, devidamente corrigido e aplicação de multa pelo débito apontado. Sugeriu responsabilidade solidária ao Instituto de Aprendizagem e Cultural Luz do Amanhã. É o relatório. Defesa oral, feita em plenário, pelo responsável Sr. JOSÉ JOAQUIM COELHO, Presidente na forma do art. 90 da Lei Orgânica deste Tribunal, presente à Sessão Ordinária, por ocasião do Julgamento do processo supra: Senhor Conselheiro, bom dia. Demais Conselheiros,
muito bom dia. E à Plenária, muito bom dia. É uma honra estar aqui presente e dar essa manifestação ao senhor. Atender a esse pedido via telegrama desta Corte, onde nós viemos salientar essa manifestação, nossa, verbal, uma vez que nós realizamos esse evento, esse projeto tá entendendo? realizamos com a maior clareza, com a maior transparência possível. Já há vários anos que esse instituto vem trabalhando em eventos dessa magnitude, sempre prestando contas, realizando a sua prestação de contas em tempo hábil. E, para nós, isso foi uma surpresa, nós, do instituto, sermos chamados aqui no Tribunal para nos manifestarmos. Ficamos surpresos, uma vez que nós realizamos volto a dizer com maior clareza junto à ASIPAG. Naquele momento, nós prestamos conta a esta Casa, essa Prestação de Contas, e nós encontramos e fomos chamados aqui pelo Tribunal para nos manifestarmos. Viemos aqui atender ao primeiro telegrama e fomos informados que, de acordo com o relatório da ASIPAG, eles disseram que o evento não foi realizado. Foi uma surpresa para nós, porque até aquele momento, nós temos como provar, até membros do governo participaram. Todos os nossos eventos são com transparência e com mídia. Foi representado. Simplesmente um técnico que acompanhou o evento, e estava na responsabilidade dele acompanhar esse evento naquele período, ele não acompanhou o evento, ele esteve lá no Instituto Luz do Amanhã, na minha residência, pedindo esclarecimento. Naquele momento, naquele período, eu era casado com a minha ex-esposa, senhora Telma Neves Coelho, e ela esclareceu para ele, disse: Olha, existem vários projetos aqui, quanto de projetos de cultura e responsabilidade social, que manifestam o trabalho da cultura popular, isso não é comigo. Você tem que falar, realmente, com o presidente, que é José Joaquim Coelho., e eles não me procuraram. Eles simplesmente pegaram o meu contato que estava no Convênio e colocaram que tinham me procurado, mas eles em nenhuma vez me procuraram. Eles não acompanharam o Convênio, porque eles não quiseram acompanhar o Convênio, e uma vez que o evento foi realizado. Então eu fiquei muito chateado, ficamos muito preocupados. Vim aqui, aí a técnica aqui da Corte, do Tribunal, mandou que nós fôssemos até a Asipag. Cheguei à Asipag e, para a minha surpresa, eu fiz o documento, protocolei na Asipag a prova está aqui no laudo. A Presidente atual da ASIPAG me atendeu e disse para mim, através de um documento, dizendo que ela não podia deferir um laudo favorável, porque, infelizmente, tratava-se de um técnico comissionado. Uma vez que ele não se encontrava mais lá, não podia fazer mais nada. Então eu manifestei para ela verbalmente. Eu disse: Doutora, eu acho impossível, uma vez que fica muito incoerente para nós do terceiro setor prestar contas, uma vez que a gente vem aqui, faz um Convênio, com muita dificuldade para pegar um recurso desses, para
trabalhar no social, que é árduo principalmente com a cultura popular aqui em nosso estado, aqui no Brasil é tão difícil trabalhar com a cultura, uma vez que nós levamos a cultura desse estado para todo o país, há mais de 15 anos eu me sinto muito preocupado, porque como é que a Asipag, uma Secretaria, não pode dar um documento, não pode ter as comprovações?. Houve então a seguinte resposta: - Não, senhor Coelho, é porque infelizmente o técnico não trabalha mais aqui, ele é comissionado.. Poxa, mas existe, uma vez que o técnico sai, existem outros técnicos que vieram acompanhar esse evento. Então, para mim, eu fiquei muito surpreso eles deferirem uma coisa que foi fato, que foi acontecido naquele momento, quer dizer, um técnico, porque ele não era técnico concursado, ele era comissionado, saiu do Governo, ele mudou de lá e ele indeferiu. Por uma palavra, nós ficamos muito preocupados, porque o nosso instituto já vem trabalhando há anos. Eu falei para ela: Não é o primeiro Convênio que nós fazemos na Asipag, já houve outros Convênios como o Setur, na área municipal, e sempre prestamos contas em tempo hábil.. Então eu quero que os senhores, aqui, Conselheiros deem uma oportunidade para nós trazermos mais documentos, que eu observei, agora, aqui no laudo. Eu estava viajando, cheguei nessa madrugada, só para essa conta, porque a minha filha me telefonou muito preocupada: Papai, tem um telegrama aqui, da ASIPAG.. Eu digo: Eu vou aí., me mandei para cá, cheguei nessa madrugada, não tive nem tempo de pegar os papéis lá no arquivo do Instituto para trazer para os senhores, mas eu observei, aqui no Processo, que estão faltando documentos que comprovam, um relatório de fotografias, que em todos os nosso evento mandamos na nossa prestação de contas, um relatório de fotos e vídeo, e não está no Processo. Eu pediria uma oportunidade aos senhores, que dessem oportunidade para que nós possamos mostrar outras comprovações que comprovem a realização do nosso evento. Com provas até de outros, com a mídia, com jornal da imprensa local que esteve presente e com outros diretores de outras associações que viram o evento. Todo mundo viu. Técnico do próprio Setur viu o nosso evento, acompanhou; técnico municipal. Na época, o Presidente da Fumbel, Raimundo Pinheiro, do partido do Giovane Queiroz. Por sinal, foi o Deputado; Giovane Queiroz que solicitou esse apoio para nós. É o Raimundo Pinheiro da Fumbel, ele acompanhou todo esse evento nosso. Estava lá toda a cúpula do Deputado, lá nesse evento com a gente. Todo mundo a prova disso. Foi uma coisa muito glamourosa naquele momento, onde, pela primeira vez, aconteceu neste Estado, através da Cultura Popular do Mundo Junino, foi um grupo daqui do Pará representar o Pará em nível nacional na cultura popular em Fortaleza. Nunca tinha acontecido isso. Fomos nós que mandamos um grupo para lá representar através desses recursos, que foi para levar essa juventude está entendendo?, que nós trabalhamos e foram quatro meses de projeto e de realização desse evento.
Então nós ficamos muito surpresos com isso. Eu não tive nem tempo de contatar um advogado para vir aqui me defender, para nos ajudar na nossa defesa. Eu estou aqui como simples defensor das causas sociais, como simples defensor da luta de quem vem contribuindo com este estado há anos através da cultura popular. Tirando jovens está entendendo?, e nós comprovamos que o nosso trabalho sempre é benéfico à sociedade como um todo através das políticas sociais. Nós não tiramos proveito desse trabalho, não. Tiramos proveito, sim, mas através de ser um projeto plural e social para os jovens carentes de nossas comunidades. E, com certeza, eu espero aqui com toda humildade que vocês deem uma oportunidade, que nós possamos trazer mais documentos que possam provar, se for possível, trazer outras pessoas que viram, acompanharam nosso evento. O Instituto não tem condições de fazer uma devolução de um recurso desses tão alto, uma vez que nós não temos dinheiro para isso.é muito difícil até pagar as certidões, é muito dificultoso para nós. Como ter recursos para pagar R$ 30.000,00 (trinta mil reais) com juros e mora? É muito difícil para nós. Nós não temos condição, ou seja, vai atrapalhar todo o nosso trabalho, até mesmo a minha pessoa física, com o meu nome que está aqui nesta Casa. Eu peço a atenção dos senhores, por favor. Obrigado. VOTO: Julgo IRREGULAR a Prestação de Contas (art. 158, III do Regimento Interno deste Tribunal), de responsabilidade do Sr. José Joaquim Coelho, com devolução do valor de R$30.000,00 (trinta mil reais) devidamente corrigido monetariamente. Aplico multa ao responsável no valor de R$800,00 (oitocentos reais) pela devolução apontada (art. 242 do RITCE/PA). Deixo de atribuir responsabilidade solidária à Entidade, haja vista que, a obrigação de prestar contas é do ordenador de despesas. ACORDAM os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Pará, unanimemente, nos termos do voto do Exmº Sr. Conselheiro Relator, com fundamento nos art. 56, inciso III b, c, d, c/c os art. 62,82 e 83, incisos III e VIII, da Lei Complementar nº 81, de 26 de abril de 2012: I- Julgar irregulares as contas e condenar o Sr. JOSÉ JOAQUIM COELHO, Presidente à época, CPF. nº 109.126.062-15, a devolução do valor de R$30.000,0 (trinta mil reais) atualizada a partir de 30/12/2009, acrescida de juros até o efetivo recolhimento; e aplicar multa de R$800,00 (oitocentos reais), pelo dano ao erário. II- Deixar de atribuir responsabilidade solidária à Entidade, em razão da obrigação de prestar contas é do ordenador de despesas.
Os valores supramencionados deverão ser recolhidos no prazo de trinta (30) dias, contados da publicação desta decisão no Diário Oficial do Estado, obedecendo para o pagamento da multa aplicada o disposto na Lei Estadual nº. 7.086/2008, c/c os arts. 2º, IV, e 3º da Resolução TCE nº. 17.492/2008. Este Acórdão constitui título executivo, passível de cobrança judicial da dívida líquida e certa, decorrente do débito e da multa imputada, em caso de não recolhimento no prazo legal, conforme estabelece o art. 71, 3º, da Constituição Federal. Plenário Conselheiro Emílio Martins, em 11 de dezembro de 2014 LUIS DA CUNHA TEIXEIRA Presidente em Exercício ANDRÉ TEIXEIRA DIAS Relator Presentes à sessão os Exmºs. Consºs. : MARIA DE LOURDES LIMA DE OLIVEIRA ODILON INÁCIO TEIXEIRA Procurador Geral do Ministério Público de Contas Dr. Antônio Maria Filgueiras Cavalcante. Mat.0100843