PROJETO DE LEI N.º 4.544, DE 2012 (Da Sra. Gorete Pereira)

Documentos relacionados
Repertório de Actividades Artesanais

ANEXO I REPERTÓRIO DE ATIVIDADES ARTESANAIS

REPERTÓRIO DE ATIVIDADES ARTESANAIS

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 157, DE O CONGRESSO NACIONAL decreta: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

REPERTÓRIO DE ATIVIDADES ARTESANAIS

PROJETO DE LEI Nº 4544, DE 2012

PROJETO DE LEI Nº ( Do Sr. Eduardo Valverde) ESTATUTO DO ARTESÃO CAPITULO I. Disposições gerais

JORNAL OFICIAL. Suplemento. Sumário REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA. Quinta-feira, 10 de novembro de Série. Número 197

PROJETO DE LEI N.º C, DE 2004 (Do Sr. Eduardo Valverde)

6734 DIÁRIO DA REPÚBLICA I SÉRIE-B N. o de Outubro de 2003

Dispõe sobre a criação do Sistema Municipal de Cultura SMCRio e dá outras providências. Capítulo I. Das Definições e Princípios

O PREFEITO MUNICIPAL DE POCONÉ, ESTADO DE MATO GROSSO, FAZ SABER QUE A CÂMARA MUNICIPAL DE POCONÉ, APROVA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:

Regulamento Específico

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO GOTARDO

MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS. RESOLUÇÃO CNSP N o 249, de 2012.

DECRETO No , DE 1o- DE SETEMBRO DE 2011

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA COMISSÃO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA NOS PORTOS, TERMINAIS E VIAS NAVEGÁVEIS - CONPORTOS

REGULAMENTO DE LICENÇA DE DISPENSA DE SERVIÇO DOCENTE

RESOLUCAO N /2008

Política de Responsabilidade Social

Art. 2º. Cabe ao Conselho Municipal do Trabalho:

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

ANEXO I FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO

ANEXO I FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO

REGISTRO DE ESTABELECIMENTO E DE PRODUTOS NO MAPA COM INSCRIÇÃO ESTADUAL DE PRODUTOR RURAL

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

Programa de Pós-Graduação em Zoologia

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ACIR GURGACZ I RELATÓRIO

A água é um bem de uso do povo

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPUTADO FEDERAL MARCO TEBALDI COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE LEI Nº 1.

[Digite aqui] GUIA PARA OS CMDCAS A RESPEITO DA RESOLUÇÃO 164/2014

LEI MUNICIPAL N 4.774, DE 13 DE JUNHO DE 2013.

SECRETARIA DE AQUICULTURA E PESCA

Política de Negócios e Empreendedorismo Prof. Esp. André Luís Belini Bacharel em Sistemas de Informações MBA em Gestão Estratégica de Negócios

RESOLUÇÃO Nº 07 / CONPRESP / 2016

Art. 1º Estabelecer orientações para a implementação no âmbito do Projeto Bolsa- Formação dos ciclos especiais de capacitação:

PREFEITURA MUNICIPAL DE POMPÉU PRAÇA GOVERNADOR VALADARES, 12 CENTRO FONE: (37) FAX: (37) POMPÉU/MG

PROJETO DE LEI DA CÂMARA Nº 47, DE 2015

Emenda nº, de 2010/CCJ ao PLC Nº 309, de 2009 (Modificativa)

REGULAMENTO DAS CONDIÇÕES DE ACESSO E INGRESSO NOS CURSOS TÉCNICOS SUPERIORES PROFISSIONAIS DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

Dispõe sobre critérios de carga pessoal de armas de fogo e munições na Polícia Civil de São Paulo e outras providências correlatas

DISPÕE SOBRE O ENSINO DE BOMBEIRO-MILITAR NO CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Conselho da Justiça Federal

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 70, DE 2015

Lei Municipal nº. 504/2011-AST

SECRETARIA ESPECIAL DE AQUICULTURA E PESCA SEAP

REGULAMENTAÇÃO DO SUCO E POLPA DE FRUTAS ARTESANAIS. Audiência Pública

1. OBJETIVOS VISADOS E TIPOLOGIA DAS OPERAÇÕES OU INVESTIMENTOS A APOIAR

SENADO FEDERAL (*)PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 388, DE 2012

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador RICARDO SANTOS

A JUÍZA PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 13ª REGIÃO, no uso de suas atribuições legais e regimentais,

O CONSELHO DE GESTÃO DA AGÊNCIA GOIANA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS, no uso de suas competências legais e,

R E S O L U Ç Ã O. Fica aprovado, conforme anexo, o Regulamento de Monitoria para os cursos de graduação das Faculdades Integradas Sévigné.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DA CULTURA UNIDADE DE FOMENTO E DIFUSÃO DA PRODUÇÃO CULTURAL RESOLUÇÃO SC Nº 14, DE 10 DE MARÇO DE 2015

RESOLUÇÃO UnC-CONSEPE 153/2004

COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICA

Regimento do Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS. Denominação do cargo n.º de cargos padrão Jornada Assessor jurídico h/semanais

Parágrafo único. O nome empresarial compreende a firma e a denominação.

FUNDO ESTADUAL DE CULTURA EDITAL DE CONVOCAÇÃO DAS CÂMARAS SETORIAIS PARITÁRIAS EDITAL CSP 01/2012

LEI MUNICIPAL Nº 2.041/15, de 31 de Julho de 2015.

Fornecimento de Refeições Escolares às crianças do Pré Escolar. Normas de Utilização do Serviço

RESOLUÇÃO CNSP Nº 30, DE 2000.

Publicada Resolução que regulamenta o Exame de Suficiência da área contábil

PROJETO DE LEI N.º 5.354, DE 2009 (Do Sr. Inocêncio Oliveira)

ESTATUTO SOCIAL DO FÓRUM GOIANO DE ENFRENTAMENTO AO USO DE CRACK E OUTRAS DROGAS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO CONSELHO DELIBERATIVO RESOLUÇÃO/FNDE/CD/N 51 DE 15 DE DEZEMBRO DE 2008.

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador JORGE VIANA

INSTRUÇÃO CONJUNTA Nº. 2, DE XXX DE XXXXXXXXXX DE 2016.

Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática

SISTEMA INTEGRADO DAS AUDITORIAS INTERNAS DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - SIAIFEME

REGULAMENTO DE CREDITAÇÃO DO ISEL. Artigo 1.º Objecto. Artigo 2.º Definições

Análise ao quadro de competências das Juntas de Freguesia

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 01, DE 25 DE março DE 2015.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

Gestão Design Artesanato

CAPITULO I Do objectivo e definição. ARTIGO 1º. (Natureza)

O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, inciso V, da Constituição Estadual,

Prefeitura Municipal de Piratini-RS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO

Diretrizes Curriculares ENADE Cursos de: Turismo Turismo e Hotelaria

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº /2013

Projecto de Portaria Contratação temporária para o Ensino Português no Estrangeiro

Instituto Superior da Maia ISMAI CET. Produção Gráfica

REGULAMENTO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENGENHARIA ELÉTRICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI TÍTULO I

RESOLUÇÃO CGRAD 020/08, DE 16 DE JULHO DE 2008

Fiscalização de Produtos Certificados: Acordo de Cooperação entre Inmetro e Receita Federal

Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Engenharia. Manual de Orientações Básicas

Lei do ICMS São Paulo Lei de 2006

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 24, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2015.

Normas de Funcionamento II EDIÇÃO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DO MUNICÍPIO DE GONDOMAR NOTA JUSTIFICATIVA

MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS RESOLUÇÃO CNSP Nº 46, DE 2001.

LEI Nº 002/2006. O PREFEITO MUNICIPAL DE SANTIAGO, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei Orgânica do Município, FAZ SABER,

Lei da Biodiversidade

O GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE CAPÍTULO II

DECRETO Nº3172 DE 10 DE JULHO DE 2013

ESTADO DE SÃO PAULO. GERALDO ALCKMIN, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais,

Transcrição:

CÂMARA DOS DEPUTADOS PROJETO DE LEI N.º 4.544, DE 2012 (Da Sra. Gorete Pereira) Institui o Estatuto do Artesão, define a profissão de artesão, a unidade produtiva artesanal, autoriza o poder executivo a criar o Conselho Nacional do Artesanato e o Serviço Brasileiro de Apoio ao Artesanato e dá outras providências. DESPACHO: APENSE-SE À(AO) PL-763/2011. APRECIAÇÃO: Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II PUBLICAÇÃO INICIAL Art. 137, caput - RICD

2 O Congresso Nacional decreta: CAPITULO I Disposições gerais Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a instituir e a desenvolver Programa Nacional de Fomento às Atividades Artesanais, a criar o Conselho Nacional do Artesanato e o Serviço Brasileiro de Apoio ao Artesanato. Art. 2º A presente lei tem por objetivos: I - identificar os artesãos e as atividades artesanais, conferindo-lhes maior visibilidade e valorização social e contribuindo, também, para a dignificação das profissões ligadas ao artesanato; II - contribuir para uma adequada definição e ajustamento das políticas públicas afirmativas, objetivando a proteção da atividade, a organização e a qualificação profissional dos artesãos; III - reforçar a consciência social da importância das artes e ofícios artesanais como meio privilegiado de preservação dos valores da identidade cultural do País e como instrumento de dinamização da economia solidária, da renda e da ocupação a nível local; IV - assegurar a produção de dados estatísticos que permitam obter informação rigorosa e atualizada sobre o setor, através do registro dos artesãos e das unidades produtivas artesanais; V - criar linhas de créditos especiais para o fomento das atividades artesanais; VI - criar a certificação dos produtos artesanais, consoante as peculiaridades regionais e culturais do povo brasileiro, com fito de valorizar os produtos típicos e diferenciados das diversas etnias e manifestações folclóricas do País. Art. 3º As disposições contidas neste diploma são aplicáveis em todo o território nacional, a todos os artesãos e a todas as unidades produtivas

3 artesanais que pretendam ser reconhecidos como tal, sem prejuízo das eventuais adaptações às especificidades regionais. CAPÍTULO II SEÇÃO I Da atividade artesanal Art. 4º Designa-se atividade artesanal a atividade econômica, de reconhecido valor cultural e social, que assenta na produção, restauro ou reparação de bens de valor artístico ou utilitário, de raiz tradicional ou étnico ou contemporânea, e na prestação de serviços de igual natureza, bem como na produção e confecção tradicionais de bens alimentares. 1º A atividade artesanal deve caracterizar-se pela fidelidade aos processos tradicionais, em que a intervenção pessoal constitui um fator predominante e o produto final é de fabrico individualizado e genuíno, sem prejuízo da abertura à inovação consagrada no parágrafo seguinte. 2º A predominância da intervenção pessoal é avaliada em relação às fases do processo produtivo em que se influencie ou determine a qualidade e natureza do produto ou serviço final, em obediência aos requisitos referidos no parágrafo anterior. Art. 5º A fidelidade aos processos tradicionais, referida no parágrafo primeiro do artigo anterior, deve ser compatibilizada com a inovação, nos seguintes domínios e nas seguintes condições: I - adequação do produto final às tendências do mercado e a novas funcionalidades desde que conserve um caráter diferenciado em relação à produção industrial padronizada; II - adaptação dos processos produtivos, equipamentos e tecnologias de produção, por imperativos de ordem ambiental e de higiene e segurança no local de trabalho e por forma a diminuir a penosidade do processo produtivo ou a rentabilizar a produção desde que, em qualquer caso, seja salvaguardada a natureza e qualidade do produto ou serviço final;

4 III - uso sustentável e racional dos produtos da flora, da fauna e do solo, visando adequar-se às exigências ambientais e de saúde pública e aos direitos dos consumidores. Art. 6º À luz do disposto nos artigos anteriores, estabelece-se a seguinte tipologia para as atividades artesanais: I - Artes; II - Ofícios; III -Produção e confecção tradicional de bens alimentares. Da lista de atividades artesanais Art. 7º O anexo I, da presente lei, contém a lista de atividades artesanais a serem desenvolvidas de acordo com as condições previstas nos artigos anteriores. Parágrafo único: A lista de atividades artesanais referida no caput deverá ser atualizada anualmente, de acordo com a evolução e transformações das aptidões e artes humanas. SEÇÃO II Do artesão Art. 8º Para efeitos do presente lei, entende-se por artesão o trabalhador que exerce uma atividade artesanal, em caráter habitual e profissional, dominando o conjunto de saberes e técnicas a ela inerentes, ao qual se exige um apurado sentido estético e perícia manual. Do Registro e dos requisitos da Profissão Art. 9º Para o exercício da atividade, o artesão deverá requerer registro nas Delegacias Regionais do Trabalho, que emitirá o Registro Profissional do Artesão, desde que cumpram os requisitos estabelecidos no artigo seguinte. Art. 10. Para a concessão do registro profissional, a Delegacia Regional do Trabalho deverá observar:

5 I - que a atividade desenvolvida pelo interessado deve constar do rol de atividades artesanais a que se refere o artigo 7.º, devendo o seu exercício observar o preceituado nos artigos 5.º e 6.º; II - que o artesão demonstre exercer sua atividade a título profissional, com habitualidade, mesmo que secundária. Parágrafo único - Excepcionalmente, e mediante fundamentação adequada, poderá ser concedido o registro profissional a quem, embora não cumprindo o requisito previsto no inciso II, seja detentor de saberes que, do ponto de vista das artes e ofícios, se considerem de grande relevância. Art. 11. O registro profissional de artesão deverá ser validado a cada 3 anos nos termos do regulamento. Art. 12. Em cada municipalidade deverá ser garantida aos artesãos, espaço público adequado com o objetivo de permitir a exposição, com exclusividade, dos produtos artesanais. SEÇÃO III Da unidade produtiva artesanal Art. 13. Para efeitos da presente lei, considera-se unidade produtiva artesanal toda e qualquer unidade econômica, legalmente constituída e devidamente registrada, organizada sob as formas de empresa em nome individual, estabelecimento individual de responsabilidade limitada, cooperativa, sociedade unipessoal ou sociedade comercial que desenvolva uma atividade artesanal, nos termos previstos na seção I do presente diploma. Do registro das unidades produtivas artesanais Art. 14. As unidades produtivas artesanais serão registradas com esta denominação jurídica, de forma simplificada e gratuitamente, nas Juntas Comerciais, desde que cumpram os requisitos estabelecidos no artigo seguinte. Parágrafo único - A validade do registro de unidade produtiva artesanal será por períodos que variam entre dois e cinco anos, nos termos do regulamento.

6 Dos requisitos para o registro Art. 15. As unidades produtivas artesanais deverão cumprir as seguintes condições, cumulativamente: I - ter como responsável pela produção um artesão registrado na DRT, que a dirija e dela participe; II - ter, no máximo nove artesãos, excetuando os aprendizes, que, em cooperação e em solidariedade, desenvolvam atividades artesanais. Parágrafo único - Excepcionalmente, tendo em conta a natureza da atividade desenvolvida, e mediante uma análise casuística fundamentada, poderão ser consideradas unidades produtivas artesanais as empresas que, embora excedendo o número de trabalhadores fixado no inciso II, salvaguardem os princípios que caracterizam os processos produtivos artesanais e que não haja subordinação jurídica. Dos efeitos Art. 16. O registro de unidade produtiva artesanal e do artesão, nos termos dos artigos 9º e 15.º, é condição necessária para o acesso a quaisquer apoios e benefícios que o Estado atribua ao artesanato. CAPÍTULO III Do Registro Nacional do Artesanato Art. 17. Será criado o Registro Nacional do Artesanato, à cargo do Ministério da Cultura, em conformidade com o regulamento, visando cadastrar as atividades artesanais e seus produtos, consoante peculiaridades, procedência, valor estético, étnico e cultural. Art. 18. A inscrição das atividades artesanais no Registro é gratuita, tem caráter público e será atualizada regularmente.

7 Do Conselho Nacional do Artesanato Art. 19. Fica criado o Conselho Nacional do Artesanato, vinculada ao Ministério da Cultura, que entre outras funções, terá competência para: I - atualizar as lista de atividades artesanais; II - manter e controlar o registro do artesanato; III - estabelecer políticas de fomento para as atividades artesanais; IV - emitir normas para certificação de produtos artesanais; V - conhecer, desenvolver estudos, classificar discriminar os produtos artesanais típicos de regiões ou de culturas tradicionais populares; VI - certificar os produtos artesanais, que expressem conteúdo cultural e características peculiares de uma região ou de uma determinada etnia, com o fito de diferenciá-los e realçá-los em relação aos demais. Da certificação Art. 20. Os produtos artesanais típicos que caracterizam determinada cultura popular brasileira, ou especificidades de determinadas regiões do país, ou que reúnam diferenciado e significativo conteúdo estético ou de arte, poderão ser certificados, com o fito de discriminação positiva e valoração econômica. Do Serviço Brasileiro de Apoio ao Artesanato Art. 21. Fica o Poder Executivo autorizado a criar o Serviço Brasileiro de Apoio ao Artesanato Brasileiro, vinculado ao Ministério da Cultura, com o propósito de incentivar o artesanato brasileiro. competências, terá como missão: Parágrafo único - O Serviço Brasileiro, entre outras brasileiro; a) divulgar em nível nacional e internacional o artesanato

8 brasileiro; b) realizar programas de capacitação e qualificação do artesão c) desenvolver programas de gerenciamento e organização empresarial para as unidades produtivas artesanais; d) desenvolver intercâmbios técnicos e de arte, com os países latino-americanos, visando o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do artesanato brasileiro; e) organizar feiras e mostruários, editar livros e informativos do artesanato brasileiro; f) organizar e realizar Bienais do Artesanato Brasileiro. CAPITULO IV Disposições finais Art. 22. No prazo de 180 dias, a contar da publicação do presente diploma, serão aprovadas as normas regulamentares necessárias à execução das disposições no que diz respeito à definição da lista das atividades artesanais, ao processo de registro dos artesãos e das unidades produtivas artesanais e à organização e funcionamento do Registro Nacional do Artesanato. Art. 23. No prazo de 180 dias, o Poder Executivo instituirá o Programa para Fomento às Atividades Produtivas Artesanais e regulamentará as atribuições e organização do Conselho Nacional do Artesanato e do Serviço Brasileiro de Apoio ao Artesanato Brasileiro. Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. ANEXO I Lista de Atividades Artesanais

9 Grupo 01 Artes e ofícios têxteis PREPARAÇÃO E FIAÇÃO DE FIBRAS TÊXTEIS TECELAGEM ARTE DE ESTAMPAR FABRICO DE TAPETES TAPEÇARIAS CONFECÇÃO DE VESTUÁRIOS POR MEDIDA FABRICO DE ACESSÓRIOS DE VESTUÁRIO CONFECÇÃO DE CALÇADOS DE PANO CONFECÇÃO DE ARTIGOS TÊXTEIS PARA O LAR CONFECÇÃO DE TRAJOS DE ESPETÁCULO, TRADICIONAIS E OUTROS CONFECÇÃO DE BONECOS DE PANO CONFECÇÃO DE ARTIGOS DE MALHA CONFECÇÃO DE ARTIGOS DE RENDA CONFECÇÃO DE BORDADOS PASSAMANARIA COLCHOARIA Grupo 02 Artes e ofícios de cerâmica CERÂMICA OLARIA CERÂMICA FIGURATIVA MODELAÇÃO CERÂMICA AZULEJARIA PINTURA CERÂMICA Grupo 03 Artes e ofícios de trabalhar elementos VEGETAIS CESTARIA ESTEIRARIA CAPACHARIA CHAPELARIA EMPALHAMENTO ARTE DE CROCEIRO CORDOARIA ARTE DE MARINHARIA E OUTROS OBJETOS DE CORDA ARTE DE TRABALHAR FLORES SECAS FABRICO DE VASSOURAS, ESCOVAS E PINCÉIS ARTE DE TRABALHAR MIOLO DE FIGUEIRA E SIMILARES CONFECÇÃO DE BONECOS EM FOLHA DE MILHO FABRICO DE MOBILIÁRIO DE VIME OU SIMILAR GRUPO 04 ARTE E OFÍCIOS DE TRABALHAR PELES E COURO CURTIMENTA E ACABAMENTOS DE PELES

10 ARTE DE TRABALHAR COURO CONFECÇÃO DE VESTUÁRIO EM PELE FABRICO E REPARAÇÃO DE CALÇADO ARTE DE CORREEIRO E ALBARDEIRO FABRICO DE FOLES GRAVURA EM PELE DOURADURA EM PELE Grupo 05 Artes e ofício de trabalhar a madeira e a cortiça CARPINTARIA AGRÍCOLA CONSTRUÇÃO DE EMBARCAÇÕES CARPINTARIA DE EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE E ARTIGOS DE RECREIO CARPINTARIA DE CENA MARCENARIA ESCULTURA EM MADEIRA ARTE DE ENTALHADOR ARTE DE EMBUTIDOR ARTE DE DOURADOR ARTE DE POLIDOR GRAVURA EM MADEIRA PINTURA DE MOBILIÁRIO TONOARIA ARTE DE CADEIREIRO ARTE DE SOQUEIRO E TAMANQUEIRO FABRICO E UTENSÍLIOS E OUTROS OBJETOS EM MADEIRA ARTE DE TRABALHAR CORTIÇA Grupo 06 Artes e ofícios de trabalhar o metal OURIVESARIA FILIGRANA OURIVESARIA PRATA DE CINZELARIA GRAVURA EM METAL ARTE DE TRABALHAR FERRO ARTE DE TRABALHAR COBRE E LATÃO ARTE DE TRABALHAR ESTANHO ARTE DE TRABALHAR BRONZE ARTE DE TRABALHAR ARAME LATOARIA CUTELARIA ARMARIA ESMALTAGEM Grupo 07 Artes e ofícios de trabalhar a pedra ESCULTURA EM PEDRA CANTARIA

11 CALCETARIA ARTE DE TRABALHAR ARDÓSIA Grupo 08 Artes e ofícios ligados ao papel e arte gráfica FABRICO DE PAPEIS ARTE DE TRABALHAR PAPEL CARTONAGEM ENCADERNAÇÃO GRAVURA EM PAPEL Grupo 09 Artes e ofícios ligados à construção tradicional CERÂMICA DE CONSTRUÇÃO FABRICO DE MOSAICO HIDRÁULICO ARTE DE PEDREIRO ARTE DE CABOUQUEIRO ARTE DE ESTUCADOR CARPINTARIA CONSTRUÇÃO EM MADEIRA CONSTRUÇÃO EM TAIPA CONSTRUÇÃO EM TERRA ARTE DE COLMAR E SIMILARES PINTURA DE CONSTRUÇÃO PINTURA DECORATIVA DE CONSTRUÇÃO Grupo 10 Restauro de patrimônio, móvel e integrado RESTAURO DE TÊXTEIS RESTAURO DE CERÂMICA RESTAURO DE PELES EM COURO RESTAURO DE MADEIRA RESTAURO DE METAIS RESTAURO DE PEDRA RESTAURO DE PAPEL RESTAURO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS Grupo 11 Produção e confecção artesanal de bens alimentares PRODUÇÃO DE MEL E OUTROS PRODUTOS DE COLMEIA FABRICO DE BOLOS, DOÇARIA E CONFEITOS FABRICO DE GELADOS E SORVETES FABRICO DE PÃO E DE PRODUTOS AFINS DO PÃO PRODUÇÃO DE QUEIJO E DE OUTROS PRODUTOS LÁCTEOS PRODUÇÃO DE MANTEIGA PRODUÇÃO DE BANHA PRODUÇÃO DE AZEITE FABRICO DE VINAGRES PRODUÇÃO DE AGUARDENTES

12 PRODUÇÃO DE LICORES XAROPES E AGUARDENTES PREPARAÇÃO DE ERVAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS PREPARAÇÃO DE FRUTOS SECOS E SECADOS, INCLUINDO OS SILVESTRES FABRICO DE DOCES, COMPOSTAS, GELEIAS, E SIMILARES PREPARAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE FRUTOS E DE PRODUTOS HORTÍCOLAS PREPARAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE CARNE E PREPARAÇÃO DE ENCHIDOS, ENSACADOS E SIMILARES PREPARAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE PEIXE E OUTROS PRODUTOS DO MAR Grupo 12 Outras artes e ofícios SALICULTURA MOAGEM DE CEREAIS FABRICO DE REDES FABRICO DE CARVÃO FABRICO DE SABÕES E OUTROS PRODUTOS DE HIGIENE E COSMÉTICA PIROTECNIA ARTE DO VITRAL ARTE DE PRODUZIR E TRABALHAR CRISTAL ARTE DE TRABALHAR O VIDRO ARTE DE TRABALHAR O GESSO ARTE DE ESTOFADOR JOALHARIA ORGANARIA FABRICO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS DE CORDAS FABRICO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS DE SOPRO FABRICO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS DE PERCUSSÃO FABRICO DE BRINQUEDOS FABRICO DE MINIATURAS CONSTRUÇÃO DE MAQUETAS FABRICO DE ABAJURES FABRICO DE PERUCAS FABRICO DE APARELHOS DE PESCA TAXIDERMIA (ARTE DE EMBALSAMAR) FABRICO DE FLORES ARTIFICIAIS FABRICO DE REGISTROS E SIMILARES FABRICO DE ADEREÇOS E ENFEITES DE FESTA ARTE DE TRABALHAR CERA ARTE DE TRABALHAR OSSO, CHIFRE E SIMILARES ARTE DE TRABALHAR CONCHAS ARTE DE TRABALHAR PENAS ARTE DE TRABALHAR ESCAMAS DE PEIXE ARTE DE TRABALHAR MATERIAIS SINTÉTICOS

13 GNOMONICA (ARTE DE CONSTRUIR RELÓGIOS DE SOL) RELOJOARIA FOTOGRAFIA JUSTIFICAÇÃO Ao participar de debate com representantes dos artesãos do Ceará, constatamos a importância de dar continuidade à tramitação do projeto do ex-deputado Eduardo Valverde visando estabelecer um conjunto de ações para valorizar, expandir e renovar as artes, os ofícios e as microempresas artesanais. Dessa forma, torna-se particularmente importante definir com clareza os conceitos de artesão e de unidade produtiva artesanal, bem como os requisitos a que devem obedecer as atividades artesanais para que possam beneficiar de políticas públicas e de medidas de discriminação positiva. Vale destacar, que no Ceará, a atividade artesanal constitui uma forma alternativa de incentivo às economias de base local, assegurando a preservação da cultura local, bem como a geração de emprego e renda para inúmeras famílias, considerando que grande parte dessas pessoas encontra no artesanato uma forma de garantir a própria sobrevivência e a manutenção do bem estar de seus familiares. Assim, o projeto é fundamental para dar segurança e assegurar direitos aos trabalhadores criativos e originais que resguardam nossa cultura. Outrossim, com a definição do estatuto do artesão e da unidade produtiva artesanal, oferece-se ao pode público condições de dar corpo a uma estratégia de valorização e credibilidade das artes e ofícios como plataforma de afirmação da identidade e cultura nacionais, que assenta, nomeadamente, no reconhecimento do papel fundamental que podem assumir na dinamização da economia e do emprego em nível local e o fomento dos valores culturais e estéticos das diversas etnias e manifestações populares do povo brasileiro. Os conhecimentos das artes são transmitidos, em regra, por via oral e por relações familiares ou grupais, necessitando ocorrer a sistematização e classificação das artes artesanais e de sua propagação para o conjunto da sociedade, considerando o aspecto cultural e artístico que o artesanato representa para conservar a identidade nacional.

14 Com esses argumentos, conclamo os ilustres Deputados a emprestarem à presente proposta o seu apoio, indispensável para que seja aprovada. Sala das Sessões, em 16 de outubro de 2012. GORETE PEREIRA Deputada Federal FIM DO DOCUMENTO