VALE: GRANDE CORPORAÇÃO TRANSNACIONAL

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Transcrição:

VALE: GRANDE CORPORAÇÃO TRANSNACIONAL A Vale é a segunda maior mineradora do mundo e uma das 25 maiores companhias do setor privado no mundo. Maior produtor mundial de minério de ferro. Presente em 38 países dos cinco continentes. Com 198 mil funcionários. 79 mil diretos, 119 mil terceirizados.

VALE: QUARTO LUGAR NO MUNDO EM GERAÇÃO LUCROS Durante os últimos dez anos, a Vale esteve posicionada em quarto dentre as 25 maiores criadoras sustentáveis de valor para os acionistas no mundo e número um entre as empresas produtoras de matérias primas básicas; uma excelente performance.

TRANSNACIONAL COM DOMÍNIO TERRITORIAL DO BRASIL Direito de pesquisar e explorar área que cobre 23 milhões de hectares. Área correspondente aos Estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Paraíba e RN. Mais 19,8 milhões de hectares em Angola, Argentina, Austrália, Chile, Gabão, Guiné, Mongólia, Moçambique, Peru e África do Sul... Área correspondente ao território da Itália...

A VALE PRODUZ 80% DO MINÉRIO DE FERRO BRASILEIRO Produziu 307 milhões de toneladas em 2010 (79% da produção nacional). Minas é o maior produtor de Minério de Ferro do Brasil, sendo responsável por 71% da produção. O Pará é o segundo, com 26%. É o maior exportador brasileiro, 12% de todas as exportações do país, responsável por 30% da movimentação portuária brasileira. É a empresa que mais contribui para o superávit da balança comercial brasileira. A Vale possui a maior malha ferroviária do país (10 mil km) e seis terminais portuários. Consome 5% de toda a energia elétrica do Brasil

DADOS ESTATÍSTICOS DA Que a empresa deu um salto nas suas vendas a partir de 2004, quando se colou no desempenho fantástico da China como fábrica do mundo. Nesta nova configuração da economia mundial, a Vale e o Brasil, se especializaram como fornecedores de matéria prima. A Vale teve crescimento médio de vendas em 77% ao ano, nos últimos 8 anos. A empresa se tornou uma corporação transnacional, onde grandes investidores internacionais adquiriram a maioria das ações. Nestes 8 anos, o lucro líquido da empresa cresceu a uma média anual de 97%!

DADOS ESTATÍSTICOS DA Os donos da Vale estão retirando cerca de 40% do lucro na forma de dividendos. Quanto mais crise, mais a empresa está entregando dinheiro aos donos. A entrega de lucros aos donos está crescendo 130% ao ano, nos últimos 8 anos

COMPARAÇÃO VALE X FIAT Fonte: Relatórios anuais da Vale, disponíveis em www.vale.com.br A Vale tem uma margem de lucro altíssima, chegando a quase 40% de lucro líquido. A Petrobras tem margem de 15% e as montadoras de automóveis têm margem de 3% a 5% das vendas. Enquanto a Volks, Fiat, GM têm cerca de US$ 500 milhões de lucro líquido anual, a Vale lucra 20 vezes mais que qualquer das montadoras. A que se deve esta margem tão alta nos negócios? Enquanto as montadoras pagam uma média salarial de 3 mil reais por mês, a Vale paga a metade ou menos.

A QUE SE DEVE TAL CRESCIMENTO? PRIMEIRO PONTO: Básicos/semimanufaturados X Manufaturados 1964 2009 em % Dados do MDIC SECEX IBGE (Básico azul)

A RECOLONIZAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL 2008, Vale vendeu 293 milhões de toneladas de minério de ferro. Este minério bruto, sem industrializar, tem o mesmo valor que 13 milhões de toneladas de aço. Porque não industrializa? Especialização Vale, produtora de matérias primas é prejudicial ao Brasil, terminará exportando produtos básicos e importará produtos industrializados. Exemplo: trilhos de trem, compramos 7 vezes mais caro. Velho déficit colonial. Modelo minério-exportador deixa país mais dependente. O país perde empregos, recursos, e deixa de desenvolver a indústria nacional e agregar valor ao minério O papel da Vale é subsidiário ao desenvolvimento capitalista internacional. CSA: VALE TEM 26%, PORQUE NÃO COMPRA?

A QUE SE DEVE TAL CRESCIMENTO? SEGUNDO PONTO: Notem que os custos da operação da Vale caíram de 66% das vendas para 39% em 2011. Uma redução de gastos muito fortes, cujo eixo foi o arrocho salarial dos funcionários.

A EXPLORAÇÃO DO TRABALHADOR DA VALE Enquanto o crescimento das vendas alcançou uma taxa média de 77% ao ano e os lucros cresceram a uma taxa média de 97% ao ano, contraditoriamente, os salários e os encargos caíram de 10% da receita total para apenas 5%, isto é, o valor da mão-de-obra caiu pela metade, em relação ao faturamento, com a privatização da empresa.

A EXPLORAÇÃO DO TRABALHADOR DA VALE Enquanto cada funcionário gera R$ 1,2 milhão de reais por ano, seu custo alcança apenas R$ 79 mil reais. Esta é a verdadeira razão do salto espetacular da Vale: recebeu praticamente de graça o subsolo brasileiro, rico em minérios e paga salário muito baixo, tendo cortado pela metade desde a privatização.

A EXPLORAÇÃO DO OPERÁRIO DA MINA DE FÁBRICA EM CONGONHAS Segundo Relatório de Produção da Vale em 2008, a Mina de Fábrica produziu 12.100.000 toneladas de minério de ferro, que foram comercializados a U$ 67,32 dólares a toneladas. A Mina contava com 1.300 trabalhadores diretos no final de 2008. Isto significa que cada funcionário da Vale da Mina de Fábrica produziu, em 2008, 9 mil toneladas de Ferro. Ao preço médio de U$ 67,32 a tonelada, cada trabalhador gerou U$ 626.593,84 dólares em 2008, ou cerca de U$ 325 dólares por hora. Cada trabalhador de Fábrica gerou mais de meio milhão de dólares a empresa em 2008. No entanto, o salário de um trabalhador mal chega a R$ 1.500 reais, somando com PLR (quatro salários) mais encargos mensais de R$ 900,00, a Vale gasta com um funcionário cerca de U$ 23 mil dólares por ano. Isto significa que em 6 horas de trabalho, o funcionário da Vale paga seu salário mensal.

UMA MORTE DE TRABALHADOR POR MÊS EM ACIDENTE DE TRABALHO A Vale trabalha e tem estratégia voltada para atingir a meta de zero fatalidade. No entanto, mesmo com esforços intensos, foram registradas 11 ocorrências de acidentes fatais nas operações e projetos envolvendo empregados e contratados em 2010. Relatório de sustentabilidade da Vale, 2010

A QUE SE DEVE TAL CRESCIMENTO? TERCEIRO PONTO:

DESTRUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE

PAGA MIXARIA DE COMPENSAÇÃO AOS MUNICÍPIOS O pagamento de royalties da Vale aos municípios mineradores é pequeno em relação aos seus ganhos: Receitas de minerais e metais vendidos pela Vale Pagamento de Royalties da Vale % da venda de minerais em royalties 2007 31.244 167 0,5% 2008 35.967 208 0,6% Em 2008, as vendas de minerais e metais da Vale alcançaram a soma de U$ 35,9 bilhões de dólares, enquanto se pagou de CFEM somente U$ 208 milhões de dólares, 0,6% das vendas. Essa soma é insuficiente para os municípios mineradores garantirem saúde, educação e a recomposição do meio ambiente, destruído pela ação mineradora. Vendas de minério de ferro da Vale e pagto de royalties (CFEM) 2008 em milhões de reais - Congonhas/MG Receitas de minerais da Mina de Fábrica Pagamento de royalties da Vale a Congonhas % da venda de minerais em royalties 2008 720.000.000,00 8.600.000,00 1,2% Assim se observa que em 2008, A Vale em Congonhas, vendeu minérios no valor de R$ 720 milhões de reais e pagou apenas R$ 8 milhões em troca, isto é, 1,2%. Se a Vale pagasse 10% de royalties, valor que a Petrobrás paga, teria que pagar em 2008, R$ 72 milhões de reais à Prefeitura de Congonhas, salto de metade da receita do município (R$ 155 milhões de reais em 2008).

VERGONHA: IBAMA ACABA DE DAR LICENÇA O projeto Carajás Serra Sul, por exemplo, fica dentro da Floresta Nacional de Carajás, parte da floresta amazônica. É maior projeto de exploração de minério de ferro do mundo. O IBAMA acabou de dar a licença ambiental para o projeto, que vai produzir 100 milhões de toneladas de minério por ano, tudo para exportação. Projeto do governo é que o Brasil produza 1 bilhão de toneladas por ano, três vezes mais que hoje.

VALE ELEITA A PIOR MULTINACIONAL DO MUNDO Na cidade mineira de Itabira, berço da Vale, a população denuncia que os danos ambientais e sociais causados pelas operações da empresa já causaram prejuízos da ordem de US$ 868 milhões ao município. No Pará, a Estrada de Ferro Carajás (EFC), da Vale, corta 94 localidades. Em média, uma pessoa morre a cada mês por atropelamento pelos trens operados pela Vale. Somente em 2007 foram contabilizadas 23 mortes. Em 2008, foram nove vítimas fatais. Existe um trem saindo todos os dias, de 12 a 15 vezes por dia, levando 300 vagões e cada vagão carregando quase 100 toneladas de minério, levando embora todo o dinheiro da região. Enquanto isso, a pobreza se multiplica em Carajás.

A LUTA PELA DEFESA DO MEIO AMBIENTE Proibição da mineração em áreas de preservação ambiental (matas, nascentes, etc); Todo novo empreendimento só poderá funcionar com consulta prévia efetiva da população atingida (plebiscito); Luta contra remoção de comunidades atingidas e contra a criminalização dos movimentos sociais que atuam na mineração; Empresas devem ser responsáveis por: Combate à poluição ambiental e recuperação das regiões mineradas Investimentos sociais nas cidades: infra-estrutura, saúde, saneamento, educação e moradia Conteúdo local: compra de insumos 40% na cidade, 80% no estado e 100% no Brasil. Em 2010, enquanto a indústria do petróleo gerou uma arrecadação de R$ 16 bilhões em royalties, a arrecadação do CFEM foi de apenas aprox. R$ 1 bilhão de reais.

A PRIVATIZAÇÃO E A DESNACIONALIZAÇÃO DA VALE Em abril de 1997, a Vale do Rio Doce foi vendida pelo governo Fernando Henrique Cardoso por apenas US$ 3,3 bilhões. Ficou de fora do preço um conglomerado com cerca de 60 empresas com portos, ferrovias, frota de navios, florestas replantadas, além de reservas comprovadas de recursos minerais no subsolo. Somente o valor das reservas minerais alcançava mais de US$ 100 bilhões. Nos anos seguintes à privatização, o valor da empresa se multiplicou por sete. O Bradesco era avaliador e depois se tornou sócioproprietário. Raposo cuidando do galinheiro.

OS TRÁGICOS NÚMEROS DA PRIVATIZAÇÃO A Vale era uma empresa lucrativa. Nos quatro anos que se seguiram a privatização, o lucro líquido da empresa somou U$ 3,3 bilhões de dólares, mesmo valor pago pela Vale. O governo de Fernando Henrique Cardoso preparou a privatização da empresa, através de uma demissão massiva de funcionários. De 15.483 empregados em todo o país, no final de 1996, caiu para 10.865 em 1997, segundo o Relatório anual de 1997. Até a privatização, a Vale pagava até 15 salários por ano, hoje paga três. Através da terceirização dos serviços, se reduziu para a metade a folha de pagamento. Assim, o valor de mercado da Vale saltou de U$ 9 bilhões de dólares em 2001, para U$ 201 bilhões em 2008. Cresceu 22 vezes seu valor de mercado em um lapso de oito anos! Desde a privatização, a empresa lucrou U$ 91 bilhões de dólares. Com este dinheiro, se poderia assentar todas as famílias sem-terras do Brasil, estimadas em 4,5 milhões de famílias, em um amplo projeto de reforma agrária. Poderia também resolver o problema dos transportes públicos no Brasil, construindo uma rede de metrôs e trens nas principais cidades brasileiras, equiparado ao sistema de transporte de Nova Iorque, que é um dos melhores do mundo.

PRIVATIZAÇÃO INICIOU O DESMONTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA Exportações e importações por setor industrial ano 2011 em US$ BI 200.000 150.000 100.000 Em bilhõpes de US$ 50.000 0-50.000-100.000-150.000 Automóveis e Autopeças Aeronaves e peças Laminados de Ferro/Aço Eletroeletrônico Máquinas e Equipamentos Total de Manufaturados Exportação 8.356 4.340 2.009 7.935 11.901 92.290 Importação 18.208 2.515 2.435 39.528 29.780 184.756 Saldo -9.850 1.824-425 -31.592-17.879-92.465 Governo Lula poderia ter agido diferente e feito a reestatização das empresas privatizadas (Vale, todas as siderúrgicas, Embraer, telefônicas e elétricas. Toda a indústria de base foi vendida, principalmente ao capital internacional. Resultado 15 anos depois: indústria de transformação brasileira está em grave crise. Quem está indo bem é a mineração e o agronegócio. Brasil como celeiro do mundo. Retrocesso neocolonial. Brasil tinha uma potente indústria de transformação até 1986.

LULA AJUDOU AS MULTINACIONAIS QUE REMETERAM LUCROS PARA FORA Investimentos, desembolsos do BNDES e remessas de lucro do setor automobilístico brasileiro 2001/2010 Ano Investimentos montadoras US$ bi* Desembolsos BNDES US$ bi** Remessas de lucros US$ bi*** 2001 1.750 1.129 415 2002 976 878 917 2003 673 2.654 436 2004 739 2.575 274 2005 1.050 2.022 498 2006 1.451 2.386 1.340 2007 1.965 1.604 2.700 2008 2.913 2.492 5.600 2009 2.518 3.166 3.800 2010 3.654 3.284 4.100 TOTAL 17.689 22.190 20.080 Desta forma, o governo Lula ao invés de buscar nossa independência em relação aos países ricos e multinacionais, fez acordo com eles para governar em paz, entregando nossa soberania e nosso desenvolvimento independente.

Hoje, boa parte das ações da Vale estão nas mãos de estrangeiros, no mínimo 46%. Veja o que disse um alto executivo da Vale (Tito Martins): Dois terços das nossas ações são comercializadas fora do Brasil. Estas ações são possuídas por não brasileiros. Quem são estes estrangeiros: Citibank, HSBC, J. P. Morgan Chase, Barclays, Fidelity Management, Vanguard Emerging Markets, Morgan Stanley, Templeton.

A REESTATIZAÇÃO DA VALE E A INDEPENDÊNCIA NACIONAL Somente a classe trabalhadora pode garantir a reestatização da Vale e a independência nacional. Com a privatização, a empresa se transformou numa máquina de gerar lucros para os novos donos da Vale. O lucro é o princípio, o meio e o fim das atividades da empresa. A venda da Vale culminou um processo de recolonização do Brasil e a perda da soberania nacional. O Governo Da Dilma é um dos principais acionistas da Vale. Pode reestatizar a empresa, da mesma forma que FHC privatizou. A burguesia brasileira há muito tempo abdicou de um papel independente na história. Associou-se com o capital internacional, comendo as migalhas que caiam do banquete imperial. A luta pela verdadeira independência nacional está nas mãos dos trabalhadores, da população pobre, dos negros, das mulheres, da juventude pobre e dos indígenas, dos pequenos produtores rurais, isto é, dos que sofrem com a exploração e a opressão. A reestatização será o primeiro ato de recuperação da soberania nacional e só será conquistada, como tudo nesta vida, na luta!