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RELATÓRIO. 3. Foram apresentadas as contrarrazões.

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Turma Julgadora: Desª. Maria Filomena de Almeida Buarque (Relatora), Desª. Edinea Oliveira Tavares (Presidente) e a Desª. Nadja Nara Cobra Meda.

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Decisão Monocrática V O T O Nº 20917

Transcrição:

Registro: 2014.000074XXXX ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0197XXX-81.2012.8.26.0100, da Comarca de, em que é apelante/ apelado MUDAR INCORPORAÇÕES IMOBILIÁRIAS S. A., é apelado/apelante EDSON (OMITIDO). ACORDAM, em 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte aos recursos. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), EGIDIO GIACOIA E VIVIANI NICOLAU., 18 de novembro de 2014. ALEXANDRE MARCONDES RELATOR Assinatura Eletrônica

APELAÇÃO Nº 0197XXX-81.2012.8.26.0100 Comarca: (31ª Vara Cível Central) Apelantes: MUDAR INCORPORAÇÕES IMOBILIÁRIAS S/A e EDSON (OMITIDO) Apelados: OS MESMOS Juiz: Luis Fernando Cirillo VOTO Nº 5.9XX COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA Ação de rescisão contratual c.c. restituição de quantias pagas e indenização por danos materiais e morais - Atraso na entrega do imóvel Obra não concluída no prazo contratual. Rescisão contratual por culpa da vendedora. Restituição da comissão de corretagem. Pretensão não atingida pela prescrição. Prazo prescricional de 10 anos (art. 205 do CC). Restituição integral das quantias pagas Correção monetária a partir dos desembolsos. Juros de mora a partir da citação (art. 405 do CC e art. 219 caput do CPC). Pagamento da multa contratual de 10% sobre o valor do imóvel. Prefixação de perdas e danos. Direito do comprador (art. 475 do CC). Lucros cessantes. Indenização indevida, sob pena de bis in idem - Dano moral Atraso na entrega do imóvel que caracteriza o dano moral. Indenização arbitrada em R$ 15.000,00. Valor em consonância com a norma do art. 944 do CC e com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Correção monetária a partir do arbitramento e juros de mora a partir da citação. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. A r. sentença de fls. 157/158, de relatório adotado, JULGOU PARCIALMENTE PROCEDENTE ação movida por EDSON (OMITIDO) em face de MUDAR APELAÇÃO Nº 0197XXX-81.2012.8.26.0100 SÃO PAULO VOTO Nº 59XX - 2/8

INCORPORAÇÕES IMOBILIÁRIAS S/A, rescindindo o contrato de compromisso de compra e venda celebrado pelas partes, condenando a ré a restituir as quantias pagas pelo autor, com correção monetária e juros de mora, ambos calculados a partir dos desembolsos, mais a multa contratual de 10% do valor do imóvel e a comissão de corretagem. Condenou ainda a ré ao pagamento das verbas da sucumbência. Recorrem as partes. A ré alega que está prescrita a pretensão de restituição da comissão de corretagem, que os juros de mora devem ser calculados a partir da citação e que não é devida a multa contratual (fls. 180/202). danos morais (fls. 222/233). Já o autor pede indenização por lucros cessantes e por Os recursos foram regularmente processados, respondido somente o da ré (fls. 215/221). É o RELATÓRIO. Os recursos comportam parcial provimento. Em 03/09/2009 as partes celebraram Instrumento Particular de Promessa de Compra e Venda da unidade autônoma nº 12 do Empreendimento Residencial Onix. O contrato previa a entrega da unidade adquirida pelo APELAÇÃO Nº 0197XXX-81.2012.8.26.0100 SÃO PAULO VOTO Nº 59XX - 3/8

autor até março de 2011 (fls. 45), prazo não cumprido pela ré, de sorte que a rescisão do contrato se deu por inadimplemento da construtora, tendo o autor direito à indenização por perdas e danos, nos termos do artigo 475 do Código Civil. De início sem fundamento a alegação de prescrição da pretensão à restituição da comissão de corretagem. Consoante precedente desta Colenda Câmara, no que se refere à devolução da comissão de corretagem (...), o prazo prescricional a ser aplicado é aquele enunciado no artigo 205 do Código Civil e não aquele indicado no inciso IV ou V do 3º do artigo 206 do mesmo diploma legal, pois a devolução da comissão de corretagem é ínsita ao contrato firmado entre as partes, que como negócio jurídico complexo não pode ser discutido por partes, fazendo sobre ele incidir prazos prescricionais diferentes. A discussão é de natureza obrigacional, de modo que incidente o prazo de 10 anos para a caracterização da prescrição (TJSP, Apelação nº 0020406-54.2013.8.26.0562, 3ª Câmara de Direito Privado, Rel. João Pazine Neto, 13/05/2014). Por outro lado, sem razão também a ré ao se insurgir contra a incidência da multa contratual. De acordo com o parágrafo único da cláusula 23ª do contrato, caso a PROMITENTE VENDEDORA não conclua a obra nos prazos e termos previstos neste instrumento e, em definitivo, não tenha ocorrido qualquer das hipóteses de prorrogação previstas nesta cláusula e nas demais disposições deste instrumento, ficará obrigada a pagar ao PROMISSÁRIO COMPRADOR, a título de pena convencional, o equivalente a 0,5% (meio por cento) do preço da unidade, previsto no tópico 3 do QUADRO RESUMO, por mês ou por fração de mês de atraso, sendo a presente multa limitada a 10% (dez por cento) do aludido APELAÇÃO Nº 0197XXX-81.2012.8.26.0100 SÃO PAULO VOTO Nº 59XX - 4/8

preço da unidade (fls. 61). Cuida-se de típica cláusula penal na qual as partes prefixaram as perdas e danos e sua exigência não é obstada pelo ordenamento jurídico. Contudo, tem razão a ré no tocante ao termo inicial de incidência dos juros moratórios incidentes sobre as quantias a serem restituídas ao autor, os quais devem ser calculados a partir da citação, nos termos do artigo 405 do Código Civil e do artigo 219 caput do Código de Processo Civil, na medida em que se trata de ilícito contratual. Quanto ao recurso do autor, não há que se falar em indenização por lucros cessantes, na medida em que, conforme já analisado, as partes prefixaram as perdas e danos para o caso de inadimplemento da promitente vendedora na cláusula 23ª do contrato. Contemplar o autor com a indenização pretendida implicaria em inadmissível bis in idem. Porém, outra é a solução quanto ao pedido de indenização por danos morais. O atraso na entrega do imóvel, que culminou com a rescisão do contrato, não representou mero aborrecimento para o autor. O inadimplemento contratual, no caso concreto, implicou em abalo emocional e intensa frustração para o adquirente, APELAÇÃO Nº 0197XXX-81.2012.8.26.0100 SÃO PAULO VOTO Nº 59XX - 5/8

que nele pretendia estabelecer residência com sua família. A aquisição de um imóvel é fato de relevo na vida das pessoas, demanda grandes investimentos e representa para a maioria das pessoas o alcance do sonho da casa própria. O atraso na entrega do imóvel causa grande frustração, angústia e sensação de impotência para o adquirente, não podendo ser equiparado a transtorno do dia a dia. A lesão extrapatrimonial está configurada, conforme tem reconhecido esta C. Câmara em casos similares: A alegação de que o atraso é mero inadimplemento contratual não se coaduna com o aspecto preventivo-pedagógico dessa espécie indenizatória, o qual, acrescido da frustração no recebimento do imóvel objeto da promessa de venda e compra pactuada, resultam em lesão de cunho extrapatrimonial. O ilícito, portanto, é gerador de grave frustação e insegurança, não se tratando de mero aborrecimento, inclusive porque interfere na aquisição do direito de moradia, peça inseparável do princípio da dignidade da pessoa humana. Decidiu, a propósito, o Superior Tribunal de Justiça no julgamento do AgRg no Ag 1161069/RJ, Min. Luis Felipe Salomão (Apelação nº 4010712-84.2013.8.26.0564, Rel. Des. Donegá Morandini, j. 16/09/2014). Ainda, mostra-se de rigor condenar a requerida ao pagamento de indenização por danos morais, pois decorrente da frustração e impotência vivenciada pelos consumidores em razão do atraso infundado para entrega do imóvel, ocasionado verdadeiro transtorno que supera em muito os meros dissabores do dia a dia, mormente porque afeta o direito fundamental à moradia, colocando em risco investimentos de toda uma vida e a segurança patrimonial. Afinal, tratase de justa expectativa decorrente de elevados investimentos e o inadimplemento contratual da vendedora, traz abalo de relevo, interferindo no cotidiano, gerando sentimentos de impotência, angústia, stress, desespero e nervosismo, além da sensação de se sentirem enganados, sobretudo porque a previsão de entrega é fator determinante na compra do imóvel (Apelação nº 0179903-40.2010.8.26.0100, Rel. Des. Egídio Giacoia, j. 16/09/2014). APELAÇÃO Nº 0197XXX-81.2012.8.26.0100 SÃO PAULO VOTO Nº 59XX - 6/8

Na mesma linha, confiram-se precedente do E. Superior Tribunal de Justiça: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESCISÃO CONTRATUAL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ART. 40, 2º, DA LEI N. 4.591/1964. NÃO INCIDÊNCIA. PARTICULARIDADE DO CASO CONCRETO. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. PARCELAS PAGAS. DEVOLUÇÃO INTEGRAL. DANO MORAL. CABIMENTO. EXCEPCIONALIDADE. 1. Não há ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil quando o Tribunal a quo resolve todas as questões pertinentes ao litígio, afigurando-se dispensável que o órgão julgador examine uma a uma as alegações e os fundamentos expendidos pelas partes. 2. Tendo havido um novo negócio jurídico entre as partes (adquirentes de imóvel da falida Encol e a recorrente) - relação jurídica que, efetivamente, deu ensejo à presente demanda -, a Carvalho Hosken S/A não assume no litígio posição de simples incorporadora ou proprietária do terreno no qual o empreendimento imobiliário seria erguido. Assim, mostra-se inaplicável o art. 40, 2º, da Lei n. 4.591/1964, que restringe o valor a ser restituído aos promitentes compradores pela incorporadora. Bem por essa razão que o mencionado dispositivo legal não foi prequestionado, motivo por que incide a Súmula n. 211/STJ. 3. Se a rescisão do contrato de compra e venda decorreu do inadimplemento na entrega do imóvel, descabe retenção de percentual pago pelo comprador, devendo a restituição das parcelas ser integral. 4. Muito embora seja sólida a jurisprudência segundo a qual o mero inadimplemento contratual não gera dano moral indenizável, reconhece-se excepcionalmente a possibilidade da condenação, notadamente quando estão em discussão bens jurídicos de especial grandeza, como é o direito a moradia. Precedentes. 5. No caso em exame, o contrato foi firmado no ano de 1994, com ajuste de novo termo de compromisso em 1999, mas até a data do ajuizamento da ação - 2005 -, o inadimplemento persistia e o imóvel não havia sido entregue, circunstância que revela bem mais que mero dissabor e autoriza, de fato, a condenação por dano moral. 6. Agravo regimental não provido (AgRg no AREsp 168.231/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 12/08/2014). Assim sendo, considerando a norma do artigo 944 caput do Código Civil e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, arbitra-se a indenização por danos morais devida pela ré em R$ 15.000,00, suficiente para a um só tempo compensar o mal sofrido pelo autor e para dissuadir a ré do mesmo comportamento, APELAÇÃO Nº 0197XXX-81.2012.8.26.0100 SÃO PAULO VOTO Nº 59XX - 7/8

sem causar enriquecimento indevido ao adquirente. O valor da indenização deverá ser corrigido monetariamente a partir desta data e acrescidos de juros moratórios de 1% ao mês, calculados a partir da citação. Por fim, fica mantida a condenação da ré ao pagamento da integralidade das verbas da sucumbência, dada a mínima sucumbência do autor, inalterada a verba honorária de 10% sobre o valor da condenação. Do exposto, pelo meu voto DÁ-SE PARCIAL PROVIMENTO aos recursos. ALEXANDRE MARCONDES Relator APELAÇÃO Nº 0197XXX-81.2012.8.26.0100 SÃO PAULO VOTO Nº 59XX - 8/8