ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS AÇOS ASTM A995 GR 3A (DUPLEX) E GR 5A (SUPERDUPLEX), EM RELAÇÃO Á RESISTÊNCIA À CORROSÃO EM MEIOS ÁCIDO, BÁSICO E SALINO.



Documentos relacionados
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS AÇOS ASTM A995 GR 3A (DUPLEX) E GR 5A (SUPERDUPLEX), EM RELAÇÃO Á RESISTÊNCIA À CORROSÃO EM MEIOS ÁCIDO, BÁSICO E SALINO.

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

ANÁLISE DO BALANÇO DE FASES FERRITA/AUSTENITA NO METAL DE SOLDA DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX UNS S SOLDADO COM TIG

Principais elementos de liga. Cr Ni V Mo W Co B Cu Mn, Si, P e S (residuais)

EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO DE SOLUBILIZAÇÃO NA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES DE IMPACTO DO AÇO INOXIDÁVEL SUPERAUSTENÍTICO ASTM A 744 Gr.

Micrografia Amostra do aço SAF 2205 envelhecida por 768 horas a 750ºC. Sigma (escura). Ataque: KOH.

COMPORTAMENTO MECÂNICO E ESTUDO METALOGRÁFICO DO AÇO INOXIDÁVEL HIPER DUPLEX SAF3207HD TRATADO TERMICAMENTE

Ensaios de polarização cíclica em solução 0,3 M NaCl + 0,3 M NaBr com. de potencial por densidade de corrente mostradas nas Figuras 37 a 39.

Nos gráficos 4.37 a 4.43 pode-se analisar a microdureza das amostras tratadas a

Larissa M. de Britto a, Ygor T. B. dos Santos b, Paulo M. B. de Santana c Ivan C. da Silva d, Cláudia T. T, Farias e.

CORROSÃO SOB TENSÃO DO SISTEMA AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO EM MEIOS CLORETADOS ATRAVÉS DE CARGA CONSTANTE

EFEITO DOS ELEMENTOS DE LIGA NOS AÇOS

5.RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO

Aço Inoxidável Ferrítico ACE P410D

ESTUDO DA TRIBOCORROSÃO DO AÇO INOXIDÁVEL AISI 304L

ESTUDO DA OCORRÊNCIA DA CORROSÃO EM AÇOS INOXIDÁVEIS AISI 316L E 444 UTILIZADOS NA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

Centro Universitário Padre Anchieta Faculdade de Tecnologia Ciência dos Materiais Prof Ailton. Aço inoxidável

Aço Inoxidável Ferrítico ACE P439A

O EFEITO DO ELETROPOLIMENTO EM SOLDAS DE AÇO INOX E ZONAS AFETADAS PELO CALOR

Estudo da Temperatura Crítica de Pite do Aço UNS S31803 em solução 0,6M NaCl.

Laboratório de Materiais do Centro Universitário da FEI

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. A micrografia 4.1, referente ao aço solubilizado SAF 2507, identifica as fases ferrita e

INFLUÊNCIA DOS TRATAMENTOS TÉRMICOS DE ESTABILIZAÇÃO E SOLUBILIZAÇÃO NA RESISTÊNCIA À CORROSÃO INTERGRANULAR DO AÇO INOXIDÁVEL AISI 347 FUNDIDO

Centro Universitário Padre Anchieta Ciência dos Materiais AÇOS-LIGA

SUSCEPTILIDADE À FRAGILIZAÇÃO POR PRECIPITAÇÃO EM AÇO FUNDIDO DE CARCAÇA

6 TÉCNICAS PARA CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL

AÇOS INOXIDÁVEIS OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE SOLDA

Corrosão por Cloreto em Aços Inoxidáveis Duplex (AID s)

EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO DE SOLUBILIZAÇÃO EM JUNTAS SOLDADAS DO AÇO INOXIDÁVEL SUPER DUPLEX ASTM A890/A890M GRAU 6A

Rem: Revista Escola de Minas ISSN: Escola de Minas Brasil

PRECIPITAÇÃO DA AUSTENITA SECUNDÁRIA DURANTE A SOLDAGEM DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX S. A. Pires, M. Flavio, C. R. Xavier, C. J.

Determinação das resistências à esterilização em autoclave, à corrosão e à exposição térmica de um cisalhador de placas de titânio estudo de caso

Aços de alta resistência e baixa liga em oleodutos e gasodutos. High-strength low-alloy steel in oil and gas line pipe

4/26/2016 DISCIPLINA: TECNOLOGIA METALÚRGICA PROF. JOSÉ LUÍS L. SILVEIRA 1º PERÍODO DE 2016 (SALA I-241) BIBLIOGRAFIA BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA

Keywords: AISI 316 steel, Electrochemical corrosion, Electrochemical polarization spectroscopy

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

INFLUÊNCIA DO GRAU DE DEFORMAÇÃO A FRIO NA MICROESTRUTURA E NA DUREZA DE AÇOS DUPLEX DO TIPO 2205

ALTERAÇÕES MICROESTRUTURAIS ENTRE 550 C E 650 C PARA O AÇO UNS S31803 (SAF 2205) ABSTRACT

CORROSÃO INTERGRANULAR

EFEITO DA TEMPERATURA DE INTERPASSE DE SOLDAGEM SOBRE A MICROESTRUTURA, DUREZA E RESISTÊNCIA À CORROSÃO DO AÇO INOXIDÁVEL SUPERDUPLEX

Avaliação das propriedades mecânicas em ligas ferríticas com 5% de Mo e diferentes teores de Cr

Corrosão Intergranular

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL E DE CORROSÃO DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX. Moisés Alves Marcelino Neto e Ana Vládia Cabral Sobral

Conteúdo Programático da Aula

Keywords: stainless steel, pitting corrosion, ph, chloride ion, electrochemical tests

CORROSÃO POR PITES DE AÇOS INOXIDÁVEIS AUSTENÍTICOS 316L E 317L SOLDADOS PELO PROCESSO GTAW E SOLUBILIZADOS A 1080 C

22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil

AVALIAÇÃO DA VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO SOBRE A MICROESTRUTURA E RESISTÊNCIA A CORROSÃO DE UM AÇO DUPLEX*

Graduanda em Engenharia Metalúrgica, Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - Unileste, Coronel Fabriciano, Minas Gerais, Brasil.

Palavras chave: corrosão, cromo, ensaios eletroquímicos, molibdênio

Márcio Ritoni et al. Metalurgia Física. Efeito do tratamento térmico na estrutura e nas propriedades mecânicas de um aço inoxidável superaustenítico

Luiz Carlos Casteletti et al. Avaliação da resistência à corrosão de aços inoxidáveis com Nb endurecíveis por precipitação

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA DEFORMAÇÃO A FRIO NA RESISTÊNCIA A CORROSÃO E NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX 2205

Ednilton Alves Pereira

APLICAÇÃO DE LASER PULSADO Nd:YAG NA SOLDAGEM DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX UNS S 32205

AVALIAÇÃO DA CORROSÃO POR PITE EM AÇOS INOXIDÁVEIS FERRÍTICOS UNS S44400 TRATADOS TERMICAMENTE E ANALISADOS EM ENSAIO DE POLARIZAÇÃO POTENCIODINÂMICA

INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE VARREDURA NOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA A CORROSÃO POR PITE DO AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO UNS S31600

SOLDAGEM LASER ND:YAG PULSADO DO AÇO INOXIDÁVEL SUPERDUPLEX UNS S Resumo

EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO PÓS-SOLDAGEM NA MICRO E SUBESTRUTURA DE AÇOS INOXIDÁVEIS AUSTENÍTICOS E SUPERDUPLEX

EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO DE ENVELHECIMENTO NA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES DE IMPACTO DO AÇO INOXIDÁVEL SUPERAUSTENÍTICO ASTM A 744 Gr.

CORRELAÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA MECÂNICA E A CORROSÃO DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX UNS S31803 SUBMETIDO A DIFERENTES TAXAS DE RESFRIAMENTO

Engenheira Metalurgista, Mestranda em Engenharia de Materiais, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ouro Preto, MG, Brasil.

4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS. Após a preparação metalográfica das amostras, foi realizado o ataque Behara

Influência da temperatura de recozimento dos aços inoxidáveis ASTM F-138 e ASTM F-1586 sobre sua resistência à corrosão

CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA A CORROSÃO POR PITE DO AÇO UNS S31803 APÓS SOLDAGEM.

CORROSÃO DE MATERIAIS

PROJETO DE PESQUISA. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco Candidata: Mariana Bortoletto Paschoal n FEI

INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE GRÃO ORIGINAL NA CINÉTICA DE FORMAÇÃO DE FASE SIGMA EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX

Cobalto e as famosas ligas de Stellite LEADRO FERREIRA LUIZ GIMENES

ESTRUTURA E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS IMPERFEIÇÕES CRISTALINAS

Rem: Revista Escola de Minas ISSN: Escola de Minas Brasil

INFLUÊNCIA DO GRAU DE ENCRUAMENTO NA RESISTÊNCIA À CORROSÃO POR PITE DO AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO UNS S30100

Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Engenharia de Materiais/Ponta Grossa, PR. Engenharias, Engenharia de Materiais e Metalúrgica

Rem: Revista Escola de Minas ISSN: Escola de Minas Brasil

ESTUDO DO COMPORTAMENTO EM FADIGA DE LIGAS DE ALUMÍNIO ENDURECIDAS POR PRECIPITAÇÃO

Análise da Influência do Gás de Purga na Raiz de Juntas Soldadas pelo Processo GTAW em Aço Inoxidável Superduplex UNS S32750

3 Material e Procedimento Experimental

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE MEMÓRIA DE FORMA E DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE LIGA Fe-Mn-Si-Cr-Ni COM BAIXO TEOR DE Mn

Micrografia 4.29: Amostra longitudinal SAF2507. Área de superfície. Polimento OPS/DP-NAP.

FORMAÇÃO DA MICROESTRUTURA DOS FERROS FUNDIDOS. diagrama de fases sequência de transformações

Revestimento por soldagem - Processos de Soldagem para Revestimento

Study of deleterious phases precipitation influence on corrosion resistance by cyclic anodic polarization tests in superduplex stainless steels

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX UNS S32101: INVESTIGAÇÃO DE REAGENTES 1

Aluno de Iniciação Científica do Curso de Eng. Metalúrgica (PROBIC) DEMET, Escola de Minas, UFOP, Ouro Preto, MG, Brasil.

Corrosão por Pite - Características

Steel Cord. Introdução

Resistência à corrosão de liga Ti-Nb obtida por metalurgia do pó.

ESTUDO DA LIGA AlSi7Mg APÓS FUNDIÇÃO EM COQUILHA E TRATAMENTO TÉRMICO DE SOLUBILIZAÇÃO E ENVELHECIMENTO

Rem: Revista Escola de Minas ISSN: Escola de Minas Brasil

SOLDAGEM DE FERRO FUNDIDO

EVELIN BARBOSA DE MÉLO

EFEITO DA ADIÇÃO DE TIOSSULFATO DE SÓDIO NA CORROSÃO LOCALIZADA DE UM AÇO INOXIDÁVEL SUPERMARTENSÍTICO*

Ana Paula Ciscato Camillo et al. Efeito do revenido na resistência à corrosão dos aços inoxidáveis supermartensíticos

COMPARATIVO DE TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DE FASE FERRITA NO AÇO UNS S31803

ESTUDO COMPARATIVO DOS MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO DE PORCENTAGEM VOLUMÉTRICA DE FERRITA EM AÇO INOXIDÁVEL DÚPLEX UNS S31803 (SAF 2205)

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL E ANÁLISES QUÍMICAS SEMI-QUANTITATIVAS DAS FASES FERRITA E AUSTENITA EM AÇOS INOXIDÁVEIS DUPLEX*

INVESTIGAÇÃO DA SUPERFÍCIE DE AÇOS INOXIDÁVEIS AISI 348 CONTENDO GRAVAÇÃO POR LASER. A. B. Oliveira, M. G. Pedroni, J. R. Berretta

COMPARATIVO ENTRE JUNTAS SOLDADAS DE AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX (UNS S32304) PELOS PROCESSOS DE SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA E TIG*

CONCEITO: Substância química, opaca, brilhante, boa. condutora de calor e eletricidade, e, quando. polida, boa refletora de luz.

AVALIAÇÃO COMPARATIVA DE BARRAS LAMINADAS DO AÇO AISI 304L COM E SEM TRATAMENTO TÉRMICO DE SOLUBILIZAÇÃO COM FOCO EM CORROSÃO. Ricardo Dal Pont Giora

Transcrição:

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS AÇOS ASTM A995 GR 3A (DUPLEX) E GR 5A (SUPERDUPLEX), EM RELAÇÃO Á RESISTÊNCIA À CORROSÃO EM MEIOS ÁCIDO, BÁSICO E SALINO. W.R.V. Sanitá, G.S. Crespo, R.F. Gregolin, R. L. Ferreira, V.A. Ventrella UNESP-FEIS-DEM C.A. Picon UNESP-FEIS-DFQ G.Tremiliosi Filho USP-IQSC-DFQ-GE capicone@dfq.feis.unesp.br UNESP Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - Departamento de Física e Química Ilha Solteira - São Paulo Brasil. ABSTRACT The duplex stainless steel and super duplex has been gaining more and more space related activities in the petrochemical industry, supplying the needs of the traditional austenitic and ferritic steels because these can combine the properties both from ferritic and austenitic steel. Attributing their high resistance to corrosion and mechanical its balanced microstructure by approximately 50% ferrite and 50% austenite. The basic difference between duplex stainless steel and super duplex consists mainly in the concentrations of chromium, nickel, molybdenum and nitrogen that these alloys present, and some of these elements can directly interfere with resistance to pitting corrosion, that is a highly destructive attack that occurs in environments containing halogen ions. The present work studied steels ASTM A995 GR 3A duplex and ASTM A995 GR 5A super duplex, both of in solubilized state and molten state. Their electrochemical parameters were obtained, by means of lifting of the potentiodynamic polarization curves, to verify the corrosion resistance of these materials in acid means, basic and saline. Keywords: resistance to corrosion, stainless steel duplex and super duplex, potentiodynamic polarization curves, acid means, basic and saline. 4098

RESUMO Os aços inoxidáveis duplex e super duplex vem conquistando cada vez mais espaço nas atividades ligadas a indústria petroquímica, suprindo as carências dos já tradicionais aços inoxidáveis austeníticos e ferríticos, pois estes aços conseguem aliar as propriedades tanto do aço ferrítico como do aço austenítico. Atribuindo-se suas altas resistências à corrosão e mecânica à sua microestrutura balanceada em aproximadamente 50% de ferrita e 50% de austenita. A diferença básica entre os aços inoxidáveis duplex e super duplex consiste principalmente nas concentrações de cromo, níquel, molibdênio e nitrogênio que essas ligas apresentam, sendo que alguns desses elementos podem interferir diretamente na resistência à corrosão por pite, que é uma forma altamente destrutiva de ataque que ocorre em ambientes contendo íons halogênios. O presente trabalho estudou os aços ASTM A995 GR 3A duplex e ASTM A995 GR 5A super duplex, ambos em estado fundido e solubilizado. Foram obtidos seus parâmetros eletroquímicos, por meio do levantamento das curvas de polarização potenciodinâmicas, para verificação da resistência a corrosão destes materias nos meios ácido, básico e salino. Palavras-chave: resistência à corrosão, aço inoxidável duplex e super duplex, curvas de polarização potenciodinâmicas, meios ácido, básico e salino. 1. INTRODUÇÃO 4099

Os aços inox austeno-ferríticos possuem duas fases distintas e bem definidas: austenita e ferrita. As propriedades mais importantes destes aços são a elevada resistência mecânica, a boa resistência à corrosão, a boa soldabilidade e usinabilidade. (1,2) Estas propriedades são resultantes da correlação entre a microestrutura e propriedades de cada fase presente. As propriedades mecânicas são determinadas predominantemente pela relação austenita/ferrita e pela precipitação de compostos intermetálicos durante o processamento, associados aos elementos como Nb, Cr, Mo, Si, W e Cu, que reduz drasticamente os valores da ductibilidade e a resistência ao impacto. (3,4) Esses materiais surgiram na década de 70 nos Estados Unidos e na Europa e somente a partir da década de 90 vem sendo utilizado no Brasil. Os aços inoxidáveis tradicionais não apresentam a combinação adequada de resistências mecânica e à corrosão por pite, necessárias em uma série de aplicações, principalmente na presença de água do mar, como é o caso de equipamentos utilizados nas plataformas offshore (5,6) Os aços inoxidáveis duplex são ligas Fe-Cr-Ni-Mo, contendo até 0,30% em peso de nitrogênio na forma atômica, que apresentam microestruturas bifásicas compostas por uma matriz ferritica e pela fase austenitica precipitada com morfologia arredondada e alongada. (7,8) A grande vantagem da utilização desses materiais é que a combinação de elementos como cromo, molibdênio e nitrogênio confere uma boa estabilidade química em ambientes salinos como a água do mar, que antigamente (décadas de 70 e 80) só era possível de se obter usando-se materiais com altas concentrações de níquel, como os Hastelloys, os Inconéis e os Monéis. (9,10) No presente trabalho foi realizada uma análise comparativa entre os aços ASTM A995 GR 3A duplex e ASTM A995 GR 5A super duplex, ambos em estado fundido e solubilizado, verificando sua resistência a corrosão nos meios ácido, básico e salino. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 4100

Amostras cilíndricas de 35mm de diâmetro e 2mm de espessura dos aços ASTM A995 GR 3A duplex e GR 5A super duplex, foram retiradas de cilindros (Ø = 35mm e L = 165mm), de 1,2Kg de massa, fundido e solubilizado. Após lixamento, polimento e limpeza em ultrassom por 10min em cada uma das soluções de acetona, álcool etílico e água destilada, as amostras foram submetidas aos ensaios de polarização ponteciodinâmica em um potenciostato AUTOLAB-PGSTAT 302. A célula eletroquímica utilizada consta de três eletrodos, sendo o eletrodo auxiliar de Pt e o de referência, um Eletrodo de Calomelano Saturado (ECS). Para os eletrólitos utilizados, soluções de NaCl (3,5%), ph = 7,00 T= 21,6 0 C; NaOH (0,5 M) ph= 13,07, T= 21,6 0 C e H 2 SO 4 (0,5M) ph= 0,36 em T= 21,6 0 C. O intervalo de potencial percorrido foi de -1,0 V a +1,2V, empregando velocidade de varredura de 1mVs -1. Para a verificação da microestrutura da superfície do aço antes e após os ensaios de corrosão eletroquímica, foi empregado um Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), modelo Zeiss-Leica/440 com filamento de tungstênio (IQSC-USP), e Microscópio Ótico Zeis modelo Axiotech. O ataque nas ligas fundidas e solubilizadas foi realizado com o reagente Behara. 2.1. INFORMAÇÕES SOBRE OS MATERIAIS 2.1.1. PROPRIEDADES FÍSICAS Tabela 1.0 - Propriedades físicas nominais do aço, fundido e solubilizado Limite de Limite de Redução de Liga Norma Resistência Escoamento Alongamento área (Mpa) (Mpa) (%) (%) 3A ASTM A995 690 500 29,4-5A ASTM A995 698 536 30,0-2.1.2. ANÁLISE QUÍMICA Tabela 2.0 Composição química nominal Liga C (%) Si Mn P S Cr Ni Mo N Pre Al 3A 0,27 0,88 0,76 0,17 0,07 24,7 5,39 2,10 0,17 - - 5A 0,25 0,90 1,19 0,33 0,14 24,9 7,02 4,30 0,24 43,9 0,22 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4101

As curvas de polarização potenciodinâmicas para os aços inoxidáveis duplex ASTM A995 3A e super duplex ASTM A995 5A, após ensaios de corrosão em NaCl (3,5%), NaOH (0,5 M) e H 2 SO 4 (0,5M) estão inseridas nas Fig. 1,2 e 3. Fig. 1.0 Curvas de polarização potenciodinâmicas dos aços inoxidáveis 3A e 5A, fundido e solubilizado, em ensaio de corrosão no eletrólito NaCl (3,5%). 4102

Fig. 2.0 Curvas de polarização potenciodinâmicas dos aços inoxidáveis 3A e 5A, fundido e solubilizado, em ensaio de corrosão no eletrólito NaOH (0,5M) Fig. 3.0 Curvas de polarização potenciodinâmicas dos aços inoxidáveis 3A e 5A, fundido e solubilizado, em ensaio de corrosão no eletrólito H 2SO 4 (0,5M) 4103

Os parâmetros eletroquímicos, obtidos das curvas de polarização estão alocados nas Tabela 3, 4 e 5. Tabela 3.0 Parâmetros eletroquímicos dos aços ASTM A995 3A e 5A em NaCl (3,5%). Liga Ecorr (mv) Icorr (na.cm -2 ) Rp (kω).cm 2 3A -454 154,10 162,20 5A -177 150,80 147,00 O Aço duplex 3A e 5A praticamente apresentam mesma influência do meio em NaCl (3,5%), sendo que o 3A, apresenta resistência a polarização cerca de 10% maior que o 5A e também referente a deterioração a diferença de densidade de corrente de corrosão é de apenas 3,3nA do 3A para o 5A. Porém o início da corrosão retarda 277mv na liga 5A. Tabela 4.0 Parâmetros eletroquímicos dos aços ASTM A995 3A e 5A em NaOH (0,5M). Liga Ecorr (mv) Icorr (na.cm -2 ) Rp (kω).cm 2 3A -486 417,70 3,14 5A -315 117,60 71,59 Referente ao meio em NaOH (0,5M) a liga 3A mostra maior deterioração devido a sua densidade de corrente de corrosão aumentar cerca de 300nA em relação a liga 5A e também sua resistência a polarização ser menor cerca de 68,5 KΩ. Verificando o início da corrosão é notável que a liga 5A retarda cerca de 171mv em relação a 3A. Tabela 5.0 Parâmetros eletroquímicos dos aços ASTM A995 3A e 5A em H 2SO 4 (0,5M). Liga Ecorr (mv) Icorr (na.cm -2 ) Rp (kω).cm 2 3A -45 89,64 10,50 5A -104 4,66 270,50 Verificando o meio H 2 SO 4 (0,5M) para os dois aços nota-se que a corrosão inicia-se antes no aço 5A, onde o 3A retarda cerca de 59mV, porém a deterioração é maior no aço 3A devido a densidade de corrente ser cerca de 85nA maior. Também 4104

verificando a resistência a polarização dos dois aços, nota-se que no aço 5A há uma resistência muito elevada em relação ao 3A, sendo cerca de 260 KΩ maior. As micrografias ópticas mostrando a superfície dos aços fundidos e solubilizados, atacados com reagente Behara, antes dos ensaios de corrosão estão na figura 4.0 e que estão visualizadas em 50, 100 e 200um, onde na parte superior da figura se referem ao aço 3A e na inferior ao aço 5A. Fig. 4.0 Microscopia ótica dos aços ASTM A995 3A e 5A, atacados com reagente Behara antes da corrosão. As amostras dos aços 5A, após ensaios de corrosão estão inseridas na Fig. 5. Fig. 5.0 Microscopia ótica dos aço ASTM A995 5A, atacado com reagente Behara após corrosão (escalas em 50, 100 e 200um). 4105

A Figura 6 mostra a microestrutura do aço duplex 5A, atacado com reagente de Behara e obtida pelo microscópio eletrônico de varredura, em que são observadas as regiões antes dos ensaios de corrosão (esquerdo) e dentro da corrosão (direito). Fig. 6.0 Microscopia Eletrônica de Varredura do aço 5A, atacado com reagente Behara antes da corrosão. 4. CONCLUSÕES a) Os aços 3A e 5A apresentam corrosão similar referente ao meio em NaCl (3,5%), porém o processo se inicia antes no aço 3A. b) O aço 5A apresenta maior resistência a corrosão que o 3A no meio em NaOH (0,5M). c) O aço 5A apresenta maior resistência a corrosão que o 3A no meio em H 2 SO 4 (0,5M). 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à ENGEMASA- Engenharia e Materiais LTDA São Carlos (SP), pela fundição e doação do material. Ao CNPq, CAPES FAPESP, LAQ (EESC-USP), GMEME e CAQI (IQSC-USP) 4106

6. REFERÊNCIAS 1. WEBER, J. SCHLAPFER, H.W. Austenitic-Ferritic Duplex Steels, SULZER Brothers Limited, Wintertur Switzerland, p.1-10, 1986. 2. POTGIETER, J.H.; CORTIE, M. B. Determination of the microstructure and alloy element distribution in experimental duplex stainless steels. Materials characterization v.26 1991 p. 155-165. 3. SILVA, A.L.V.C.,MEI, P.R., Aços e ligas especiais, São Paulo: Brasil, Edgard Blücher LTDA, 2006. 4. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS ASTM A890/ A890M-91. Standard practice for castings, iron-chromium-nickel-molybdenum. corrosion resistant, duplex (austenitic/ferritic) for general application. Annual Book of ASTM Standards. Easton. V.01.02. Ferrous Castings; Ferroalloys. p. 556-569, 1999. 5. SOLOMON, H.D.; DEVINE, T.M. Duplex stainless steels a tale of two phases. In: Conference Duplex Stainless Steels 1994. Proceedings. Ohio, 1984, p. 693-757. 6. SEDRIKS, A.J., Corrosion of Stainless Steels, Second Edition, Ed. A. Wiley, Interscience Publication, 1996. 7. GENTIL, V., Corrosão, Rio de Janeiro: Brasil,LTC- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., pp. 43-70, 2007. 8. WOLYNEC, S., Técnicas Eletroquímicas em corrosão, São Paulo: Brasil, Edusp Editora da Universidade de São Paulo., pp. 87-146, 2003. 9. UHLIG,H.H., Metals Handbook, Ninth Edition v.13. Corrosion. ASM INTERNATIONAL-Metals Park, 1987. 10. T.L. Sudesh, L. Wijesinghe, D.J. Blackwood, Real time pit initiation studies on stainless steels: the effect of sulphide inclusions, Corros. Sci. 49 (2007) 1755 1764. 4107