O USO DE JARGÕES UTILIZADOS POR PERSONAGENS DAS TELENOVELAS: SIMPLES EXPRESSÕES OU DISCURSOS IDEOLÓGICOS INFLUENCIADORES?



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Transcrição:

O USO DE JARGÕES UTILIZADOS POR PERSONAGENS DAS TELENOVELAS: SIMPLES EXPRESSÕES OU DISCURSOS IDEOLÓGICOS INFLUENCIADORES? Camila Nunes Duarte Silveira 1 Renata Ferraz Figueiredo Odilza Lines Resumo As discussões referentes à influência que a mídia exerce sobre os telespectadores remontam a décadas passadas, contudo permanecem atuais e necessárias. Mediante isso, o presente trabalho tem por principal objetivo analisar os jargões utilizados por alguns personagens das telenovelas, de uma emissora específica, com vistas a averiguar se o uso destes carrega algum discurso ideológico capaz de exercer influência na fala cotidiana das pessoas. O foco de análise da pesquisa se deu por meio de estudos bibliográficos e discursos de personagens telenovelísitcos que apontam uma forte influência das telenovelas na linguagem cotidiana dos brasileiros. Palavras-Chave: Jargões, Televisão, Ideologia, Introdução O pensamento em defesa de um posicionamento político, a opinião que se tem a respeito de um homicídio, a forma de se vestir, o que comer, falar ou consumir fazem parte das diversas formas de relações humanas e que em sua maioria não é fruto da vontade própria. Atualmente é difícil identificar um comportamento humano que não tenha sofrido influência de uma tendência divulgada pela mídia. Na sociedade contemporânea, tudo gira em torno do ter, e a busca por conforto e comodidade leva as pessoas a estabelecerem novos padrões e hábitos de vida, que acabam por repercutir na propagação de uma nova cultura. Neste ensejo, a mídia acaba por tornar-se um elemento importante, pois apropria-se de determinada conjuntura, para resignificar culturas ao modo das grandes indústrias que a financia. Para isso, faz uso dos recursos 1 Graduandas do VIII semestre do curso de Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

2 tecnológicos que facilmente a possibilita penetrar nas residências das pessoas propiciando a doutrinação em massa. Alguns teóricos da comunicação falam em uma indústria cultural da mídia, sobretudo a partir de 1940 quando democracias capitalistas usufruíram do advento da televisão, no pós-guerra, para disseminar sua cultura e política como referências para outras sociedades, contribuindo assim para o aceleramento do poder cultural veiculado pela mídia. É fato que a mídia, especialmente a televisiva, exerce algum tipo de influência sobre as ações humanas. Quantas pessoas já não foram flagradas falando como a personagem de uma determinada telenovela? Quantos compram as roupas, acessórios, perfume ou até aquele esmalte que há pouco tempo era considerado démodé e somente porque a protagonista usou, agora é moda? Muitos são os que agregam à sua identidade as tendências da mídia e transportando-as da ficção para a realidade, acabam por legitimar e fortalecer a grande indústria cultural midiática. As questões relacionadas à cultura midiática e sua conexão com a sociedade são tão pertinentes que por volta de 1930 a escola de Frankfurt iniciou estudos críticos da comunicação. Em 1960, os estudos culturais britânicos - com vistas a abordar aspectos da cultura numa perspectiva crítica e multidisciplinar - situavam a cultura como uma teoria da produção e reprodução social e especificaram os modos como formas culturais que serviam para aumentar a dominação social ou para possibilitar a resistência e a luta contra a dominação. Ao compreender a mídia enquanto objeto cultural da sociedade contemporânea é possível inferir que esta, assim como certas instituições sociais, a saber: família, escola, igreja, trabalho e o próprio Estado, controlam os indivíduos e criam estruturas de dominação sobre as quais eles devem lutar para conseguirem autonomia. Diante de tais questões, o presente estudo tem por finalidade, analisar os jargões utilizados por alguns personagens das telenovelas, de uma emissora específica, com vistas a averiguar se o uso destes carregam algum discurso ideológico capaz de exercer influência na fala cotidiana das pessoas. Embora seja necessário um movimento contrário à influência exagerada dos meios de comunicação, o que pode-se perceber é uma total invasão da

3 indústria cultural da mídia na sociedade, fato amplamente percebido diante de uma análise do comportamento das pessoas frente a um aparelho midiático tão comum nas residências brasileiras, a televisão. Várias são discussões em torno da influência que os programas televisivos têm sobre as ações humanas e para compreender a dimensão do tema, esta pesquisa segue o mesmo caminho, não com a intenção de estabelecer uma conceituação final, mas de contribuir com esses debates, averiguando o comportamento de indivíduos que, por vezes, numa ingênua expressão corroboram com a continuidade de discursos carregados de preconceitos e ideologias. Por compreender que o discurso é uma construção coletiva que por sua vez está inserida em um contexto histórico-social, teremos como caminho metodológico o uso da Análise do Discurso. Após revisão teórica de bibliografias que tratam do tema, o que se pretende inicialmente é estabelecer um breve histórico acerca das manifestações da mídia no Brasil, desde o ano de 1950 até os dias atuais. Num segundo momento, será apresentada a importância da linguagem como instrumento de poder capaz até de influir nas relações econômicas e sociais. Na terceira e última parte, serão abordados alguns jargões utilizados por personagens de novelas, associando-os à fala cotidiana de pessoas comuns, aprofundando na discussão de que um determinado comportamento ou expressão que surgiu no programa passa a fazer parte da vida do telespectador adaptando-se facilmente e à sua maneira de agir. Breve histórico sobre a televisão no Brasil a partir de 1950 No contexto das significativas transformações sociais e econômicas, provocadas pelo fim da Segunda Grande Guerra, marcado principalmente pela hegemonia dos Estados Unidos, os brasileiros moviam-se em busca do progresso, trilhavam os caminhos que simbolizavam a modernização, viviam momentos decisivos do processo de industrialização, de uma urbanização acelerada e de avanços nos setores tecnológicos, possíveis fatores, para o acesso iminente ao mundo dos privilegiados do Primeiro Mundo. Nesse

4 cenário, surgiu um dos maiores instrumentos e símbolos do desenvolvimentismo no Brasil, a televisão. A tevê brasileira foi um instrumento da indústria, para divulgar seus produtos e adquirir consumidores, pois a sociedade brasileira desejosa de poder consumir tudo aquilo que lhe era apresentado como novo e moderno, foi o público alvo da publicidade, que era financiada pela concorrência estabelecida entre as grandes indústrias. A TV era símbolo da modernidade, do progresso, pelo simples fato da ostentação revelada por todos que, naquele primeiro momento, puderam ter em suas residências este aparelho. A primeira fase da televisão brasileira corresponde ao período de 1950 a 1964 sendo que a rede televisiva concentrava-se especialmente nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Neste período a TV Tupi-Difusora, primeira emissora da época, submetia-se à influência do rádio, o maior veículo de comunicação popular do país, utilizando a sua estrutura e o mesmo formato de programação. No segundo momento, após 1959 a rede expandiu-se para outras regiões como Porto Alegre, Brasília e Nordeste, ao final da década de 50, já existiam dez emissoras de televisão em funcionamento no Brasil. Surge por volta de 1960, após contrato com o grupo norte-americano Time-Life, a tevê 2 Globo, uma megaempresa de comunicações, estabelecida aos moldes do sistema capitalista, adotou técnicas administrativas das mais modernas, inclusive a utilização da grande novidade para aquele momento, o videotape, o que configurou sua supremacia nesse segmento da comunicação. A tevê Globo, além das propagandas, oferecera entretenimento em forma de mercadoria, que passou a ser consumido cada vez mais pelos telespectadores, ocasionando a decadência do seu principal concorrente, o grupo Assis Chateaubriand. 3 2 O aparelho de TV vai se difundindo rapidamente para a base da sociedade, com o auxílio valioso do crédito consumo. Bastaram vinte anos para que 75% dos domicílios urbanos o possuíssem: em 1960, havia em uso apenas 598 mil televisores; dez anos depois, 4584000; em 1979, nada menos do que 16737000, sendo 4534000 televisores em cores. In: Capitalismo tardio e sociabilidade moderna (p. 638) 3 Primeiro oligopólio da informação no Brasil, estabelecido com características de uma empresa familiar.

5 Foi na década de 1960 que iniciaram as primeiras transmissões das TVs Educativas, a exemplo da TV Cultura, que oferecia uma programação voltada para os candidatos que buscavam ingressar no ensino do ginásio.ainda nesse período identifica-se a ascensão da TV Record, com a exibição dos Festivais de Música, levando-a a ocupar o primeiro lugar entre as emissoras de maior audiência do país. Outra fase que marcou a TV brasileira foi sem dúvida, o período da Ditadura Militar. Com a censura, os espaços onde se debatiam aspectos da sociedade brasileira e aconteciam discussões que serviam para constituir um público capaz de analisar politicamente os acontecimentos foram fechados, ocasionando a deformação da visão crítica e do pensamento construtivo dos brasileiros, levando-os a reter e aceitar cada vez mais, as informações propostas pelos proprietários dos meios de comunicação que expunham à sociedade brasileira à falsa liberdade do poder consumir. Para além da censura imposta pelo autoritarismo, a preeminência, na TV, do entretenimento sobre a educação, de um lado, e, de outro, a liquidação do embrião de opinião pública associado ao triunfo da empresa jornalística gigante levaram a um esvaziamento dos valores substantivos: a verdade cede passo à credibilidade, isto é, ao que aparece como verdade; o bem comum subordina-se inteiramente aos grandes interesses privados; a objetividade abre espaço à opinião, isto é, à opinião dos formadores de opinião, em geral membros da elite ligados direta ou indiretamente aos grandes interesses. (MELLO e NOVAIS, p. 639) Ante o exposto, torna-se evidente que a tevê brasileira foi construída dentro de um modelo dependente de desenvolvimento, pelo qual passava o país, levando-a também a uma dependência informativa das agências norteamericanas. Nessa perspectiva, de dependência de diretrizes maiores, a tevê transforma-se em uma unidade de produção econômica e de produção ideológico-política, sobretudo, a partir da década de sessenta. O Movimento de 1964 representou uma espécie de aliança entre o Estado e o capital estrangeiro, principalmente norte-americano. Coincidentemente, o contrato da TV Globo com o Grupo Time-Life foi assinado quando um dos diretores do Ministério das Comunicações era um dos artífices da Segurança Nacional, Golbery do Couto e Silva (...). Mas o que interessa são fatos. E as armas da televisão no mastro da Segurança Nacional se tornam mais fortes a partir de 1968,

6 quando as funções do chamado poder psicossocial se expandem também aos meios de comunicação. (CAPARELLI, p. 28) Apesar das evoluções ideológicas propostas pelo movimento de Maio de 1968, pouco veio a influenciar, de fato, no formato da televisão brasileira, que se mantivera sob o monopólio estatal das telecomunicações. Já em 1970, com o incentivo do Estado, que montou uma infra-estrutura de telecomunicações, ocorreu a instalação de uma rede nacional. A construção da Rede Nacional de Televisão, da Embratel, forneceu o suporte necessário para que os programas chegassem a uma grande parte do território nacional e as redes passassem a ter características nacionais. Nesse período a TV brasileira consolida o gênero da telenovela e em 1972, ocorreu a primeira transmissão oficial a cores. Com a nova Constituição brasileira de 1988 o Estado não mais detinha o poder direto sobre os meios de comunicação, no que tange a conceder/cassar licença e permissão para o uso de freqüências de rádio ou de televisão, porém, isso não isenta a sua influência indireta como suporte na construção de uma indústria cultural ditada pelos meios de comunicação, patrocinados pelo capital estrangeiro. A partir da década de 1990, a TV brasileira passa pelas reorientações estabelecidas pelas transformações tecnológicas, considerando os avanços do neoliberalismo econômico e da globalização, que levaram a maior empresa desse segmento, a Rede Globo, devido ao acúmulo de capital, a fazer investimentos no mercado exterior. Nesta fase a televisão brasileira, pode ser caracterizada por uma maior habilidade técnica e empresarial, mas mantém de maneira implícita, o perfil de instrumento estatal, capaz de manipular os telespectadores, como afirma Mattos 4 (2010). O potencial da influência da televisão brasileira pode ser comprovado durante as últimas eleições presidenciais, quando os partidos políticos, utilizando recursos das agências de publicidade, usaram o horário gratuito na televisão para divulgarem suas propostas em peças muito bem produzidas. Os debates entre os candidatos, transmitidos pelas redes de televisão, atingiram os mais altos índices de audiência, influindo decisivamente nos resultados. 4 MATTOS, Sérgio.A fase da transição e da expansão internacional (1985-1990). Disponível em : http://www.sergiomattos.com.br/liv_perfil03.html

7 Essa análise de Mattos é tão pertinente, aos dias atuais, que apesar dele referir-se ao governo Fernando Collor, as mesmas palavras podem ser utilizadas, para classificar a candidatura do atual presidente da república Luís Inácio Lula da Silva, em seu atual mandato 2006-2010. O século XXI tem sido testemunha dos grandes avanços das áreas tecnológicas. A utilização da TV digital, dos canais por assinatura, da integração da TV através da Internet e das novas linhas de jornalismo e entretenimento denotam o grau de desenvolvimento a que se tem chegado. No entanto, essas mudanças ficam restritas apenas a vanguarda da sociedade brasileira. Aos demais, resta à programação monopolizada, capaz de alienar cada vez mais a população brasileira, que sonha em ter o glamour dos ídolos das telenovelas globais. A linguagem em seu tempo e comportamento social As ações humanas são representadas de acordo o seu tempo. O ser humano simboliza, verbaliza e porta-se de determinada forma, segundo as relações sociais estabelecidas desde o seu nascimento. Diante disso, é possível inferir, que essa ou aquela palavra, gíria ou jargão, tem de maneira geral, o significado daquele momento em que se vive. A linguagem da sociedade brasileira do século XVI era diferente da encontrada nos séculos XVII como também da sociedade do século XXI, haja vista que a sociedade,segundo Nobert Elias (1994 p.23) é a rede de funções que as pessoas desempenham umas em relação às outras, e a linguagem é uma dessas funções da rede, ao modificar a sociedade, modifica-se a linguagem De maneira específica, a linguagem representa a cultura, a condição social e, sobretudo, representa o nível de escolaridade e a qualidade do ensino que determinada pessoa teve acesso. Por meio da linguagem de determinado indivíduo é possível reconhecer se quem fala é um homem rural, um operário ou um intelectual. Para além disso, em sua fase hodierna, os comportamentos humanos, inclusive a linguagem, sofrem influências de modelos estabelecidos pelos meios de comunicação e a televisão constitui o mais importante meio influenciador do comportamento social.

8 Segundo Ferrés (1998, p. 13) A televisão é o fenômeno social e cultural mais impressionante da história da humanidade, ele afirma que até hoje, não existiu outro meio de comunicação capaz de ocupar tantas horas da vida cotidiana das pessoas e nenhum outro desenvolveu tamanho poder de fascinação. A TV constitui um dos maiores e mais acessíveis meios de comunicação do brasileiro que, inserido em seu cotidiano a partir da década de 1950, mostrou-se revelador desta perspectiva que relaciona a linguagem do mundo irreal à linguagem cotidiana da comunidade. A linguagem apresentada pelos programas televisivos pode ser elaborada a partir da naturalidade da fala, com o intuito de propiciar uma compreensão natural e imediata por parte dos telespectadores. Para tanto, leva em conta a audiência, o público alvo que pretende alcançar. Ora revela-se de maneira cômica, coloquial, ora apresenta um texto mais elaborado geralmente utilizado pelos telejornais ou programas de entrevistas no estúdio. Apesar disso, o discurso apresentado nem sempre é carregado de naturalidade e por vezes, movido pelo encanto e fascínio diante dessa indústria de sonhos, o telespectador nem se dá conta dessa falsa naturalidade que tem por objetivo apresentar um discurso segundo a necessidade e característica do telespectador. Baseado nisso Preti (1991, p. 232) relata: Da parte do telespectador, gera-se uma expectativa de linguagem, tendo em conta a programação sintonizada. Não se esperaria por exemplo, que a apresentação verbal de um concerto de música clássica fosse feita com a liberdade das estruturas coloquiais ou com a natural irreverência da gíria.mas esse tipo de linguagem vai bem para uma transmissão futebolística ou um programa cômico. Para isso, faz uso até de situações que emocionam e estimulam os sonhadores. Na análise de Ferrés (1998, p. 43): Os meios de massas audiovisuais são precisamente uma gigantesca indústria de criação de associações emotivas. Com seu extraordinário poder para a manufaturação de sonhos impõem aquelas imagens mentais que, a partir dos desejos e emoções que geram ou refletem, orientarão a futura conduta dos sonhadores. No Brasil, os elos construídos pelos meios de comunicação com a linguagem da comunidade é tão pertinente que alguns autores das famosas

9 novelas 5 afirmam realizar observações da fala dos supostos telespectadores em locais públicos, para posteriormente caracterizar um determinado personagem da trama, no entanto, o oposto também ocorre. Percebe-se que muitas falas e jargões, de determinados personagem acabam sendo reproduzidos por inúmeros brasileiros cotidianamente. A partir do momento em que essa via de mão dupla torna-se uma realidade brasileira, é possível que haja um desinteresse pelas formalidades da gramática, da língua portuguesa, em detrimento de uma maior aceitação e multiplicação das gírias e jargões, uma vez que os meios de comunicação de massa exercem influências no imaginário dos indivíduos, contribuindo para uma massificação das informações e uma crise do pensamento crítico. Há tempos ouve-se falar que as palavras tem poder, tem força, os indivíduos que passam horas do dia em frente à TV, estão submetidos a ver e a ouvir TV uma realidade imposta por esse meio de comunicação, que segundo Bosi (apud Rocco, 1991 p. 240), a realidade da imagem está no ícone, mas a verdade da imagem está no símbolo verbal. Diante das condições porque passa a sociedade brasileira, a qual enfrenta sérios problemas com a segurança pública, impossibilitando aos cidadãos desfrutar dos espaços públicos de lazer, crianças e idosos passam boa parte de seus dias diante da televisão. Esta deixa de ser apenas um meio de comunicação para ocupar um importante papel familiar: ela é educadora, babá companheira e influenciadora. A transmissão de suas imagens propicia uma forte conexão com o inconsciente e acaba por incidir no comportamento e nas crenças das pessoas, levando-as a implantarem novos modelos e padrões de vida. O poder de penetração e persuasão desse veículo nos lares brasileiros, aliados ao precário sistema educacional do país, são responsáveis pela cegueira de boa parte da sociedade que reproduz, legitima e acha graça nos simulacros transmitidos pela TV. 5 É nas novelas e nos programas humorísticos que se observa a maior aproximação da linguagem de televisão com a língua falada da comunidade. Alguns autores dos textos estão permanentemente atentos às transformações da fala contemporânea e, em particular, às variações vocabulares. Silvio de abreu (...) afirma em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo (30/9/1990): Ouvi a gíria nas ruas, enquanto buscava traçar o perfil das personagens. (PRETI,1991 p. 235)

10 O uso de jargões nas telenovelas - ideologia e influência Há mais linguagens do que se pensa. NIETZSCHE Diante da estrutura organizacional que apresenta e dos mecanismos que dispõem para a propagação de idéias, os aparelhos midiáticos constituem instrumentos importantes na transmissão de ideologias 6 que privilegiam os interesses de uma determinada classe social. Boa parte das informações adquiridas pela sociedade brasileira provém de meios eletrônicos de comunicação, especialmente rádio e TV. Esses meios de comunicação estão presentes na maioria dos lares brasileiros e independente da classe social, o brasileiro passa algum momento do seu dia diante de um desses aparelhos. Desde a década de 50, período em que a televisão surgiu no Brasil, as telenovelas fazem parte do cotidiano dos brasileiros e diante das informações que elas apresentam, o telespectador é tentado a trazer para sua realidade os modismos, implícita ou explicitamente, apresentados por essa produção audiovisual: roupas, frases, comidas,jargões, cortes de cabelos e até a escolha do nome do filho são modismos lançados por este veículo da Indústria cultural que dispõe de ampla capacidade de manipular a audiência e contribuir com a perda da autonomia do indivíduo (CAMPOS, 2001, p.134). Ao analisar estudos propostos pelos filósofos da Escola de Frankfut acerca da Indústria Cultural e esta associada à mídia televisiva, Campos (2001), fazendo uso das palavras de Adorno, afirma que esse veículo leva adiante a tendência daquela, no sentido de cercar e capturar a consciência do público por todos os lados 7. Eis que as novelas passam a constituir um importante instrumento de controle, pois sugerem modelos de comportamento que parecem ordenar as necessidades que os telespectadores têm de aproximar a realidade em que vivem da realidade apresentada pelas telenovelas. 6 Grande estudioso do tema e quem melhor contribuiu com a definição do mesmo, Marx (apud MONTEIRO,1989,p.196) define a ideologia como um sistema de idéias, cuja função é a defesa de determinados interesses de classe. As ideologias se apresentam como um discurso verdadeiro sobre o seu objeto (...) mas na realidade são uma deformação desse objeto. 7 ADORNO apud CAMPOS, 2001. p. 134.

11 Embora não se deem conta, muitas pessoas são influenciadas a refletirem comportamentos de personagens telenovelísticos, dentre muitos, a linguagem que aparentemente inofensiva, acaba por transforma-se em um hábito copioso. O uso de um determinado jargão do momento, pressupõe que de alguma maneira, a pessoa que o utilizou está familiarizada com o personagem que o popularizou e com a condição que ele vive. Diante da grande quantidade de informações do mundo moderno, a utilização de um discurso aparentemente inofensivo, faz com que o telespectador nem se dê conta de que aquela expressão traz em si um discurso ideológico. Novamente fazendo uso das palavras de Adorno, Campos (2001, p. 134) afirma que quanto mais opaca e complicada se torna a vida moderna, tanto maior o número de pessoas tentadas a agarrar-se desesperadamente a clichês que parecem impor alguma ordem ao que, de outro modo, é incompreensível. As telenovelas são tão capazes de difundir jargões e atribuir um significado a eles que, mesmo após décadas, é possível recordar a quem pertencia e em quais momentos eram utilizados. Na novela Roque Santeiro (Globo, 1985) Sinhozinho Malta (Lima Duarte) expressava um Jargão sempre que queria impor uma opinião. O Tô certo ou tô errado? associado ao balançar das pulseiras, foi utilizado por muitos telespectadores que, assim como o personagem, desejavam manifestar uma opinião. Personagens de súrbubio são os que em sua maioria lançam algum tipo de jargão. Aparentemente, tentam transmitir a idéia de pouco estudo, deixando transparecer em sua linguagem a condição social em que vivem. Dentre os diversos deslizes da concordância e das pronúncias das palavras, Giovanni Improtta (José Wilker) em Senhora do Destino (Globo 2004-2005), embora emergente, no jargão Felomenal deixava transparecer o pouco estudo que tinha e Bebel (Camila Pitanga) em Paraíso Tropical (2007) usava o jargão Di Catiguria para se referir a algo bom ou associado à elite. A linguagem reflete e legitima a condição social em que se está inserido, a maneira como o indivíduo fala, expressa simbolicamente o que a instituição escolar pôde ou não pôde lhe oferecer. Ambos os personagens refletem a idéia de Bourdieu (1975, p. 128) quando expõe:

12 E ainda: Não obstante, existe nas duas extremidades da escala dois modos de falar bem definidos: o modo de falar burguês e o modo de falar vulgar Também é na relação com a linguagem que se encontra o princípio das diferenças mais visíveis entre a língua burguesa e a língua popular: no que frequentemente se descreveu como a tendência da língua burguesa à abstração ao formalismo, ao intelectualismo e à moderação eufemística, é preciso ver antes de tudo e expressão de uma disposição socialmente constituída relativamente à língua, isto é, relativamente aos interlocutores e ao próprio objeto de conversação. A fala desses personagens, a origem social de cada um deles, expressam a relação que desenvolvem com a linguagem. Pessoas do subúrbio tendem a falar errado, a vestir mal a curtir farra e utilizar de mecanismos ilícitos para conseguirem alguma coisa, porque o meio em que viveram e o pouco estudo que tiveram propiciaram tais atitudes. Será essa a treva expressa por Bianca (Isabelle Drumond) em Caras e Bocas (2009-2010)? A personagem, neta de um homem milionário, detesta a pobreza e utiliza o jargão É a treva para tudo que dela provém: ao descobrir que ficara pobre, que o pai era dono de uma bar, que tinha que mudar para uma outra escola, que passaria a utilizar o ônibus, enfim, que seu nível social havia mudado, Bianca deixava explícito o desgosto em viver a condição social da maioria da população brasileira. Outros jargões que também caíram no gosto da população brasileira, referem-se a auto-afirmação da condição feminina: Sou chique né bem.", de Márcia (Drica Moraes), em Chocolate com Pimenta (2003-2004); Elzinha é biscoito fino.", Elzinha (Leandra Leal), em Ciranda de Pedra (2008) e Sou toda trabalhada, Ivonete (Suzana Pires) em Caras e Bocas (2009-2010). Até hoje utilizados, esses jargões revelam a necessidade da mulher em manter-se num padrão de elegância sugerido pela sociedade. Apesar de fictícias, as novelas tentam representar um cotidiano mais próximo possível do telespectador embora abordando, quase sempre, tramas e comportamentos da classe média alta. Enquanto ferramenta da Indústria Cultural tenta aproximar aquilo que é desejado (produto) daquele que o deseja (consumidor). Conforme afirma Campos (2001, p.141):

13 A emergência do cotidiano nas novelas constitui uma forma eficaz de aproximação com o telespectador, sendo uma característica da Indústria Cultural que Adorno não deixa de destacar. Para ele, a televisão vem reforçar essa tendência: Também ela fornecerá uma tendência da Indústria Cultural como um todo: aquela no sentido da diminuição da distância entre o produto e o espectador, no sentido literal e figurado. Ao que se vê, o objetivo da telenovela parece estar na possibilidade de fazer com que aquele que a assiste sinta participante de um mundo reconstruído, porém verossímil. Para tanto,as imagens transmitidas na TV devem ser bem quistas aos olhos de quem a consome, devem compor um cenário repleto de beleza, alegria, realizações, possibilidades, enfim, devem apresentar a idéia de que aquilo que ela transmite faz parte de uma realidade possível e expressa como uma extensão da vida cotidiana dos brasileiros. Contudo, na verdade o que se vive é um processo dicotômico no qual o contexto social vivenciado pela maioria dos personagens parecem não corresponder a realidade vivenciada pela população brasileira. Considerações Finais Vários são os jargões apresentados pelas telenovelas e o presente trabalho não dá conta de analisá-los em sua totalidade. Contudo, diante do que foi exposto e da enormidade de discussões apresentadas por teóricos que tratam do assunto, é possível afirmar que a mídia e em especial as telenovelas, exercem grande influência sobre o telespectador. Tamanha é a admiração do tevente frente ao maravilhoso mundo das telenovelas que passa a reproduzir consciente ou inconscientemente comportamentos dos personagens, dentre eles, os jargões aqui estudados. Vive uma realidade ilusória, maquiada pelos mecanismos da Indústria cultural que utiliza este produto para vender idéias de uma classe que tem por finalidade lucrar. Embora apresente discussões críticas, o presente estudo não teve por finalidade generalizar o caráter manipulador da mídia atribuindo a esta o papel de vilã e aos telespectadores o de vítimas. Coube a este estudo

14 apontar a capacidade que as telenovelas têm de ditar as tendências e modismos criados pela indústria que a financia. Diante do exposto, é possível então afirmar que a influência das telenovelas abrange inúmeros aspectos do comportamento das pessoas, elas ditam o modo de vestir, de comer, de falar e até de como porta-se diante de determinados relacionamentos, pois tratam de assuntos comuns à sociedade. A homossexualidade, o uso de drogas, paixões, traições, primeira transa são assuntos abordados nos capítulos que, emaranhados à ficção, parecem ser resolvidos com bastante facilidade. Dentre dessas discussões, a linguagem tem lugar especial, haja vista que os jargões utilizados pelos personagens, ouvidos no trabalho, nas ruas, nas rodas de conversas informais e até mesmo formais, denotam que a fala utilizada pelos artistas passa a ser incorporada ao cotidiano das pessoas legitimando a influência que a mídia, em especial a televisiva, exerce sobre elas. Referências BORDEAU, Pierre & PASSERON, Jean-Claude. A Reprodução: Elementos para uma Teoria do Sistema de Ensino. Editora S.A, Rio de Janeiro. 1975. CAPARELLI, Comunicação de Massa sem Massa. São Paulo: Cortez, 1980. CARDOSO DE MELLO, J.M. & NOVAIS, F. Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna. In: SCHWARZ, L.M. (org) História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, vol. 4., capítulo 9. CAMPOS, Maria Teresa Cardoso de. Telenovela brasileira e Indústria Cultural. In: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. Vol. XXV, nº 1, janeiro/junho de 2002.

15 DASCAL, Marcelo (org.) Conhecimento, Linguagem, Ideologia. São Paulo, Perspectiva. 1989. FERRÉS, Joan. Televisão subliminar: socializando através de comunicações despercebidas. Porto Alegre: Artes Médicas Editora, 1998. MATTOS, Sérgio. Origem e Desenvolvimento Histórico da Televisão Brasileira. Disponível em: http://www.sergiomattos.com.br/liv_perfil03.html. Acesso em: 12-06-2010 NORBERT, Elias. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1994. PRETI, Dino: A linguagem da TV: o impasse entre o falado e o escrito in: NOVAES, Adauto (org.) Rede imaginária: televisão e democracia. São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria Municipal de Cultura. ROCCO, Maria Thereza Fraga. (1991): As palavras na TV um exercício autoritário in: NOVAES, Adauto (org.) Rede imaginária: televisão e democracia. São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria Municipal de Cultura.