O Papel Político do Jornalismo Comunitário: Um estudo sobre a promoção da cidadania e a democratização da comunicação por meio da mídia comunitária 1



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Transcrição:

O Papel Político do Jornalismo Comunitário: Um estudo sobre a promoção da cidadania e a democratização da comunicação por meio da mídia comunitária 1 Laura Luz Pessanha HENRIQUES Angelo Sottovia ARANHA Unesp, Bauru, São Paulo 2 Resumo A presente pesquisa propõe um estudo teórico e de campo para definir o papel político e, consequentemente, social do jornalismo comunitário por meio de mídia impressa nas comunidades periféricas e carentes da cidade de Bauru. O grupo a ser estudado é de eleitores de classe baixa, com mais de 16 anos e capacidade intelectual e crítica para avaliar o conteúdo jornalístico que recebe. A pesquisa também pretende mostrar como acontece o processo de comunicação dito horizontal e inclusivo, e as diferenças entre esse tipo de jornalismo e o convencional. Serão analisados os periódicos Jornal do Ferradura e Voz do Nicéia, e o diário Jornal da Cidade. O objetivo é verificar o quanto os jornais comunitários contribuem para a formação da consciência política das comunidades o que permitirá a percepção da importância do noticiário político. Palavras-chave Jornalismo Comunitário; Jornalismo Impresso; Jornalismo Político; Influência Política; Democratização da Comunicação 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 1 Trabalho apresentado no GP 3 Pesquisa na Graduação, do 6º Encontro Paulista de Professores de Jornalismo, realizado na ESPM-SP, em 26 e 27 de abril de 2013. 2 Laura HENRIQUES é graduanda em Comunicação Social - Jornalismo pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), câmpus de Bauru. Atualmente é pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do São Paulo (Fapesp) por Iniciação Científica. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Jornalismo Especializado (Comunitário, Rural, Empresarial, Científico) Email de contato: lauraluzph@yahoo.com.br Angelo ARANHA é graduado em Comunicação Social (Habilitação em Jornalismo) pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP (1979), com mestrado em Projeto, Arte e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1997) e doutorado em Comunicação e Poéticas Visuais, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2004). Atualmente é professor assistente doutor efetivo do curso de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de jornalismo, já tendo atuado em revistas, jornais impressos, emissoras de rádio e de televisão. Pesquisa, prioritariamente, nas áreas do ensino do jornalismo, do jornalismo corporativo e do jornalismo impresso. Email de contato: sottovia@faac.unesp.br 1

O jornalismo comunitário é caracterizado ainda por conceitos divergentes e o estudo dessa especialidade dos periódicos é algo que deve ser feito pela importância social que implica. Segundo MARCONDES FILHO o jornalismo comunitário, portanto, é o meio de comunicação que interliga, atualiza e organiza a comunidade e realiza os fins a que ela se propõe. (1987, p. 160) Os jornais tradicionais veiculam direta ou indiretamente inúmeras influências econômicas e políticas, seja pela publicidade, pelos acordos com clubes de serviços e coligações partidárias ou pela própria hierarquia social que existe naturalmente em qualquer sociedade. Além disso, todos pertencem a empresas e priorizam o lucro a curto, médio ou longo prazo. No caso dos jornais comunitários, normalmente essas influências passam a ser quase que insignificantes, visto que seu público é menor, e normalmente mais humilde e de periferia. Ou seja, as diferenças das gestões desses dois tipos de jornal causam as distinções nos conteúdos também. Desnecessário falar também da origem do poder econômico das grandes empresas jornalísticas (aliás, origens muitas vezes ainda obscuras), e isto marca também diferenças, pois a imprensa de favelas é de propriedade, geralmente, da Associação de Moradores, ou de moradores independentes da entidade. As diferenças, portanto, existem. (MOREL, 1986, p. 35) Esta pesquisa pretende mostrar como se estabelece a influência política nos jornais comunitários, se existir, e quais as diferenças em relação a essas influências nos jornais tradicionais. Além disso, parte-se da premissa de que os periódicos comunitários são editados valorizando a promoção da cidadania e a democratização da comunicação. Nenhum editor impõe conteúdos e as matérias são feitas a partir de sugestões dos próprios moradores das comunidades beneficiadas. São, portanto, sempre de interesse da maior parte dos leitores. Se não for assim, um jornal não é comunitário. Justifica-se essa pesquisa porque as comunidades dos bairros Ferradura Mirim e Jardim Nicéia não são atendidas a contento pelas autoridades municipais, sobretudo porque os terrenos não são legalizados e existem mecanismos legais que dificultam o investimento público em ações de melhoria. Sendo assim, tem-se a impressão de que pouco importa para os moradores conhecer os titulares das secretarias municipais ou mesmo os vereadores que têm voz com maior frequência no Jornal da Cidade. Apesar disso, as reivindicações dos moradores têm pautado todas as edições dos Jornais Comunitários de forma que os moradores estão conscientes do que poderia ser feito por seus bairros e 2

lideranças que não têm espaços na mídia tradicional costumam frequentar as comunidades e intervir nos processos que estão em andamento. Entre eles estão os de usucapião. Mesmo sendo bimestrais e não diários os jornais comunitários têm impacto significativo por levarem em consideração todas as propostas dos moradores que não sejam doutrinárias ou de interesses de pequenos grupos. Imagem 1: Foto da equipe do Jornal do Ferradura em dia de entrega de jornais Por Mayara Alves Imagem 2: Foto do Bairro Ferradura Mirim, na periferia de Bauru Por Camila Mello, atual editora do Jornal do Ferradura Os Jornais Comunitários Jornal do Ferradura e Voz do Nicéia são periódicos bimestrais (eventualmente mensais), produtos de dois projetos de extensão do Departamento de Comunicação Social, coordenados pelo Professor Doutor Angelo Sottovia Aranha, (também orientador desta pesquisa) da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista, câmpus de Bauru e são pautados pela própria população: 3

A filosofia editorial do jornal deve ser comunitária, ou seja, as matéria produzidas para o jornal devem atender aos anseios e reivindicações da comunidade que, dentro do possível, determinará quais as notícias que devem ser divulgadas pelo jornal, desde que não atendam nenhum interesse pessoal ou partidário. O diretor e/ ou jornalista do periódico devem, também, participar ativamente de todas as atividades promovidas pela comunidade, ajudando a buscar soluções da forma como se fizer necessário. (DORNELLES, 2004, p.131) Os bairros onde os jornais são distribuídos ficam na periferia da cidade de Bauru, no interior do estado de São Paulo e são frequentemente visitados pela pesquisadora. Sofrem com graves problemas de infraestrutura, dificuldades de inclusão social e marginalização. Imagem 3: Foto do Bairro Jardim Nicéia onde é veiculado o periódico Voz do Nicéia Por João Paulo Monteiro, atual editor do Jornal Voz do Nicéia Imagem 4: Bairro Jardim Nicéia na periferia de Bauru Por João Paulo Monteiro, atual editor do Jornal Voz do Nicéia 4

2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver um estudo do Jornalismo Comunitário, com base nos Jornais Comunitários Jornal do Ferradura e Voz do Nicéia, além de um estudo de comparação com o Jornal da Cidade, todos da cidade de Bauru. Por meio da análise das matérias e reportagens de política, pretende-se comparar o conteúdo das edições dos jornais comunitários e do jornal tradicional. Com isso, pretende-se refletir sobre a influência política no jornalismo comunitário, bem como o papel do jornalismo político nos periódicos tradicionais. 2.2 Objetivos Específicos - Contextualizar o desenvolvimento do jornalismo comunitário na história do jornalismo; - Refletir sobre a produção de Jornais Comunitários na imprensa brasileira e sobre a relevância do espaço dedicado à política nesses periódicos; - Definir o papel da influência política e dos jornalistas na imprensa atual, tendo como base o contexto da consolidação da indústria cultural na pós-modernidade, atentando-se às grandes empresas jornalísticas; - Identificar critérios de jornalismo político, bem como a presença de padrões éticos ou não, no jornalismo tradicional e comunitário. 3. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa inicia-se por uma pesquisa bibliográfica e a leitura de materiais sobre os temas da pesquisa: Jornalismo Comunitário, Jornalismo Político, Jornalismo Popular, Influência Política na Comunicação, Cidadania, Democratização, e teorias mais abrangentes do Jornalismo como recepção, gêneros, formatos, características comunicativas do veículo impresso, segmentação, penetração e recepção. Depois será feita a leitura e pesquisa material das edições dos três jornais a serem analisados Jornal do Ferradura, Voz do Nicéia e Jornal da Cidade (capa e página 2)- no período de junho a dezembro de 2011, considerando menções a políticos então futuros candidatos às eleições municipais de 2012 nas páginas analisadas, levando em consideração as distintas periodicidades dos jornais (bimestral, bimestral ou mensal e 5

diária, respectivamente) e pesquisa de porcentagem de voto nos colégios eleitorais próximos aos bairros periféricos Ferradura Mirim e Jardim Nicéia, que recebem nas eleições a quase totalidade de votantes desses bairros. A escolha do período de estudo foi pensada levando-se em consideração que as Eleições 2012 não estavam sendo abertamente divulgadas e a influência política era mais subjetiva e também por ser um período possível e satisfatório de análise de um jornal diário como o Jornal da Cidade, mesmo que não seja em todo o seu conteúdo. Com o Corpus da pesquisa definido, os métodos e os procedimentos teóricos serão baseados no modelo proposto por Lopes (2001), pelo qual se estabelece um quadro teórico, descritivo e interpretativo do material reunido na pesquisa. As informações recolhidas serão analisadas quantitativamente e tabuladas, depois serão analisadas qualitativamente para discussão teórica, para a elaboração de artigos, para apresentações em eventos acadêmicos e para produção do relatório final. A partir do sétimo mês, a pesquisa também será utilizada diretamente para a produção do Trabalho de Conclusão de Curso da pesquisadora. Para concluir a metodologia, a análise interpretativa pretende refletir sobre a importância do jornalismo comunitário como influência ou apenas conscientização política e as diferenças do jornalismo tradicional do comunitário, desde a sua produção até a sua distribuição. 4. PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA Para a realização completa do projeto, serão necessárias seis etapas organizadas da seguinte forma: Mês 1 a 5: Revisão e Aprofundamento Bibliográficos: leitura e fichamento das obras apresentadas na bibliografia, além de outras que se mostrarem relevantes para o desenvolvimento da pesquisa, e análise de estudos semelhantes desenvolvidos para aprofundamento teórico do modelo aplicado; Mês 3 a 6: Coleta do Material de Pesquisa: coleta e reunião de dados nos jornais Voz do Nicéia, Jornal do Ferradura e Jornal da Cidade, destacando a influência política pela incidência de nomes de políticos no período de julho a dezembro de 2011 e coleta dos dados da votação nas zonas eleitorais previamente especificadas nos cartórios eleitorais da cidade de Bauru; 6

Mês 4 a 8: Leitura, Interpretação e Avaliação do Corpus da Pesquisa: Análise registrada metodicamente a partir do contato com os dados coletados; Mês 7 e 10: Artigos e Apresentações: Produção preliminar de artigos científicos para apresentação da pesquisa semi-finalizada em eventos acadêmicos (congressos, simpósios, fóruns). Nesse momento, o Trabalho de Conclusão de curso será iniciado levando como base o conteúdo pesquisado e estudado no trabalho de Iniciação Científica. Mês 10 e 11: Elaboração Do Relatório Final: Redação do relatório que se baseará em todo o trabalho desenvolvido no período de vigência da bolsa; Mês 11 e12: Revisão e Entrega Final: Apresentação dos resultados da pesquisa. Quadro 1: Cronograma das Atividades ATIVIDADES 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º Revisão e Aprofundamento Bibliográficos Coleta do Material de Pesquisa Leitura, Interpretação e Avaliação do Corpus da Pesquisa Artigos e apresentações Elaboração do Relatório Final X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 7

Revisão e entrega X X 5. FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS O resultado da pesquisa será feito com base na análise da frequência com que os nomes dos então futuros candidatos foram citados nos conteúdos dos jornais comunitários Jornal do Ferradura e Voz do Nicéia, e na capa e na página dois do periódico tradicional Jornal da Cidade no período de julho a dezembro de 2011, direta e indiretamente, e também com base nos resultados das votações - para vereador e prefeito na cidade de Bauru - nas eleições do ano de 2012 nas zonas eleitorais mais próximos dos bairros Ferradura Mirim e Jardim Nicéia, onde a quase totalidade de moradores desses bairros vota. Esses dados serão reunidos por meio de visitas a Cartórios Eleitorais de Bauru e consultas ao site do Tribunal Superior Eleitoral, que disponibiliza um aplicativo para Windows para a divulgação dos resultados das eleições em cada colégio eleitoral das cidades. Com essa análise poderá ser concluída em que medida há influência política em cada modelo de periódico (comunitário e tradicional). Esses resultados serão apresentados em quatro âmbitos: a) Comparação de caráter quantitativo do conteúdo com teor de influência política entre os jornais comunitários Jornal do Ferradura e Voz do Nicéia e o jornal tradicional Jornal da Cidade, pela frequência com que citam os nomes de cada político e então futuro candidato. Os dados serão digitados em planilhas e serão elaborados gráficos e tabelas para facilitar a análise dos resultados e a posterior análise qualitativa. b) Observação qualitativa de características que diferenciem ou aproximem esses tipos de periódicos, levando-se em consideração as diferenças da periodicidade dos jornais, do perfil do público alvo, da forma de produção de conteúdo, da forma de recepção e a forma de distribuição do produto por meio de mídia impressa. Nessa fase a pesquisa já pode ser transformada em artigo para publicações em congressos e outros eventos acadêmicos; 8

c) Identificação de valores contidos nas publicações e possíveis influências econômicas e políticas externas nos conteúdos das publicações; d) Reflexão sobre a presença da influência política nos dois tipos de periódicos, sobre a hegemonia dos jornais tradicionais sobre os comunitários na imprensa brasileira contemporânea e os possíveis caminhos e tendências da sociedade consumidora dos meios de comunicação, levando a um roteiro teórico sobre os temas analisados. Após todas essas fases, a pesquisa passa a ser elaborada em relatório para que seja apresentada como uma forma de análise crítica do papel do jornalismo comunitário na formação e influência política da população do interior do estado de São Paulo e, em âmbito mais amplo, a pesquisa também poderá fornecer subsídios para uma reflexão sobre a desigualdade social dentro do país e sobre o papel dos meios de comunicação nesse contexto. Referências ARANHA, Angelo Sottovia. A Função do jornalismo comunitário hoje. Dissertação (Mestrado em Comunicação). 1998. Programa de Pós Graduação em Comunicação. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. Universidade Estadual Paulista. UNESP. Campus de Bauru. BAHIA, Juarez. Jornal, História e Técnica: As Técnicas do Jornalismo. São Paulo: Editora Ática, 1990. BUENO, Wilson. A Imprensa Comunitária do interior: uma tentativa de sistematização. In: Cadernos de Jornalismo e Editoração Eletrônica da ECA/USP, número 10, 1979. CALLADO, A. A. & ESTRADA, M.I.D. Como se faz um Jornal Comunitário. Petrópolis: Vozes, 1985. CELADEC. Jornalismo Popular. São Paulo: Paulinas, 1984. DORNELLES, Beatriz. Jornalismo "Comunitário" em cidades do interior. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2004. HOUAISS, Antônio & VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 9

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