XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002



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Transcrição:

ANÁLISE PRELIMINAR DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IVAÍ PARANÁ. Aparecido Ribeiro de Andrade Mestrando em Geografia PGE/UEM. Av. Colombo, 579. apaandrade@ibest.com.br Jonas Teixeira Nery Prof. Dr. do DFI/UEM, Av. Colombo, 579, CEP 872-9. jonanery@dfi.uem.br ABSTRACT The purpose of this paper was to study the Ivai basin, in the Paraná State, through a precipitation dataset. This basin is a very important agricultural area. This is a mainly activitid economic in this region. The study comprising the períod from 1973 to 1998. It was used in this paper differents statistic parameters such as mean, standard deviation and lineal correlation. Key Word: precipitation, variability, basin INTRODUÇÃO A Bacia do Rio Ivaí não apresenta grandes trabalhos de caracterização de sua região, principalmente quando o assunto é climatologia. Os poucos levantamentos que se conhece estão relacionados à produção agrícola e atlas de zoneamento das décadas de 7 e 8, principalmente os elaborados por instituições governamentais. Maack (1981) foi um dos que realizou trabalhos de pesquisa no Estado do Paraná fazendo, principalmente, uma descrição geomorfológica de várias regiões do Estado, mas sua abordagem foi mais geral, sem nenhuma análise regional, o que se propõe a iniciar através deste trabalho. Alguns experimentos realizados, já mostraram claramente a correlação existente entre a precipitação pluviométrica e as condições climáticas do El Niño Oscilação Sul (ENOS). Vários desses trabalhos concluíram que as chuvas possibilitam ou impedem o manejo de determinadas culturas existentes no Sul do Brasil, Del Conte (). Vários autores vêm demonstrando que uma das principais causas da variabilidade climática no Sul do Brasil, principalmente a precipitação pluvial, advém da ocorrência do fenômeno El Niño. Trenberth (1995), entre outros, denomina o El Niño Oscilação Sul (ENOS), como um fenômeno de grande escala, caracterizado por anomalias no padrão de temperatura da superfície do Oceano Pacífico tropical que ocorrem de forma simultânea com anomalias no padrão de pressão atmosférica das regiões de Darwin e Taiti. Na fase fria do ENOS (La Niña) o comportamento das variáveis provoca anomalias, principalmente na precipitação pluvial, em diversas regiões do globo. Este trabalho, tem por objetivo relacionar a variabilidade da precipitação pluvial da Bacia Hidrográfica do Rio Ivaí, no estado do Paraná, com a variabilidade da temperatura da superfície do mar nos Oceanos Atlântico e Pacífico, além de procurar uma observação preliminar do comportamento interanual da precipitação pluviométrica na região. MATERIAL E MÉTODOS Os dados de precipitação utilizados neste trabalho, foram obtidos através da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Foram analisadas 13 séries de precipitação, considerando a distribuição temporal e espacial das séries climatológicas, Tabela I. 112

Nº Código Nome Latitude Longitude Altitude 1 22532 Porto Rico -22:46: -53:16: 24 2 24513 Tereza Cristina -24:5: -51:9: 55 3 24514 Posto Indígena do Ivaí -24:32: -51:38: 79 4 245114 Ivaiporã -24:15: -51:39: 65 5 245115 Manoel Ribas -24:31: -51:4: 88 6 24512 Barbosa Ferraz -24:1: -51:57: 32 7 255 Rio dos Patos -25:12: -5:56: 69 8 2253 Ivinhema (PCD) -22:22:59-53:31:51 341 9 22521 Vila Silva Jardim -22:5: -52:6: 25 1 2552 Sumidouro Usina São Jorge -25:2: -5:5: 85 11 2553 Santa Cruz -25:12: -5:9: 79 12 24521 Ponte do Goio-Bang -24:37: -52:56: 32 13 2453 Balsa do Santa Maria -24:1: -53:44: 27 Tabela I Estações pluviométricas com suas respectivas latitudes, longitudes e altitudes. O período estudado foi de 1973 a 1998. Com base nestas séries, fez-se a análise estatística através de diversos parâmetros, tais como: amplitude, média, desvio padrão e correlação, utilizando o software Excel. Na construção das isoietas de precipitação utilizou-se o software Surfer com o método de interpolação Kriging, que oferece uma melhor distribuição espacial das isolinhas da variável estudada. O software Surfer também foi utilizado para a elaboração do mapa da região com sua localização e distribuição dos postos pluviométricos (Figura 1). Figura 1 Localização das estações pluviométricas estudadas 1121

O software Statistica também foi utilizado, principalmente para a confecção dos gráficos de comportamento interanual da precipitação pluviométrica em algumas das séries estudadas, que foram selecionadas por serem a que apresenta maior período de dados (Figuras 2A, B, C e D). 2 Total Anual da Estação 24513 A Total Anual da Estação 255 B 4 4 38 42 46 5 54 58 62 66 7 74 78 82 86 9 94 98 57 6 63 66 69 72 75 78 81 84 87 9 93 96 TOTAL TOTAL 2 Total Anual da Estação 245114 C Total Anual da Estação 2552 D 4 4 56 59 62 65 68 71 74 77 8 83 86 89 92 95 98 TOTAL 42 46 5 54 58 62 66 7 74 78 82 86 88 TOTAL Figuras 2(A, B, C e D) Total anual da precipitação pluviométrica para quatro estações na Bacia do Ivaí, dentro do período estudado. Na Segunda etapa foi feita a análise de regressão e correlação entre o índice de anomalia da precipitação da bacia e o índice de anomalia da temperatura do Oceano Pacífico. Desta forma, calculou-se o valor total para cada estação nos períodos de 198, 1982, 1983 e 1985, que foram escolhidos por se tratar de anos de El Niño (82 e 83) e La Niña (85) significativos, e um ano considerado normal (8). DISCUSSÃO DE RESULTADOS Ao se analisar as figuras 2(A, B, C e D), nota-se claramente que todas as estações selecionadas apresentam quantidade de chuva superior a 1.mm/ano, o que é uma confirmação de estudos feitos anteriormente para o Estado do Paraná, Nery et al (1994). Nota-se também, que existe um máximo de precipitação (superior a 2.mm/ano) nos anos de 1982 e 1983, que foram anos de El Niño significativos, Trenberth (1997). As isolinhas confeccionadas para os anos de 198, 1982, 1983 e 1985, mostraram uma clara tendência de anomalias de precipitação mais significativas nos anos de El Niño e La Niña. Ao passo que em um ano considerado normal a anomalia verificada é baixa (figuras 3, 4, 5 e 6). Essas isolinhas também mostram que os índices de anomalia vão aumentando na direção sudeste da bacia, o que denota uma provável influência orográfica, pois essa região apresenta um relevo bastante ondulado, sendo inclusive a nascente do Rio Ivaí, com uma área de vegetação preservada, o que também pode influenciar o aumento de precipitação, Nimer (1979). 1122

As isolinhas que representam a altitude, o desvio padrão e a média mensal se comportam de forma idêntica, aumentando seus valores no sentido noroeste para sudeste (figuras 8 e 9) Figura 3 Isolinhas de Anomalias de 198 Figura 4 Isolinhas de Anomalias de 1982 Figura 5 Isolinhas de Anomalias de 1983 Figura 6 Isolinhas de Anomalias de 1985 Figura 7 Isolinhas de Altitude das Estações Figura 8 Isolinhas de Desvio Padrão Anual das Estações estudadas 1123

Figura 9 Isolinhas de Média Anual das estações estudadas A partir daí, foram selecionadas algumas estações para se realizar uma correlação da precipitação da bacia do Ivaí com o índice de anomalia Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do Oceano Pacífico. Tais estações foram escolhidas a partir de sua distribuição espacial, procurando abranger a maior área possível, localizando pontos bem distribuídos dentro da área de estudo. A correlação foi feita através do software Statistica, o que mostrou uma correlação para p <.5 na ordem de significância de.46,.41,.47 e 53, entre o índice TSM e as estações 1, 6, 3 e 7, respectivamente, para os anos de 198, 1982, 198e 1985 (Tabela II). Selecionando os anos de forte El Niño (82 e 83), foi possível notar que a correlação permanece significativa, entretanto, as estações 6 e 3 não apresentam significância. As estações que apresentam significância são as 1 e 7, que estão localizadas nos extremos da área de estudo, a 1 se localiza a oeste, enquanto a 7 se localiza a leste. Desta forma, observa-se uma variabilidade da precipitação pluviométrica dentro dessa bacia. Estação 1 Estação 6 Estação 3 Estação 7 198/1982/1983 e 1985.46 *.41*.47*.53* 1982 e 1983.51*.36.34.45* Tabela II Correlação da precipitação da bacia com o índice de anomalia da TSM do Pacífico. (*) valores significativos Após toda a análise do comportamento interanual da precipitação, foi possível concluir que a precipitação pluviométrica da área estudada (Bacia do Rio Ivaí), é claramente explicada como parte integrante de toda a dinâmica do Estado do Paraná. É possível se notar que a precipitação média anual se encontra entre 1. e 1.2 milímetros, o que confirma pesquisas anteriores realizadas para todo o Estado Nery et al (1996a). CONCLUSÃO Quanto as isolinhas de anomalias foi possível constatar que estão fortemente vinculadas aos fenômenos El Niño e La Niña, pois em anos de ocorrência de tais fenômenos as anomalias são positivas. A correlação de matrizes realizada, proporcionou a possibilidade de se confirmar que a região estudada sofre interferência dos fenômenos El Niño e La Niña de uma forma bem marcada, pois os anos de 198, 1982, 1983 e 1985, que foram selecionados para se efetuar tal correlação, contém períodos onde ocorreram uma ação do El Niño (82 e 83), bem como, da La Niña (1985). 1124

A correlação apresenta índices significativos, principalmente para a estação 7 (.53), o que confirma uma tendência de maiores impactos pluviométricos na região sudeste das áreas estudada. BIBLIOGRAFIA DEL CONTE, J.H.F.. Relação de parâmetros meteorológicos do Estado do Paraná associados com índice da Oscilação Sul. Tese de Mestrado em Geografia. Maringá. MAACK, R. 1981. Geografia Física do Estado do Paraná. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio editora. NERY, J.T.; SILVA, E.S.; MARTINS, M.L.O.F. 1994. Estudo da variabilidade pluviométrica do Estado do Paraná. Revista UNIMAR. 16(3): 55-24. NERY, J.T.; SILVA, W.C.; MARTINS, M.L.O.F. 1996a. Aspectos geográficos e estatísticos da precipitação do Estado do Paraná. Revista UNIMAR. 18(4): 777-89. NIMER, E. 1979. Climatologia do Brasil. Superintendência dos Recursos Naturais e Meio Ambiente, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Série Recursos Naturais e Meio Ambiente, Rio de Janeiro: IBGE. N. 24, 421pp. TRENBERTH, K.E. 1997. The definition of El Niño. Bulletin of the American Meteorological Society. 78(12): 2771-7. TRENBERTH, K.E., 1995. General characteristics of the el Niño-Southern Oscillation. In: GLANTZ. M.H., KATZ, M.H. NICHOLLS, N. (Ed.). Teleconnection linking wordwide climate anomalies. New York: Academic Press, 467p. 1125