Governo de Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral Superintendência de Planejamento Coordenadoria de Avaliação



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Governo de Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral Superintendência de Planejamento Coordenadoria de Avaliação ET CAV/SP/SEPLAN nº 03/2013 A década virtuosa: pobreza e desigualdade em Mato Grosso (2001 a 2011) Edmar Augusto Vieira 1 1. Pobreza declinou acentuadamente na última década A década que se encerrou em 2011 (2001 a 2011) foi a melhora década para a história da pobreza e da desigualdade de renda em Mato Grosso. Nesse breve período a porcentagem de pobres na população diminuiu de 24,7% para 8,6%, uma queda de 65,2%, ou 8,4% ao ano, em termos proporcionais. Em 2001, 639,8 mil pessoas estavam em situação de pobreza; em 2011 esse número foi reduzido para 270,8 mil, uma queda de 57,7%. Ou seja, 369 mil pessoas saíram da condição de pobreza no Estado 2. 1 Mestre em Economia/UFMT e Gestor Governamental (SEPLAN/MT). Email: edmarvieira@seplan.mt.gov.br. 2 Observação: a linha de pobreza é de R$ 164 (por pessoa) no meio rural e R$ 186 (por pessoa) no meio urbano. Esses valores foram obtidos pela correção monetária (INPC/IBGE) das linhas de pobreza vigentes em 2009, calculadas pelo Ipea (Ipeadata, 2009). Os valores das linhas de pobreza podem ser acessados no link a seguir: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ccaqfjaa&url=http%3a%2f%2f www.ipeadata.gov.br%2fdoc%2flinhaspobrezaregionais.xls&ei=no1sun_mi6xs0ggqoyhybq&usg=afqjcnfgpsf0 WwqB-HyOyJKRTqKnBvVaCQ&cad=rja. (acessado em 03/10/2012) 1

30,00 25,00 20,00 15,00 Pobreza - % de pobres na população: Mato Grosso, 2001 a 2011 27,17 24,73 24,23 20,64 21,03 17,92 16,37 12,42 12,38 10,00 8,60 5,00 0,00 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 Fonte: IPEADATA (2001 a 2009); elaboração própria com base nos microdados da Pnad/IBGE) (2011). 800.000 700.000 Pobreza - Número de pobres na população: Mato Grosso, 2001 a 2011 639.823 600.000 500.000 400.000 300.000 270.792 200.000 100.000 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 Fonte: IPEADATA (2001 a 2009); elaboração própria com base nos microdados da Pnad/IBGE) (2011). 2

49,9 127,0 126,5 236,6 181,9 313,2 234,3 389,8 294,7 474,8 367,9 568,0 453,7 701,2 611,1 889,8 931,3 1234,1 2848,8 2990,4 2. Evolução do rendimento Entre 2001 e 2011 o rendimento domiciliar per capita aumentou 30% em Mato Grosso, passando de R$ 610,00 para R$ 792,5. Isso significa que, em média, as famílias tiveram seu poder de consumo ampliado em R$ 182,5 por pessoa (ou R$ 730,00 por família, considerando uma família típica de quatro membros) (valores reais, deflacionados pelo INPC/IBGE). O mais surpreendente é que o rendimento cresceu de forma mais pronunciada na base da distribuição isto é, entre os mais pobres. Entre os 10% mais pobres o aumento foi de 154,3%, passando de R$ 49,9 para 127,00 (por pessoa); entre os 10% mais ricos, o aumento foi de, apenas, 5% (de R$ 2.848,8 para R$ 2.990,4 por pessoa da família). Pode-se dizer que, entre os 10% mais pobres, o rendimento cresceu em ritmo chinês, cerca de 9,8% ao ano. A metade mais pobre da população (primeiros 50%) experimentou um crescimento de 5,6% ao ano em seu poder de consumo; no acumulado da década isso representa um aumento de 73,7%. Em moeda, uma família média situada entre os 50% mais pobres aumentou seus ganhos em aproximadamente R$131,00 por pessoa ao longo da última década (valores reais, deflacionados pelo INPC/IBGE) 3. 3250,0 3000,0 2750,0 2500,0 2250,0 2000,0 1750,0 1500,0 1250,0 1000,0 750,0 500,0 250,0 0,0 Rendimento domiciliar per capita médio, por décimo da distribuição: Mato Grosso, 2001 e 2011 (R$ de setembro de 2011) 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 2001 2011 792,5 média 2011 610,0 média 2001 Fonte: elaboração própria com base nos microdados da Pnad/IBGE. 3 Os principais motivos para esses resultados estão na melhoria do mercado de trabalho (nível e distribuição do rendimento, ocupação, formalização), universalização da educação, aumentos reais do salário mínimo, expansão do acesso ao crédito (pronaf e outros) e ampliação da rede de proteção social (previdência, bolsa família, benefício de prestação continuada). Contudo, coube ao mercado de trabalho a contribuição mais relevante para esse processo, uma boa notícia. 3

180,0 160,0 Variação do rendimento domiciliar per capita médio por décimo da distribuição: Mato Grosso, 2001 a 2011 154,3 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 87,0 72,1 66,4 61,1 54,4 54,6 45,6 32,5 5,0 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Média Fonte: elaboração própria com base nos microdados da Pnad/IBGE. 3. Desigualdade de renda cai de forma substantiva Tivemos, portanto, uma década de crescimento pró-pobre. O resultado pode ser notado nos índices de desigualdade, que declinaram consideravelmente. O índice de Gini passou de 0,571 para 0,477, uma redução de 16,5% (ou 1,8% ao ano). Foi uma redução impressionante para um indicador marcado pela rigidez. Esse desempenho se explica por dois fatores combinados: significativo crescimento do rendimento dos mais pobres e relativa estagnação do rendimento dos mais ricos (especialmente os 10% mais ricos). 4

Desigualdade de renda (índice de Gini) 0,700 0,600 0,500 0,571 0,574 0,549 0,528 0,523 0,530 0,517 0,544 0,504 0,477 0,400 0,300 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 Fonte: elaboração própria, com base nos microdados da Pnad/IBGE Em 2001, os 10% mais ricos (10%+) se apropriavam de 46,7% da renda domiciliar; em 2011 essa participação caiu para 37,7%, uma variação negativa de 19,3%. No outro extremo, os 10% mais pobres (10%-) ampliaram sua participação em 95,8%, de 0,82% para 1,6%. Em 2001, um indivíduo médio situado entre os 10% mais ricos tinha uma renda 57 vezes maior do que um indivíduo médio situado entre os 10% mais pobres. Em 2011 essa relação caiu para 23,5 vezes. Portanto, a desigualdade de renda continua em níveis muito elevados, apesar dos progressos recentes. 5

0,8 1,6 2,1 3,0 3,0 4,0 3,8 4,9 4,8 6,0 6,0 7,2 7,4 8,8 10,0 11,2 15,3 15,6 37,7 46,7 Tabela 1 Distribuição do rendimento domiciliar per capita, segundo alguns estratos selecionados: mato Grosso, 2001 a 2011. ANO 10% mais ricos Participação no rendimento domiciliar 20% mais ricos 10% mais pobres 40% mais pobres 2001 46,7 62,0 0,8 9,7 2002 45,9 62,2 0,9 9,5 2003 43,7 60,0 1,1 9,4 2004 41,7 58,0 1,3 10,3 2005 41,5 57,5 1,2 10,5 2006 43,0 58,1 1,3 11,5 2007 41,6 57,1 1,3 11,8 2008 44,3 59,3 1,2 11,1 2009 39,5 55,1 1,2 12,2 2011 37,7 53,3 1,6 13,5 Variação 2001 a 2011 (%) -19,3-14,0 95,8 39,2 Fonte: elaboração própria, com base nos microdados da Pnad/IBGE 50,00 Participação no rendimento domiciliar per capita, por décimo da distribuição: Mato Grosso, 2001 e 2011 (%) 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 2001 2011 15,00 10,00 5,00 0,00 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Fonte: elaboração própria, com base nos microdados da Pnad/IBGE 6

120,0% Participação no rendimento domiciliar (variação 2001 a 2011 por décimo da distribuição) 100,0% 95,8% 80,0% 60,0% 40,0% 20,0% 0,0% -20,0% -40,0% 43,9% 32,5% 28,1% 24,0% 18,8% 19,0% 12,1% 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 2,0% 9º 10º -19,2% Fonte: elaboração própria, com base nos microdados da Pnad/IBGE A desigualdade segundo os censos de 2000 e 2010 Entre os Censos de 2000 e 2010, a desigualdade de renda no Brasil medida pelo índice de Gini - diminuiu 10,2%, de 0,597 para 0,536. No Centro-oeste, a redução foi de 11,9%, de 0,621 para 0,547; em Mato Grosso, a queda foi de 16,97%, de 0,601 para 0,499. Entre os estados brasileiros, apenas Santa Catarina apresentou desempenho melhor do que Mato Grosso em termos de redução da desigualdade. Em 2000, Mato Grosso era o décimo primeiro estado mais desigual da federação (em situação de empate com Mato Grosso do Sul e Paraíba); em 2010, passou a ocupar a 24ª posição. Ou seja, apesar de pertencer à segunda macrorregião mais desigual do Brasil (o Nordeste é a primeira), Mato Grosso ostenta hoje a quarta posição entre os Estados com menor desigualdade de renda, perdendo apenas para os Estados do Sul (Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul) 4. 4 Um dos motivos para esse desempenho está no fato de que, em Mato Grosso, os rendimentos mais elevados apresentaram crescimento menor do que em alguns estados. Esse assunto será objeto de outra nota técnica, dedicada ao mercado de trabalho. 7

Tabela 2 Índice de Gini da distribuição do rendimento nominal mensal dos domicílios particulares permanentes Brasil e Regiões 2000/2010 Brasil e Regiões 2000 Rank 2010 Rank Variação (%) Rank Brasil 0,597-0,536 - -10,218 0 Norte 0,598 3 0,543 3-9,197 5 Nordeste 0,612 2 0,555 1-9,314 4 Sudeste 0,575 4 0,517 4-10,087 3 Sul 0,564 5 0,48 5-14,894 1 Centro-Oeste 0,621 1 0,547 2-11,916 2 Fonte: http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/ipece-informe/ipece_informe_19_novembro_2011.pdf (acessado em 03/10/2012) 8

Tabela 3 Índice de Gini da distribuição do rendimento nominal mensal dos domicílios particulares permanentes Unidades da Federação 2000/2010 Unidades da Federação 2000 Rank 2010 Rank variação (%) Rank Rondônia 0,575 21 0,505 21-12,174 8 Acre 0,590 16 0,550 12-6,780 22 Amazonas 0,600 14 0,557 5-7,167 21 Roraima 0,560 26 0,553 8-1,250 26 Pará 0,602 10 0,539 16-10,465 13 Amapá 0,579 19 0,547 13-5,527 25 Tocantins 0,604 9 0,540 15-10,596 11 Maranhão 0,609 6 0,547 13-10,181 14 Piauí 0,621 4 0,560 3-9,823 17 Ceará 0,626 1 0,556 7-11,182 10 Rio Grande do Norte 0,605 8 0,552 10-8,760 19 Paraíba 0,601 11 0,553 8-7,987 20 Pernambuco 0,622 3 0,559 4-10,129 16 Alagoas 0,623 2 0,557 5-10,594 12 Sergipe 0,568 23 0,563 2-0,880 27 Bahia 0,611 5 0,551 11-9,820 18 Minas Gerais 0,584 17 0,508 20-13,014 6 Espírito Santo 0,579 19 0,514 18-11,226 9 Rio de Janeiro 0,574 22 0,538 17-6,272 23 São Paulo 0,561 24 0,504 23-10,160 15 Paraná 0,580 18 0,488 26-15,862 3 Santa Catarina 0,540 27 0,448 27-17,037 1 Rio Grande do Sul 0,561 24 0,490 25-12,656 7 Mato Grosso do Sul 0,601 11 0,513 19-14,642 5 Mato Grosso 0,601 11 0,499 24-16,972 2 Goiás 0,598 15 0,505 21-15,552 4 Distrito Federal 0,607 7 0,573 1-5,601 24 Fonte: http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/ipece-informe/ipece_informe_19_novembro_2011.pdf (acessado em 03/10/2012) 9