PLURI Especial Porque estádios tão vazios? Parte 5



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Emissão Original: 04/12/13

Transcrição:

PLURI Especial Porque estádios tão vazios? Parte 5 Brasil, País do ingresso mais caro do Mundo PLURI Consultoria Pesquisa, Valuation, Gestão e marketing Esportivo. Curitiba-PR Twitter: @pluriconsult www.facebook/pluriconsultoria Fernando Ferreira Economista, Especialista em Gestão e Marketing do Esporte e Pesquisa de Mercado, Diretor da Pluri Consultoria. fernando@pluriconsultoria.com.br Twitter: @fernandopluri 1

Tão caro por tão pouco! Nesta série, em que a PLURI aborda a crise de público nos estádios Brasileiros, chegamos à comparação entre os preços dos ingressos no Brasil em relação ao mercado internacional. A seguir as principais considerações: o O Estudo consiste em comparar os preços dos ingressos no Brasil e em outros 15 países, considerando a renda per capita de cada país. Desta forma podemos mensurar adequadamente o preço dos ingressos em relação ao nível de renda da população. Nossa pesquisa considerou o preço médio do ingresso mais barato (inteiro e não promocional) dos clubes que disputam a primeira divisão de cada um dos 16 países analisados; o O preço médio dos ingressos mais baratos no Brasil é de R$ 38, equivalente a US$ 19,12. Quando comparamos este valor com a renda per capita do Brasileiro (US$ 12.340 a preços correntes 2012), concluímos que esta Renda permite a compra de 645 ingressos, a menor quantidade na comparação com os 15 outros países analisados. Isto faz do Brasil o país de ingressos mais caros do Mundo, em termos proporcionais à capacidade de consumo da população; o Na média dos 16 países analisados, a Renda per capita permite a compra de 1.308 ingressos, 103% a mais do que a capacidade de compra de ingressos dos Brasileiros (645). Ou seja, por aqui o preço do ingresso mais barato é o dobro da média nos principais países do Mundo; 2

o Em 2º lugar aparece a Espanha, cuja renda per capita permite a compra de 804 ingressos, mesmo que o preço médio dos ingressos por lá seja distorcido pelos caríssimos custos de Barcelona e Real Madri. Mesmo assim, os Espanhóis tem um poder de compra de ingressos 25% maior que os Brasileiros; o Na Alemanha, onde se disputa um dos melhores campeonatos da atualidade, a Renda per capita da população equivale ao preço de 1.868 ingressos, terceiro maior poder de compra entre os países analisados, e o equivalente ao triplo do verificado no Brasil; o Apesar de entendermos que o preço dos ingressos não é o único responsável pelo esvaziamento dos estádios brasileiros, certamente é um dos mais relevantes, como mostramos em relatório recente (Os 17 motivos para os torcedores não irem aos estádios (http:///relatorio.php?segmento=sport&id=250 ); o Abaixo alguns argumentos já apresentados em nosso relatório anterior, que apontou a alta de 300% nos preços dos ingressos nos últimos 10 anos (http:///relatorio.php?id=256 ). o Não cabe aqui a discussão sobre a futura política de preços a ser praticada nos novos estádios brasileiros ou uma suposta tentativa de elitização em andamento, mas apenas uma constatação de que praticamos preços incompatíveis (nos ingressos mais baratos, é importante frisar) para o tamanho do bolso da população. Ou seja, oferece-se um produto de qualidade cada vez pior, a preços crescentes, em um cenário em que as opções de entretenimento para o torcedor são cada vez maiores; o Alguns argumentos tentam justificar essa estranha situação. Um deles é a de que os preços baixos desvalorizam o produto. Mas tem algo pior para o futebol do que um jogo ruim disputado em estádio vazio?; 3

o Outro argumento utilizado com freqüência é o de que são necessários ingressos mais caros em função do aumento do custo do futebol no período. Ótimo, só esqueceram de perguntar ao torcedor se ele concorda em pagar essa conta, e está claro que ele não concorda. Aliás, lembrando sempre que esse torcedor é um cliente; o Há também o argumento de que o preço tem que ser alto para estimular o torcedor a se tornar sócio do clube. Isso funciona apenas para uma parcela de torcedores, e costuma estar diretamente atrelado ao momento do time. Ou seja, quando a fase é boa, o estádio enche, quando é ruim, volta a ficar vazio. Ingressos proibitivos não permitem que o torcedor crie vínculos com o time e desenvolva, com o tempo o desejo de se tornar sócio não apenas pela vantagem financeira, mas também pela experiência de ir ao jogo. Com isso ele se mantém afastado, assistindo de casa, afinal é mais barato e confortável. E vai se afastando cada vez mais do seu time; o Além da vantagem do preço, é a perspectiva de não conseguir lugar disponível nos estádios que leva o torcedor a se associar ao clube. A Europa tem exemplos de sobra neste sentido; o De fato, alguns clubes tem sido bem sucedidos em aumentar o preço dos ingressos e mesmo assim ter alta demanda, é o caso de Atlético-MG e Corinthians. São exceções que confirmam a regra. A maioria esmagadora trabalha com a rotina de estádios quase desertos; o Ao praticar pecos tão altos, o torcedor toma uma decisão racional de consumo, escolhendo ir apenas aos jogos mais importantes. Isso explica a grande quantidade de partidas com público muito baixo, e a presença de público maior em um ou dois jogos, geralmente as finais, já que nem os clássicos conseguem mais mobilizar os torcedores; o Já que é possível provar que o torcedor escolhe os jogos que ele vai assistir no estádio (há dados para isso), porque não se pratica uma política de preços agressivamente flexível no Brasil, ajustando os preços à qualidade e importância dos jogos? Algo semelhante ao que se faz com o preço das passagens aéreas? Ou, porque não se faz como é comum na Europa, com classes de 4

jogos com preços diferentes? Exemplo: jogos comuns de campeonatos estaduais deveriam ter grande desconto; o Encher o estádio deveria ser prioridade total do clube, mesmo que para isso seja necessário praticar preços de ingressos mais baixos inicialmente. Sabemos que há uma correlação direta entre interesse de mídia e de patrocinadores, com jogos em estádios cheios (e o inverso também é verdadeiro, atenção!). Portanto, casa cheia potencializa outras receitas dos clubes. E o aumento da demanda leva à escassez, que aí sim, permite o aumento de preços; o Apesar do crescimento econômico verificado nesta última década, nunca é demais lembrar que o Brasil continua a ser um país de salário mínimo de R$ 678, e renda per capita equivalente a cerca de 1/3 da Européia; o Existe um preço de equilíbrio que ajusta oferta e demanda de um produto. No Brasil o preço dos ingressos não é decidido tendo como base nenhum tipo de estudo ou análise mais profunda ( pricing ), e sim por uma simples arbitragem feita por dirigentes de federações e clubes. É certo, porém, que estamos fora desse preço de equilíbrio, não fosse por isso os estádios não eram tão vazios; o Alguma surpresa por estádios tão vazios? Abaixo a tabela com os principais dados do Estudo. Abraço a todos, Fernando Ferreira Sócio Diretor PLURI Consultoria @fernandopluri 5

País Preço do ingresso na moeda local (1) Comparativo do preço do Ingresso Brasil x Demais países Preço equivalente Em R$ Em US$ Em Euros Renda Percapita do país - US$ ano (2) Nº de Ingressos que se pode adquirir com a renda per capita Média de público no último campeonato Nacional Brasil 38 38,00 19,12 14,75 12.340 645 12.983 Espanha 28 71,62 36,04 27,80 28.976 804 28.796 Itália 29 74,71 37,60 29,00 32.522 865 22.466 Turquia 21 23,42 11,79 9,09 10.457 887 14.113 México 140 22,53 11,34 8,74 10.123 893 25.628 Reino Unido 28 84,21 42,38 32,69 38.591 911 34.600 Portugal 16 42,25 21,26 16,40 19.768 930 10.947 Argentina 60 23,44 11,80 9,10 11.573 981 18.112 Chile 5.500 23,10 11,63 8,97 15.416 1.326 - Costa Rica 3.400 13,52 6,80 5,25 9.619 1.414 13.366 França 19 48,69 24,50 18,90 40.690 1.661 18.870 Estados Unidos 27 54,34 27,35 21,10 49.802 1.821 19.586 Uruguai 150 15,86 7,98 6,15 14.707 1.843 - Alemanha 17 43,79 22,04 17,00 41.168 1.868 45.116 Holanda 17 44,82 22,56 17,40 45.942 2.037 19.466 Japão 2.200 45,54 22,92 17,68 46.896 2.046 17.701 MÉDIA - - - - - 1.308 21.554 (1) Preços médios dos ingressos inteiros para adultos, sem promoções, em jogos não decisivos; (2) Renda Per Capita anual a preços correntes, referente a 2012. Fontes: PLURI Consultoria, Banco Central do Brasil, FMI. 6

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