PARA A GESTÃO DAS ÁGUAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1997-2011 BASE LEGAL



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Transcrição:

BASE LEGAL PARA A GESTÃO DAS ÁGUAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1997-2011

Base Legal Para A Gestão Das Águas Do Estado Do Rio De Janeiro 1997-2011

Governo do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho Governador Luis Fernando Pezão Vice-Governador Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) Carlos Minc Secretário Instituto Estadual do Ambiente (Inea) Marilene Ramos Presidente Denise Marçal Rambaldi Vice-Presidente Diretoria de Gestão das Águas e do Território (Digat) Rosa Maria Formiga Johnsson Diretora Diretoria de Informação e Monitoramento Ambiental (Dimam) Carlos Alberto Fonteles de Souza Diretor Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (Dibap) André Ilha Diretor Diretoria de Licenciamento Ambiental (Dilam) Ana Cristina Henney Diretora Diretoria de Recuperação Ambiental (Diram) Luiz Manoel de Figueiredo Jordão Diretor Diretoria de Administração e Finanças (Diafi) José Marcos Soares Reis Diretor

Base Legal Para A Gestão Das Águas Do Estado Do Rio De Janeiro 1997-2011 Organização Rosa Maria Formiga Johnsson Moema Versiani Acselrad Gláucia Freitas Sampaio Lívia Soalheiro e Romano Rio de Janeiro 2011

Direitos desta edição do Instituto Estadual do Ambiental (Inea). Diretoria de Gestão das Águas e do Território (Digat) Av. Venezuela, 110-3º andar - Praça Mauá 20 081-312 Rio de Janeiro - RJ Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Disponível também em www.inea.rj.gov.br/publicacoes Produção editorial Gerência de Informação e Acervo Técnico (Geiat/Dimam) Coordenação editorial Tania Machado CAPA Bernardo Peres Revisão Aimée Louchard impressão Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Inea I 59 Instituto Estadual do Ambiente Base legal para a gestão das águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011) / Instituto Estadual do Ambiente/ organizado por Rosa Maria Formiga Johnsson, Moema Versiani Acselrad, Gláucia Freitas Sampaio, Lívia Soalheiro e Romano. Rio de Janeiro: INEA, 2011. 380p. : il.; 14cm ISBN: 978-85-63884-06-0 1. Gestão de recursos hídricos Legislação Rio de Janeiro (Estado). 2. Recursos hídricos. I. Formiga-Johnsson, Rosa Maria. II. Acselrad, Moema Versiani. III.Sampaio, Gláucia Freitas. IV. Romano, Lívia Soalheiro e. V. Título. CDU 556.18(094)

Apresentação Com grande satisfação publicamos a Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011), atendendo a um antigo anseio da comunidade técnica que trabalha na construção do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos. As normas legais que dão sustentabilidade jurídica ao Sistema passam por aperfeiçoamento contínuo, o que torna a implementação da Política de Recursos Hídricos extremamente dinâmica e em constante evolução. A instalação do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) em 2009, com a fusão das entidades vinculadas à Secretaria de Estado do Ambiente, e a absorção das funções de competência de órgão gestor de recursos hídricos de domínio estadual, deram novo impulso à dinâmica da implantação da Política Estadual. A atuação do Inea de forma descentralizada, respeitando a divisão hidrográfica estadual, é uma grande conquista para a gestão ambiental no Estado, que passa a levar em consideração a lógica da bacia hidrográfica para planejamento e atuação dos órgãos gestores. Esta coletânea de normas sobre gestão de recursos hídricos do Estado do Rio de Janeiro visa atender ao público especializado Conselhos Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, Conselhos de Meio Ambiente, Comitês de Bacia, órgãos gestores de recursos hídricos e ambientais, estudantes e todos os interessados na Política de Recursos Hídricos - sem no entanto esgotar o tema.

Ela contém as principais normas legais a partir da edição das leis que instituíram as Políticas Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, em 1997 e 1999, respectivamente, e permitiram a construção do arcabouço jurídico da moderna gestão de recursos hídricos no Estado. Este arcabouço é composto, além das mencionadas normas, de complementações, regulamentações e alterações de dispositivos específicos por meio de novas leis, decretos, resoluções do órgão gestor de recursos hídricos e resoluções dos Conselhos Nacionais de Recursos Hídricos e de Meio Ambiente, e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. O fio condutor da seleção das normas foi o seu caráter estruturante para o Sistema de Gestão das Águas no Estado do Rio de Janeiro, de modo a apresentarmos uma coletânea moderna, com a inclusão de normativos de diferentes entidades componentes do Sistema Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, em suas respectivas esferas de competência. Esperamos que esta publicação seja a primeira de uma série a ser continuamente aperfeiçoada e atualizada, refletindo os avanços e o amadurecimento do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro. Carlos Minc Secretário de Estado do Ambiente

Prefácio O Estado do Rio de Janeiro vem demonstrando empenho em fortalecer o seu Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. Desde a edição da lei que instituiu a Política de Águas no Estado, em 1999, até a presente data, muito se aperfeiçoou em termos de legislação e de aplicação dos instrumentos previstos. Em 1999, o Estado contava com um órgão gestor enfraquecido, com estrutura inadequada e quadro técnico com qualificação aquém daquela requerida para o desempenho das novas funções como entidade executora da Política de Recursos Hídricos no Estado. A necessidade de capacitação e renovação dos quadros para o desempenho das novas funções, bem como a estruturação das demais entidades do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos Comitês de Bacia e Conselho Estadual de Recursos Hídricos eram medidas urgentes para o avanço da gestão das águas no Estado. A regulamentação da cobrança pelo uso de água de domínio estadual em 2004 (Lei nº 4.247/03 e regulamentos posteriores) impulsionou o avanço da implementação da Política de Recursos Hídricos no Estado, com a estruturação e funcionamento do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fundrhi). A criação e instalação dos Comitês de Bacia em oito das dez regiões hidrográficas do Estado promoveu a mobilização dos segmentos que militavam na defesa e preservação do meio ambiente e dos sistemas aquáticos característicos das diversas regiões do Estado, constando de sua pauta inicial de

trabalhos a aprovação de seus planos de investimentos e a deliberação sobre a aplicação dos recursos da cobrança pelo uso da água em sua área de abrangência. O nono Comitê Fluminense de Bacia foi criado em outubro de 2011 (Comitê de Bacia da Região Hidrográfica da Baía da Ilha Grande). A parceria com o órgão gestor federal Agência Nacional de Águas (ANA) e com os estados vizinhos é estratégica para a gestão em bacias compartilhadas, particulamente a bacia do rio Paraíba do Sul, rio de domínio da União que banha os Estados de São Paulo e Minas Gerais, além do Rio de Janeiro, cuja área de drenagem ocupa cerca de dois terços do seu território e abastece mais de 10 milhões de habitantes residentes no Estado. Ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos compete a regulamentação para a atuação harmônica dos orgãos atuantes em bacias hidrográficas de rios de domínio da União. O primeiro concurso público para provimento de vagas na área ambiental do Estado, em 2008, viabilizou o início das atividades do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), entidade que absorveu as funções das extintas vinculadas à Secretaria de Estado do Ambiente, promovendo uma das maiores reformas institucionais da história ambiental do Estado, unificando as chamadas agendas verde, azul e marrom. O Inea foi estruturado para atuar de forma descentralizada no território, respeitando a divisão hidrográfica estadual. Dessa forma, as Superintedências Regionais do Inea, com atuação descentralizada nas dez regiões hidrográficas do Estado, estão mais próximas dos Comitês de Bacia, uma vez que ambos possuem como área de abrangência a região hidrográfica correspondente. Além disso, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos passou a contar com uma Secretaria Executiva fortalecida, desempenhada pela Gerência de Gestão Participativa das Águas, da Diretoria de Gestão das Águas e do Território do Inea, e vem realizando reuniões com regularidade, deliberando sobre questões estruturantes do Sistema, bem como referendando decisões dos Comitês de Bacia, como a aplicação de recursos do Fundrhi. A recente legislação que permitiu ao Inea firmar contratos de gestão com entidades delegatárias de funções de agência de água (Lei nº 5.639/10), indicadas pelos respectivos Comitês de Bacia, visa permitir maior celeridade na aplicação dos recursos do Fundrhi, bem como fortalecer os organismos colegiados com a estruturação de secretarias executivas e o apoio técnico para a seleção de projetos benéficos para a bacia hidrográfica.

Por fim, os instrumentos de planejamento Planos de Recursos Hídricos e Enquadramento dos corpos d água em classes segundo os usos preponderantes estão sendo colocados na ordem do dia do órgão gestor e dos organismos colegiados envolvidos com a gestão das águas, de modo a complementar os instrumentos de comando e controle outorga, licença ambiental, fiscalização visando uma gestão mais eficiente das águas e do território no Estado do Rio de Janeiro. Dessa forma, os documentos legais constantes desta publicação traduzem os avanços e conquistas da gestão das águas no Estado, englobando desde as principais leis, decretos e resoluções do órgão gestor estadual, até as resoluções dos conselhos de recursos hídricos (Nacional e Estadual) e de Meio Ambiente (Conama) com caráter estruturante para o Sistema de Recursos Hídricos no Estado do Rio de Janeiro. Marilene Ramos Presidente do Instituto Estadual do Ambiente

Mensagem Com enorme satisfação escrevo esta mensagem para a edição do livro sobre a base legal de recursos hídricos do Estado do Rio de Janeiro. Parabenizo o Instituto Estadual do Ambiente, Inea, órgão da Secretaria Estadual do Ambiente, SEA, pela iniciativa de lançar esta coletânea em um momento tão difícil e sofrido para quem atua e trabalha com recursos hídricos no nosso Estado. Desde sua primeira reunião, em 1º de dezembro de 2000, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Cerhi-RJ) ficou encarregado de supervisionar e promover a implementação das diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos. Ao longo de sua atuação, este conselho amadureceu e, com responsabilidade, não só aprovou 68 resoluções como acompanhou as regulamentações da legislação estadual de recursos hídricos. Durante sua existência o Cerhi-RJ teve o desafio de acompanhar as mudanças e prestar o apoio necessário para o avanço da gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos. Grande parte do território fluminense é composto por bacias litorâneas em áreas bastante urbanizadas, que conferem uma característica especial à gestão descentralizada. Em uma demonstração de espírito democrático e de confiança no sistema participativo, o Rio de Janeiro, foi o primeiro e único estado no país a eleger, em 2002, um representante da sociedade civil como presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Também foi o primeiro estado a aprovar uma Lei sobre Cobrança de Recursos Hídricos, em 2004, e, uma Lei Estadual de Entidades Delegatárias para exercerem a função de Agência de Águas, em

2010. A gestão da Bacia do Rio Paraíba do Sul foi pioneira em diversos aspectos - aí se implementou a cobrança pelo uso de recursos hídricos - e serviu de modelo para a gestão das demais bacias do Estado. Aprovado pelo Cerhi-RJ, em novembro de 2006, o território do Estado do Rio de Janeiro foi dividido em 10 (dez) regiões hidrográficas (RHs). Os Comitês de Bacias, já instituídos, tiveram que alterar a área de abrangência, agregaram novas áreas e empreenderam ações de mobilização. Hoje temos oito comitês totalmente implantados, um recentemente criado e outro em processo de mobilização. Superar as adversidades de passivos de recursos hídricos impõe ao Cerhi-RJ grandes desafios. Este Conselho irá dar sua contribuição para que a gestão do uso múltiplo e sustentável da água seja alcançada. Luiza Cristina Krau de Oliveira Presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos

Sistema de Recursos Hídricos Entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Estado do Rio de Janeiro Formuladores de Política Gestores das Águas Colegiados Deliberativos FEDERAL União MMA/SRHU ANA Conselho Nacional de Recursos Hídricos CNRH ESTADUAL Estado do Rio de Janeiro SEA INEA Sede e Superintendências Regionais Conselho Estadual de Recursos Hídricos CERHI Regional (municípios e regiões hidrográficas) Municípios Agências de Água Entidades Executivas Delegatárias Comitês de Bacias Hidrográficas relações Vínculo Direto Articulação Cooperação Secretaria Executiva

Sumário Lei Federal Nº 9.433/97 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. 25 Leis Estaduais Nº 3.239/99 Nº 4.247/03 Nº 5.101/07 Nº 5.234/08 Nº 5.639/10 Institui a política estadual de recursos hídricos; cria o sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos; regulamenta a constituição estadual, em seu artigo 261, parágrafo 1º, inciso VIII; e dá outras providências. Dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recursos hídricos de domínio do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências. Dispõe sobre a criação do Instituto Estadual do Ambiente Inea e sobre outras providências para maior eficiência na execução das políticas estaduais de meio ambiente, de recursos hídricos e florestais. Altera a Lei nº 4.247, de 16 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recursos hídricos de domínio do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências. Dispõe sobre os contratos de gestão entre o órgão gestor e executor da política estadual de recursos hídricos e entidades delegatárias de funções de agência de água relativos à gestão de recursos hídricos de domínio do Estado, e dá outras providências. 45 69 81 97 100

Decretos Estaduais Nº 27.208/00 Nº 35.724/04 Nº 40.156/06 Nº 41.039/07 Nº 41.974/09 Dispõe sobre o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências. Dispõe sobre a Regulamentação do art. 47 da Lei nº 3.239, de 02 de agosto de 1999, que autoriza o Poder Executivo a instituir o Fundo Estadual de Recursos Hídricos - Fundrhi, e dá outras providências. Estabelece os procedimentos técnicos e administrativos para a regularização dos usos de água superficial e subterrânea, bem como para ação integrada de fiscalização com os prestadores de serviço de saneamento básico, e dá outras providências. Dispõe sobre o Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro, instituído pela Lei estadual n 3.239, de 02 de agosto de 1999, revoga o Decreto 32.862 de 12 de março de 2003 e dá outras providências. Regulamenta o art. 24 da Lei nº 4.247, de 16 de dezembro de 2003, e dá outras providências. 107 113 118 125 131 Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) Nº 357/05 Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. 137 Nº 396/08 Nº 430/11 Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). 176 195

Resoluções do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) Nº 15/01 Nº 16/01 Nº 17/01 Nº 22/02 Nº 29/02 Nº 32/03 Estabelece diretrizes gerais para a gestão de águas subterrâneas. Estabelece critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos. Estabelece diretrizes para elaboração dos Planos de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas. Estabelece diretrizes para inserção das águas subterrâneas no instrumento Planos de Recursos Hídricos. Define diretrizes para a outorga de direito de uso de recursos hídricos quanto ao aproveitamento dos recursos minerais. Institui a Divisão Hidrográfica Nacional. 211 215 224 229 232 237 Nº 37/04 Nº 65/06 Estabelece diretrizes para a outorga de direito de uso de recursos hídricos para a implantação de barragens em corpos de água de domínio dos Estados, do Distrito Federal ou da União. Estabelece diretrizes de articulação dos procedimentos para obtenção da outorga de direito de uso de recursos hídricos com os procedimentos de licenciamento ambiental. 241 245 Nº 66/06 Aprova os mecanismos e os valores de cobrança referentes aos usos de recursos hídricos para a transposição das águas da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul para a bacia hidrográfica do rio Guandu. 249 Nº 91/08 Nº 92/08 Dispõe sobre procedimentos gerais para enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos. Estabelece critérios e procedimentos gerais para proteção e conservação das águas subterrâneas no território brasileiro. 251 258

Resoluções do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERHI) Nº 02/01 Nº 03/02 Nº 05/02 Cria as Câmaras Técnicas do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências. Retifica a resolução CERHI nº 002, no que concerne à publicidade de suas reuniões, ações e atos. Estabelece diretrizes para a formação, organização e funcionamento de Comitê de Bacia Hidrográfica, de forma a implementar o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 265 269 270 Nº 07/03 Dispõe sobre procedimentos e estabelece critérios 279 gerais para instalação e instituição dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Nº 09/03 Estabelece critérios gerais sobre a outorga de direito de uso de recursos hídricos de domínio do Estado do Rio de Janeiro. 280 Nº 13/05 Nº 15/06 Nº 17/06 Nº 18/06 Nº 20/07 Aprova critérios de cobrança pelo uso de recursos hídricos no âmbito da área de atuação do Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim. Aprova o plano de gestão ambiental para a Bacia da Região dos Lagos e Rio São João que consta da Resolução CILSJ nº 005, de 11 de maio de 2006 e no processo E-07/101.021/2006. Aprova a modificação na estrutura de câmaras técnicas do Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Rio de Janeiro. Aprova a definição das regiões hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro. Aprova o plano estratégico de recursos hídricos das Bacias Hidrográficas dos rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim, aprovado com o Comitê Guandu em sua Resolução nº 013, de 8 de dezembro de 2006, que consta do processo E-07/100.115/2007. 293 295 297 303 305

Nº 21/07 Nº 34/08 Nº 38/09 Aprova critérios de cobrança pelo uso de recursos hídricos no âmbito da área de atuação do Comitê das Bacias Hidrográficas das Lagoas de Araruama e Saquarema e dos Rios São João e Una, aprovada pelo comitê em sua Resolução nº 010 de 21 de dezembro de 2006 e constante no processo E-07/100.270/2007. Aprova o plano preliminar de recursos hídricos da bacia do rio Macaé. Aprova o caderno de ação na área de atuação do BNG2 do plano de recursos hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul como orientador das ações e investimentos a serem realizados pelo Comitê de Bacia da Região Hidrográfica Rio Dois Rios. 307 309 311 Nº 44/10 Nº 45/10 Nº 46/10 Nº 47/10 Nº 49/10 Dispõe sobre os limites de custeio administrativo das entidades delegatárias de funções de agência de água e dá outras providências. Dispõe sobre as questões relacionadas ao contrato de gestão a ser celebrado entre o Instituto Estadual do Ambiente - Inea e a Associação Pró-Gestão de Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - Agevap, com interveniência dos comitês de bacia das regiões hidrográficas do Médio Paraíba do Sul, do rio Dois Rios, do rio Piabanha e do Baixo Paraíba do Sul. Dispõe sobre os limites de custeio administrativo da entidade delegatária de funções de agência de água do Comitê de Bacia Lagos São João. Dispõe sobre as questões relacionadas ao contrato de gestão a ser celebrado entre o Inea e o Consórcio Intermunicipal para a Gestão Ambiental das Bacias da Região dos Lagos, do rio São João e zona costeira, com interveniência do Comitê das Bacias Hidrográficas das Lagoas de Araruama e Saquarema e dos rios São João e Una e dá outras providências. Dispõe sobre o limite de custeio administrativo da entidade delegatária de funções de agência de água do Comitê Guandu. 313 315 323 324 329

Nº 50/10 Dispõe sobre a indicação da entidade delegatária das funções de agência de água e aprova a destinação de recursos financeiros a serem aplicados no contrato de gestão a ser celebrado entre o Inea e a Associação Pró-Gestão de Águas da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul (Agevap), com interveniência do Comitê Guandu e dá outras providências. 330 Nº 51/10 Determina providências a serem tomadas pelos comitês de bacia hidrográfica e pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para a utilização de recursos disponíveis no Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fundrhi). 334 Resoluções do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) Nº 10/09 Nº 13/10 Nº 14/10 Define mecanismos e critérios para regularização de débitos consolidados referentes à cobrança amigável pelo uso de recursos hídricos de domínio do Estado do Rio de Janeiro. Estabelece os procedimentos a serem adotados pelas entidades delegatárias de funções de competência das agências de água para compras e contratação de obras e serviços com emprego de recursos públicos, nos termos do art. 9º da Lei estadual nº 5.639, de 06 de janeiro de 2010. Estabelece os procedimentos a serem adotados pelas entidades delegatárias de funções de competência das agências de água para a seleção e recrutamento de pessoal nos termos do art. 9º da Lei estadual nº 5.639, de 06 de janeiro de 2010. 339 342 354 Nº 15/10 Estabelece os procedimentos a serem adotados pelos agricultores familiares e empreendimentos familiares rurais para regularização do uso de recursos hídricos de domínio do Estado do Rio de Janeiro. 357

Nº 16/10 Nº 27/10 Estabelece os procedimentos a serem adotados pelas entidades delegatárias de funções de competência das agências de água para a elaboração de termos de referência para subsidiar a contratação de obras, serviços e compras com emprego de recursos públicos, nos termos do art. 9º da Lei estadual nº 5.639, de 06 de janeiro de 2010. Define regras e procedimentos para arrecadação, aplicação e apropriação de receitas e despesas nas subcontas das regiões hidrográficas e do Inea de recursos financeiros do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fundrhi). 371 374

Lei Federal

LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TÍTULO I DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS Capítulo I DOS FUNDAMENTOS Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011) 25

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Capítulo II DOS OBJETIVOS Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. Capítulo III DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade; II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País; III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras. Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum. 26 Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011)

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 Capítulo IV DOS INSTRUMENTOS Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. Seção I DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo: I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo; III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais; IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis; V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas previstas; VI - (VETADO) VII - (VETADO) VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos; IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011) 27

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos. Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País. Seção II DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES, SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa a: I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas; II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes. Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação ambiental. Seção III DA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos: I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; 28 Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011)

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da legislação setorial específica. Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso. Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso múltiplo destes. Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União. 2º (VETADO) Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias: I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; II - ausência de uso por três anos consecutivos; III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental; V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas; Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011) 29

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água. Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável. Art. 17. (VETADO) Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. Seção IV DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva: I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; II - incentivar a racionalização do uso da água; III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos do art. 12 desta Lei. Parágrafo único. (VETADO) Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados, dentre outros: I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação; II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente. Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados: I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos; 30 Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011)

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete e meio por cento do total arrecadado. 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água. 3º (VETADO) Art. 23. (VETADO) Art. 24. (VETADO) Seção V DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS Seção VI DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão. Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos. Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos: I - descentralização da obtenção e produção de dados e informações; II - coordenação unificada do sistema; III - acesso aos dados e informações garantido à toda a sociedade. Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos: Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011) 31

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil; II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos. Capítulo V DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO, DE INTERESSE COMUM OU COLETIVO Art. 28. (VETADO) Capítulo VI DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao Poder Executivo Federal: I - tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência; III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional; IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade responsável pela efetivação de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob domínio da União. Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal, na sua esfera de competência: I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os seus usos; II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica; 32 Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011)

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal; IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos. TÍTULO II DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS Capítulo I DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos: I - coordenar a gestão integrada das águas; II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) I o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) I-A. a Agência Nacional de Águas; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) II os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) III os Comitês de Bacia Hidrográfica; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011) 33

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 IV os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) V as Agências de Água. (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) Capítulo II DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por: I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; III - representantes dos usuários dos recursos hídricos; IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos. Parágrafo único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos: I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; II - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica; V - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; VI - estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos; VIII - (VETADO) 34 Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011)

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 IX acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) X - estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. XI - zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB); (Incluído pela Lei nº 12.334, de 2010) XII - estabelecer diretrizes para implementação da PNSB, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB); (Incluído pela Lei nº 12.334, de 2010) XIII - apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para melhoria da segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional. (Incluído pela Lei nº 12.334, de 2010) Art. 36. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos será gerido por: I - um Presidente, que será o Ministro titular do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal; II - um Secretário Executivo, que será o titular do órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos. Capítulo III DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação: I - a totalidade de uma bacia hidrográfica; II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário; ou III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas. Parágrafo único. A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União será efetivada por ato do Presidente da República. Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação: I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011) 35

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios destes; VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; VII - (VETADO) VIII - (VETADO) IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência. Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes: I - da União; II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação; III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação; IV - dos usuários das águas de sua área de atuação; V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia. 1º O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem como os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios à metade do total de membros. 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços de gestão compartilhada, a representação da União deverá incluir um representante do Ministério das Relações Exteriores. 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser incluídos representantes: 36 Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011)

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União; II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia. 4º A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica com área de atuação restrita a bacias de rios sob domínio estadual, dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos. Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um Secretário, eleitos dentre seus membros. Capítulo IV DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica. Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica. Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica. Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao atendimento dos seguintes requisitos: I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação. Art. 44. Compete às Agências de Água, no âmbito de sua área de atuação: I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação; II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos; IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos; Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011) 37

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação; VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação; VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências; VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de atuação; X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica: a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes; b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos; d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. Capítulo V DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 45. A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será exercida pelo órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos. Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos: (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) I prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) II revogado; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) 38 Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011)

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 III instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) IV revogado; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) V elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual e submetê-los à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) Capítulo VI DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos hídricos: I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos; III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos; IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade; V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organizações civis de recursos hídricos devem ser legalmente constituídas. TÍTULO III DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos: I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso; II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades competentes; Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011) 39

LEI FEDERAL Nº 9.433/97 III - (VETADO) IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga; V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização; VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos; VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes; VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções. Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração: I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades; II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos; IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração de água subterrânea. 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato. 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 40 Base Legal para a Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro (1997-2011)