ASPECTOS AMBIENTAIS DAS EMERGÊNCIAS QUÍMICAS 1. Aspectos gerais Por Carlos Ferreira Lopes A gestão do atendimento a emergências químicas deve considerar os riscos do comprometimento à saúde e segurança do homem, meio ambiente e patrimônio. A hierarquização na atenção a esses aspectos deve seguir necessariamente o fluxo anteriormente citado. Em determinadas ocorrências as demandas podem ser dirigidas unicamente a um desses aspectos, enquanto que em outros casos, os cenários acidentais podem ameaçar a todos eles. Dessa forma, a estrutura para o atendimento a uma emergência química deve ser composta por uma equipe multi-disciplinar e inter-institucional, cada qual desempenhando sua função e atribuição a fim de atender as demandas que recaem sobre sua competência e perícia. Neste sentido, a CETESB como órgão ambiental integra esta estrutura, visando suprir as demandas ambientais que surgem na maioria dos acidentes envolvendo produtos perigosos. Os acidentes tecnológicos colocam em risco a qualidade do ambiente pois em muitos casos há o vazamento/derrame de produtos químicos ao solo, água e/ou ar, levando à contaminação e impacto ao meio ambiente. Cabe ressaltar a importância de discorrer sobre a tênue diferença entre estes dois conceitos. Contaminação é a introdução de um agente indesejável no meio (ACIESP, 1997), enquanto que impacto ambiental é a alteração, de fato, provocada por um tensor (Brasil, 1986). Contaminação apresenta um enfoque mais dirigido à presença do material no meio, enquanto impacto traz claramente a conseqüência, neste caso negativa, ao meio ambiente. Outro termo amplamente utilizado é poluição, definida como sendo a degradação da qualidade ambiental... resultante de uma série de atividades (Brasil, 1981). Ainda de acordo com esta Lei, entende-se por poluidor..a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Da mesma forma, GESAMP, 1993, define poluição marinha como sendo a introdução pelo homem (grifo nosso) de substâncias no ambiente que resultam em efeitos deletérios, como prejuízo aos recursos vivos, risco à saúde humana, obstáculo às atividades marítimas, incluindo pesca, depreciação da qualidade da água do mar e redução das amenidades. Portanto a poluição está intimamente associada à intervenção humana no equilíbrio e saúde do meio ambiente, ou seja, o termo poluição enquadra o homem como ator do lançamento de substâncias nocivas ao meio. O lançamento de poluentes ao meio pode apresentar-se, grosso modo, de duas maneiras. Em um dos casos o lançamento pode ser de forma contínua, em uma área geográfica determinada e geralmente em pequena quantidade, definindo o que chama-se poluição ordinária. É o caso por exemplo de um assentamento urbano desordenado em uma área sensível como a de um estuário. Os dejetos gerados pela atividade diária da população implica num lançamento contínuo de contaminantes em uma área determinada resultando a médio/longo prazo, na degradação do meio ambiente. Por outro lado, o lançamento pode ser pontual e repentino de uma quantidade variável de contaminante ao meio. O impacto é localizado e a tendência é de que, cessada a fonte, o ambiente se recupere ao longo do tempo. É a denominada poluição aguda. Os acidentes
tecnológicos causam principalmente poluição aguda, pois ocorrem num determinado momento no tempo e liberam ao meio uma quantidade variável de produto. O grau de impacto e o tempo de recuperação do ambiente estão associados a muitos fatores como o tipo e quantidade do produto envolvido, o tipo de ambiente atingido, entre outros. Em geral quanto menos tóxico e persistente for o poluente, menor o impacto ambiental esperado e mais rápida sua recuperação. Entretanto, os ambientes respondem diferentemente a determinado tensor. Um mesmo poluente pode agir distintamente, de acordo com o local onde foi gerado o acidente. Um ambiente com presença de espécies sensíveis e que favoreça a permanência do poluente, certamente exibirá um maior impacto ambiental e uma recuperação mais tardia que um ambiente com espécies mais resistentes e com chance de dissipação natural do contaminante. Acidentes tecnológicos, dependendo do modal envolvido podem exibir conseqüências ambientais sérias. Acidentes rodoviários (foto 1) podem envolver um inventário significativo, ainda mais se ocorrer em uma área sensível. O Tráfego de caminhões contendo produtos perigosos pelas estradas brasileiras é intenso. Numa situação de acidente envolvendo esses veículos, a carga pode vazar ao meio, ocasionando contaminação e impacto. Em casos extremos, pode haver acidente envolvendo caminhões com peso bruto total combinado (PBTC) de até 57 m³, os denominados bitrens. Nesses casos o grande inventário de carga pode vazar, resultando em prejuízos ambientais expressivos. Foto 1 Carreta acidentada, com vazamento de formaldeído ao meio ambiente. Quando comparadas ao rodoviário, as estatísticas revelam uma menor freqüência de acidentes no modal ferroviário. Porém, quando ocorrem, estes acidentes ocasionam um impacto de grande magnitude pois, em geral, o inventário envolvido num vazamento ferroviário é muito maior (foto 2). Em um descarrilamento vários vagões podem sofrer avarias levando à emissão de uma grande quantidade de produtos químicos e como as vias cruzam e percorrem locais ermos e sensíveis, a conseqüência ambiental é ainda maior devido ao sinergismo volume versus área atingida.
Foto 2 Acidente ferroviário envolvendo vazamento de diesel para o meio ambiente. Postos de revenda de combustíveis são estabelecimentos de incontestável importância e inevitavelmente presentes em qualquer município independentemente de sua vocação, seja ela turística, industrial, etc. Dessa forma, mesmo em locais onde não se processe ou se manipule produtos químicos, ainda assim, há o risco de vazamentos de combustíveis provenientes dos SASCs Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis ou da má operação destes estabelecimentos (foto 3). Um posto de revenda com apenas 3 tanques enterrados, cada um com capacidade de 15 m³ pode conter um inventário de 45 m³ de combustível. Dependendo de alguns fatores entre eles a idade dos tanques, a chance de vazamento do produto ao meio deve ser considerada. Numa situação como essa, pode-se haver o comprometimento do subsolo e aqüífero freático, pondo em risco a saúde da população e biota que faz uso deste recurso. Há que se considerar ainda os perigos de explosão tendo em vista ser este o principal risco associado a esses produtos químicos. Foto 3 Posto de combustível abandonado, mostrando as câmaras de acesso à boca de visita estanque e impermeável (sump de tanque), preenchidas com diesel, sendo que parte do produto vazou alcançando a via pública. O transporte por dutos da mesma forma ocasiona contaminação ao meio, bem como riscos à segurança e saúde da população, de acordo com o tipo de produto transportado. É comum o vazamento de gases inflamáveis por este tipo de sistema e quando isto ocorre
em locais urbanizados, os riscos recaem sobre a segurança da população devido as chances de incêndio e explosão. Quando do vazamento de líquidos, sobretudo petróleo e derivados (foto 4), pode ocorrer a percolação do produto no subsolo, ocasionando a contaminação e comprometimento do sistema hídrico subterrâneo, ou mesmo o afloramento do produto em pontos específicos à jusante do ponto de ruptura, podendo alcançar o solo e/ou água superficial. Foto 4 Duto exposto para realização de reparo após vazamento de petróleo ao meio ambiente. Terminais marítimos e navios são fontes potenciais de vazamentos de óleo em corpos d água. Acidentes como estes ocasionam a contaminação das águas de rios ou do mar e ainda de ambientes adjacentes como praias, costões rochosos e manguezais (foto 5) levando a impactos ambientais expressivos, dependendo de aspectos como o tipo de produto, local atingido, condições meteoceanográficas e as próprias intervenções emergenciais que podem maximizar os impactos caso sejam utilizados procedimentos equivocados do ponto de vista ecológico. Foto 5 Praia contaminada após vazamento de petróleo proveniente de navio. Os produtos perigosos transportados apresentam uma simbologia própria que segue o padrão ONU Organização das Nações Unidas. Este sistema alerta para os riscos principais e subsidiários dos produtos transportados (líquidos inflamáveis, materiais radioativos, produtos corrosivos, entre outros). Estas informações são de fundamental importância para se promover as ações emergenciais de forma adequada. Entretanto, há
produtos que não são classificados, não recebendo, dessa forma, simbologia ONU. Isto não significa que não possam comprometer o equilíbrio do meio ambiente caso venham a atingi-lo. Exemplo disso são produtos orgânicos como concentrado cítrico, chorume (foto 6), entre outros, que apresentam elevada DBO5-20 demanda bioquímica de oxigênio. Por serem orgânicos, se lançados em corpos d água restritos que tenham baixa capacidade de diluir a carga, estes produtos podem ocasionar a depleção da concentração de oxigênio dissolvido, levando a um desequilíbrio do sistema e conseqüentemente a impactos ambientais à fauna local. Foto 6 Vazamento de chorume proveniente do transporte rodoviário. Para uma avaliação genérica e global de um acidente focando aos possíveis impactos ambientais gerados, há que se considerar os tópicos apresentados no quadro abaixo: Aspectos produto do Características ambiente do Aspectos biológicos Aspectos socioeconômicos Comportamento Variedade e tipos de ecossistemas Biodiversidade Utilização do recurso Toxicidade Hidrodinamismo Espécies sensíveis Atividades econômicas Persistência Características do substrato Corrosividade Reatividade Bioacumulação Época do ano Patrimônio público e privado Amenidades Os quatro aspectos acima devem compor o rol de avaliação a ser realizado durante um atendimento emergencial, independentemente do cenário acidental envolver ambiente terrestre ou aquático. 2. Ambientes terrestres
No caso de ambientes terrestres, o tipo de produto deve ser considerado quanto às chances de incêndio, principalmente com relação a produtos inflamáveis (petróleo e seus derivados como gasolina, nafta, solventes, entre outros). Alguns líquidos apresentam elevada viscosidade podendo gerar recobrimento físico de organismos contaminados, como no caso de derrames de óleos viscosos. Este efeito físico do produto pode levar à mortalidade pelo entupimento de estruturas respiratórias de vegetais e animais. Produtos corrosivos como soda cáustica e ácidos (ácido clorídrico, ácido nítrico, etc) podem exibir danos aos tecidos vivos podendo da mesma forma expressar mortalidade de acordo com a severidade da contaminação. Produtos de maior toxicidade podem levar a efeitos agudos à biota. Outros produtos, como os HPAs hidrocarbonetos poliaromáticos, podem ainda ser recalcitrantes (produtos que oferecem maior resistência à biodegradação). Com o maior tempo de permanência no ambiente, estes produtos retardam, se não, previnem a recuperação do ambiente atingido. Aspectos geomorfológicos são importantes fatores que podem inclusive ampliar o impacto esperado. Solos com maior permeabilidade, como os solos mais arenosos, propiciam a percolação de líquidos transferindo o contaminante para camadas subjacentes (foto 7). Além de favorecer a retenção e dificultar a degradação pela carência de oxigênio, solos muito permeáveis permitem que o contaminante eventualmente atinja o aquífero freático, sobretudo se este for raso. Por outro lado, solos mais compactos e impermeáveis como os argilosos, dificultam ou previnem a infiltração do produto. Foto 7 Detalhe mostrando a percolação de petróleo em substrato arenoso. Em um ambiente ou ecossistema, fatores bióticos e abióticos se interagem, ou seja, os organismos encontram-se em estreita relação com o meio físico e químico circundante. Esta relação tende a um equilíbrio dinâmico ao longo do tempo. Este tênue equilíbrio pode ser perturbado, entre outros agentes, por eventos acidentais, onde tanto o contaminante como toda intervenção emergencial posta em prática, podem resultar num impacto. Algumas comunidades biológicas resistem mais a um tensor ambiental sendo mais difíceis de saírem deste equilíbrio dinâmico, se comparadas a comunidades mais sensíveis. Alguns conceitos ecológicos sustentam que quanto mais complexa for a relação entre as espécies de uma comunidade, o que pode ser verificado por exemplo por meio da teia trófica, tanto maior a susceptibilidade a um impacto ambiental. Da mesma forma, o restabelecimento deste equilíbrio, ou seja, a recuperação ao impacto, é
alcançada tardiamente, através de um processo lento e de longo prazo. Durante a intervenção emergencial, as atividades de recuperação do contaminante do meio através de procedimentos de limpeza, visam minimizar os efeitos nocivos do produto (atenuar os impactos ambientais), bem como propiciar o restabelecimento do equilíbrio das comunidades atingidas (aceleração do processo de recuperação). As atividades de limpeza têm que ser escolhidas e postas em prática com critério, caso contrário podem inclusive ampliar as conseqüências do acidente magnificando o impacto global. A limpeza dos ambientes atingidos visa ainda, o restabelecimento estético do meio com o intuito de diminuir os impactos sociais e econômicos para quem dele desfruta (foto 8). Foto 8 Remoção de solo contaminado, visando minimizar os impactos e restabelecer o local atingido. 3. Ambientes aquáticos Dos cenários acidentais comumente observados, o transporte rodo-ferroviário, por dutos e principalmente o transporte marítimo são os que causam maiores efeitos ao meio aquático. Em relação ao primeiro, observa-se empiricamente que vazamentos de líquidos provenientes de caminhões e trens freqüentemente atingem o sistema de drenagem da via e em conseqüência, corpos d água como lagos, represas e rios (foto 9). Em alguns casos, pela proximidade das vias em relação às áreas costeiras, observa-se também o comprometimento de águas estuarinas e marinhas, pois o sistema hidrográfico constitui veículo natural de condução do produto à essas áreas.
Foto 9 Contaminação de lago com gasolina, proveniente de vazamento de carreta tanque. Sistemas hídricos lênticos, caracterizados por apresentarem baixa energia hidrodinâmica (correnteza) (foto 10), como rios de planícies, lagos, entre outros, são especialmente sensíveis aos produtos químicos provenientes de acidentes. Nestes locais o contaminante tende a permanecer por maior tempo ampliando os impactos e prevenindo a recuperação natural. Da mesma forma, em ambientes lênticos há o predomínio de uma comunidade biológica mais rica, abundante e sensível. O sinergismo entre estes fatores abióticos e bióticos define então as águas lênticas como ambientes mais sensíveis que águas lóticas (com maior correnteza) (foto 11) Foto 10 Trecho lêntico de rio, mostrando a fraca correnteza.
Foto 11 - Trecho de rio caudaloso, caracterizando um sistema hídrico lótico. No meio aquático os produtos químicos líquidos podem se comportar diferentemente segundo suas propriedades físicas e químicas. A densidade, pressão de vapor e solubilidade ditam o destino dos poluentes na água a curto prazo. De acordo com estas características, os produtos podem evaporar, flutuar, dissolver ou afundar ou ainda se comportarem segundo combinações destas características. Este conhecimento propicia inferir os possíveis impactos aos ambientes, bem como auxiliar na proposição das estratégias de combate mais pertinentes a cada situação. Evidentemente, fatores como toxicidade e persistência do contaminante influenciarão diretamente no grau de impacto. Petróleo e derivados são imiscíveis e flutuam. Dessa forma, as chances de uma intervenção direta no combate (na contenção e remoção do produto da água) são maiores. Assim mesmo, dependendo do tipo de produto, pode-se verificar impactos severos. Grosso modo os efeitos do óleo no ambiente aquático podem ser físicos ou químicos. No primeiro caso, principalmente devido a óleos viscosos e mais densos, os organismos atingidos ficam recobertos o que leva ao entupimento de suas estruturas respiratórias ou outros efeitos importantes, levando os mesmos à debilidade ou morte por asfixia (foto 12). Óleos mais leves e de menor viscosidade por serem mais tóxicos acarretam mortalidade por envenenamento. Certos óleos, embora não se misturem à água, podem decantar devido à elevada densidade (densidade > 1), alcançando o leito de rios, lagos ou oceano. Nestes compartimentos, dependendo da dinâmica hidrológica, podem permanecer por longos períodos, afetando os organismos que de alguma forma estejam associados e que dependam do substrato.
Foto 12 Caranguejo contaminado com óleo denso, ocasionando efeito físico de recobrimento. Líquidos miscíveis e/ou insolúveis corrosivos como, por exemplo, ácido sulfúrico e soda cáustica em solução, podem alterar o ph normal dos sistemas hídricos atingidos tornando o meio impróprio à vida. Produtos solúveis de elevada toxicidade podem gerar impactos agudos à biota aquática. A característica de solubilidade impõe ainda outra importante questão que é a restrição das oportunidades de combate numa situação emergencial. Produtos solúveis não são possíveis de serem contidos ou recolhidos como acontece com produtos oleosos, prevenindo, dessa forma, a minimização dos impactos que seriam conseguidas por meio das ações de intervenção. Os organismos presentes nas águas podem ser classificados em plâncton, nécton e bentos. Plâncton são definidos como os organismos incapazes de vencer a movimentação das massas d água, estando à mercê das correntes. São compostos por organismos vegetais (fitoplâncton) e animais (zooplâncton) microscópicos. Por um lado, são sensíveis à contaminação por poluentes exibindo mortalidade quando em contato com elevadas concentrações de um produto químico. Por outro, por apresentarem ciclo de vida curto e um estoque de larvas e adultos em abundância nas massas d água adjacentes, se restabelecem em curto prazo de tempo, uma vez restabelecida a qualidade do corpo d água. Nécton são os organismos capazes de vencer efetivamente, por meio de natação, a movimentação da água, como peixes e outros animais. O bentos compõem animais associados ao fundo, vivendo em íntima associação com o substrato. Com isso, de acordo com as características do poluente, cada compartimento biológico se encontrará com maior susceptibilidade ao contato com o produto. Produtos com elevada solubilização acarretará no comprometimento dos organismos, especialmente aqueles presentes na coluna d água (plâncton e nécton), ao passo que produtos densos e menos solúveis irão comprometer principalmente os organismos de fundo (bentos). A maioria dos organismos marinhos tem a capacidade de acumular poluentes a concentrações maiores que aquelas presentes na água do mar. Poluentes lipofílicos, ou seja, aqueles com elevada afinidade por gorduras, e que têm baixa taxa de solubilidade em água exibem grande potencial de bioacumulação como é o caso dos hidrocarbonetos clorados (ou compostos organoclorados).
Bioacumulação compreende a bioconcentração que é a habilidade de um organismo a acumular um contaminante presente na água, e a biomagnificação que é a concentração do poluente ao longo da cadeia alimentar. Dessa forma, a adsorção de produtos químicos à superfície do corpo, a ingestão de detritos e alimentos e a troca de água durante processos de alimentação e respiração, representam as principais rotas de entrada de contaminantes nos organismos aquáticos. Muitos poluentes apresentam potencial de bioacumulação como, por exemplo, metais pesados, hidrocarbonetos clorados, hidrocarbonetos do petróleo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs). A acumulação dos poluentes ao longo da cadeia alimentar pode levar a um desequilíbrio ambiental pondo ainda em risco a saúde humana, pois alimentos contaminados podem ser utilizados na dieta, transferindo o contaminante ao ser humano. Os produtos químicos lançados à água, principalmente águas marinhas, podem ainda chegar a ambientes costeiros como praias, costões rochosos e manguezais, os quais apresentam diferentes vulnerabilidades. Ambientes localizados em águas calmas, com presença de espécies sensíveis e que apresentem estruturas físicas que propiciem a retenção do poluente, certamente exibirá maior impacto ambiental. São exemplos, os manguezais, ambientes presentes em regiões estuarinas, com circulação de água restrita, cujas espécies vegetais são sensíveis ao contato com produtos químicos (foto 13). Foto 13 Árvores de mangue atingidas por óleo denso, provocando obstrução das estruturas respiratórias do vegetal. Para estes ambientes costeiros, quando atingidos, é importante selecionar e aplicar técnicas de limpeza que retirem tanto quanto possível o contaminante, sem, no entanto, promover dano adicional ao ambiente já estressado (foto 14). Em alguns casos deixar que o ambiente se restabeleça naturalmente, sem qualquer intervenção, pode ser a melhor escolha.
Foto 14 Limpeza manual criteriosa de praia contaminada com óleo, visando minimizar os impactos e acelerar o processo de recuperação do ambiente. 4. Bibliografia - ACIESP, 1997. Glossário de Ecologia. Publicação ACIESP Academia de Ciências do Estado de São Paulo n 103. 352p. - Brasil, 1981. Lei 6938 de 31 de agosto de 1981. Publicada no Diário Oficial da União DOU de 2 de setembro de 1981. - Brasil, 1986. Resolução CONAMA n 1 de 23 de janeiro de 1986. Publicada no Diário Oficial da União DOU de 17 de fevereiro de 1986 - GESAMP (IMO/FAO/UNESCO/WMO/WHO/IAEA/UN/UNEP Joint Group of Experts on the Scientific Aspects of Marine Pollution) 1993: Impact of oil and related chemicals and wastes on the marine environment. Re. Stud. GESAMP (50): 180pp.