XII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE AVALIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO NO OESTE DA BAHIA CONSIDERANDO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

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Transcrição:

XII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE AVALIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO NO OESTE DA BAHIA CONSIDERANDO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS Marcos Antônio Vanderlei Silva 1 ; Charles Cardoso Santana 2 ; Alberto do Nascimento Silva 3 ; Ramon Brenner Silva de Almeida 4 & Felipe Mariani Passos 5 RESUMO Foi feito um estudo da precipitação com o objetivo de avaliar a incidência de eventos de seca nos cenários atual e futuro na região Oeste da Bahia utilizando o Índice de precipitação padronizada (SPI). Foram utilizadas séries de precipitação de 1981 a 2011, e 2070 a 2100 (cenário B2). A partir das condições limites do presente estudo infere-se que o clima futuro da região de Barreiras tende a diminuir a sua umidade, porém, com pouca interferência na variabilidade de ocorrência de eventos extremos de seca. ABSTRACT It was done a study of precipitation to evaluate the incidence of drought events in the current and future scenarios in Western Bahia region using the standardized precipitation index (SPI). Precipitation series 1981-2011, and 2070-2100 (scenario B2) were used. From the boundary conditions of the present study it appears that the future climate of the region of barriers tends to decrease its moisture, but with little interference in the variability of occurrence of extreme drought events. Palavras-Chave Índice de Precipitação Padronizada (SPI). Oeste da Bahia. Índice de seca. 1) UNEB (DCH-Campus IX),, Rod. BR 242, km 04, Lot. Flamengo, Barreiras-BA,773611-3950, maavsdilva@uneb.br 2) UNEB (DCH-Campus IX),, Rod. BR 242, km 04, Lot. Flamengo, Barreiras-BA,773611-3950, mystercharles_santana@hotmail.com XII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 1

1 - INTRODUÇÃO A partir da década de 70, a região Oeste da Bahia foi marcada por um novo ciclo de desenvolvimento, com intenso e rápido processo de transformação além de vigoroso movimento populacional intra-regional e inter-regional, Santos (2000) apud Moura e Lavoratti (2012). A região apresenta grande importância econômica a partir da agropecuária, que se baseia em sistema de sequeiro, destacando se na produção de grãos, criação de gado e a fruticultura. No entanto, o Oeste da Bahia tem boa parte de sua área inclusa na região semiárida, estando assim, sujeita à ocorrência de secas recorrentes que podem ocasionar impactos econômicos, sociais e ambientas. Uma das mais importantes questões nos discursos ambientais são as transformações climáticas. É sabido que pode ocorrer uma variabilidade da precipitação no tempo e no espaço, em escala de segundos a dezenas de anos e de milímetro a milhares de quilômetros, respectivamente. A variabilidade climática pode afetar de forma importante a vida econômica e social da população em geral, nas atividades agrícolas de forma direta e indireta, em todo setor produtivo. Um dos fenômenos decorrentes da variabilidade climática é a variabilidade da precipitação, variável climática de maior influência na qualidade do meio ambiente. A região Oeste é desenvolvida na área agrícola, tendo sua economia condicionada à agropecuária, onde apesar dos grandes avanços ocorridos nos últimos anos, a atividade agrícola e a rentabilidade das colheitas estão condicionadas a ocorrência de precipitação. O objetivo deste trabalho consiste em avaliar a incidência de eventos de seca nos cenários atual e futuro na região Oeste da Bahia utilizando o Índice de precipitação padronizada (SPI). 2 METODOLOGIA O estudo foi realizado no município de Barreiras coordenadas -12,498; -41,296, estação 01244009, região Oeste da Bahia. O clima é Aw (Köppen), ou seja, típico de savana, com inverno seco e temperatura média do ar do mês mais frio superior a 18 C. Foram utilizadas duas séries de dados mensais de precipitação pluvial caracterizando os climas atual (1981-2011) e futuro (2070-2100). Os dados do clima atual foram baixados via Hidroweb do inventário Estações Pluviométricas da Rede Hidrometeorológica da Agência Nacional das Águas (ANA). Para o clima futuro foi utilizado o cenário B2 (IPCC Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) do modelo de circulação global HadCM3. O modelo tem uma resolução horizontal de 2,5 latitude x 3,75 longitude, produzindo uma grade global de 96x73 células. XII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 2

Para analisar os eventos de secas foi utilizado o índice padronizado de precipitação (SPI), desenvolvido por McKee et al (1993). Esse índice utiliza apenas dados de precipitação. Valores negativos de SPI indicam condições de seca e valores positivos indicam condições de umidade (Quadro 1). O SPI é um indicador de seca, que reconhece a importância das escalas de tempo que afetam vários tipos de necessidade de água. deste modo, é calculado considerando séries e períodos médios, selecionados de modo a se determinar séries de escalas de tempo de i meses, i= 1,3...12 meses. O n de meses (i) é arbitrário, mas os valores escolhidos representam escalas de tempo de déficits de precipitação importantes. Quadro 1- Valores de SPI e classificações de seca ou umidade SPI Classificação 2,00 Chuva extrema 1,50 a 1,99 Chuva severa 1,00 a 1,49 Chuva moderada 0 a 0,99 Chuva incipiente 0 a - 0,99 Seca incipiente -1,00 a -1,49 Seca moderada -1,50 a -1,99 Seca severa -2,00 Seca extrema Neste trabalho, o SPI foi calculado para a escala de tempo de 12 meses, ou seja, fornece uma comparação da precipitação ao longo de um período específico de 12 meses, com totais de precipitação desse mesmo período de 12 meses para todos os anos da série de tempo. Os resultados foram discutidos quanto à intensidade, duração e frequência da incidência de seca. Os valores das condições de umidade/seca foram obtidos pela equação final do SPI, como segue: (1) 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO A agricultura é a principal atividade econômica do Oeste da Bahia, sendo a mais dependente de fatores climáticos. Dentre os fatores de produção, a água é aquele que, na maioria das vezes, mais limita os rendimentos dos cultivos, sendo importante em todas as fases de desenvolvimento em menos ou maior quantidade (mm). XII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 3

Por meio da Figura 1, para o clima atual, verifica-se que os anos 1985/1986/1987/200 apresentaram chuvas extremas, ou seja, SPI 2. Já nos 1990-1991/1994 ocorreram secas extremas com SPI - 2. Na maioria dos anos os valores estiveram entre seca moderada e chuva moderada (- 1,49 a 1,49). Nota-se ainda a ocorrência de ciclos alternados de eventos secos e chuvosos, sem uma sequência definida ao longo do período estudado. Silva et al. (2013) utilizando o SPI (escalas de 24, 36 e 48 meses) para análises dos dados de precipitação do município de Barreiras encontraram resultados semelhantes, ou seja, ciclos alternados definidos de eventos secos e chuvosos, sendo esses ciclos marcados por uma tendência de redução dos valores do SPI. Destaca-se ainda na Figura 1 que, a partir do ano de 2000, há uma redução da amplitude de variação dos valores do SPI, tanto para evento chuvoso como para evento de seca. Figura 1- SPI na escala de 12 meses- Valores positivos/negativos indicam precipitação acima/abaixo da normal. Em termos percentuais, a classificação incipiente contempla mais de 2/3 do total, significando que os valores extremos não influenciaram de forma efetiva nos eventos de falta de chuva dentro dos últimos 30 anos, ou seja, os casos de estiagem extrema foram aleatórios. Tabela 1- Classificação de seca ou umidade, frequência e percentagem de dos eventos no período 1981 a 2011. Classificação Frequência Absoluta % Extremamente Seco 5 1% Severamente Seco 13 4% Moderadamente Seco 39 11% Seca Incipiente 138 38% Umidade Incipiente 117 32% Moderadamente Úmido 21 6% Severamente Úmido 17 5% Extremamente Úmido 11 3% XII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 4

Os resultados para o cenário futuro demonstraram a ocorrência de chuva extrema nos anos 2080/2081/2084 e seca extrema nos anos 2093/2097/2098. Diferentemente do clima atual o cenário B2 não apresenta ciclos bem definidos de eventos secos e chuvosos demonstrando também tendência de redução drástica de eventos chuvosos predominando eventos secos e menor variação da amplitude dos valores de SPI para eventos secos. Figura 1- SPI na escala de 12 meses- Valores positivos/negativos indicam precipitação acima/abaixo da normal. Comparando os resultados extremos para os dois cenários, notou-se que o clima atual apresentou maior (2,67) e menor (- 3,09) valor do SPI em relação ao o clima futuro (cenário B2) com 2,32 e -2,55. Apesar de haver maior ocorrência de eventos secos no cenário futuro a amplitude desses valores foi menor em relação a amplitude dos eventos secos no clima atual. De acordo com os maiores valores para os dois cenários percebe-se também redução na ocorrência de eventos chuvosos. Tabela 2- Classificação de seca ou umidade, frequência e percentagem de dos eventos no período 2070 a 2100. Classificação Frequência Absoluta % Extremamente Seco 9 2% Severamente Seco 18 5% Moderadamente Seco 35 10% Seca Incipiente 109 30% Umidade Incipiente 126 35% Moderadamente Úmido 34 9% Severamente Úmido 26 7% Extremamente Úmido 4 1% XII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 5

4 - CONCLUSÃO A partir das condições limites do presente estudo infere-se que o clima futuro da região de Barreiras tende a diminuir a sua umidade, porém, com pouca interferência na variabilidade de ocorrência de eventos extremos de seca. 5 - BIBLIOGRAFIA MCKEE, T.B.; DOESKEN, N.J.; KLEIST, J. (1993). The relationship of drought frequency and duration to time scale. In Anais da Conference on Appied Climatology, Boston, 1993, p. 179-184. MOURA, B.C.D.; LAVORATTI, J.T. (2012). Disparidades socioeconômicas no contexto agrícola do Oeste Baiano in Anais do XXI Encontro Nacional de Geografia Agrária, Uberlândia, Out. 2012, 1, pp. 1-18. SILVA, S.F.; GENS, F.; AGUIAR, W.; SILVA, N.M.D.; KIPERSTOK, A. (2013). Avaliação da ocorrência de secas na Bahia utilizando o Índice de Precipitação Padronizada (SPI). Bahia Análise & Dados. 23 (2), pp. 461 473. Disponível em: http://www.sei.ba.gov.br/images/publicacoes/sumario/aed/sumario_a%26d_agua.pdf. Acessado em 29 de jun. 2014. XII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 6