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Transcrição:

N.º 216 Junho 2010 Mensal 2,00 TempoLivre www.inatel.pt Terra Nossa Praias Fluviais Banhos de água doce Viagens Kos Portfólio Tibete Solidariedade Cinema de Bairro Memória Laura Alves

Sumário Na capa Foto: José Luis Jorge 14 TERRA NOSSA Praias Fluviais Banhos de água doce Para quem não conhece a região da Aldeias de Xisto, é uma surpresa a profusão de rios e ribeiras, de açudes e albufeiras. Quando veio o turismo, os açudes, principalmente, mudaram de nome e de função: tornaram-se praias fluviais. Os espaços são os mesmos mas agora há solários e pranchas de mergulho, há bons acessos e painéis informativos e, nalguns casos, há parque de campismo, restaurante, nadador salvador e até biblioteca 5 EDITORIAL 6 CONCURSO DE FOTOGRAFIA 8 CARTAS E COLUNA DO PROVEDOR 9 NOTÍCIAS 36 PAIXÕES Paulo Alexandre 40 PORTFÓLIO Tibete 44 MEMÓRIA Laura Alves 46 OLHO VIVO 48 LUSOFONIAS 50 A CASA NA ÁRVORE 79 O TEMPO E AS PALAVRAS Maria Alice Vila Fabião 80 OS CONTOS DO ZAMBUJAL 82 CRÓNICA Alice Vieira 53 BOA VIDA 72 CLUBE TEMPO LIVRE Novos Livros e Cartaz 20 VIAGENS Ilha de Kos (Grécia) O antigo centro médico de Asklepieíon, na ilha grega de Kos, em pleno mar Egeu, deve ter sido um pequeno paraíso para o descanso na Antiguidade. O local conserva ainda a preciosa tranquilidade e frescura de outrora, proporcionando aos modernos visitantes o sossego do isolamento, os banhos relaxantes nas águas tépidas das termas e uma vista deslumbrante sobre o Mediterrâneo e a vizinha costa turca. 26 TURISMO SÉNIOR Super Sénior Cândido de Barros: Aos 100 anos vive-se bem sem biografia 30 CINEMA DE BAIRRO O projecto Cinema de Bairro levou ao Teatro da Trindade 25 jovens de bairros sociais de todo o país que, sem se conhecerem, partilharam uma experiência comum: filmar e a aprender a contar a história das suas vidas 34 COMUNIDADES Portugal no Coração Revista Mensal e-mail: tl@inatel.pt Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Vítor Ramalho Vice-Presidente: Carlos Mamede Vogais: Cristina Baptista, José Moreira Marques e Rogério Fernandes Sede da Fundação: Calçada de Sant Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Director: Vítor Ramalho Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: António Sérgio Azenha, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Gil Montalverne, Guiomar Belo Marques, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho, Joaquim Magalhães de Castro, Joaquim Durão, José Jorge Letria, José Luís Jorge, Lourdes Féria, Manuela Garcia, Maria Augusta Drago, Maria João Duarte, Maria Mesquita, Pedro Barrocas, Rodrigues Vaz, Sérgio Alves, Suzana Neves, José Lattas, Vítor Ribeiro. Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos, Fernando Dacosta, João Aguiar, Maria Alice Vila Fabião, Mário Zambujal. Redacção: Calçada de Sant Ana, 180 1169-062 LISBOA, Telef. 210027000 Fax: 210027061 Publicidade: Patrícia Strecht, Telef. 210027156; Impressão: Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA - Rua Consiglieri Pedroso, n.º 90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena, Tel. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade na D.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 139.027 exemplares

Editorial Vítor Ramalho Lusofonia e Solidariedade Teve lugar recentemente entre nós, como pode ser avaliado nas páginas interiores desta nossa Tempo Livre, o XII Encontro Luso-Brasileiro de Turismo Sénior/Melhor Idade. Trata-se de um evento da maior importância para o aprofundamento das relações entre as sociedades civis dos dois povos irmãos e das entidades que o promoveram, no caso a ABCMI - Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade e da Inatel. Participaram no evento quase quatrocentos cidadãos brasileiros da melhor idade, a que se associaram inúmeros beneficiários da nossa Fundação, vindos de quase todos os distritos. As relações internacionais da Inatel, sobretudo com entidades congéneres do mundo da nossa fala comum são da maior relevância e assumirão de forma crescente, no futuro, uma forte prioridade nos objectivos que traçámos. Esta prioridade de afirmação internacional não nos pode fazer esquecer a solidariedade devida aos nossos emigrantes, sabendo-se, como se sabe, que cerca de metade da população portuguesa reside e trabalha no estrangeiro, para onde emigrou pelas mais diversas razões. Ao termos presente a vasta comunidade da nossa diáspora, espalhada pelos quatro cantos do mundo, é da identidade e da nossa alma que falamos. Esta constatação é particularmente clara quando temos a oportunidade de conhecer e dialogar com compatriotas nossos, a quem a fortuna não sorriu além das fronteiras e que ao fim de várias décadas nos visitam. O programa "Portugal no Coração", que nos meses de Maio e Outubro traz a Portugal emigrantes portugueses que se candidatam e são seleccionados pela Secretaria de Estado das Comunidades, por intermédio dos nossos consulados, é a todos os títulos uma marca do relacionamento da Inatel com esses nossos compatriotas, que em circunstância alguma pode ser perdida. Se dúvidas houvesse quanto à enorme importância da nossa Fundação e ao papel que tem no reforço da nossa identidade, no acolhimento e acompanhamento que, há longos anos, dá a estes nossos compatriotas, o programa desvanece-as de todo. Finalmente, e relacionado ainda com outro importante programa solidário da Fundação, a "TL" conta-nos a história de Cândido de Barros, o primeiro vencedor do "Prémio Super Sénior" e que, aos 100 anos, é um testemunho exemplar do significado que o Turismo Sénior tem para um vasto sector da sociedade portuguesa. Neste mundo incerto e em crise é, por isso, um enorme orgulho ser beneficiário/associado da Inatel. Concorrer para o reforço da nossa Fundação, alargando ainda mais o universo dos nossos beneficiários associados, torna-se, assim, uma obrigação cívica. Não duvido do empenhamento de todos neste domínio. JUN 2010 TempoLivre 5

Fotografia XIV Concurso Tempo Livre Fotos premiadas [ 1 ] [ 3 ] [ 1 ] José Pinto, Coimbra Sócio n.º 494110 [ 2 ] José Reis, Celorico da Beira Sócio n.º 66292 [ 2 ] [ 3 ] Fernando Ledo, Viana do Castelo Sócio n.º 349141 6 TempoLivre JUN 2010

Regulamento 1. Concurso Nacional de Fotografia da revista Tempo Livre. Periodicidade mensal. Podem participar todos os membros associados da Fundação Inatel, excluindo os seus funcionários e os elementos da redacção e colaboradores da revista Tempo Livre. 2. Enviar as fotos para: Revista Tempo Livre - Concurso de Fotografia, Calçada de Sant Ana, 180-1169-062 Lisboa. 3. A data limite para a recepção dos trabalhos é o dia 10 de cada mês. 4. O tema é livre e cada concorrente pode enviar, mensalmente, um máximo de 3 fotografias de formato mínimo de 10x15 cm e máximo de 18x24 cm., em papel, cor ou preto e branco, sem qualquer suporte. 5. Não são aceites diapositivos e as fotos concorrentes não serão devolvidas. 6. O concurso é limitado aos beneficiários associados da Inatel. Todas as fotos devem ser assinaladas no verso com o nome do autor, direcção, telefone e número de associado da Inatel. 7. A Tempo Livre publicará, em cada mês, as seis melhores fotos (três premiadas e três menções honrosas), seleccionadas entre as enviadas no prazo previsto. 8. Não serão seleccionadas, no mesmo ano, as fotos de um concorrente premiado nesse ano 9. Prémios: cada uma das três fotos seleccionadas terá como prémio duas noites ou um fim de semana para duas pessoas num dos Centros de Férias do Inatel, durante a época baixa, em regime APA (alojamento e pequeno almoço). O prémio tem a validade de um ano. O premiado(a) deve contactar a redacção da «TL». 10. Grande Prémio Anual: uma viagem a escolher na Brochura Inatel Turismo Social até ao montante de 1750 Euros. A este prémio, com a validade de um ano, a publicar na revista Tempo Livre de Setembro de 2010, concorrem todas as fotos premiadas e publicadas nos meses em que decorre o concurso. 11. O júri será composto por dois responsáveis da revista T. Livre e por um fotógrafo de reconhecido prestígio. Menções honrosas [ a ]Augusto Santiago, Vila Nova de Gaia Sócio n.º 460443 [ b ] Óscar Saraiva, S. Mamede da Infesta Sócio n.º 31309 [ c ] Maria Barbosa, Porto Sócio n.º 133695 [ a ] [ b ] [ c ] JUN 2010 TempoLivre 7

Cartas A correspondência para estas secções deve ser enviada para a Redacção de Tempo Livre, Calçada de Sant Ana, nº. 180, 1169-062 Lisboa, ou por e-mail: tl@inatel.pt Termalismo Sénior Desloquei-me à Agência da Inatel em Coimbra para saber da lista das Termas e respectivas saídas do programa Saúde e Termalismo Sénior e fiquei muito desiludido ao verificar que, de Coimbra, apenas havia uma saída em Junho para as termas do Carvalhal. Aceito que para Lisboa e Porto que são cidades maiores haja mais saídas, mas se Lisboa tem 9 viagens, Porto 5, Leiria 5, Santarém 3, Setúbal 5, Viseu 2, como é que Coimbra tem apenas uma viagem contemplada? Eduarda Teixeira, Coimbra N. R. - A distribuição das viagens pelos diversos distritos tem em consideração o número de lugares disponíveis para o Programa e o número de vendas realizadas no distrito nos anteriores Programas Saúde e Termalismo Sénior. Coimbra, a nível de Termalismo e no que respeita à procura encontra-se na cauda do programa, razão pela qual apenas lhe foi atribuída uma viagem. Como é hábito sempre que se esgotam os lugares, são atribuídas mais viagens, foi o que aconteceu, tendo sido atribuída uma segunda viagem, na qual apenas se inscreveram cinco pessoas oriundas do distrito de Coimbra. 50 anos na INATEL Completaram, este mês, 50 anos de ligação à Fundação Inatel os associados: José Jesus Vences Cordeiro, de Ponte de Sor; David Pires Moreno, de Setúbal; António Costa Fernandes Júnior e João Manuel Martins Rodrigues, de Lisboa; Henrique Marcelo Leiria Machado, de Sintra. Coluna do Provedor Kalidás Barreto provedor@inatel.pt NESTE TEMPO carregado de nuvens negras, facto que não é só figura de retórica, como o demonstra justificadamente a suspensão de circuitos aéreos, é natural que as pessoas vivam intranquilas. A crise que atravessa a Europa e cujas causas são agora transparentemente percebidas pelo comum dos cidadãos que sentem na pele os catastróficos efeitos para os quais não contribuíram. Vivemos um tempo de descrença e apatia que se não forem firmemente contrariadas sem esperar iluminados mas com a nossa firmeza de cidadãos, podem ser irremediáveis: é que a apatia esconde uma revolta que poderá rebentar. É preciso acreditar que seremos capazes de dar a volta; é preciso dar as mãos, é necessário enfrentarmos a crise com a consciência das dificuldades, sem violências mas com firmeza, a despeito de sabermos, por experiência própria que os mais pobres são quem mais sofrem; mas é preciso que sejam menos a sofrerem! É por isso que tem todo o sentido, o desabafo de um associado, afirmando que é preciso contrariar a tristeza e a apatia e participar, como ele fez, num programa de Termalismo Sénior, apesar de todas as dificuldades e de todas as dores reumáticas. E acrescentava: Volto com forças para ajudar a regressarmos ao espírito do 25 de Abril! 8 TempoLivre JUN 2010

Notícias XII Encontro Luso-Brasileiro de Turismo Sénior/Melhor Idade Cerca de 400 seniores brasileiros, oriundos dos diversos Estados do País irmão, participaram no XII Encontro Luso-Brasileiro de Turismo Sénior/Melhor Idade que teve lugar na Inatel Caparica, de 18 a 20 de Maio último. Iniciativa conjunta da Fundação INATEL e da Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade (ABCMI), o encontro, de realização anual, pretende estimular quer o convívio entre Portugal e o Brasil quer fomentar o debate das questões relacionadas com o mundo sénior. Na sessão de abertura, em Santarém, na imponente nave central da Igreja da Graça, um dos mais representativos monumentos da arte gótica local, gerido pela autarquia, Moita Flores emocionou os seniores brasileiros ao recordar a opção de Pedro Álvares Cabral de viver e morrer naquela cidade. O autarca lembrou ainda ter sido em Santarém que D. João II preparou o Tratado de Tordesilhas, documento decisivo para a legitimação do domínio luso do Brasil após a descoberta de Cabral, e sublinhou o papel de Salgueiro Maia e da sua coluna militar que de Santarém partiu para a reconquista de liberdade em Portugal. Com palavras de agradecimento e louvor a Vítor Ramalho ( referência cívica e moral de um país que não desiste de ter esperança, disse) pela escolha de Santarém para a sessão inaugural do Encontro, Moita Flores acentuou a importância da sabedoria, experiência e valores éticos da população sénior na construção de um futuro de liberdade e fraternidade. Estamos em casa ( ) Portugal também é o nosso País, vincou a presidente da ABCMI, Genilda Baroni, ao agradecer quer a hospitalidades escalabitana quer o abençoado convénio firmado com a Inatel e que tanto contribui para atenuar o sentimento de exclusão e ausência de calor humano que afectam boa parte dos cidadãos seniores. O idoso quando faz amizade é para valer, é para sempre, disse ainda a responsável da ABCMI ao manifestar a vontade de manter e ampliar o protocolo entre as duas entidades. Genilda Baroni teve ainda palavras de reconhecimento para com o Secretário- Geral da Inatel, Carlos Luiz, presente no XI Encontro, realizado no Brasil. Na conferência que proferiu numa das sessões do Encontro, Vítor Ramalho enalteceu as virtualidade do mundo que fala português 6ª língua do Mundo e 3ª do Ocidente -, designadamente a sua afectividade e a importância estratégica comum em tempos de globalização. Nascido em Angola, o presidente da Inatel lembrou, ainda, como a libertação dos povos brasileiro e africano do domínio colonial estão ligadas à própria libertação de Portugal (Revolução Liberal e 25 de Abril de 1974). Vozes em Festa Mais de 200 alunos dos Coros do Conservatório Regional de Évora Eborae Mvsica apresentaram-se em Concerto na Iniciativa Vozes em Festa, no Teatro Garcia de Resende, no passado dia 12 de Maio. Os diferentes grupos eborenses (infantil e 1º grau, Coro I e Coro II) interpretaram canções do folclore nacional e de outros países, nomeadamente da África do Sul, Brasil, França e Israel, além espirituais negros e peças de Mozart e Britten. O Concerto terminou com uma Peça em Conjunto Rock My soul Cânone, sob a direcção de Sandra Medeiros. JUN 2010 TempoLivre 9

Notícias Relatório e Contas 2009 Aprovado, sucessivamente, conforme os estatutos, pelos Conselhos Consultivo, Fiscal e Geral, o Relatório e Contas 2009 da Inatel, foi entregue, no passado dia 15 de Maio, no Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social para homologação. Como é sublinhado pelo Conselho de Administração no respectivo preâmbulo, para o resultado negativo de 2009 pesaram, para além do desvio orçamental de 2008 cujo défice totalizou 2.834.2911,56 euros, o valor da amortização anual dos imóveis, a integração de elevado número de trabalhadores precários, a actualização salarial, os encargos decorrentes da instalação da unidade de Linhares da Beira e a abertura das unidades nas ilhas da Graciosa e Flores, bem como a regularização de dívidas derivadas de contratos e processos anteriores à posse desta Direcção (Setembro de 2008). A requalificação de equipamentos (Trindade, Parque 1º de Maio, Oeiras) e outros melhoramentos em várias unidades hoteleiras são igualmente referidos pelo CA da Fundação que salienta, a par de outras iniciativas de 2009, a realização do ciclo de colóquios Novas Respostas a Novos Desafios e as primeiras candidaturas da Inatel ao QREN. Convívio na Foz do Arelho A unidade hoteleira da Inatel da Foz do Arelho foi o espaço escolhido para o almoço cerca de meia centena de antigos condiscípulos do Curso de 1965/1970/ da Faculdade de Direito de Lisboa. Juízes do STJ, Procuradores-adjuntos, professores universitários, advogados e empresários integravam o conjunto de convivas, incluindo figuras mediáticas, como Vítor Melícias, o ex-mne Martins da Cruz, José Dias Ferreira, Carlos Paisana e Teresa Coutinho (ex-dirigente benfiquista). Ausentes pela distância, enviaram saudações o Cardeal de Luanda, Alexandre Nascimento, os embaixadores Fernando Neves, Rui Quartin Santos, Madeira Bárbara, Ana Martinho e Aristides Branco. O anfitrião, Vítor Ramalho, integrante Histórias de Resistência no 26.º Festroia do mesmo Curso, aproveitou a ocasião para enaltecer as virtualidades da Inatel na cultura, desporto e lazer. O agradável almoço, com o preço adequado à crise e à capacidade financeira dos ilustres convivas, finalizou com um apreciado momento musical protagonizado por Cristina Almeida (filha da Procuradora/Adjunta Cândida Almeida) que interpretou diversas árias de ópera. A 26.ª edição do Festroia - que volta a homenagear o cinema português, atribuindo um Golfinho de Carreira ao actor Rogério Samora, no ano em que este comemora 30 anos de vida artística - contará com 190 filmes, oriundos de cerca de 40 países, números representativos da diversidade que caracteriza o único festival português incluído no prestigiado calendário anual da FIAPF (Federação Internacional de Associações de Produtores de Filmes). O programa inclui o ciclo de Histórias de Resistência, com 11 películas reveladoras de diferentes histórias de luta pela liberdade e contra a opressão nas suas mais diversas formas, algumas das quais verídicas, tendo sempre por palco o continente europeu. 10 TempoLivre JUN 2010

A origem do Fado José Alberto Sardinha descobre raízes nacionais do fado Vinte e dois anos levou o etnomusicólogo José Alberto Sardinha numa laboriosa e profunda investigação sobre as raízes do mais representativo género musical português. As 550 páginas da sua bem documentada obra, A origem do Fado, apresentada em Maio último no Teatro da Trindade, representam na opinião do consagrado antropólogo Benjamim Enes Pereira um marco categórico e da maior importância no panorama da bibliografia etnomusical portuguesa. Dedicado pelo autor aos cegos músicos, anónimos e desprezados entre as gentes, que, ao longo do séculos, a chorar e rir, cantaram a vida misteriosa de todos, fonte e inspiração do nosso Fado e, também, ao extraordinário Moisés Augusto, de Sobreiró de Baixo, Vinhais, jogral dos nossos dias, músico ambulante de vivências muitas, fabuloso cantador de histórias, que o mesmo é dizer cantador de fados, a obra editada pela Tradisom e patrocinada pela Inatel no âmbito das comemorações dos 75 anos da Fundação tem como fio condutor a defesa da origem nacional do fado, nascido defende JAS - a partir de um substrato comum a todo o território nacional que é o romanceiro tradicional. É este canto narrativo que dá origem ao fado. Antes de ser um género musical, o fado é um texto poético, um poema narrativo. Ainda hoje lembrou o autor no Trindade - os fadistas afirmam que o fado tem de contar uma história, e essa é a origem nacional do fado: contar uma história que emocionasse primeiro o fadista e, através deste, a audiência ( ) Na verdade, a origem do fado está naquilo que nós chamamos pejorativamente o fado da desgraçadinha ou o fado de faca e alguidar. Esse é que é o fado primitivo, a origem do fado. Ao contrário da tese vigente de que o fado tem origem no lundum angolano e numa dança brasileira, a umbigada, JAS situa as origens do fado no século XVI, quando se dá a passagem do romanceiro histórico para o romanceiro novalesco, como já Carolina Michaëlis o tinha referenciado sem, todavia, o fundamentar ( ) Eu comparo o fado que é uma tradição oral com a restante tradição oral portuguesa e não vou buscar origens a outras partes. Além de uma invulgar documentação fotográfica e iconográfica, o livro contém quatro CD com recolhas musicais do autor e que ilustram a sua tese da origem portuguesa do fado. Na apresentação no Trindade, alguns desses temas musicais foram exemplificados pela fadista Ana Guerra, com acompanhamento à viola e guitarra. Presente no acto de lançamento da obra, o presidente da Inatel salientou que o invulgar trabalho de pesquisa de JAS, um dos maiores cultores e conhecedores da nossa musica tradicional, e há longos anos colaborador da Fundação, abre perspectivas inovadoras para a as origens do fado. Seria difícil adiantou Vítor Ramalho - seleccionar um outro trabalho pioneiro no âmbito da nossa musica tradicional que envolve também uma homenagem devida ao povo português, a Portugal e à acção desenvolvida pela Inatel há 75 anos. JUN 2010 TempoLivre 11

Notícias Taça Fundação Inatel O Teatro da Trindade foi palco, em Maio, do sorteio da fase final da Taça Fundação INATEL, competição de futebol amador que envolve mais de 300 equipas e 7500 atletas por todo o país. As 16 equipas apuradas para a fase final disputarão entre si o acesso à finalíssima a realizar no próximo dia 13 de Junho, no Parque de Jogos 1º de Maio, em Lisboa, e integrada nas comemorações dos 75 anos da fundação. O sorteio registou a presença de várias figuras do mundo do desporto, entre outros, o treinador Octávio Machado, os jogadores do Sporting Carlos Saleiro e André Marques, o ex-benfiquista José Luís, e o jornalista Rui Tovar. Raid Inatel Iniciação TT O tempo chuvoso do terceiro fim de semana de Maio proporcionou aos cerca de cem participantes do Raid Inatel Iniciação TT uma experiência inesquecível por estradões e trilhos de terra, montes verdejantes e centros culturais da serra da Estrela. O raid, fruto da parceria Inatel/Clube Escape Livre, incluiu as necessárias aulas teóricas que permitiram o sucesso dos numerosos iniciados, instalados em três dezenas de viaturas Hyundai, na prova de passagem pelos corta-fogos da serra da Estrela e a passagem a vau do rio Mondego. A partir da Unidade Hoteleira de Linhares da Beira, o Clube Escape Livre traçou um percurso onde os candidatos, provenientes de todo o país, incluindo uma equipa feminina, foram, a pouco e pouco, colocando em prática os diversos ensinamentos recebidos na área das viaturas, dos pneus e do próprio respeito pela natureza, matérias a cargo da Hyundai, da Bridgestone e da ValorPneu, importantes parceiros nesta iniciativa inédita exclusivamente para quem nunca praticou todo terreno. O passeio foi ainda assinalado pela antestreia exclusiva do Hyundai ix35 - o novo SUV do segmento C da marca e pela assinatura de um protocolo de colaboração entre a Hyundai e a Inatel. O acordo, assinado pelo director geral da Hyundai Portugal, Veiga de Macedo, pelo administrador da Fundação Inatel, Moreira Marques, permitirá aos Beneficiários e Associados da Fundação usufruir de condições especiais na aquisição de viaturas Hyundai, que poderão atingir os nove por cento na aquisição de viaturas, consoante os modelos, em qualquer concessionário da rede oficial da marca. 12 TempoLivre JUN 2010

Reunião INATEL/CCD s Chegaram ao fim as diversas reuniões que a Direcção Desportiva promoveu por todo o País com os CCD s. Com o objectivo de debater os actuais quadros competitivos, eventos em parceria com os CCD s, normas específicas, associativismo e formação, a Direcção Desportiva conjuntamente com as Delegações Regionais e Agências, partilharam ideias e propostas para serem analisadas para as próximas épocas desportivas. As últimas reuniões ocorreram em finais do mês de Abril e meados de Maio, com os CCD s dos Açores (Ponta Delgada e Angra do Heroísmo), Porto (na Agência), Lisboa/Setúbal (Unidade Hoteleira de Oeiras) e Santarém/Leiria (Golegã). Tratou-se da primeira ronda de reuniões com os CCD s, sendo que o balanço é extremamente positivo, com excelentes participações por parte dos CCD s com inúmeros contributos. Ao fim de 10 reuniões em todo o País, estiveram presentes mais de 300 CCD s e dirigentes, onde a permuta e o compromisso de melhorar cada vez mais a vertente desportiva da Fundação INATEL esteve sempre presente. UP and DOWN BTT 2010 > Cumpridas, em Maio, as duas primeiras etapas da prova Up and Down Btt 2010, as centenas de participantes competirão, em Junho, nas etapas de Vila Nova de Paiva e Castro Daire, seguindo-se S. Pedro do Sul e Viseu (Julho), Seia e Vouzela (Setembro) e Santa Comba Dão (Outubro). Na 1ª Etapa, em Mangualde, com 650 inscritos, os concorrentes competiram em dois percursos: uma Maratona (73km) e Meia Maratona (25km). Mais informações em: www.upanddownbtt.com Erasmus na UBI Errata > Na edição de Maio da TL, na notícia Protocolos Inatel, a foto (3) relativa ao acordo entre a Fundação e o SQAC (Sindicato dos Quadros da Aviação Comercial) foi, por lapso, atribuída ao protocolo firmado com a Associação dos Bombeiros. Decorreu no passado dia 8 de Maio a primeira viagem organizada pela Agência INATEL Covilhã para os alunos do programa Erasmus a estudar na Universidade da Beira Interior (UBI). Durante a manhã, os participantes apreciaram a beleza do Parque Natural da Serra da Estrela, através de um circuito pedestre realizada na zona do Covão da Ponte - Manteigas. O almoço aconteceu na unidade INATEL Manteigas onde os participantes foram convidados a conhecer um pouco melhor a gastronomia local. De tarde, realizouse a visita ao Museu dos Descobrimentos Belmonte oportunidade para conhecer um pouco melhor a história dos descobrimentos portugueses. JUN 2010 TempoLivre 13

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Praias Fluviais Para quem não conhece a região é uma surpresa a profusão de rios e ribeiras, de açudes e albufeiras. Quando veio o turismo, os açudes, principalmente, mudaram de nome e de função: tornaram-se praias fluviais. ua doce Os espaços são os mesmos mas agora há solários e pranchas de mergulho, há bons acessos e painéis informativos. Nalguns casos foi-se mais longe e há parque de campismo, restaurante, nadador salvador e até biblioteca. Tudo isto foi progresso dos últimos anos, resultado do impulso de diferentes agentes locais, do desejo das populações e de uma nova forma de encarar uma riqueza, a abundância de água. Isso conduziu à criação da Rede de Praias Fluviais das Aldeias do Xisto, com vista ao melhor aproveitamento e divulgação de um património comum. Não há nenhum motivo para estabelecer uma hierarquia neste conjunto de praias fluviais, disseminadas por um território maioritariamente montanhoso, sulcado por pequenos e grandes vales, congregado maioritariamente nas margens do Zêzere e dos seus afluentes, região a que de forma pouco imaginativa chamam Pinhal Interior. Em função da localização e do tipo de curso de água cada uma apresenta características próprias. Dito assim, podia começar este itinerário por qualquer uma das 21 praias fluviais (a que se somam algumas mais que não fazem parte da Rede). Porém vou tomar o Zêzere como eixo. Isto porque o rio é sem dúvida um elemento fulcral deste espaço, descendo das alturas da serra da Estrela, desenhando uma linha diagonal até, cerca de 200 quilómetros depois, se lançar no Tejo, em Constância. Começo pelo Parque Fluvial de Janeiro de Cima, concelho do Fundão. Não sei nada de Janeiro de Cima mas logo me dou conta da singularidade da povoação, que com engenho combinou nas construções materiais como o xisto e o JUN 2010 TempoLivre 15

Terra Nossa Praia das Rocas. À direita, de cima para baixo, Praias de Açude Pinto, da Peneda e de Álvaro. Nas páginas anteriores, Praia do Poço Corga seixo rolado do rio, criando um padrão festivo nas casas. Aqui o Zêzere está retido por um açude, dilatando-se num grande espelho de água. Uma ponte pedonal esticada sobre a água e algumas barcas (embarcações tradicionais do Zêzere), amarradas à margem fazem parte do encanto do local. Continuando rio abaixo, num ziguezague constante, as águas do Zêzere, ora calmas ora aceleradas, acolhem as praias de Janeiro de Baixo, Cambas e Álvaro, aqui já sob a influência da Barragem do Cabril. Deixando o grande rio, esta continua a ser uma terra de águas. Um grande número de pequenos rios e ribeiras, que alimentam o Zêzere, o Mondego e o Tejo, acolhem mais algumas praias. Aldeia Ruiva e Malhadal, na base da serra de Alvéolos, ambas na ribeira de Isna, são vizinhas e enquanto Aldeia Ruiva se aconchega no leito da ribeira, Malhadal espraia-se por uma grande área, emoldurada por copiosa vegetação. Ainda no concelho de Proença-a-Nova, num pequeno vale que acolhia um moinho comunitário, agora recuperado, fica a praia fluvial da Fróia, alimentada pela ribeira com o mesmo. A praia da Ribeira Grande localiza-se na vila da Sertã, quer isto dizer que também serve de elemento embelezador do espaço urbano, integrando-se num conjunto mais vasto, como a robusta e elegante ponte de seis arcos construída na época filipina. Mais acima, no concelho de Oleiros, fica a praia do Açude Pinto, logo à beira da vila. Houve aqui um trabalho cuidadoso que deu óptimos resultados. Um sistema de comportas permite criar dois níveis de profundidade da água e assim satisfazer quem dá as primeiras braçadas e os bons nadadores. Boas Ondas Não é a primeira vez que venho à praia de Mosteiro, uma das três praias fluviais que a ribeira de Pêra acolhe e a que está mais próxima da foz deste afluente do Zêzere. Gosto da piscina desenhando uma suave curva, gosto do jogo de luz e sombra proporcionado pela vegetação, gosto dos arranjos do espaço em volta. Mais a cima, a praia das Rocas tem outras ambições. A praia distingue-se pela dimensão e pelos propósitos. Um vasto espelho de água foi fatiado com vista a agradar a diferentes gostos e a acolher grande número de banhistas. A maior novidade é uma piscina de ondas e é aí que reside o sucesso da Praia das Rocas. É que furar ondas a tão grande distância do mar tem o seu quê de empolgante. Ainda que estas sejam artificiais. Limitado pelas comportas que retêm a ribeira de Pêra fica um lago onde atracam alguns veleiros, cuja função é servirem de alojamento mas que também são um elemento de grande valor cénico. Elemento cénico são também as palmeiras, uma clara sugestão tropical a piscar o olho aos banhistas. Continuando em direcção à nascente encontra-se a praia do Poço Corga. Estamos próximos da serra da Lousã e isso reflecte-se na temperatura da água. Um carvalhal com árvores de grande porte dá-nos uma ideia das florestas primordiais da região, do mesmo modo que um antigo lagar de azeite, agora musealizado, nos lembra antigas tecnologias que se serviam da força da ribeira, há 16 TempoLivre JUN 2010

um restaurante domiciliado num antigo edifício de xisto, que nos recorda o tradicional material de construção usado na região. Outro afluente do Zêzere, a caudalosa ribeira de Alge, domicilia a praia das Fragas de São Simão. Aqui a força da água, durante milhões de anos, rompeu a rocha criando um desfiladeiro. No sítio onde as paredes de rocha se estreitam a água foi represada e surgiu a praia. Os nomes também contam e Ana de Aviz evoca algo de aconchegante e sedutor. Apesar de vizinha das Fragas de São Simão é de natureza completamente diferente. Aqui, às portas da povoação de Ana de Aviz, encontramos uma pequena praia, quase miniatura, mas cheia de encanto. Verão nas margens de um rio Seguimos um pouco para Norte e entramos na bacia hidrográfica do Mondego. Nem sempre o tamanho conta e, aproveitando o caudal da pequena ribeira da Azenha, temos as Represas Naturais da Louçainha, que gozam de merecida fama na região e onde a Biblioteca Municipal de Penela expandiu os seus serviços pondo a funcionar durante o Verão a Fluviteca. Ali perto, já no concelho da Lousã, no fundo de um vale abrupto e com um castelo à vista, o que não deixa de ser inesperado dado os castelos procurarem o cimo dos montes, está a praia fluvial da Senhora da Piedade, instalada no leito da ribeira de São João. O rio Ceira, que nasce na serra do Açor a mais de mil metros de altitude, quando alcança terras mais baixas apresenta o curso mais disciplinado e um caudal apreciável e talvez por isso seja campeão no que diz respeito a praias fluviais. Um bom rio para banhos de Verão. De jusante para montante temos as praias fluviais de Bogueira, Senhora da Graça, Canaveias e Peneda. Apesar de o nome sugerir algo de bravio, a praia da Peneda é a mais urbana das praias do Ceira, por se localizar dentro da vila de Góis, um espaço que congrega elementos contemporâneos e a histórica ponte Quinhentista, que salta o rio e conduz para o interior da vila. No côncavo do vale do rio Alva e de dois afluentes, a ribeira de Pomares e ribeira do Piodão temos as praias de Secarias, Pomares e Piodão, de momento em obras. Este é por excelência um espaço de montanhas, domina o xisto e a água é uma constante. JUN 2010 TempoLivre 17

Terra Nossa GUIA instituição sediada em Barroca, concelho do Fundão. DORMIR A INATEL possui um Centro de seguintes unidades: Albergaria Lagar do Lago, Casa Ribeira de Férias em Piodão, (INATEL Pêra (TR), Quinta dos A Rede de Praias Fluviais das INFORMAÇÕES Piodão, Tel: 235 730 100 /101) Esconhais, Casa de Hóspedes Aldeias do Xisto é composta Existe abundante sinalética por concelho de Arganil, onde se D. Delfina e o complexo Villa por 21 praias espalhadas pelos toda a região indicando a localizam as praias de Secarias, Praia (bungalows e veleiros). municípios de Arganil, Lousã, localização das diversas praias. Pomares e Piodão. Algumas Góis, Castanheira de Pêra, A ADXTUR possui um endereço praias têm parque de COMER Figueiró dos Vinhos, Pedrogão na internet (www.praiasfluviais. Campismo, como Açude Pinto, Algumas das praias referidas Grande, Penela, Proença-a- com) que disponibiliza Ortiga e Poço Corga. Todos os possuem restaurante, como Nova, Sertã, Oleiros e Mação. informação detalhada, nomea- concelhos que integram a Rede sejam as de Poço Corga, A promoção e divulgação damente os acessos, alojamen- possuem instalações hoteleiras, Rocas, Louçainha, Mosteiro e deste conjunto de zonas to, restauração, património e embora, provavelmente, Sra. da Piedade. Todas elas balneares é da actividades de lazer em cada Castanheira de Pêra seja o mais possuem parque de merendas responsabilidade da ADXTUR, um dos concelhos da Rede. bem equipado com as /zona de piquenique. Praia de Mosteiro Como aves migratórias vamos rumar ao Sul e terminar este périplo na mais meridional praia da Rede, a Ortiga. O cenário é o da Barragem de Belver, no Tejo, e na vastidão da albufeira a opção foi o uso de uma piscina flutuante, onde se chega por um pontão. A paisagem caracteriza-se por montes arredondados e neste ponto de convergência da Beira Baixa do Ribatejo e do Alto Alentejo, há uma sugestão de Sul, de espaços abertos, de temperaturas altas e sol a brilhar. As praias fluviais são cada vez mais uma alternativa, ou complemento, às praias de mar. E por mérito próprio. Este texto pretendeu realçar essa riqueza e, para aqueles que não conhecem, ser um incentivo à descoberta deste conjunto diversificado de praias, que certamente proporcionaram a todos bons banhos. José Luís Jorge (texto e fotos) 18 TempoLivre JUN 2010

Viagens Ilha de Kos (Grécia) A capital da Medicina na Antiguidade O antigo centro médico de Asklepieíon, na ilha grega de Kos, em pleno mar Egeu, deve ter sido um pequeno "paraíso" para o descanso na Antiguidade. O Plátano de Hipócrates. À direita em cima, as ruínas de Asklepieíon MESMO REDUZIDO a ruínas, o local conserva ainda a preciosa tranquilidade e frescura que estiveram na base da sua escolha para a instalação, no século IV a. C., de uma escola de medicina que funcionasse também como retiro de férias. Os clientes desfrutavam o sossego do isolamento, os banhos relaxantes nas águas tépidas das termas, a vista deslumbrante sobre o Mediterrâneo e a vizinha costa turca. Com os seus quatro terraços de mármore branco escondidos entre os pinheiros que cobrem um monte quatro quilómetros a noroeste da cidade de Kos, a capital da ilha, Asklepieíon era o mais famoso centro médico da Antiguidade. Erguido após a morte de Hipócrates, o pai da Medicina, que nasceu em Kos em 460 a. C., funcionava como templo, escola e centro médico, e retiro de férias. Os médicos eram sacerdotes da Asklepíade e tornavam-se praticantes dos métodos de diagnóstico e tratamento de Hipócrates. A serpente, o símbolo de culto da Asklepíade, é ainda hoje o símbolo da medicina moderna ocidental. O Juramento de Hipócrates, de curar a doença em vez de agravar, é, aliás, jurado ainda hoje por médicos em todo o mundo. Infelizmente, o centro médico mais famoso da Antiguidade está hoje reduzido a algumas colunas de mármore e a um grande monte de pedras não identificadas. Existem apenas vestígios de um Altar a Apólo, do século IV a. C., de um Templo a Apólo, do século III a. C., do Templo Dórico de Asklepios, do século II a. C., dos banhos romanos, do século I a. C., e pouco mais. Mesmo assim, a vasta área arqueológica, a disposição dos terraços e a sua ligação através de uma enorme escadaria dá uma ideia da importância que este lugar terá tido na Grécia Antiga. Muitos dos inúmeros turistas que visitam as ruínas de Asklepieíon são médicos que procuram assim satisfazer a sua curiosidade sobre o mais famoso centro médico da Antiguidade e a origem do Juramento de Hipócrates. A pequena ilha de Kos, a uma escassa hora de barco da costa da Turquia, é conhecida como o "jardim flutuante". Com uma geografia plana e um solo fértil, Kos é completamente diferente da maioria das montanhosas e áridas ilhas gregas do mar Egeu. A bicicleta, meio de transporte raramente utilizado nas ilhas gregas, é aqui um veículo precioso. É nela que muitos turistas se deslocam diariamente para as praias vizinhas à cidade de Kos. Kos mantém ainda intactos muitos traços do seu rico passado histórico. A secular mesquita otomana de Defterdar, em pleno centro da cidade, é um símbolo emblemático da máxima tolerância religiosa que pode existir entre diferentes comunidades: o piso superior é utilizado como local de reza pela pequena comunidade islâmica da ilha, mas o piso térreo acolhe lojas de artesanato e cafés. Para que as instalações deste edifício religioso pudessem ser aproveitadas para o comércio, os muçulmanos pediram apenas que não fossem vendidas bebidas alcoólicas nos cafés. 20 TempoLivre JUN 2010