DOENÇA DE CHAGAS : COMPORTAMENTO, MEDIDAS DE PREVENÇÃO E TRATAMENTO NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE-CE



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Transcrição:

DOENÇA DE CHAGAS : COMPORTAMENTO, MEDIDAS DE PREVENÇÃO E TRATAMENTO NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE-CE Autor: Fabíola de Lima Biró Orientador: Juliana Ribeiro Francelino Sampaio Coautor(es): Fabíola de Lima Biró, Jean Pierre de Oliveira Alencar, Pallena Rolim Gomes, Hévyla Gonçalves dos Santos Modalidade: oral Área: Saúde Doença de Chagas : comportamento, medidas de prevenção e tratamento no município de Juazeiro do Norte-CE Orientador (a): Juliana Ribeiro Francelino Sampaio Jean Pierre de Oliveira Alencar Pallena Rolim Gomes Hévyla Gonçalves dos Santos Fabíola de Lima Biró Faculdade de Juazeiro do Norte FJN A doença de chagas, também chamada de tripanossomíase americana, é um agravo causado pelo protozoário Trypanosoma cruzi, bastante comum na America latina, veiculados por triatomíneos, vulgo barbeiro, cuja patologia se apresenta de forma aguda, crônica assintomática e crônica sintomáticca. Foi descoberto por Carlos Chagas em meados de 1909. Era conhecida inicialmente como uma endemia rural, mas assumiu grande importância nos centros urbanos devido ao êxodo populacional e ao desequilíbrio ambiental (NEVES et al, 2004; BARBOSA, 2009). A doença é um problema médico-social grave que necessita de intervenções enérgicas contra o parasito e a proliferação. Não só no Brasil, mas em toda a América latina o parasito manifesta-se, preocupando até as maiores potencias mundiais. A patologia possui várias formas de transmissão, porem não há tratamento que tenha um desfecho definitivo, cuja causa está relacionada com as diversas fases do ciclo biológico do mesmo. Alguns dados estatísticos demonstram que a doença manifesta-se em cidades do interior, evidenciando a precariedade habitacional, sanitária e social da localidade ao contrario de cidade de centros urbanos desenvolvidos, cujo vetor dificilmente encontraria condições para sobrevivência. Mas, existem políticas que atuem no combate a patologia, favorecendo as condições plenas de saúde da população. O presente trabalho tem como

objetivos descrever as principais características biológicas do parasito, as ações desenvolvidas pelo município de Juazeiro do Norte no combate à doença, o tratamento dos pacientes portadores e a quantificação dos dados epidemiológicos de localidades próximas. Trata-se de uma pesquisa documental do tipo exploratória descritiva de natureza quantitativa e qualitativa (GIL, 2010). Foram utilizados artigos científicos e literaturas relacionadas ao tema em fontes apropriadas como Scielo, Ministério da Saúde, acervos universitários e livros específicos. As informações relacionadas ao município como dados epidemiológicos e ações desenvolvidas contra a doença de chagas foram obtidas por meio de consultas ao setor de Vigilância Epidemiológica da cidade de Juazeiro do Norte - CE e a 21º Coordenadoria Regional Estadual de Saúde do Ceará. O Tyipanossoma cruzi é o agente etiológico da Doença de Chagas. Trata-se de um protozoário que no ciclo biológico apresenta várias formas evolutivas, sendo as principais: tripomastigota largas e delgadas, encontradas no sangue de vertebrados; amastigotas, nos tecidos; e epimastigotas, encontradas nos dejetos dos triatomíneos e meios de cultura (NEVES et al, 2004; BRASIL 2012). A transmissão do parasita para o homem é causada por meio dos triatomíneos, apenas quando infectados. Esse fenômeno ocorre principalmente pelo desequilíbrio ambiental, gerado pelo desmatamento de áreas silvestres, obrigando o barbeiro adaptar-se ao ser humano (KUMAR et al, 2010). A maioria dos triatomíneos foi identificada no Brasil, mas há quatro espécies de significativa importância: T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata e T. sórdida, sendo o R. nasutus frequentemente capturado no Ceará. De acordo com a 21º coordenadoria regional estadual de saúde, um dos agente da FUNASA encontrou em localidades próximas a Icó uma nova espécie de triatomíneo, denominado petroque. As principais formas de transmissão da doença são: vetorial, transfusional, transplacentária, via oral, acidentes de laboratório, coito, manejo de animais infectados e transplante de órgãos. (NEVES et al., 2004; BRASIL, 2012). A transmissão pelo vetor é a epidemiologicamente mais significativa, sendo um grave problema de saúde pública principalmente pelo desequilíbrio ambiental. A transmissão ocorre através do contato do homem com as excretas do inseto. Após a picada, os triatomíneos defecam no mesmo local após o hematofagismo eliminando as formas infectantes que penetram no orifício da picada geralmente pelo ato de coçar (NEVES et al., 2004; BRASIL, 2012). A transmissão sanguínea ou transfusional é a segunda via mais importante nos centros urbanos. Este ocorre principalmente por um controle deficiente dos bancos de sangue e hemoderivados. A atuação mais efetiva da vigilância sanitária contribui para o aumento da segurança das transfusões e a redução desse tipo de transmissão (NEVES et al., 2004; BRASIL, 2012). A transmissão congênita ou transplacentária pode ocorrer em qualquer fase da doença e em qualquer época da gestação, sendo mais provável no ultimo trimestre do mês ou pelo contato as mucosas do feto com o sangue da mãe infectada durante o parto. A transmissão também ocorre quando há ninhos de amastigotas na placenta, que liberariam tripomastigotas na circulação fetal. Muitos dos conceptos têm morte prematura (NEVES et al., 2004; BRASIL, 2012). A transmissão por via oral é comum em animais por ingestão dos vetores ou de reservatórios infectados. Em humanos é esporádica e quando ocorre é por

canibalismo ou por alimentos contaminados pelo parasito, como sopas, sucos de cana, açaí, carne de caça semi-crua, leite materno e outras (NEVES et al., 2004; BRASIL, 2012). A transmissão pelo ato sexual ou coito não está cientificamente comprovada na espécie humana. Mas há relatos de tripomastigotas em sangue de menstruação de mulheres chagásicas e no esperma de indivíduos infectados (NEVES et al., 2004; BRASIL, 2012). Em acidentes de laboratórios a transmissão pode ocorrer pelo contato de meios de cultura, vetor, sangue de animais e pessoas contaminadas com a pele lesada de pesquisadores e técnicos. Em transplantes de órgãos infectados a doença de chagas apresenta-se de forma mais grave, já que o paciente recebe um órgão infectado e é usuário de drogas imunossupressoras, tornandose menos resistente ao parasito (NEVES et al., 2004; BRASIL, 2012). Antigamente, as formas transfusionais e por transplantes de órgãos eram as mais incidentes devido ao baixo monitoramento desses materiais biológicos (NEVES et al., 2004; BRASIL, 2012). O período de incubação varia de acordo com o modo de transmissão. A transmissão vetorial ocorre em um período de 4 a 15 dias, a transfusional de 30 a 40 dias, oral de 3 a 22 dias, acidental até 20 dias e congênita em qualquer período da gestação ou durante o parto. O parasito geralmente alberga em tecidos e no sangue do hospedeiro durante toda a vida. Ele só é transmitido pelo sangue, placenta ou órgãos contaminados (BRASIL, 2012). As drogas utilizadas no tratamento da doença ainda são parcialmente ineficazes, sem suprimir a infecção e promover a cura. Outro ponto importante é que dependendo da genética do parasito, determinada droga pode torna-se ineficaz. Algumas drogas têm melhores efeitos se forem utilizadas de forma crônica, tendo como problemas os efeitos colaterais. A droga de escolha é o Benznidazol, possuindo efeito apenas contra as formas sanguíneas. A droga de segunda escolha é o Nifurtimox, utilizado em pacientes alérgicos à primeira. Ela age contra as formas sanguíneas e teciduais do parasito. (NEVES et al, 2004; BRASIL, 2012). Porém, um dos problemas do tratamento com benzdinazol são as reações adversas, concentrando-se a níveis de sistema dermatológico e nervoso central, dentre as principais: pruridos, parestesia, astenia, rash cutânea, baixa contagem de leucócitos, aumento da aspartato aminotransferase, alanina aminotrasnferase e descamação da pele podendo obrigar na suspensão do medicamento (PONTES et al, 2010). Trata-se de uma doença de notificação compulsória e os casos devem ser registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAM, exceto os casos crônicos e os relacionados com imunodeficiências, e deve ser seguida a investigação epidemiológica como objetivo de realizar as medidas de controle cabíveis. As notificações devem ser emitidas a partir dos municípios para a Secretaria de Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, ao Programa Nacional de Controle de Doença de Chagas, Ministério da Saúde ou ao Centro de Informações Estratégias e Vigilância em Saúde (BRASIL, 2012; BRASIL, 2006; BARBOSA, 2009). De acordo coma secretaria de saúde de Juazeiro do Norte, o município atua contra a doença por meio de campanhas sanitárias, também desenvolvidas em outros 54 municípios, sendo estas focadas quase em sua totalidade na zona rural e periferia urbana. As equipes que trabalham nessas campanhas são compostas por um supervisor e quatro agentes de endemias realizando visitas domiciliares investigando os

locais em que o barbeiro possa ser encontrado podendo o exterior da casa, principalmente em criadouros de animais e locais onde se encontram entulhos e madeira utilizada para queima e o interior, principalmente cozinha, paredes, quadros, colchões e guarda-roupas. Caso o barbeiro seja encontrado, o mesmo é coletado e é feito o preenchimento de uma ficha descrevendo o exato local em que o inseto foi localizado. Posteriormente, outra equipe é chamada para borrifar toda a residência, utilizando como agente químico cipermetrina. Durante o processo anterior, o inseto é encaminhado para análise para verificar se há contaminação com o parasito. Não se faz exame nos habitantes da residência. Segundo literatura, os tratamentos específicos de casos leves sem complicações e os de forma indeterminada podem ser feitos em unidades básicas de saúde e os de maiores complicações devem ser dirigidos a unidades de alta complexidade. (BRASIL, 2012). Os dados estatísticos obtidos referem-se às residências investigadas em seis municípios e a quantidade em que os triatomíneos foram encontrados de seis municípios durante o período de janeiro a setembro de 2012 e no mês de setembro de 2012. Durante o período de janeiro a setembro Barbalha teve 708 casas visitadas e 1 confirmada para a presença do triatomíneo; Caririaçu, 3970 visitadas e 24 confirmadas; Granjeiro 240 visitadas e nenhuma confirmada; Juazeiro do Norte nenhuma visitada; Jardim, 2204 visitadas e 43 confirmadas; Missão Velha, 1094 visitadas e 5 confirmadas. No mês de setembro Barbalha teve 320 casas visitadas e 1 confirmada para a presença do triatomíneo; Caririaçu, 894 visitadas; Granjeiro 65 visitadas; Juazeiro do Norte nenhuma visitada; Jardim, 727 visitadas e 20 confirmadas; Missão Velha, 100 visitadas e nenhuma confirmada. A transmissão atinge mais de 2450 municípios, que se estendem do São Paulo, Goiás, Tocantins, parte de Minas Gerais e Santa Catarina e estados do nordeste. Na Amazônia a doença é rara, mas comum em animais silvestres (NEVES et al, 2004). Entre 1997 e 208 ocorreram 696 casos nos estados de Pará, Amapá, Ceará, Santa Catarina, Amazonas e Bahia, tendo com vias de transmissão vetorial e oral, sendo que 90% estavam localizados na Amazônia legal (KUMAR et al, 2010). Pode-se afirmar que a doença possui características inerentes à biologia do parasito importantes para compreensão das formas de transmissão, contaminação e do tratamento, que necessita de medicamentos e metodologias mais eficazes, e ainda é um agravo que merece atenção dos sistemas públicos de vigilância e controle do parasito. Os dados estatísticos evidenciam que em algumas localidades a presença dos vetores é preocupante e que devem ser realizadas medidas de combate efetivo, erradicando as chances de proliferação da patologia. Palavras-chave: Doença de chagas, barbeiro, combate, epidemiologia, tratamento. Referências BARBOSA, L., G., N. Doença de chagas. Revista LOGOS, n. 17, 2009. D i s p o n í v e l e m : <http://www.feucriopardo.edu.brlogosartigos2009artigo_3_logos_17_2009.> Acesso em:

30 de out de 2012. BRASIL. Guia De Vigilância Epidemiológica - Caderno 10. Secretaria de Vigilância e saúde. Ministério da saúde. 2012 D i s p o n í v e l e m : <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gve_7ed_web_atual_doenca_de_chagas.pdf >Acesso em: 30 de out de 2012 BRASIL. Portaria nº 5, de 21 de fevereiro de 2006. Inclui doenças na relação nacional de notificação compulsória, define doenças de notificação imediata, relação dos resultados laboratoriais que devem ser notificados pelos Laboratórios de Referência Nacional ou Regional e normas para notificação de casos. Secretaria De Vigilância Em Saúde. Disponível e m : <http://pegasus.fmrp.usp.br/projeto/legislacao/portaria%2005%20de%2021%2002%202006 %20-%20revoga%20portaria%2033%20de%2014%2007%202005.pdf.> Acesso em: 03 de set de 2012. GIL, A., C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. Ed. Atlas. 2010 KUMAR, V.; ABBAS, A., K.; FAUSTO, N.; ASTER, J., C. Robbins & Cotran. Bases patológicas das doenças. 8ª ed. Elsevier. 2010 NEVES, D., P.; MELO, A., L.; LINARD, P., M.; VITOR, R., W., A. Parasitologia Humana. 11ª ed. Atheneu. 2004 PONTES, V., M., O.; JÚNIOR, A., S., S.; CRUZ, F., M., T.; COELHO, H., L., L.; DIAS, A., T., N.; COÊLHO, I., C., B.; OLIVEIRRA, M., F. Reações adversas em pacientes com doença de Chagas tratados com benzonidazol, no Estado do Ceará. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 43(2):182-187, mar-abr, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n2/15.pdf> Acesso em: 30 de out de 2012