10 Princivios Basicos de Direitos Humanos. para Funcionarios Responsaveis Pela Aplicar;ao da Lei

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Transcrição:

10 Princivios Basicos de Direitos Humanos... para Funcionarios Responsaveis Pela Aplicar;ao da Lei Dezembro 1998 AI Index POL 30/04/98 Amnistia Internacional, Secretariado Internacional, I Easton Street, London WCIX 8DJ, Reino Unido

Todos os governos tern o dever de adoptar as medidas necessarias para instruirem os funcionarios responsaveis pela aplicac;ao da lei, durante a sua formac;ao basica e durante toda a formac;ao subsequente, nas respectivas legislac;oes nacionais e de acordo corn o Codigo de Conduta das Nac;oes Unidas para os Funcionarios Responsaveis pela Aplicac;ao da Lei assim como corn outros principios basicos de direito internacional aplicaveis a esses agentes. Estes principios devem estar disponiveis para o publico em geral e devem ser respeitados em todas as circunstancias. Devem ter reflexo na legislac;ao e na pratica nacional, e em relatorios publicos regulares sobre a sua implementac;ao. Circunstancia excepcionais, tais como estado de emergencia ou qualquer outra situac;ao de emergencia publica nao justificam a nao implementac;ao destes principios. Todos os governos devem adoptar politicas activas e visiveis de integrac;ao de uma perspectiva de genero no desenvolvimento e implementac;ao de formac;ao e de politicas para os agentes encarregues da aplicac;ao da lei.

Introduciio Estes II l O Principios Basicos para Funcionarios Responsaveis Pela Aplica9ao da Lei II foram preparados pela Amnistia Internacional em colabora9ao corn oficiais de policia e peritos de diferentes paises. Tern por base os principios da Na9oes Unidas relativos a aplica9ao da lei, a justi9a criminal e aos Direitos Humanos. Pretende-se que sirvam como referencia basica e nao como uma explica9ao completa ou comentario a aplicabilidade de princf pios internacionais de Direitos Humanos relevantes para a aplica9ao da lei Este documento pretende chamar a aten9ao dos funcionarios governamentais, parlamentares, jornalistas e das Organiza9oes Nao-Governamentais para alguns principios fundamentais que devem fazer parte da forma9ao e pratica policial. Espera-se que as autoridades policiais sejam capazes de fazer uso destes 1 110 Principios Basicos 11 como um ponto de partida para o desenvolvimento de linhas de orienta9ao detalhada para a forma9ao e fiscaliza9ao da conduta dos agentes policiais. E dever de todos os agentes assegurar que os seus colegas respeitem os principios eticos da sua profissao - os principios aqui real9ados sao essenciais para o exercicio dessa responsabilidade. Enquadramento Todos sao responsaveis pela defesa da Declara9ao Universal dos Direitos Humanos (DUDH) na sua totalidade. Ainda assim a DUDH integra uma serie de artigos particularmente relevantes para a aplica9ao da lei: Todo o individuo tern direito a vida, a liberdade ea seguran9a pessoal ( Artiga 3, DUDH) Ninguem sera submetido a tortura nem a penas ou tratamento crueis, desumanos ou degradantes (Artiga 5, DUDH) Todos sao iguais perante a lei e, sem distin9ao, tern direito a igual protec9ao da lei (Artigo 7, DUDH) Ninguem sera arbitrariamente preso, detido ou exilado (Artigo 9, DUDH) Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente ate que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo publico em que todas as garantias necessarias de defesa lhe sejam asseguradas (Artigol 1(1) DUDH) Todo o individuo tern direito a liberdade de opiniao e expressao (Artiga 19, DUDH) Toda a pessoa tern direito a liberdade de reuniao e de associa9ao pacificas, e ninguem pode ser obrigado a fazer parte de uma associa9ao (Artigo 20 DUDH)

Outros documentos directamente relevantes para o trabalho policial sao os seguintes instrumentos das Na96es Unidas relativos a aplica9ao da lei, ajusti9a criminal e aos Direitos Humanos: C6digo de Conduta das Na96es Unidas para Funcionarios Responsaveis Pela Aplica9ao da Lei Principios sobre a Efectiva Implementa9ao do C6digo de Conduta para Funcionarios Responsaveis Pela Aplica9ao da Lei Principios das Na96es Unidas Para a Preven9ao Eficaz e Investiga9ao de Execu96es Extrajudiciais, Arbitrarias e Sumarias Declara9ao das Na96es Unidas sobre a Protec9ao de Todas as Pessoas de Desaparecimentos F oryados Conven9ao das Na96es Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueis, Desumanos ou Degradantes Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Politicos Principios Basicos das Na96es Unidas sobre o Uso da For9a e de Armas de Fogo pelos Funcionarios Responsaveis Pela Aplica9ao da Lei Regras Minimas das Na96es Unidas para o Tratamento de Reclusos ( doravante designadas como Regras Minimas) Conjunto de Principios das Na96es Unidas para a Protec9ao de Todas as Pessoas Sujeitas a Qualquer Forma de Deten9ao ou Prisao (doravante designadas como Conjunto de Principios) Conven9ao das Na96es Unidas sobre os Direitos da Crian9a Regras das Na96es Unidas para a Protec9ao dos Menores Privados da sua Liberdade Declara9ao das Na96es Unidas sobre a Elimi_na9ao da Violencia Contra as Mulheres Declara9ao das Na96es Unidas de Principios Basicos de Justi9a Relativos as Vitimas da Criminalidade e de Abuso de Poder Conven9ao das Na96es Unidas sobre a Elimina9ao de Todas as Formas de Discrimina9ao Contra as Mulheres (CEDCM). 0 C6digo de Conduta das Na96es Unidas para os Funcionarios Responsaveis Pela Aplica9ao da Lei, as Regras Minimas das Na96es Unidas e o Conjunto de Principios das Na96es Unidas estabelecem importantes principios e pre-requisitos para um exercicio humano da aplica9ao da lei pelos respectivos agentes, incluindo: Todo o funcionario responsavel pela aplica9ao da lei deve ser representante de e responsavel perante a comunidade como um todo A manuten9ao efectiva de principios eticos entre os funcionarios responsaveis pela aplica9ao da lei depende da existencia de um sistema legal hem concebido, popularmente aceite e humano Todo o funcionario responsavel pela aplica9ao da lei faz parte do sistema de justi9a criminal, cujo objectivo e prevenir e controlar o crime, tendo a conduta de todo o agente impacto sobre todo o sistema 2

Todos os servi9os responsaveis pela aplica9ao da lei devem auto disciplinar-se de forma a respeitar os principios de Direitos Humanos e as actua95es dos agentes devem estar sujeitas a escrutinio publico Os principios para uma conduta humana dos funcionarios responsaveis pela aplica9ao da lei ficam esvaziados de valor pratico, a nao ser que o seu conteudo e significado se tomem parte integrante da consciencia de todo o funcionario responsavel pela aplica9ao da lei, atraves de educa9ao e forma9ao e atraves de fiscaliza9ao. 0 termo "Funcioncirios responsciveis pela aplica<;iio da lei" engloba todos os agentes ou funcionarios legais, quer os nomeados quer os eleitos, que exer9am poderes de policia, especialmente poderes de deten9ao e de prisao. Deve ser feita uma interpreta9ao o mais ampla possivel, de modo a incluir pessoal militar e de seguran9a bem como agentes de imigra9ao quando estes exer9am aqueles poderes. C6pias dos principios de aplicar;iio da lei, de justir;a criminal e de Direitos Humanos das Nar;oes Unidas podem ser obtidas atraves do Escrit6rio da Alta Comissciria para os Direitos Humanos, CH-1211 Gene bra 10, Sufr;a (http://www. un. org/cgi-binltreaty 2.pl ou E-mail para: treaty@un.org) 3

Principio Basico 1: Todas as pessoas tern direito a protec ao igual perante a lei, sem serem vitimas de qualquer tipo de descrimina ao, especialmente violencia ou amea as. Ser especialmente vigilante em rela ao a grupos potencialmente vulneraveis, tais como crian as, pessoas idosas, mulheres, refugiados, pessoas deslocadas e membros de minorias. Para a implementa9ao do Principio Basico 1 e de grande importancia que os agentes policiais cumpram sempre os deveres que lhes sao impastos pela lei, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra actos ilegais, em conformidade corn o alto grau de responsabilidade exigido pela sua profissao. Devem promover e proteger a dignidade humana e apoiar os Direitos Humanos de todas as pessoas, entre os quais se encontram os seguintes: Toda a pessoa tern direito a liberdade ea seguran9a pessoal Ninguem deve ser submetido a prisao, deten9ao ou exilio arbitrario Toda a pessoa privada da sua liberdade tern direito a nao ser vitima de tortura ou de tratamentos crueis, desumanos ou degradantes Toda a pessoa tern direito a mesma protec9ao por parte da lei Toda a pessoa tern direito a um julgamento justo Toda a pessoa tern direito a liberdade de movimentos Toda a pessoa tern direito a tomar parte em reunioes e manifesta95es pacificas Toda a pessoa tern direito a liberdade de expressao Nenhum agente encarregue da aplica9ao da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer acto de tortura ou outro tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante, nem invocar ordens superiores ou circunstancias excepcionais tais como estado de sitio ou de guerra, amea9a de guerra, instabilidade politica ou qualquer outra emergencia publica como justifica9ao para tais actos. Deve-se prestar especial aten9ao a protec9ao dos Direitos Humanos de membros de grupos potencialmente vulneraveis, tais como crian9as, pessoas idosas, mulheres, refugiados, pessoas deslocadas e membros de minorias. Fontes inclufdas: C6digo de Conduta das Nar;oes Unidas para Funcionarios Responsaveis Pela Aplicar;cio da Lei (Artigos 1,2,5), Declarar;cio e Plataforma de Acr;cio de Beijing (paragrafo 2.2.4) 4

Principio Basico 2: Tratar todas as vitimas de crimes corn compaixao e respeito, protegendo em particular a sua seguran a e privacidade. Entende-se por vitimas as pessoas que sofreram danos, incluindo mentais e fisicos, sofrimento emocional e perdas econ6micas, ou que foram consideravelmente prejudicadas nos seus direitos fundamentais devido a actos ou omissoes violadoras do c6digo penal. Para a implementa c; ao do Principio Basico 2, os agentes policiais devem: Assegurar que, caso necessario, se tomem medidas para garantir a protecc;ao e a seguran c; a de vitimas contra a intimida c; ao e retalia c; ao Informar sem demora as vitimas sobre a possibilidade de recorrerem a servi c; os de saude, servi c; os sociais e a qualquer outro tipo de assistencia relevante Assegurar imediatamente tratamento especial para mulheres vitimas de violencia Desenvolver tecnicas de investiga c; ao nao degradantes para mulheres vitimas de violencia Prestar especial aten c; ao as vitimas que tenham necessidades especiais devido a natureza do dano sofrido ou devido a outros factores, tais como rac;a, cor, sexo, orienta c; ao sexual, idade, lingua, religiao, nacionalidade, ideologia politica, deficiencia, origem etnica ou social, etc. Fontes incluidas: Declarm;:iio das Nar;:oes Unidas sabre Princfpios Basicos de Justir;:a para Vftimas de Crimes e de Abuso de Foder (Princfpios 4, 14, 15, 16 e 17), CEDCM - Recomendar;:iio Geral No 19 (11 Sessiio, 1992) Principio Basico 3: Nao usar a for a a nao ser que seja estritamente necessario, e nesse caso, usar apenas o minimo necessario de acordo corn as circunstancias. A implementa c; ao do Principio Basico 3 implica, entre outras coisas, que os agentes policiais, no exercicio das suas fun c; oes, utilizem, tanto quanto possivel, meios nao violentos antes de recorrerem ao uso da for c; a. Poderao recorrer ao uso da for c; a somente quando se verificar que outros meios sao ineficazes ou nao oferecem perspectivas de alcan c; ar o resultado pretendido. 0 Principio Basico 3 deve ser implementado em conformidade corn os Principios Basicos 4 e 5. Sempre que o emprego legal da for c; a for inevitavel, os agentes policiais devem: Ser comedidos no seu uso e actuar em propor c; ao corn a gravidade do delito e corn o objectivo legitimo a ser alcan c; ado Reduzir ao minimo danos e ferimentos, e respeitar e preservar a vida humana Assegurar que sejam dados, o mais cedo possivel, as pessoas feridas ou afectadas, toda a assistencia e socorros medicos disponiveis Assegurar que os familiares ou amigos intimos da pessoa ferida ou afectada sejam notificados corn a maior brevidade possivel No caso de ferimentos ou morte causados pelo uso da for c; a por parte de agentes policiais, estes devem participar imediatamente o incidente aos seus superiores, os quais devem assegurar que a investiga c; ao de tais incidentes seja executada de modo correcto. Fontes incluidas: C6digo de Conduta das Nar;:oes Unidas para Funcionarios Responsaveis Pela Aplicar;:iio da Lei (Artiga 3), Princfpios Basicos das Nar;:oes Unidas sabre o Uso da Forr;:a e de Armas de Fogo pelos Funcionarios Responsaveis Pela Aplicar;:iio da Lei (Princfpios 4, 5, 6 e 9) 5

Principio Basico 4: Evitar o uso da for a no policiamento de manifesta oes ilegais nao violentas. Ao dispersar manifesta oes violentas utilizar o minimo de for a necessaria. Toda a pessoa tern direito a participar em manifestac;oes pacificas, politicas ou nao, apenas sob certas restric;oes, impostas em conformidade corn a lei, necessarias numa sociedade democratica para proteger a ordem e saude publicas. A policia nao deve interferir nas manifestac;oes legais e pacificas, a nao ser para proteger as pessoas que nelas participam ou outras. A implementac;ao do Principio Basico 4 implica, entre outras coisas, o seguinte: No policiamento de manifestac;oes ilegais, mas nao violentas, os agentes policiais devem evitar o uso da forc;a. Se esta for indispensavel, por exemplo para garantir a seguranc;a de outras pessoas, devem limita-la ao minima necessario e em conformidade corn o Principio Basico 3, No policiamento de manifestac;5es nao violentas nao serao usadas armas de fogo. 0 emprego de armas de fogo sera estritamente limitado aos objectivos referidos no Principio Basico 5, Na dispersao de manifestac;oes violentas, os agentes policiais poderao recorrer ao uso da forc;a somente quando se verificar que outros meios sao ineficazes ou nao oferecem garantias de alcanc;ar o resultado pretendido. Quando empregarem a forc;a os agentes policiais devem agir em conformidade corn o Principio Basico 3, Na dispersao de manifestac;5es violentas, os agentes policiais podem recorrer a uso de armas de fogo somente quando outros meios menos perigosos nao forem praticaveis, e apenas dentro do minima necessario para atingir um dos objectivos mencionados no Principio Basico 5 e de acordo corn os Principios Basicos 3 e 5. Fontes inclufdas: Princfpios Basicos das Nm,:oes Unidas sabre o Uso da Fon,:a e de Armas de Fogo pelos Funcionarios Responsaveis Pela Aplica9fio da Lei (Princfpios 9, 12, 13, e 14) Principio Basico 5: Nao se deve usar a for a corn consequencias letais, a nao ser que tal seja estritamente necessario para proteger a pr6pria vida ou a de outros. 0 uso de armas de fogo e uma medida extrema que deve ser estritamente regulada, devido ao risco de morte ou de ferimento grave que envolve. A implementac;ao do Principio Basico 5 implica, entre outras coisas, que os agentes policiais nao usem armas de fogo excepto para atingir os seguintes objectivos e somente quando outros meios menos extremos forem insuficientes para os alcan arem: Em autodefesa ou em defesa de outros contra ameac;a iminente de morte ou de ferimento grave Para prevenir a perpetrac;ao de um crime particularmente grave, que envolva seria ameac;a contra a vida Para deter uma pessoa que represente tal perigo e que resista a autoridade, ou para prevenir a fuga dessa mesma pessoa. 6

Em qualquer caso, o uso feta/ e intencional de armas de fogo so sera permitido quando ta/ seja estritamente inevitavel para se protegerem vidas humanas. Os agentes policiais devem identificar-se como tais e avisar claramente que pretendem usar armas de fogo corn suficiente antecedencia para que seja possivel obedecer ao aviso, a nao ser que isso acarrete um risco indevido para os pr6prios agentes, ou origine um risco de morte ou de ferimento grave para outras pessoas, ou ainda, que isso seja claramente inapropriado ou sem sentido dadas as circunstancias do incidente. Regras e Regulamentos sobre o uso de armas de fogo pelos agentes policiais devem incluir directivas que: Especifiquem as circunstancias em que os policias sao autorizados a andar armados, e que especifiquem os tipos de armas de fogo e de muni96es permitidos Garantam que as armas de fogo sejam somente utilizadas em circunstancias apropriadas e de modo a diminuir o risco de danos desnecessarios Proibam o uso de armas de fogo e de muni96es que possam causar ferimentos injustificados ou apresentem um risco injustificado Regulem o controle, o armazenamento e a distribui9ao de armas de fogo, incluindo procedimentos para garantir que os agentes policiais sejam responsaveis pelas armas de fogo e pelas muni96es que lhes sao distribuidas Especifiquem os avisos que devem ser dados, em caso apropriado, quando for necessario fazer uso das armas de fogo Providenciar um sistema de relat6rios e de investiga9ao sempre que os agentes policiais usar armas de fogo no cumprimento do seu clever. Fontes inc/ufdas: Princfpios Bcisicos das Nar;:oes Unidas sabre o Uso da Forr;:a e de Armas de Fogo pelos Funcioncirios Responsciveis Pela Aplicar;:iio da Lei (Princfpios Bcisicos 9, I O e I I) Principio Basico 6: Nao deter nenhuma pessoa sem que haja motivos legais para a sua detem;ao, a qual devera decorrer de acordo corn os procedimentos legalmente previstos. Para garantir que uma deten9ao e legal e nao arbitraria, e importante que se conhe9am os motivos que a ditaram, bem como a competencia e a identidade dos agentes que a levaram a cabo. Portanto, a implementa9ao do Principio Basico 6 implica, entre outras coisas, o seguinte: A deten9ao ou prisao sera somente feita em estrita conformidade corn a lei e por funcionarios competentes ou pessoas devidamente autorizadas para o efeito Os agentes ou outras autoridades que detiverem uma pessoa exercerao apenas os poderes que lhes sao atribuidos pela lei Qualquer pessoa detida deve ser informada, na altura da deten9ao, sobre os motivos da mesma A hora da deten9ao, os motivos da deten9ao e a identidade dos funcionarios responsaveis pela aplica9ao de lei envolvidos, devem ser registados, e esses dados devem ser comunicados ao detido ou ao seu advogado Quern efectuar a deten9ao deve identificar-se a pessoa detida e, a pedido, a outras pessoas testemunhas da ocorrencia 7

Os agentes policiais e outras entidades que efectuem detern;oes, devem usar chapas corn o seu nome ou numero a fim de poderem ser claramente identificados. Nos casos de agentes militares ou paramilitares os sinais de identifica9ao como insignias de batalhoes ou destacamentos militares devem ser igualmente visiveis Os veiculos policiais e militares devem ser claramente identificaveis como tal, e devem exibir sempre as respectivas chapas de matricula Ninguem deve ser mantido em deten9ao sem lhe ser dada a efectiva oportunidade de ser prontamente ouvido por um magistrado ou por outro funcionario autorizado por lei para exercer poderes judiciais, e lhe ser dado o direito a um julgamento num prazo razoavel, ou caso contrario, a ser libertado. Nao deve ser regra geral que as pessoas a aguardar julgamento se encontrem detidas sob cust6dia, mas a liberta9ao pode ser submetida a garantias de comparencia perante o tribunal Todos os detidos devem ser mantidos em lugares de deten9ao pr6prios e conhecidos. Esses locais devem ser visitados regularmente por pessoas experientes e qualificadas nomeadas por uma autoridade competente distinta da directamente responsavel pela administra9ao dos locais de deten9ao, e perante esta responsaveis A deten9ao de refugiados e de requerentes de asilo deve ser evitada. Nenhum requerente de asilo deve ser detido a nao ser que tal tenha sido estabelecido como necessario, que a deten9ao seja legal e reconhecida como legitima pelos principios intemacionais. Em todos os casos, a deten9ao nao deve durar mais do que o estritamente necessario. A todos os requerentes de asilo deve ser dada a oportunidade de verem a sua deten9ao reavaliada por um magistrado ou autoridade similar. A deten9ao de refugiados e de requerentes de asilo deve ser comunicada as autoridades competentes, bem como ao escrit6rio da Alta Comissara das Na95es Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a outras organiza95es de assistencia a refugiados. Fontes inclufdas: Conjunto de Princfpios para a Protecr;ilo de Todas as Pessoas Sujeitas a Qualquer Forma de Detenr;ilo au Prisilo (Princfpios 2, 8, JO, 11, 12, 20 e 29), Regras Mfnimas das Nar;oes Unidas para o Tratamento de Presas (Regra 55), Convenr;ilo das Nar;oes Unidas relativa ao Estatuto dos Refi1giados (Artiga 31), Conclusilo 44 do Comite Executivo do ACNUR Principio Basico 7: Assegurar que todos os detidos tenham, apos a sua detem;ao, acesso imediato as suas familias, ao seu representante legal, e a qualquer tipo de assistencia medica de que necessitem. A experiencia mundial tern demonstrado que e normalmente durante as primeiras horns ou dias de deten9ao que os detidos correm maiores riscos de serem mal tratados, torturados, "desaparecidos" ou mortos. Os detidos que ainda nao tenham sido condenados devem ser presumidos inocentes e tratados como tal. A implementa9ao do Principio Basico 7 implica, entre outras coisas, o seguinte: Os detidos devem ser prontamente informados dos seus direitos, incluindo o de apresentarem queixas relativas ao seu tratamento Um detido que nao compreenda ou fale a lingua utilizada pelas autoridades responsaveis pela sua deten9ao tern o direito de receber informa9ao e assistencia de um interprete, livre de encargos se necessario, em conexao corn os procedimentos legais subsequentes a sua deten9ao 8

Um detido que seja estrangeiro deve ser prontamente informado do seu direito a entrar em contacto corn o respectivo consulado ou missao diplomatica T odos os refugiados e requerentes de asilo detidos devem ter acesso autorizado ao representante local do ACNUR e a organiza95es de assistencia a refugiados independentemente do motivo pelo qual se encontrem detidos. Se um detido se identificar como sendo um refugiado ou um requerente de asilo, ou indicar recear ser repatriado, as autoridades devem facilitar o contacto corn essas organiza9oes. Os agentes policiais ou outras autoridades competentes devem assegurar que todos os detidos possam na pratica comunicar aos seus familiares ou outras pessoas a sua situa9ao e localiza9ao. Todos os detidos devem ser informados deste seu direito. Caso nao disponham de meios financeiros ou tecnicos para o fazerem, devem os agentes efectuar a respectiva comunica9ao Os agentes policiais ou outras autoridades competentes devem assegurar que a correcta informa9ao sobre a deten9ao, local de deten9ao, transferencia e liberta9ao de detidos esteja prontamente disponivel num lugar acessivel aos familiares e a outras pessoas interessadas. Devem garantir que os familiares nao sejam impedidos de obter tais informa95es, e que eles saibam ou possam saber onde e que tais informa95es podem ser obtidas. (Ver tambem o comentario ao Principio Basico 8) Os familiares e outras pessoas devem ter possibilidade de visitar o detido logo ap6s a sua deten9ao, e o mais cedo possivel. Devem tambem ter a possibilidade de trocar correspondencia corn o detido e de o visitar regularmente para verificarem o seu bem-estar Todo o detido deve ser prontamente informado ap6s a sua deten9ao do seu direito a consultar um advogado e deve ser ajudado pelas autoridades a exercer este seu direito. Alem disso, todo o detido deve poder comunicar regular e confidencialmente corn o seu advogado, incluindo reunir corn este em condi9oes de privacidade que nao permitam que a conversa seja ouvida pelos agentes policiais, de forma a preparar a sua defesa e a exercer os seus direitos Um medico independente deve prontamente efectuar um exame medico adequado do detido, logo ap6s a sua deten9ao de forma a verificar que este se encontra saudavel e nao sofre de qualquer tortura ou maus tratos, nomeadamente viola9ao ou abuso sexual. A partir dai, tratamento medico deve ser disponibilizado sempre que necessario. Todo o detido ou o seu representante legal tern o direito a requerer um segundo exame ou opiniao medica. Os detidos, ainda que corn o seu consentimento, nao devem nunca ser submetidos a experiencias medicas ou cientificas que possam deteriorar a sua saude As mulheres detidas devem ter acesso a um exame medico por uma medica. Devem ter tambem acesso a todo o tratamento e cuidado pre e p6s natal. Algemas ou metodos equivalentes s6 devem ser usados em mulheres gravidas em ultimo recurso e nao devem nunca por em perigo a saude da mulher ou do feto. As mulheres nao devem nunca ser algemadas durante o trabalho de parto. Fontes incluidas: Conjunto de Principios para a Protec<;ilo de Todas as Pessoas Sujeitas a Qualquer Forma de Detenr;:clo ou Prisclo (Princfpios 8, 11, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 22, 24, 25 e 29), Conclusclo 44 do Comite E-cecutivo doacnur 9

Principio Basico 8: Todos os detidos devem ser tratados corn humanidade. Nao infligir, instigar ou tolerar qualquer acto de tortura ou maus tratos, em qualquer circunstancia, e recusar obedecer a ordens nesse sentido. Os detidos sao especialmente vulneraveis visto estarem sob controlo dos Funcionarios responsaveis pela aplicayao da lei, os quais, por sua vez, tern o <lever de proteger os detidos de qualquer violayao dos seus direitos atraves da estrita observayao dos procedimentos estabelecidos para respeitar a dignidade da pessoa humana. 0 registo exacto de dados constitui um elemento essencial da administrayao correcta dos locais de detenyao. A existencia de registos oficiais disponiveis para consulta contribui para a protecyao dos prisioneiros contra a tortura e qualquer outra forma de maus tratos. A implementayao deste Principio Basico implica, entre outras coisas, o seguinte: Nenhuma pessoa sob qualquer forma de detenyao podera ser submetida a tortura ou a outros tratamentos ou puniyoes crueis, desumanas ou degradantes, e os Funcionarios responsaveis pela aplicayao da lei tern o direito e o <lever de desobedecerem a ordens nesse sentido. Nenhum funcionario responsavel pela aplicayao da lei podera infligir, instigar ou tolerar nenhum acto de tortura ou outro tratamento ou puniyao cruel, desumana ou degradante, nem invocar ordens superiores ou circunstancias excepcionais, tais como estado de sitio ou ameaya de guerra, instabilidade politica ou outra qualquer emergencia publica, como justificayao para tais actos Os funcionarios responsaveis pela aplicayao da lei devem ser instruidos de que a violayao de mulheres sob cust6dia constitui um acto de tortura que nao sera tolerado. Igualmente, devem ser instruidos de que quaisquer outras formas de abuso sexual podem constituir tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante, e que os perpetradores serao presentes ajustiya 0 termo "tratamento ou puniyao cruel, desumano ou degradante" deve ser interpretado no seu sentido mais amplo de forma a garantir o maximo de protecyao possivel contra abusos, fisicos ou mentais, nomeadamente a manutenyao de um detido em condiyoes que o privem, ainda que temporariamente, do uso de algum dos seus sentidos, tais como a visao ou a audiyao, ou da sua consciencia espacial e temporal. 0 respeito dos outros Principios Basicos para Funcionarios Responsaveis Pela Aplicayao da Lei e tambem essencial como forma de garantia contra a tortura e os maus tratos Um detido nao deve ser obrigado a confessar, a auto-incriminar-se ou a testemunhar contra outra pessoa. Enquanto estiver a ser interrogado, nenhum detido deve ser alvo de violencia ou de metodos que influam na sua capacidade de decisao ou de julgamento. Guardas do sexo feminino devem estar presentes durante o interrogat6rio de detidas e devem ser as exclusivas responsaveis pelas revistas corporais das mesmas As crianyas s6 podem ser detidas como ultimo recurso e pelo minimo de tempo possivel. Devem ter acesso imediato aos familiares, a aconselhamento juridico e a assistencia medica e os seus familiares ou responsaveis devem ser imediatamente informados da sua situayao e do local de detenyao. Os detidos juvenis devem ser mantidos separados dos adultos e detidos em instituiyoes separadas. Devem ser protegidos contra a tortura e maus tratos, nomeadamente violayao e abuso sexual, quer por agentes quer por outros detidos 10

Os refugiados e requerentes de asilo detidos por razoes nao criminais nao devem ser nunca detidos juntamente corn detidos de delito comum. As condi96es de deten9ao e os tratamentos devem ser humanos e apropriados ao seu estatuto de refugiados Os detidos devem ser mantidos separados dos presos e, se requerido, o mais perto possivel do seu local de residencia. Todos os detidos devem usar, se possivel, a sua pr6pria roupa se esta se encontrar limpa e for apropriada, dormir em quartos individuais, ser devidamente alimentados e ter o direito de receber livros, jornais, materiais de escrita( ou de desenho) e outros meios de ocupa9ao compativeis corn o interesse da justi9a Devem ser mantidos registos de detidos em todos os locais de deten9ao, nomeadamente esquadras policiais e bases militares. Os registos devem consistir em livros encadernados corn paginas numeradas, que nao possam ser alterados. A informa9ao a ser registada devera incluir: 0 nome e identidade de cada pessoa detida Os motivos da sua prisao ou deten9ao Os nomes e identidades dos agentes que detiveram o individuo e o transportaram A data e a hora da deten9ao e do transporte da pessoa para o local de deten9ao A hora, o local e a dura9ao de cada interrogat6rio e o nome da pessoa ou pessoas que o conduziram A hora do primeiro comparecimento do detido perante a autoridade judicial Informa9ao precisa sobre o local de cust6dia, e A data, a hora e as circunstancias da liberta9ao do detido ou da sua transferencia para outro local de deten9ao. Outras medidas que podem contribuir para o tratamento correcto de detidos sao: Os agentes policiais e as outras autoridades competentes devem permitir que os representantes da ordem dos advogados e das associa96es medicas locais, bem como parlamentares, orgaos e agentes internacionais apropriados, visitem qualquer esquadra de policia e as suas instala96es, nomeadamente os centros de deten9ao, sem qualquer restri9ao, a fim de os inspeccionarem Estes representantes ou funcionarios devem poder fazer visitas de surpresa Estes representantes ou funcionarios devem ter acesso a todas as areas do local de deten9ao ea todos os detidos, e devem poder entrevista-los livremente e sem quaisquer testemunhas Estes representantes e funcionarios devem poder fazer novas visitas sempre que o queiram Estes representantes e funcionarios devem poder fazer recomenda96es as autoridades competentes a respeito do tratamento dos detidos 0 tratamento dos detidos deve ser minimamente conforme corn as Regras Minimas e o Conjunto de Principios das Na96es Unidas. Fontes inclufdas: C6digo de Conduta das Na9oes Unidas para Funcionarios Responsaveis Pela Aplica9iio da Lei (Artiga 5); Conjunto de Princfpios das Na9oes Unidas para a Protec9iio de Todas as Pessoas Sujeitas a Qualquer Forma de Deten9iio au Prisiio (Princfpios 1,2,6, I 2, 21 e 23); Conven9iio das Na9oes Unidas contra a Tortura e outros Tratamentos Crueis, Desumanos au Degradantes (Artiga 2); Regras Mfnimas das Na9oes Unidas para o Tratamento de Presas (Regras 55, 85, 86, 87, 88, 91, 92 e 93); Pacto Internacional de Direitos Civis e Politicos (Artiga 10); Conven9iio das Na9oes Unidas dos Direitos da Crian9a (Artiga 37), Conclusiio 44 do Comite Executivo doacnur 11

Principio Basico 9: Nao levar a cabo, ordenar ou encobrir execm;oes extrajudiciais ou 11 desaparecimentos 11, e recusar obedecer a ordens nesse sentido. Ninguem deve ser arbitrariamente ou indiscriminadamente privado da sua vida. Uma execw;ao extrajudicial e ilegitima e deliberada, levada a cabo por alguem a nivel do governo, nacional, estatal ou local, ou corn a sua aquiescencia. Ha varios elementos importantes no conceito de execu9ao extrajudicial: E deliberada e nao acidental Viola as leis nacionais tais como as que proibem o assassinato e/ou os padroes internacionais que proibem a priva9ao arbitraria da vida humana. A sua ilegitimidade distingue uma execu9ao extrajudicial de: Homicidios justificaveis por legitima defesa Morte resultante do uso da for9a por agentes encarregues do uso da for9a em conformidade corn os padroes internacionais Morte resultante de uma situa9ao de conflito armado nao proibida pelo direito internacional humanitario. Num conflito armado, ainda que nao internacional, os agentes armadas e os soldados do governo, bem como os combatentes de grupos politicos armadas, estao proibidos de levar a cabo execu96es sumarias e arbitrarias. Estes actos constituem viola96es do artigo 3 da Conven9ao de Genebra (a qual tambem proibe a mutila9ao, a tortura e outros tratamentos crueis, desumanos ou degradantes, a tomada de refens e outros abusos graves). Os 1 1desaparecidos 11 sao pessoas que foram levadas em cust6dia por agentes do Estado, mas cuja localiza9ao e destino sao ocultos. Constitui uma grave viola9ao de Direitos Humanos levar a cabo desaparecimentos. Nenhuma ordem ou instru9ao de uma autoridade publica, civil, militar ou outra, podera ser invocada para justificar uma execu9ao extrajudicial ou um II desaparecimento 11 Qualquer pessoa que receba uma ordem ou instru9ao nesse sentido tern o clever de lhe desobedecer. Todos os agentes policiais e outros funcionarios encarregues da aplica9ao da lei devem estar conscientes do seu direito e clever de desobedecerem a ordens de cuja implementa9ao possam resultar graves viola96es de Direitos Humanos. Como estas viola96es sao ilegais, os agentes policiais e outros nao devem participar nelas. A necessidade de desobedecer a uma ordem ilegal deve ser vista corn um dever, com prevalencia sabre o normal dever de obedecer ds ordens. 0 clever de desobediencia a ordens ilegais implica o direito a. desobediencia. 0 direito e o clever de desobediencia a uma ordem para participar em 11 desaparecimentos 11 e execu96es extrajudiciais estao incorporados na Declara9ao das Na96es Unidas sobre Desaparecimentos (Artigo 6) e nos Principios das Na96es Unidas sobre Execu96es Extra-Legais, Arbitrarias e Sumarias (Principio 3). Os Principios Basicos das Na96es Unidas sobre o Uso da For9a e de Armas de Fogo pelos Funcionarios Responsaveis Pela Aplica9ao da Lei protegem o 12

direito de desobediencia ao declarar que nenhuma sarn;ao criminal ou disciplinar podera ser imposta a agentes que, de acordo corn estes Principios Basicos e corn o C6digo de Conduta para os Funcionarios Responsaveis Pela Aplica9ao da Lei, se recusem a levar a cabo uma ordem para usarem a for9a e armas de fogo ou que relatem tal uso levado a cabo por outros agentes. Para implementar o Principio Basico 9, e importante que o uso da for9a e de armas de fogo pela policia respeite estritamente os Principio Basicos 3, 4 e 5. Fontes inc/uidas: Principios das NG1;oes Unidas sabre a Efectiva Prevenr;:cio e InvestigG1;cio de Execur;:oes Extrajudiciais, Arbitrarias e Sumarias (Princfpio I e 3); Artiga Comum n 3 das Convenr;:oes de Genebra; Dec/arar;:cio das Nar;:oes Unidas para a Protecr;:cio de Todas as Pessoas de Desaparecimentos Forr;:ados (Predmbulo e Artiga 6) Principio Basico 10: Comunicar toda e qualquer infrac ao destes Principios Basicos ao superior hierarquico e ao Ministerio Publico. Fazer tudo o que estiver ao seu alcance para assegurar que sejam dados passos no sentido de investigar toda e qualquer infrac ao. Todas as viola95es de Direitos Humanos pela policia ou por outros Funcionarios Responsaveis Pela aplica9ao da lei, incluindo qualquer infrac9ao a estes Principios Basicos, deve ser imediata, minuciosa e independentemente investigada, por exemplo pelo Ministerio Publico. 0 principal objectivo destas investiga95es e verificar os factos ocorridos e levar os responsaveis a comparecerem perante a justi9a. Foi realmente cometida uma viola9ao de Direitos Humanos ou foram violados principios ou a lei nacional? Se sim, por quern? No caso de um funcionario publico cometer um crime ou uma infrac9ao aos regulamentos, estava ele a actuar sob ordens ou corn a aquiescencia de outros funcionarios? 0 Ministerio Publico iniciou uma investiga9ao criminal e, se houve provas suficientes, houve lugar a uma acusa9ao? Fontes incluidas: C6digo de Conduta das Nar;:oes Unidas para Funcionarios Responsaveis Pela Aplicar;:cio da Lei (Predmbulo e Artigos 1, 2, 8); Princfpios Basicos das Nar;:oes Unidas sabre o Uso da Forr;:a e de Armas de Fogo pelos Funcionarios Responsaveis Pela Aplicar;:cio da Lei (Predmbulo) 13

A Amnistia Internacional e um movimento voluntario mundial que trabalha pelo respeito de todos os Direitos Humanos inscritos na Declara s; ao Universal dos Direitos Humanos e noutros instrumentos de direito internacional. A Amnistia Internacional promove o respeito pelos Direitos Humanos, os quais considera independentes e indivisiveis, atraves de campanhas e eventos publicos, bern como atraves de programas de educa s; ao para os Direitos Humanos e do exercicio de pressoes tendo em vista a ratifica s; ao e implementas;ao de tratados em materia de Direitos Hurnanos. A Amnistia Internacional actua contra algumas das mais graves viola96es dos direitos civis e politicos, levadas a cabo pelos governos. Os principais objectivos da sua carnpanha sao: a liberta<;ao de todos os prisioneiros de consciencia. Estes sao individuos detidos devido as suas crens;as politicas ou religiosas ou devido a sua origem etnica, sexo, cor, linguagem, origem social ou nacional, estatuto econ6mico, nascimento ou outras situa96es - que nao usararn ou advogaram a violencia; Assegurar julgamentos justos e rapidos para todos os prisioneiros polfticos; abolir a pena de morte, a tortura e outros tratamentos crueis, desumanos ou degradantes; p6r fim as execur;oes extrajudiciais e aos "desaparecimentos". A Amnistia Internacional apela tambem aos grupos armados de oposi s; ao para que respeitem os Direitos Humanos e para que cessem abusos como a deten<;ao de prisioneiros de consciencia, a captura de refens, tortura e assassinatos deliberados e arbitrarios. A Amnistia Internacional e independente que qualquer governo, orienta s; ao politica ou credo religioso. Nao apoia nern se opoe a qualquer sistema politico ou governarnental, nem apoia nem se opoe a opinioes das vitimas cujos direitos visa proteger. Preocupa-se apenas corn a protec s; ao imparcial dos Direitos Humanos. A Amnistia Internacional tern rela96es formais corn o Conselho Econ6mico e Social das Na96es Unidas (ECOSOC); corn a Organiza s; ao para a Educa s; ao, Ciencia e Cultura das Na96es Unidas (UNESCO); e corn o Conselho da Europa; corn a Organiza s; ao dos Estados Americanos; corn a Organiza s; ao de Unidade Africana; e corn a Uniao Inter-Parlamentar. Se necessitar de mais informa<;ao sobre o trabalho da Amnistia Internacional ou se quiser receber mais exemplares deste documento pode contactar o Programa de Campanhas, 1 Easton Street, London WCJX 8DJ, Reino Unido

Sumario 10 Principios Basicos de Direitos Humanos para a Boa Conduta dos Agentes Encarregues da Aplicaciio da Lei 1. Todas as pessoas tern direito a protec9ao igual perante a lei, sem serem vitimas de qualquer tipo de descrimina9ao, especialmente violencia ou amea9as. Ser especialmente vigilante em relac;ao a grupos potencialmente vulneraveis, tais como crianc;as, pessoas idosas, mulheres, refugiados, pessoas deslocadas e membros de minorias. 2. Tratar todas as vitimas de crimes com compaixao e respeito, protegendo em particular a sua seguranc;a e privacidade. 3. Nao usar a for<;a a nao ser que seja estritamente necessario, e nesse caso, usar apenas o minima necessario de acordo com as circunstancias. 4. Evitar o uso da for9a no policiamento de manifesta95es ilegais nao violentas. Ao dispersar manifesta95es violentas utilizar o minima de for9a necessaria. 5. Nao se deve usar a for9a corn consequencias letais, a nao ser que tal seja estritamente necessario para proteger a pr6pria vida ou a de outros. 6. Nao deter nenhuma pessoa sem que haja motivos legais para a sua detern;ao, a qual devera decorrer de acordo corn os procedimentos legalmente previstos. 7. Assegurar que todos os detidos tenham, ap6s a sua deten9ao, acesso imediato as suas familias, ao seu representante legal, e a qualquer tipo de assistencia medica de que necessitem. 8. Todos os detidos devem ser tratados corn humanidade. Nao infligir, instigar ou tolerar qualquer acto de tortura ou maus tratos, em qualquer circunstancia, e recusar obedecer a ordens nesse sentido. 9. Nao levar a cabo, ordenar ou encobrir execuc;oes extrajudiciais ou"desaparecimentos", e recusar obedecer a ordens nesse sentido. 10. Comunicar toda e qualquer infracc;ao destes Principios Basicos ao superior hierarquico e ao Ministerio Publico. Fazer tudo o que estiver ao seu alcance para assegurar que sejam dados passos no sentido de investigar toda e qualquer infracc;ao.