ATIVIDADE FÍSICA E O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO DA PELE



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ARTIGO ATIVIDADE FÍSICA E O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO DA PELE Cláudia Rita de Morais Costa * Maria Aparecida Cordeiro Sperancini ** RESUMO O presente estudo teve o objetivo de apresentar informações a respeito da relação atividade física e processo de envelhecimento da pele. Foram abordados os seguintes tópicos: aspectos anatômicos e funcionais da pele, seu processo de envelhecimento e os benefícios da atividade física para a pele. Foi visto que a atividade física favorece a hidratação, nutrição e oxigenação das células periféricas, bem como o aumento do tônus muscular, evitando assim o ressecamento da pele, o processo acelerado de formação de rugas e a flacidez. A atividade física favorece a eliminação de toxinas pelo suor, auxiliando na prevenção da celulite, além de fortalecer o tecido conectivo e, dessa forma, as fibras colágenas e elásticas. Além disso, contribui para a redução da perda de pigmentos da pele e favorece algumas de suas funções, como as de termorregulação, de revestimento e metabólica, colaborando dessa forma para a manutenção de níveis satisfatórios de saúde. Palavras-chave: envelhecimento, atividade física, pele. Introdução Devido ao aumento da população idosa, tem-se observado maior preocupação com a melhoria da qualidade de vida desse grupo etário. Profissionais da área da saúde têm realizado inúmeras pesquisas com o objetivo de conhecer de forma mais aprofundada os fenômenos que caracterizam esse grupo em particular. Professora de Educação Física. Professora do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001 73

O envelhecimento tem sido entendido como um fenômeno multifatorial, em que aspectos biológicos, psicológicos e sociais estão diretamente envolvidos, observando-se intensa relação entre eles. É senso comum, no entanto, que uma das características mais marcantes do envelhecimento se dá através da degeneração progressiva das estruturas e funções do organismo. Com o progresso da ciência e tecnologia, vários recursos são utilizados para se tentar chegar à idade avançada com um estado de saúde satisfatório. A expectativa de vida tem realmente aumentado nos últimos tempos. Decerto os hábitos de vida, incluindo alimentação inadequada, sedentarismo e alguns vícios, como fumar e beber, são fatores que levam o homem ao envelhecimento precoce. A pele, estrutura do sistema tegumentar, é afetada pelo envelhecimento de suas estruturas morfológicas, o que, por sua vez, se reflete nas suas funções, como ocorre em todos os outros sistemas orgânicos. De acordo com WEINECK (1991), a pele é um dos indicadores mais evidentes do envelhecimento biológico e cronológico. Em particular por ser a estrutura que reveste o organismo como um todo e, portanto, a parte mais visível, o envelhecimento da pele dá margem a preocupações estéticas acentuadas, repercutindo psicológica e socialmente no dia-a-dia das pessoas em processo de envelhecimento Vários estudos demonstram que a prática de atividade física tem efeitos benéficos sobre as estruturas e funções do sistema cardiovascular, respiratório, músculo-articular, ósseo, etc. Observa-se, no entanto, carência de informações em relação à influência exercida pela atividade física no sistema tegumentar. Revisão de Literatura Descrição anatômica da pele Para GARDNER e OSBURN (1980), a pele, suas glândulas, inclusive as mamárias e seus anexos (pelos e unhas), compõem o sistema tegumentar. Contudo, STEVENS e LOWE (1995) identificam as glândulas sebáceas, sudoríparas e as mamas como anexos da pele. De acordo com SAMPAIO (1981), a pele é um órgão resistente que envolve e protege o corpo, derivando embriologicamente do ectoderma e do mesoderma. 74 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001

A pele representa mais de 15% do peso corporal, sendo ora mais flexível e elástica, ora mais rígida (SAMPAIO, 1981). As áreas de pressão como as palmas da mão e a planta dos pés dispõem de pele mais espessa, segundo GARDNER e OSBURN (1980). ERHART (1983) acrescenta que os movimentos do corpo e sua integridade dependem muito da elasticidade da pele. STEVENS e LOWE (1995) explicam que a cor da pele se difere segundo raças, dependendo histologicamente da espessura da epiderme, da quantidade de pigmento melanina e da maior ou menor riqueza da rede vascular adjacente. Camadas da pele A pele é composta, de acordo com SAMPAIO (1981), por duas camadas justapostas, que são: epiderme, a mais superficial e derme, mais profunda. No entanto, STEVENS e LOWE (1995) identificam uma terceira camada, mais profunda que a derme, sendo ela o tecido subcutâneo ou hipoderme. Para SAMPAIO (1981), esta camada é uma subdivisão da derme. a) Epiderme Na opinião de JUNQUEIRA e CARNEIRO (1985), a epiderme é constituída por epitélio estratificado pavimentoso, de origem ectodérmica. STEVENS e LOWE (1995) explicam que a epiderme se compõe de placas de proteína (queratina) densamente sobrepostas que repelem água e impedem o ingresso de microrganismos. SAMPAIO (1981) destaca que a epiderme apresenta cinco camadas, que serão citadas respeitando a ordem da mais profunda em direção àquela mais superficial: basal, espinhosa, granulosa, hialina e córnea. A camada basal contém células em divisão, podendo, assim, ser chamada de germinativa, já que da multiplicação de suas células dependem a vida e a renovação epidermais, derivando dessa camada todas as outras células da epiderme (ROSS et al., 1993). JUNQUEIRA e CARNEIRO (1995) calculam que a pele humana é renovada a cada 20 ou 30 dias. A camada espinhosa tem importante função na coesão da epiderme e na sua resistência ao atrito (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995). A camada granulosa, para ROSS et al. (1993), é distinta porque sua célula contém numerosos grânulos, chamados grânulos de querato-hialina, que são envolvidos por membrana e vão contribuir para a constituição do material interfilamento da camada córnea e que se combinam para formar a queratina. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001 75

Constituída por uma camada fina que contém células eosinófilas, nas quais o processo de queratinizaçao está bem avançado, a camada hialina, como explicam JUNQUEIRA e CARNEIRO (1995), possui citoplasma com numerosos filamentos compactados e envolvidos por material elétron-denso. Conforme SAMPAIO (1981), a mais superficial das camadas, a camada córnea, é composta por células achatadas, mortas e sem núcleo, superpostas, e repletas de queratina. Para ROSS et al. (1993), as células existentes na epiderme são queratinócitos, melanócitos, células de Langerhans e células de Merkel. O autor explica que os queratinócitos são as células mais numerosas da epiderme. Essa célula produz a queratina pouco antes de sua morte, afirmam STEVENS e LOWE (1995), que completam afirmando que a queratina é constantemente perdida devido ao uso normal e pela ruptura ocorrida após a fricção superficial, lavagem, e a esfregação, sendo reposta a partir da proliferação das células da camada basal. Esses mesmos autores ainda demonstram que a renovação a partir das células da camada basal, até a queratina que descama, é mais rápida em áreas que sofrem traumatismos freqüentemente, como, por exemplo, a palma das mãos e sola dos pés ; segundo JUNQUEIRA e CARNEIRO (1995), nas outras regiões às vezes a epiderme se apresenta com uma camada córnea muito reduzida e até mesmo faltando a camada hialina, apresentando pele mais fina. ROSS et al. (1993) afirmam que a enzima fosfatase ácida participa do processo de esfoliação das células queratinizadas. Para os autores, os queratinócitos produzem ao mesmo tempo a queratina e um glicolipídio, que funcionam como barreira impermeável à água, evitando a perda hídrica generalizada do organismo. A queratina é uma massa compacta, elástica, que atua como proteção, impedindo o ingresso de microrganismos, reforçam STEVENS e LOWE (1995). O melanócito, segundo ROSS et al. (1993), produz a melanina, principal pigmento da epiderme, que se localiza acentuadamente na camada basal, e é produzido por um processo que implica a transformação da tirosina em 3,4- didroxifenilanina (DOPA) pela enzima tirosinase e a subseqüente transformação de DOPA em melanina. STEVENS e LOWE (1995) verificaram que o número de melanócitos permanece mais ou menos constante, variando o seu grau de atividade, que se estabelece geneticamente, sendo assim apresentada a diferenciação racial e individual da pele. Completando, ROSS et al. (1993) 76 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001

afirmam que o albinismo é provocado pela ausência de atividade da tirosinase. SAMPAIO (1981) explica que sardas e pintas são acúmulos locais de melanina. ROSS et al. (1993) relatam que as células de Langerhans localizam-se na camada espinhosa e desempenham papel importante na resposta imunológica, podendo processar e acumular na sua superfície os antígenos cutâneos. Essas células, segundo o autor, originam-se de células precursoras trazidas da medula óssea pelo sangue. As células de Merkel, de acordo com JUNQUEIRA e CARNEIRO (1995), existem em maior quantidade na pele espessa da palma da mão e planta dos pés na camada basal, estando sua base em contato com terminação de fibra nervosa, formando um receptor especial que funciona como mecanorreceptor. b) Derme A derme é o tecido conjuntivo de fibras elásticas e colágenas sobre o qual se apóia a epiderme e onde estão situados os anexos epidérmicos, os suprimentos sanguíneos e nervosos e a drenagem linfática (STEVENS e LOWENS, 1995). Na concepção de SAMPAIO (1981), a derme é dividida em três camadas: derme papilar, derme reticular propriamente dita e hipoderme. JUNQUEIRA e CARNEIRO (1995) destacam que a superfície externa da derme é extremamente irregular, observando-se saliências que acompanham as reentrâncias correspondentes da epiderme; a essas saliências, que dependem da distribuição peculiar dos feixes de colágenos subjacentes, é dado o nome de papilas dérmicas. Os autores afirmam que a função das papilas é aumentar a zona de contacto derme-epiderme, trazendo maior resistência à pele, e observam também que as papilas são mais freqüentes nas zonas sujeitas a pressões e atritos. A derme propriamente dita ou derme reticular, como nomeiam os autores STEVENS e LOWE (1995) e SAMPAIO (1981), evidencia os mais importantes órgãos e elementos tributários da pele; a essa camada de derme a pele deve muito de sua resistência e elasticidade, ao mesmo tempo em que a epiderme deve sua nutrição a essa camada. JUNQUEIRA e CARNEIRO (1995) relatam que, além desses órgãos e elementos tributários da pele, que são os vasos sanguíneos e linfáticos, as terminações nervosas, glândulas sebáceas e sudoríporas, músculos, etc., a derme R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001 77

é constituída por tecido conjuntivo denso, com fibras colágenas mais abundantes e espessas do que a derme papilar. A hipoderme é a camada mais profunda, sendo composta em sua maior parte por tecido adiposo separado por septos colágenos e contendo os principais vasos e nervos a partir dos quais a derme é suprida (STEVENS e LOWE,1995). De acordo com JUNQUEIRA e CARNEIRO (1995), a hipoderme une de maneira pouco firme a derme aos órgãos subjacentes, sendo essa camada responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas na qual se apóia, atuando também como isolamento efetivo do calor, como armazenamento de alimentos, além de absorver choques. Músculos da pele Para STEVENS e LOWE (1995), a derme varia tanto em espessura como em componentes e pode conter faixas de músculo liso, como, por exemplo, os feixes musculares no interior dos mamilos. Para os autores, na face, as fibras musculares esqueléticas que fazem a expressão facial estão parcialmente localizadas na derme profunda; o músculo eretor do pêlo é músculo liso que se origina da bainha fibrocolágena que envolve o folículo piloso e dirige-se obliquamente em direção à derme superior. Anexos da pele: glândulas sudoríporas e sebáceas a) Glândulas sudoríparas De acordo com STEVENS e LOWE (1995), as glândulas sudoríparas são do tipo écrinas e apócrinas. As écrinas produzem suor e são controladas pelo sistema nervoso autônomo, sendo o suor uma solução aquosa hipotônica, com ph neutro ou levemente ácido, contendo vários íons, particularmente sódio, potássio e cloreto. FOX et al. (1988) ressaltam que essas glândulas secretam um suor aquoso e diluído, que participa da regulação térmica, e as glândulas apócrinas, responsáveis pela produção de uma secreção viscosa levemente leitosa em resposta a estímulos como medo, excitação sexual, etc., não têm participação nessa regulação. 78 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001

b) Glândulas sebáceas Conforme JUNQUEIRA e CARNEIRO (1995), as glândulas sebáceas situam-se na derme e seus ductos desembocam na porção terminal dos folículos pilosos ou diretamente na superfície da pele, sendo sua atividade nitidamente influenciada por hormônios sexuais. GARDNER e OSBURN (1980) descrevem que, à medida que a glândula sebácea acumula gordura, há escoamento de sebo para a superfície da pele, a qual confere plasticidade e impermeabilização. Circulação da pele O principal suprimento sangüíneo da pele localiza-se na derme, surgindo de grandes vasos na gordura subcutânea (STEVENS e LOWE, 1995). A circulação sangüínea, como afirma SAMPAIO (1981), apresenta duas redes vasculares, subpapilar ou superficial e subdérmica ou profunda, tendo como eixos, cada uma, um tronco arterial e outro venoso, caminhando horizontal e paralelamente. Essas duas redes são ligadas entre si por numerosas anastomoses (estruturas ligadas funcionalmente à regulação térmica); a rede profunda nutre a hipoderme e a parte da derme propriamente dita mais os anexos da pele, e a rede superficial nutre parte da derme propriamente dita, da derme papilar e da epiderme. Segundo STEVENS e LOWE (1995), não existem vasos sangüíneos que penetram na epiderme. Quanto à circulação linfática, SAMPAIO (1981) relata que os vasos linfáticos da pele formam uma circulação semelhante à sanguínea, merecendo referencia especial os glomi, abundantes nas polpas digitais, os quais parecem desenvolver um certo papel na regulação circulatória das extremidades. Aspectos funcionais da pele De acordo com SAMPAIO (1981), existem 12 funções exercidas pela pele, as quais serão descritas a seguir: 1. Função de revestimento: a pele é relativamente impermeável, elástica e insolúvel. Essas características decorrem do fato de a camada córnea ser R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001 79

impregnada de queratina, por causa da secreção sebácea e por ser formada por células secas. A riqueza de fibras colágenas e elásticas da derme confere a ela grande resistência às trações, e a epiderme, especialmente a camada córnea, é má condutora de eletricidade. 2. Função de conservação: a renovação e descamação superficial da pele garantem essa função. 3. Função de nutrição: a nutrição da epiderme, a qual não possui circulação sangüínea e linfática, é realizada através da camada mais profunda, intensamente vascularizada. 4. Função de melanogênese: os grânulos de melanina localizados em posição supranuclear (capuz) nas células epiteliais oferecem máxima proteção ao DNA contra a radiação ultravioleta. 5. Função termorreguladora: o ajuste da temperatura interna do corpo é feito pela regulação da dissipação de calor pela superfície corporal. Quando necessária à perda de calor, as arteríolas dilatam-se, aumentando o fluxo sangüíneo na extensa rede capilar da derme, e, se for necessário a conservação de calor, acontece a vasoconstrição, em que grandes extensões do leito capilar superficial podem ser excluídas da circulação. O tecido adiposo na hipoderme atua como isolante contra flutuações de temperatura externa. O fluxo de suor na superfície cutânea e sua evaporação resultam na intensa eliminação de calor (GARDNER e OSBURN, 1980). 6. Função excretora: o suor, além da sua composição normal, pode conter pigmentos, iodo, arsênico, mercúrio, sulfuretos, álcool, etc. 7. Função de sensibilidade: a percepção sensitiva através dos tipos de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa acontece por causa de receptores encontrados na pele. 8. Função reflexa: a pele, de maneira reflexa, manifesta a existência de estados emocionais peculiares, como a horripilação originária do medo, a palidez momentânea, etc. A função reflexa pode se manifestar também pela injeção intracutânea de certas substâncias. 9. Função de absorção: a pele é permeável aos gases e às matérias voláteis, podendo ser utilizada como via de penetração de medicamentos. 10. Função respiratória: a respiração cutânea se dá pela eliminação de água e anidra carbônico e pela inalação de oxigênio pela pele. 80 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001

11. Função metabólica: além de o tecido colágeno ser reconhecido como sede da síntese das proteínas plasmáticas e, portanto, dos anticorpos, algumas propriedades enzimáticas têm sido evidenciadas na pele. A pele atua também como depósito de água, sal e gorduras depositadas na hipoderme, cuja quantidade pode variar muito, conforme condições orgânicas especiais. 12. Função de imunidade: a pele, por conter ph ácido, defende-se contra as invasões microbianas, impedindo inclusão de corpos estranhos, além de dar o alarme a respeito das alergias. Envelhecimento da pele WEINECK (1991) afirma que a célula está programada geneticamente para deteriorar-se ou morrer, mas que fatores exógenos exercem influência sobre o processo de envelhecimento, principalmente a partir dos 30 anos, quando começam a surgir os sinais provocados por alterações internas. Para o autor, a pele é um dos indicadores mais evidentes do envelhecimento biológico e cronológico. MACEDO (1998) salienta que uma higiene básica, uma boa alimentação e exercícios podem conservar a pele saudável, minimizando o efeito da passagem do tempo sobre ela. Na visão de NETTO (1996), as rugas são formadas pela diminuição da espessura da epiderme, derme e da tela subcutânea, sendo causadas também pela calcificação das fibras elásticas da derme. Para SIMÕES (1994), o aparecimento das rugas tem como causadores a diminuição das fibras elásticas e do colágeno e a desidratação. Ainda segundo SIMÕES (1994), a flacidez surge devido ao acúmulo de gordura na região subcutânea, já que a partir dos trinta anos, a cada década ocorre diminuição de cerca de 3% do metabolismo basal e ausência ou redução das atividades motoras em geral. PICARD (1994) relata que os músculos da face, por não se exercitarem muito, perdem, ao longo dos anos, o tônus, não sustentando bem a pele e resultando em flacidez. De acordo com NETTO (1996), as atividades das glândulas sudoríparas e sebáceas diminuem com a idade, deixando a pele seca e rugosa. HAYFLICK (1997) explica que os idosos correm maior risco de sofrerem choque térmico justamente por suarem menos, devido à redução das atividades das glândulas sudoríparas. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001 81

WAGORN et al. (1993) relatam que a pele seca se deve ao fato de que menor quantidade de oxigênio e nutrientes alcança a pele a partir dos vasos capilares, havendo também maior lentidão na renovação das células lubrificantes à medida que se dá o processo de envelhecimento. Completando, SIMÕES (1994) observa que há aumento na resistência ao fluxo sangüíneo da pessoa idosa, sendo os vasos sangüíneos menos elásticos e mais estreitos, ocorrendo assim o endurecimento de suas paredes, prejudicando o abastecimento de nutrientes e a hidratação de vários órgãos e sistemas do corpo. NETTO (1996) afirma que a capacidade reguladora da pele é reduzida durante o processo de envelhecimento. Para HAYFLICK (1997), sendo a hipoderme (tela subcutânea) uma barreira que protege o corpo da perda excessiva de calor e como, com a idade, a maior parte dessa camada é perdida, o idoso sente frio mais rapidamente quando a temperatura cai. Segundo os autores, a densidade do sistema circulatório diminui com o envelhecimento, provocando também essa maior sensibilidade do idoso ao frio. A pele pálida é decorrente da redução do número de melanócitos e de alças capilares, tendendo os melanócitos a se agrupar e formar manchas (NETTO, 1996). De acordo com esse mesmo autor, certas regiões, como a face e o dorso das mãos, são sujeitas a essas manchas, em geral de cor marrom, lisas e achatadas. Na sua visão, pequenos traumas às vezes são causadores de equimoses, com manchas vermelhas ou púrpuras salientes devido à epiderme ficar mais fina. WEINECK (1991) observa que a pele se torna não apenas mais fina, mas também mais transparente, por causa da diminuição da atividade de mitose, embora a epiderme mantenha a capacidade de regeneração até a idade avançada. Completando, WAGORN et al. (1993) explicam que, devido a esse afinamento da pele, os vasos sangüíneos se tornam mais evidentes. Segundo SIMÕES (1994), durante o processo de envelhecimento ocorre diminuição de 30% do núcleo total das células em função do envelhecimento celular e metabólico, ocasionando paralelamente a diminuição das proteínas corporais e da água intracelular, ocorrendo desta forma aumento triplo do tempo de cicatrização de um ferimento. Para ROCHA et al. (1997), com o envelhecimento, ocorre queda da eficiência do sistema imunológico, ficando a pele mais exposta à entrada de microrganismos, aumentando também, de acordo com NETTO (1996), a permeabilidade da epiderme, o que facilita a passagem de medicamentos no idoso. 82 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001

ROCHA et al. (1997) observam que, com exceção da dor, as sensações cutâneas de calor, frio e tato diminuem com a idade, reduzindo também, de acordo com WAGORN et al. (1993), o número de células especializadas. MACEDO (1998) afirma que a pele se recupera muito mais lentamente de abusos como o cansaço, o estresse e o álcool, já que o sistema circulatório não funciona tão bem como antes. O autor acrescenta que os raios solares colaboram com a síntese de vitamina D na pele, mas podem também ser nocivos, pois os raios ultravioletas são responsáveis pela destruição das fibras colágenas, além de alterar a microvascularização dérmica, acarretando a aparência seca e enrugada da pele. NETTO (1996) menciona que a pele do homem envelhece 10 anos mais lentamente do que a da mulher, sugerindo ele que seja por causa da proteção exercida pela barba e pêlos contra os raios ultravioletas. MACEDO (1998), no entanto, explica que com a diminuição de hormônios tanto feminino (estrógeno) como masculino (progesterona) ligados à menopausa e andropausa, há diminuição da oleosidade natural da pele, fazendo que ela fique mais seca. O autor explica que outros fatores, como a presença de radicais livres no corpo, podem provocar o envelhecimento precoce da pele, além de haver o risco de causar também o câncer de pele. Relação atividade física e envelhecimento da pele De acordo com WAGORN et al. (1993), os sistemas do corpo podem se comprometer, havendo declínio adicional de sua eficiência devido a um estilo de vida sedentário. Para os autores, o sedentarismo intensifica o processo de envelhecimento e em conseqüência produz uma aparência mais acabada. Sabe-se que os exercícios melhoram a oxigenação e nutrição das células, devido a um efeito sobre o sistema circulatório (SIMÕES, 1994). Para WAGORN et al. (1993), esse fato, visto como benéfico para todo o organismo, se apresenta em relação à pele como essencial para combater seu ressecamento, pois a rede de vasos periféricos seria favorecida pelo fluxo sangüíneo ativado, auxiliando na manutenção de níveis satisfatórios de hidratação. Em razão dessa maior eficiência do sistema circulatório, a renovação celular da epiderme é favorecida, reforçando também a função imunológica da pele, já que as células de defesa, quando bem nutridas, melhoram seu metabolismo (MOREL, 1994). Outro benefício causado pela melhoria da circulação sangüínea é a eliminação de toxinas pelo suor, através da função excretora da pele (SAMPAIO, R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001 83

1981). A produção aumentada de suor durante a prática de atividade física intensificaria a eliminação dessas toxinas, o que, de acordo com MACEDO (1998), constitui também uma forma de tratar e prevenir a celulite. Este mesmo autor explica que o problema da celulite está nas células gordurosas que não eliminam a água e as toxinas adequadamente e que, endurecidas, formam nódulos que dão à pele a aparência de casca de laranja. MATSUDO e MATSUDO (1992) relatam que a atividade física na terceira idade fortalece o tecido conectivo, o qual, de acordo com GARDNER e OSBURN (1980), tem em sua composição fibras elásticas e colágenas. Esse efeito da atividade física tem repercussões sobre vários fatores relacionados à pele. SAMPAIO (1981) relata que a derme é rica em fibras colágenas e elásticas, responsáveis pela resistência da pele a trações. O autor cita também que o tecido colágeno é reconhecido como sede da síntese de proteínas plasmática e, portanto, dos anticorpos. A calcificação das fibras elásticas, como se refere MACEDO (1998), ou a diminuição das fibras colágenas e elásticas, como afirma SIMÕES (1994), são as principais causas da formação de rugas. A prática de exercícios aeróbicos mantém as fibras colágenas nutridas, devido ao melhor funcionamento do sistema circulatório, ficando a pele mais firme e, conseqüentemente, desacelerando o processo de formação de rugas. Ainda em relação às rugas, SIMÕES (1994) acrescenta a desidratação como outro fator que as originam, mas, como citado anteriormente, a desidratação da pele pode ser minimizada através da intensificação do fluxo sangüíneo. Dessa forma, a atividade física estaria influenciando positivamente a função de revestimento da pele, a função metabólica, bem como a aparência estética. Para WAGORN et al. (1993), a atividade física mantém a quantidade e a função das glândulas sudoríparas, favorecendo a propriedade termorreguladora da pele. FOX et al. (1988) observam que a produção de suor ajuda na dissipação de calor, regulando dessa forma a temperatura corporal, principalmente nas épocas de calor ou na execução de atividades mais intensas. Assim, a manutenção das atividades das glândulas sudoríparas pode colaborar para a diminuição de choque térmico em indivíduos idosos (HAYFLICK, 1997). Em relação à flacidez da pele, duas causas se destacam, e ambas podem ser influenciadas pela atividade física. A primeira, conforme destaca PICARD (1994), refere-se ao tônus muscular. Para esse autor, o músculo tonificado oferece sustentação à pele, destacando que um dos fatores que levam à flacidez da face é a falta de exercitação dos músculos faciais. Sob este ponto de vista, a ginástica facial fortalece a musculatura, dificultando o aparecimento de marcas 84 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001

de expressão e linhas superficiais, além de estimular o tônus muscular ao redor dos olhos. A segunda causa da flacidez da pele é citada por SIMÕES (1994) e refere-se ao acúmulo de gordura na região subcutânea. Para GUEDES e GUEDES (1997), a atividade física é, aliada à ingestão equilibrada de nutrientes, um dos meios indispensáveis para a manutenção da gordura corporal em níveis saudáveis. WAGORN et al. (1993), ao descreverem as mudanças na pele resultantes do envelhecimento, afirmam que a palidez ocorre devido à perda generalizada de células de pigmentos da pele. Para SAMPAIO (1981), a melanina, um dos principais pigmentos da pele, é também responsável pela sua proteção contra radiação ultravioleta. Os exercícios físicos auxiliam na redução da perda desses pigmentos, conforme WAGORN et al. (1993). O envelhecimento precoce da pele pode ser provocado pela presença de radicais livres, afirma MACEDO (1998). Para MATSUDO e MATSUDO (1992), os exercícios de leve a moderada intensidade estimulariam maior produção de antioxidantes, que são substâncias inibidoras da ação dos radicais livres. Dessa forma, entende-se que os exercícios estariam colaborando para retardar o processo de envelhecimento da pele. Considerações Finais Alguns benefícios adquiridos pela pele através da atividade física regular foram descritos e diretamente relacionados não apenas com o aspecto morfológico, mas também com o funcional. A melhoria da oxigenação, nutrição e hidratação das células periféricas através dos exercícios facilita o metabolismo celular, evitando assim o ressecamento da pele, facilitando a renovação celular da epiderme, nutrindo as fibras colágenas, o que deixa a pele mais firme e, conseqüentemente, desacelera o processo de formação de rugas. Com o aumento e a maior eficiência no metabolismo celular, ocorre melhoria no sistema imunológico, com reflexos positivos sobre a saúde geral dos indivíduos. Os exercícios favorecem a eliminação de toxinas através da produção aumentada de suor, evitando a formação de celulite, e fortalecem também o tecido conectivo e, assim, as fibras colágenas e elásticas. A prática de atividade física contribui para a manutenção da eficiência funcional das glândulas suporíparas, colaborando para o desempenho adequado da termorregulação da pele. Além disso, o incremento do tônus muscular decorrente da exercitação R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001 85

dá sustentação à pele, prevenindo a flacidez. A redução na perda de melanina e a proteção da pele dos efeitos maléficos dos radicais livres através da produção de antioxidantes, além da manutenção de níveis de gordura satisfatórios para se evitar a flacidez, são outros benefícios decorrentes da prática de exercícios físicos. Os sinais do tempo sobre a pele, como rugas, flacidez, ressecamento, etc., são fatores inerentes ao homem no decorrer dos anos, levando-o muitas vezes à insatisfação com sua aparência estética, cujas repercussões podem apresentar-se de forma negativa também sob os aspectos psicológicos e sociais. Assim, entendendo-se que um estilo de vida que inclui a prática regular de exercícios físicos é uma forma de amenizar e retardar o efeito de envelhecimento sobre a pele, sugere-se maior aprofundamento sobre esse assunto por parte dos profissionais de Educação Física, visando fornecer informações para os indivíduos a respeito de atitudes preventivas contra o envelhecimento precoce e acentuado da pele, já que a eficiência de sua estrutura e função pode ser preservada satisfatoriamente ao longo da vida. ABSTRACT The present study has the objective of presenting information regarding the relationship physical activity and the process of aging of the skin. The following topics were approached: anatomical and functional aspects of the skin, your aging process and the benefits of the physical activity for skin. Physical activity favors the hydration, nutrition and oxygenation of the outlying cells as well as the increase of the muscular tonus, avoiding the drying of the skin, the accelerated process of formation of wrinkles and flaccidness. Physical activity favors like this the elimination of toxins for the perspiration aiding in the prevention the cellulite, besides strengthening the connective tissue and like this the collagen and elastic fibers. Besides it contributes to the reduction of the loss of pigments of the skin and it favors some of your functions as the one of thermoregulation, of coating and metabolic, collaborating this way for the maintenance of satisfactory levels of health. Key words: aging, physical activity, skin. 86 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p. 73-88, 2001

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