Principais desafios da indústria em Portugal - 2013



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Transcrição:

Processos concertados desencadeiam ação Principais desafios da indústria em Portugal - 2013 Uma abordagem coerente para a dinamização do setor www.pwc.pt

Conteúdos Enquadramento 4 Sumário executivo 8 Produtividade e custo dos fatores Variáveis chave para a indústria 10 A inovação na indústria portuguesa (Saber) valorizar o conhecimento existente! 18 O tamanho importa? Sim! Mas para quê? 26 O papel do Estado É imperativo rever o seu papel 32 O valor social da indústria Pilar fundamental do modelo económico-social 38 Localização e internacionalização Uma questão de geografia ou de geopolítica? 42

Enquadramento Hermínio Afonso Sócio responsável pelo setor de Industrial Manufacturing e líder deste projeto A PwC acredita que a indústria portuguesa pode e deve ser um motor de desenvolvimento preponderante da economia para os próximos anos. A crise, que atualmente vivemos, está usualmente identificada como uma crise financeira e imobiliária. Contudo, não podemos esquecer o seu profundo impacto no setor industrial, derivado do forte aumento dos impostos e da consequente redução do rendimento disponível, que provocou uma forte diminuição da procura interna, a qual tem, até agora, conseguido ser parcialmente compensada por um aumento significativo das exportações. De facto, o setor industrial tem vindo a perder relevância, sendo importante que se consiga a sua revitalização, de forma a se conseguir recuperar a competitividade da nossa economia. Apesar de tudo este setor ainda representa uma fatia muito importante do PIB em Portugal (24%), empregando 24% dos trabalhadores ativos. 4 PwC

Valor acrescentado bruto por ramo de atividade Contribuição dos sub-setores industriais Milhões de Euros 146 209 2% 149 311 2% 148 703 2% 151 414 2% 149 268 2% 100% 111 549 25% 25% 23% 24% 24% 4% 65% 62% 58% 57% 56% 58% 61% 77 281 28% 6% 29% 68% 72% 73% 74% 74% 74% 10% 9% 13% 13% 15% 16% 15% 66% 24% 29% 29% 30% 29% 26% 24% 1995 2000 2007 2008 2009 2010 2011P Agricultura, silvicultura e pesca Setor industrial Serviços Fonte: INE - Março 2013 1995 2000 2007 2008 2009 2010 2011P Indústrias extrativa e transformadora Energia, água e saneamento Construção P - Dados preliminares Postos de trabalho por ramo de atividade Contribuição dos sub-setores industriais 5 577 5 705 5 719 5 573 5 475 4 957 16% 14% 30% 13% 13% 13% 26% 25% 24% 12% 24% 100% 30% 66% 60% 59% 59% 59% 59% 54% 56% 61% 62% 63% 64% 4% 3% 3% 3% 4% 4% 30% 37% 38% 38% 37% 37% 1995 2000 2007 2008 2009 2010 Agricultura, silvicultura e pesca Setor industrial Serviços Fonte: INE - Dezembro 2012 1995 2000 2007 2008 2009 2010 Indústrias extrativa e transformadora Energia, água e saneamento Construção Principais desafios da indústria em Portugal 2013 5

Enquadramento A PwC elaborou o presente documento tendo como base reflexões, ideias e propostas geradas a partir de um grupo de trabalho no qual participaram vários representantes de empresas, de diferentes dimensões, do setor industrial em Portugal. Gostaríamos de referir e voltar a agradecer o desafio lançado à PwC, por parte do Prof. Ricardo Bayão Horta e Eng. Mira Amaral, que nos alertaram da premência da execução deste projeto em Portugal e mantiveram o seu total empenhamento e disponibilidade em todas as suas fases. Uma equipa de especialistas da PwC analisou, estruturou e sintetizou as ideias debatidas, convertendo-as nos assuntos-chave do presente e do futuro da indústria em Portugal. Um setor industrial dinâmico, moderno e inovador é parte essencial de um crescimento equilibrado e insubstituível na competitividade da economia portuguesa. A intenção da PwC com este projeto é contribuir e estimular o debate atual sobre os assuntos que mais preocupam a indústria em Portugal, de forma a enfrentar os desafios dos próximos anos. Consideramos de extrema relevância poder contribuir para o relançamento da indústria em Portugal como uma das estratégias fundamentais de saída da crise. Esta saída deve centrar-se em potenciar novas formas de crescimento, como por exemplo, a internacionalização, a inovação ou a economia do conhecimento. Gostaríamos, uma vez mais, de agradecer os valiosos contributos de todos os participantes e o entusiamo manifestados durante as sessões de debate efetuadas em Lisboa e no Porto. De entre as ideias debatidas por este grupo de trabalho, selecionaram-se os seguintes temas, que consideramos serem os de maior impacto e atualidade no setor: 1. produtividade e custo dos fatores; 2. inovação na indústria portuguesa; 3. o tamanho importa? ; 4. o papel do Estado; 5. o valor social da indústria; 6. localização e internacionalização. 6 PwC

Participantes externos à PwC Dr. Álvaro Alvarez, Administrador da Siderurgia Nacional Eng. Álvaro Bastos, COO da Cimertex Amândio Santos, CEO da Derovo Prof. António Cunha, da Universidade do Minho Dr. António Manuel Gonçalves, CEO da Têxtil Manuel Gonçalves Dr. António Marques, CFO do Grupo Sapec Dr. António Pires de Lima, CEO da Unicer Dr. António Rios Amorim, CEO da Corticeira Amorim Dr. Avelino Mota Gaspar Francisco, Presidente da Lusiaves Eng. Belmiro de Azevedo, Chairman do Grupo Sonae Dr. Carlos Tavares, Presidente Conselho Diretivo da CMVM Eng. Ilídio de Ayala Serôdio, Presidente do Grupo PCG Profabril e Vice-Presidente da Proforum Eng. João Nuno Macedo Silva, Presidente do Grupo RAR Eng. João Paulo Oliveira, CEO da Bosch Termotecnologia Prof. Dr. João Pereira Bento, CEO da Efacec Dr. João Pedro Azevedo, CEO da Soja de Portugal Dr. João Serrenho, CEO da CIN Dr. Jorge Martins, Administrador da Martifer Dr. José Honório, CEO da Semapa Eng. José Manuel Fernandes, Presidente do Grupo Frezite Eng. José Ramalho Fontes, Diretor-Geral da AESE Eng. José Ramos, Presidente da Salvador Caetano Dr. Luís Palha da Silva, Vice-presidente executivo da Galp Dra. Manuela Gameiro, Diretora do Departamento de Assuntos Económicos da CIP Eng. Paulo Oliveira Queiroz, CEO da Nanium Dr. Pedro Capucho, Diretor Coordenador do Departamento de Assuntos Económicos da CIP Prof. Pinto de Sá, Professor Associado do IST Prof. Ricardo Bayão Horta, Presidente da Cires Dr. Rui Amorim Sousa, CEO da Cerealis Moderadores dos debates Hermínio Afonso, Sócio responsável pelo setor de Industrial Manufacturing e líder deste projeto Eng. Mira Amaral, CEO do Banco BIC Portugal e vice-presidente do conselho geral da CIP Responsáveis da PwC pela preparação do documento António Brochado Correia, Deputy Senior Partner Jaime Carvalho Esteves, Sócio responsável pelo setor de Governo e setor público e líder do departamento fiscal Jorge Costa, Sócio responsável pelo setor dos produtos industriais e de consumo e serviços e líder do departamento de Assurance Luís Boquinhas, Sócio líder de consultoria de gestão Pedro Deus, Sócio de consultoria de gestão, líder da área de inovação Especialistas da PwC Ana Cláudia Coelho, Senior Manager de consultoria de gestão, da área de Sustainable Business Solutions José Ricardo Pessoa, Manager de consultoria de gestão, da área de Governance, Risk & Compliance Ricardo Sousa Valles, Senior Manager de Deals, da área de Estratégia Rui Rodrigues Matos, Manager de consultoria de gestão, da área de Finance & Operations Vera Oliveira Santos, Manager de consultoria de gestão, da área de Inovação Principais desafios da indústria em Portugal 2013 7

Sumário executivo Muito já se tem escrito em Portugal acerca da necessidade de voltar a dinamizar o setor industrial em Portugal. Esta publicação mantém e reforça essa opinião e não ambiciona ser disruptiva nessa matéria. Procura sim sistematizar ideias, que possam desencadear ações, por parte das empresas e por parte das Entidades Publicas. Precisamos reduzir e alterar a concentração da atividade económica no setor terciário, verificada ao longo dos últimos anos em Portugal, e a consequente redução da atividade dos setores produtivos de bens transacionáveis, que tem vindo a fragilizar a ambicionada competitividade nacional. Mas, quais as principais características das empresas industriais portuguesas? As empresas industriais em Portugal são, fundamentalmente, de dimensão reduzida (PMEs), mas são também as empresas que mais se reinventam e procuram inovar a cada dia, a cada período económico e em cada ciclo político. São a base empresarial da nossa economia e que, apesar da atual conjuntura, se mantêm muitas vezes como os melhores exemplos. É óbvio que continuamos a ter em Portugal muito bons exemplos de grandes empresas industriais, de dimensão internacional, de qualidade reconhecida e cuja atividade cria um valor acrescentado quantificável ao nosso país, quer seja através da criação de empregos ou através do seu contributo para as exportações. No entanto, também os gestores destas grandes empresas têm os mesmos desafios estratégicos e operacionais das maioritárias PMEs. Em Portugal o custo do trabalho não é neste momento um fator relevante, mas a flexiblidade laboral pode ainda ser melhorada. Quando comparamos Portugal com outros países europeus, verificamos que a nossa competitividade é inferior. Conclui- -se que o custo do trabalho não é neste momento um fator relevante, mas a flexibilidade laboral pode ainda ser melhorada. As dificuldades operacionais relacionadas com os custos da atividade, alicerçadas aos processos internos ou externos, são inúmeras e, apesar da evolução tecnológica que já fizemos e os investimentos em inovação, ainda nos mantemos na mesma posição periférica Europeia e estamos ainda longe de potenciar a nossa costa ou ter alternativas logísticas, exemplo das melhores práticas internacionais. As infra-estruturas ferroviárias são ainda incipientes, comparadas com outros países Europeus, assumindo-se o transporte rodoviário, com todas as suas vantagens e inconvenientes, como o grande responsável pela movimentação de bens de e para Portugal. As empresas industriais devem continuar a investir na modernização dos seus processos produtivos, em inovação, no alargamento dos seus mercados principais (através do aumento das exportações) e nas competências que necessitam para executar esses projetos. Os bons exemplos de clusters industriais devem ser identificados, caracterizados e partilhados com outros potenciais subsegmentos industriais que desejem crescer, diversificar o seu negócio e criar sustentabilidade e massa crítica, para que consigam ser concorrenciais no mercado global. O acesso ao financiamento a custos razoáveis é neste momento um handicap importante para que o relançamento do investimento se concretize, pelo que a melhoria do rating da República Portuguesa é fundamental, mas é também necessário que as empresas efetuem um esforço adicional na melhoria do seus Capitais Próprios de forma a reduzir a elevada alavancagem existente. 8 PwC

É também imperativo rever o papel do Estado, na criação das condições e soluções necessárias à dinamização da economia e, especificamente, do setor industrial, não só tornando os custos operacionais, energéticos e outros, equivalentes aos de países concorrentes, como também reduzindo os custos de contexto ainda existentes, em particular no licenciamento industrial. A diplomacia económica pode assumir um papel relevante, principalmente na atração de investimento estrangeiro e na eliminação de algumas barreiras ainda existentes à entrada de produtos Portugueses noutros mercados. A indústria está a reassumir uma posição cada vez mais relevante na agenda política, enquanto pilar fundamental de sustentabilidade do modelo económico-social para Portugal. As conclusões a que chegamos são de que muito já se tem vindo a fazer em Portugal, que os fatores chave para estimular o investimento estão identificados e que os esforços têm obrigatoriamente de ser concertados, tanto entre as empresas, como entre as empresas e o Estado, através de uma abordagem coerente e de longo prazo. A ligação aos estabelecimentos de ensino, não só às Universidades, pode ser um fator relevante no sentido de se conseguir melhorar os sistemas e processos a custos controlados. Para se atingirem níveis elevados de produtividade é necessário investir em modernização, não apenas tecnológica, mas também operacional e dos métodos de trabalho. Principais desafios da indústria em Portugal 2013 9

Produtividade e custo dos fatores Variáveis chave para a indústria Quando falamos em produtividade e custo dos fatores, falamos em competitividade, que é um conceito sistémico porque depende do comportamento de diversas variáveis e não pode ser explicado por nenhuma delas de forma isolada. Os temas abordados neste capítulo são fulcrais não só para a o relançamento da indústria como setor de relevância para o país mas também para a sobrevivência da indústria atual. No que respeita à criação de novas indústrias, consideramos que, para que esta iniciativa tenha sucesso, é necessário encará-la não como um regresso ao passado, mas pensá-la na ótica do posicionamento do país nas cadeias de valor internacionais mais atrativas às nossas competências, com uma aposta em produtos transacionáveis de elevado valor acrescentado e recorrendo a tecnologia de ponta para posicionar a indústria portuguesa no estado da arte da indústria internacional. Ser mais produtivo é um desígnio nacional Para se atingirem níveis elevados de produtividade é necessário investir em modernização, não apenas no que diz respeito à evolução tecnológica (que é muito importante e necessária), mas também no que diz respeito à componente operacional e aos métodos de trabalho, como por exemplo, adotar métodos do tipo Lean ou Kaizen. Existem casos de empresas portuguesas que adotaram estes métodos e rapidamente verificaram ganhos significativos de produtividade. 10 PwC

As empresas industriais não podem almejar padrões elevados de produtividade se não estiverem atualizadas face às tendências internacionais e às melhores práticas do seu setor. Este investimento em modernização, para além dos benefícios diretos de curto prazo, gera também benefícios de médio-longo prazo, nomeadamente, uma maior qualificação dos recursos humanos, que por sua vez gera maior valor acrescentado na hora de trabalho. Em Portugal temos um problema de reduzido valor acrescentado bruto por capital empregue ou por trabalhador, devido, em grande parte, a métodos de trabalho pouco estruturados e não tanto ao número de horas trabalhadas por semana. Índice de produtividade por hora trabalhada 140 130 120 110 100 90 80 70 60 EU (27 países) 50 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Portugal República Checa Espanha Alemanha Holanda Fonte: Eurostat Principais desafios da indústria em Portugal 2013 11

Produtividade e custo dos fatores Existe uma correlação forte entre a produtividade dos trabalhadores e as condições que as organizações lhes proporcionam e temos vários exemplos de empresas que provam que quando bem formados e enquadrados, os trabalhadores da indústria portuguesa conseguem ombrear com os melhores do mundo. Outra forma de incrementar o grau de modernização das empresas industriais portuguesas e reduzir os custos dessa modernização é aproximar as universidades e os centros de investigação das empresas industriais, de forma a facilitar e acelerar a transferência de tecnologia e a aplicação do conhecimento. Outro fator inibidor da melhoria da produtividade é a denominada economia paralela ou informal, uma vez que ainda subsistem muitas empresas que a usam como fator de competitividade, deteriorando a capacidade concorrencial de empresas mais organizadas, produtivas e cumpridoras das regras estabelecidas. Para além das empresas que operam na economia paralela, existem ainda distorções à normal concorrência na economia formal, devido à existência de empresas que incumprem de forma sistemática as regras de operação e que não são punidas atempadamente. O custo dos fatores é um tema que carece de uma análise cuidada O custo dos fatores é uma questão muito relevante para a indústria portuguesa e, devido à heterogeneidade dos fatores, estes devem ser analisados de forma desagregada. A componente de custos laborais não é considerada prioritária Para ser possível fazer uma análise bem enquadrada dos custos laborais, tem de ser mencionado à partida que esta análise parte do pressuposto que se compara Portugal com países semelhantes ao nível das leis do trabalho e da aspiração coletiva para as condições de vida e conforto da população, ou seja, a título de exemplo, quando se refere que Portugal tem uma mão-de-obra barata, a comparação é feita com a média europeia e não com países asiáticos, como é o caso da China. Para a generalidade das empresas industriais portuguesas, a componente de custos laborais não é considerada prioritária. A mão-de-obra em Portugal é de baixo custo relativamente à média da UE, o que por vezes tem até um efeito negativo para a produtividade, uma vez que, sendo o retorno do investimento em tecnologia mais prolongado do que num cenário de custo de mão-de-obra elevado, existe um incentivo menor ao investimento. Um país com mão-de-obra barata é geralmente um país de baixa produtividade. Não é no custo da mão-de-obra que podem ser encontradas as soluções para o problema da produtividade na indústria portuguesa. Contudo, é necessária uma legislação laboral mais adaptada às necessidades de algumas empresas, nomeadamente as empresas que trabalham por turnos. 12 PwC

Os custos com a energia ocupam um lugar cimeiro nas preocupações das empresas industriais Os custos com energia representam um peso enorme e crescente para a generalidade das empresas, tanto pelo impacto direto dos custos nas receitas, como pelo enfraquecimento da competitividade face a concorrentes globais, com acesso a energia mais barata. Este problema pode significar, num futuro próximo, a inviabilidade de algumas das empresas que exercem atualmente a sua atividade em áreas onde o custo da energia é muito relevante. Para além dos custos da energia serem elevados devido à carga fiscal e à necessidade de recuperar os défices tarifários, as notícias para o futuro são ainda menos animadoras para a indústria portuguesa, uma vez que com a liberalização do mercado da eletricidade e do gás, o défice tarifário será imputado a todos os consumidores. Assim, não será possível discriminar entre particulares e empresas, o que acarreta um aumento da já pesada fatura energética das empresas industriais portuguesas e, logo, uma maior degradação da nossa competitividade. Acresce a este problema o desincentivo ao investimento em cogeração. Combustíveis Portugal 1,499 Dinamarca 1,482 Alemanha 1,479 Média EU 1,464 Espanha 1,479 1,392 República Checa 1,435 1,424 Nota: Os preços apresentados não incluem IVA 1,555 Valores em Euros por litro 1,667 1,653 1,709 Gasolina sem chumbo 95 Gasolina Diesel É possível verificar que Portugal não tem os custos de energia mais elevados da UE. Contudo, o grande problema é que, para a indústria portuguesa, os custos de energia são muito elevados e superiores aos custos de concorrentes diretos, como as empresas industriais espanholas. Gás natural Eletricidade Cêntimos de Euro por kwh Cêntimos de Euros por kwh Portugal 5,99 4,97 Portugal 10,09 18,61 Alemanha 6,00 8,43 Alemanha 11,42 25,98 República Checa 4,19 5,45 República Checa 9,99 14,87 Dinamarca 3,77 11,14 Espanha 9,93 19,49 Espanha 3,68 5,33 Dinamarca 9,77 30,22 Doméstico Indústrial Nota: Os preços apresentados não incluem os impostos dedutíveis (por exemplo: IVA) Fonte: Europe s Energy Portal - http://www.energy.eu/ Principais desafios da indústria em Portugal 2013 13

Produtividade e custo dos fatores Acresce a este facto a preocupação resultante das movimentações internacionais relativamente a este tema. O caso do shale gas nos EUA pode significar uma reviravolta no panorama competitivo internacional. Se os EUA, que também estão a passar por um processo de relançamento da sua indústria, conseguirem ter energia muito mais barata do que a Europa, poderá ser possível existir uma deslocalização de empresas industriais para o seu território. Daqui pode resultar uma alteração da atual posição competitiva dos diferentes players internacionais. A logística é estrutural. O transporte é maioritariamente rodoviário Atualmente, os custos com a logística são também uma preocupação das empresas exportadoras portuguesas. O problema da logística é estrutural e começou a sentir-se com as alterações verificadas recentemente no panorama económico português. Até ao início do período de ajustamento, Portugal era um país mais importador do que exportador e a tipologia das infraestruturas logísticas está adaptada a essa realidade passada. Com o início do período de ajustamento, a realidade do país alterou-se e Portugal começou a exportar mais do que importa, o que se revelou benéfico para a balança de transações correntes, mas trouxe problemas de adequação das infraestruturas de suporte. Por exemplo, as empresas industriais que pretendam exportar por via marítima, a partir de Portugal, têm de incorrer em custos de desalfandegagem que passam por ter camiões imobilizados nas suas fábricas à espera que os funcionários da alfândega procedam à desalfandegagem. Por outro lado, têm que incorrer em custos relativos à mobilização de contentores, tanto nas suas instalações (para transporte dos produtos a exportar) como nos camiões (para percorrerem os portos portugueses e levarem os contentores vazios para as instalações industriais). Para além destes exemplos, existem ainda os custos inerentes à utilização dos portos, que são mais elevados do que na generalidade dos portos da UE. Em Portugal, a opção logística mais dinamizada é a do transporte rodoviário, uma vez que é o tipo mais adequado para as importações provenientes dos países europeus, mas que coloca Portugal na periferia quando pensamos em exportar, representando, por vezes, uma fatura pesada para as empresas exportadoras. Quando Portugal importava mais do que exportava, pagava um custo marginal dos fretes de exportação, uma vez que aproveitava o regresso dos camiões que transportavam as mercadorias para Portugal. No cenário atual, Portugal exporta mais do que importa, pelo que, o custo do frete de transporte subiu significativamente. Tendo como objetivo uma posição estratégica central para exportar para os principais mercados mundiais, os meios mais adequados são o marítimo e o ferroviário. Atualmente, o meio ferroviário não está capacitado para constituir um elemento dinamizador e facilitador das exportações portuguesas pelo seu nível de desadequação, nomeadamente a nível das linhas férreas. Por outro lado, as infraestruturas de suporte à exportação por via marítima padecem de problemas relacionados com os seus processos e com a sua organização, que geram ineficiências onerosas para as empresas industriais que pretendam usar estes meios. 14 PwC

A morosidade dos processos de licenciamento e as duplicações, são um entrave à competitividade da indústria portuguesa. Os atuais processos de licenciamento são inibidores Outro custo que não deve ser descurado é o custo relativo ao licenciamento industrial em Portugal e a toda a burocracia em que as empresas se veem envolvidas para iniciar e manter a sua atividade. Estes processos em Portugal são um inibidor do investimento e representam custos elevados para as empresas, tanto ao nível dos custos diretos dos processos, como também do tempo perdido e consequente perda de receitas pela inatividade nesse período. Estes fatores, assim como o problema do atraso na chegada ao mercado devido à morosidade dos processos, é mais um entrave à competitividade da indústria portuguesa. Principais desafios da indústria em Portugal 2013 15

Produtividade e custo dos fatores Por exemplo, quando comparamos os atuais processos legais de avaliação de impacto ambiental com os processos de obtenção de licença ambiental, ambos apresentam muitas similaridades. No entanto, estes procedimentos têm de ser feitos em separado, através de diferentes interlocutores e com prazos distintos, o que gera obvias duplicações e ineficiências. Novas dinâmicas de financiamento para implementar os projetos Os custos financeiros são mais um dos problemas atuais das empresas industriais portuguesas. A generalidade das empresas portuguesas apostou numa estrutura de capital muito alavancada, aproveitando décadas de crédito barato. Muitas das empresas que recorreram a este mecanismo de financiamento das operações não têm agora facilidade em substituir o financiamento bancário por outras formas de financiamento das operações. No cenário atual, as empresas portuguesas são penalizadas pelo risco da República Portuguesa e, por isso, pagam um prémio de risco superior ao que pagaram nos últimos anos. Para além de este facto pesar na demonstração dos resultados, é mais uma agravante da nossa competitividade, pois as nossas empresas competem com empresas de países com menor risco e, consequentemente, com acesso a financiamento menos oneroso. Taxas de juro para novas operações em Portugal 7,54% 7,05% 6,90% 7,08% 6,18% 5,69% 5,75% 6,24% 5,24% 5,94% 5,71% 5,43% 5,34% 5,44% 4,34% 3,89% 3,53% 3,74% 3,34% 3,77% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Até 1M Mais de 1M Nota: Taxas de juro médias para novas operações: empréstimos a empresas não-financeiras Fonte: Banco de Portugal 16 PwC

Outro dos problemas que as empresas industriais enfrentam, principalmente as PMEs, e que é necessário resolver, é a dificuldade em obter garantias bancárias e seguros de crédito. Para que seja possível concretizar novos projetos industriais (novos investimentos ou modernização de estruturas já existentes) é necessário ter capital próprio, uma vez que o acesso à divida é hoje bastante limitado, sobretudo em projetos com maior risco. É assim fundamental, para que os projetos avancem, obter capital através dos acionistas ou parceiros, nacionais ou estrangeiros. Por outro lado, não sendo uma substituição dos mecanismos de dotação de capital, é necessária disponibilidade de crédito a conceder às empresas. Existem empresas que não estão a conseguir financiar-se, nomeadamente PMEs, com níveis de risco que não são atrativos para a banca. É, nesta área, importante o apoio do Governo na criação de mecanismos para mitigar este problema, através da criação de um banco de fomento, da atribuição dessa função à Caixa Geral de Depósitos ou por via da criação de programas de incentivos coordenados com os bancos privados. Todos os problemas anteriormente mencionados são graves para a sobrevivência e desenvolvimento da indústria portuguesa. Contudo, existe um problema que não é menos grave a incerteza. Com base na incerteza não é possível fazer planos credíveis para o futuro e isso traduz-se no receio de investir em Portugal e no desvio do investimento para outros destinos mais estáveis. Seria uma grande ajuda para o desenvolvimento da indústria em Portugal se existisse estabilidade e um pacto de regime sobre as matérias de fundo, nomeadamente a fiscalidade, para que, independentemente das alterações ou dos ciclos governativos, as linhas-mestras se mantivessem estáveis e os investidores, empresários e trabalhadores, soubessem com o que podiam contar. Principais conclusões 1. A indústria portuguesa tem de ser mais competitiva. Para tal, é necessário investimento em tecnologia, organização operacional e métodos de trabalho. 2. Muitas empresas industriais ainda necessitam de aumentar significativamente a sua competitividade, nomeadamente através do upgrade dos seus fatores internos, como por exemplo os métodos de trabalho. 3. O custo da mão-de-obra é um dos fatores menos relevantes para a indústria portuguesa, embora a legislação laboral deva ser adaptada às necessidades deste setor. 4. Os custos com a energia representam a principal preocupação ao nível dos custos, para a generalidade das empresas industriais em Portugal. Ao cenário atual somam- -se as más notícias para o futuro, que podem, não só pôr em causa o relançamento da indústria como setor de relevância no país, como também a viabilidade de muitas empresas atuais. 5. A questão logística é também uma preocupação porque os custos são elevados e, principalmente, porque as condições logísticas do país não estão adaptadas às reais necessidades das empresas exportadoras. 6. O Governo pode ter aqui um papel fundamental, reorganizando e dinamizando as infraestruturas de suporte à exportação. 7. O licenciamento e demais processos exigidos são também fatores identificados como inibidores do desenvolvimento industrial. 8. Também aqui, o Governo pode ter um papel decisivo na resolução deste problema, posicionando-se como entidade facilitadora e redefinindo os processos de modo a servirem a atividade industrial e as suas necessidades. 9. Para tornar possíveis os projetos industriais é necessário capital, tanto pela via da dotação de capital, como pela via do acesso ao financiamento. Na generalidade, os projetos industriais em Portugal precisam de um reforço de capital próprio, que pode ser realizado através da entrada de novos investidores (incluindo private equity ), mas também através de políticas mais prudentes de autofinanciamento. 10. É necessária estabilidade para se avançar com o relançamento da indústria em Portugal. São necessários pactos de regime para as matérias de fundo, com especial relevância para a estabilidade fiscal, e é necessário traçar- -se, como no passado, um caminho para a indústria e uma estratégia para a economia portuguesa como um todo. Principais desafios da indústria em Portugal 2013 17

A inovação na indústria portuguesa (Saber) valorizar o conhecimento existente! Portugal encontra-se bem posicionado no que diz respeito ao investimento das empresas em Investigação e Desenvolvimento (I&D), contudo os resultados, ou seja, a criação de valor pelo desenvolvimento de novos produtos/ serviços (Inovação), têm ficado aquém das expectativas, tendo em conta o investimento realizado. Urge portanto, identificar onde atuar no processo de inovação empresarial e como a indústria portuguesa pode e deve valorizar o seu ativo mais importante: o conhecimento! Apesar de bem posicionados em I&D, os investimentos ainda não valorizam o conhecimento adquirido. 18 PwC

16º Portugal já atingiu algumas metas europeias, posicionando-se no 16º lugar do ranking do Innovation Union Scoreboard 2011. Principais desafios da indústria em Portugal 2013 19

A inovação na indústria portuguesa Nos últimos anos, graças ao esforço dos sucessivos Governos, a economia portuguesa tem vindo a aplicar mais recursos financeiros e humanos em Investigação, Desenvolvimento e Inovação. Este esforço resultou na melhoria de alguns rankings e de indicadores relativos à despesa, à qualificação em ciência e tecnologia e à publicação científica. Efetivamente, Portugal já atingiu algumas destas metas europeias, posicionando-se no 14º lugar do ranking do Innovation Union Scoreboard 2011 referente às despesas de I&D Público (% do PIB) e no 20º lugar no que diz respeito ao investimento em I&D pelas próprias empresas (comparação com os 27 países da União Europeia). Innovation Union Scoreboard 2011 País Índice sintético de Inovação (UE35) Índice sintético de Inovação (UE27) Financiamento e Apoio Despesas em I&D Público (% do PIB) Capital de Risco (% do PIB) Investimento das Empresas Despesas em I&D das empresas (% do PIB) Linkages e Empreendedorismo Inovadores PME a inovar in-house (% das PME) PME inovadoras em colaboração com outras (% das PME) Publicações publicoprivadas (por milhão de habitantes) PME que introduziram inovações de produtos ou processos (% das PME) PME que introduziram inovações de marketing ou organizacionais (% das PME) Portugal 20º 16º 14º 12º 20º 10º 13º 25º 3º 8º Espanha 22º 18º 15º 13º 19º 23º 29º 22º 23º 23º Grécia 24º 20º 27º 23º 32º 13º 12º 23º 13º 3º Fonte: Comissão Europeia, Innovation Union Scoreboard (IUS) 2011 Nota: O IUS é o instrumento desenvolvido pela Comissão Europeia que, seguindo a Estratégia de Lisboa, tem o intuito de avaliar e comparar a performance dos Estados Membros na área da inovação. O IUS inclui indicadores de inovação e análises de tendêcia para os Estados Membros da UE27 assim como, Croácia, Islândia, Noruega, Sérvia, Suíça, Turquia e República Jugoslava da Macedónia. Os países como EUA, Japão, Brasil, China, India e Russia aparecem mencionados no relatório mas servem apenas de referência por serem os principais concorrentes 20 PwC