Dança 16, 17 Abril 2010 Pororoca De Lia Rodrigues
Sammi Landweer Criação Lia Rodrigues Dançado e criado em estreita colaboração com Amália Lima, Allyson Amaral, Ana Paula Kamozaki, Leonardo Nunes, Clarissa Rego, Carolina Campos, Thais Galliac, Volmir Cordeiro, Priscilla Maia, Calixto Neto, Lidia Laranjeira Com a participação na criação de Gabriele Nascimento, Jeane de Lima, Luana Bezerra Dramaturgia Silvia Soter Luz Nicolas Boudier Figurino João Saldanha e Marcelo Braga Assistente de coreografia para a criação Jamil Cardoso Assistente geral e professora Amália Lima Co-produção Théâtre Jean Vilar de Vitry-sur-Seine, França; Théâtre de la Ville, Paris, França; Festival d Automne Paris, França, Centre National de danse contemporaine d Angers, França e Kunstenfestivaldesarts, Bruxelas-Bélgica. Esta criação inscreve-se no quadro do projecto de associação com o Théâtre Jean-Vilar, de Vitry-sur-Seine, França, com o apoio do Conseil régional d Île-de- France a título de residência artística, e o apoio da ONDA / França e do Espaço SESC Rio de Janeiro. Uma parceria com a REDES de Desenvolvimento da Maré. A Lia Rodrigues Companhia de Danças recebeu financiamento da Petrobras através da Lei Rouanet Lei Federal de Incentivo à Cultura dinheiro público, originário de renúncia fiscal, dentro do programa Petrobrás Cultural 2007 de Manutenção por 2 anos de Grupos e Companhias de Teatro e Dança. Sex 16, Sáb 17 de Abril 21h30 Grande Auditório Duração: 50 min M12 Pororoca Do tupi poro rog que significa estrondar, Pororoca é um fenômeno natural provocado pelo confronto das águas dos rios com as águas do mar. Na França é conhecido como mascaret, no Reino Unido recebe o nome de bore, na Índia de macaréu. No Brasil, acontece na foz do Rio Amazonas. Esse encontro violento que pode derrubar árvores e alterar as margens dos rios é, ao mesmo tempo, um processo frágil, resultado de um delicado balanço de fatores da natureza. Pororoca é encontro de correntes contrárias. Forma ondas e altera as margens, provoca ruídos e calmaria. É arrastão, mistura, choque, invasão. Lia Rodrigues Um instante de vida na favela Há seis anos que a coreógrafa brasileira Lia Rodrigues apresenta as suas peças em França. Há seis anos que partilhamos o seu grito, que apreciamos a sua militância, que não podia ser mais sincera, a favor dos deserdados, que vivemos a sua necessidade de denunciar a pobreza e a miséria. E, também, a sua luta para promover a dança contemporânea no Brasil. É essa luta, são esses laços que foi tecendo num clima de confiança e partilha com os seus bailarinos, esse intenso labor quotidiano no seio da favela, que ela quer fazer-nos descobrir. Pororoca evoca, de facto, a necessidade de estar juntos num mesmo espaço, de construir momentos de encontro, de fuga, de solidão. E, acima de tudo, de esperança. Tal como as suas peças anteriores, Pororoca é marcada por uma grande generosidade mas também por uma violência contida, perfeitamente dominada. É realmente esta sensação incontornável de violência e de pobreza que condiciona o nosso primeiro olhar sobre a peça, lembrando-nos que no Brasil a morte está em toda a parte e a vida está sempre presa por um fio. E no entanto a vida é mais forte que a morte; nada a contém, como testemunha a efervescência dos corpos entrelaçados num círculo símbolo, sem dúvida, da solidariedade e as disputas brutais ao longo de toda a peça, como um leitmotiv. E as cenas em que o amor é mais bestial do que humano E como são saborosos e repousantes os poucos momentos de acalmia e de silêncio que a pontuam! Como são comoventes os momentos de descoberta do Outro, de 3
partilha de laranjas saboreadas com verdadeiro prazer E que dizer do final em que os bailarinos, num súbito ardor, se voltam brutalmente para o público, o olhar interrogador, insistente: Vêem como nós vivemos, lá longe, enquanto vocês deambulam tranquilamente pelas vossas ocupações, na mais perfeita serenidade? Ao encenar de novo o caos, Lia Rodrigues quer fazer-nos compreender que a ordem nasce precisamente do caos e que é preciso encontrar uma forma de lidar com ele, aconteça o que acontecer. Em 2009 assinalou-se finalmente o resultado do seu trabalho social e pedagógico na favela da Maré, no Rio de Janeiro, com a reabilitação de um hangar para construir um centro de formação, de criação e de difusão artística. Todos, diz ela, terão ali lugar, Sammi Landweer com as suas semelhanças e as suas diferenças, uns ao encontro dos outros, uns com os outros O que nos une e separa, as singularidades e a pluralidade. E conclui: Continuo porque estou sempre, eu própria, em reconstrução. Fazer arte, no Brasil, hoje, é estar sempre em reconstrução. E é assim a vida. J.M. Gourreau in http://critiphotodanse.e-monsite.com/ blog.html Desde que criou a sua própria companhia no Brasil, no início dos anos 90, empenhando-se igualmente num trabalho com habitantes das favelas e criando um festival de dança contemporânea, Lia Rodrigues desenvolveu o seu próprio universo coreográfico, que seria abusivo arrumar definitivamente na categoria de dança-teatro. Única no seu género é a forma como ela tira partido da cultura brasileira e do lugar que nela têm as representações do corpo, como acontece no magnifico Encarnado, de 2005, e como testemunha o título desta nova criação, Pororoca, que faz referência ao mundo dos índios Tupi. Mas, no limiar desta nova peça, somos tentados a reencontrar em Lia Rodrigues a propensão que Pina Bausch tinha para fazer imergir, na ramificação de um trabalho, essa aliança preciosa entre a singularidade das pessoas que os intérpretes são e a coesão de um colectivo. Jean-Marc Adolphe in programa Novembro-Dezembro de 2009 do Théatre de la Ville, Paris. Os corpos explodem, buscam acordos, inventam formas, investem nas maneiras de se juntar, de lidar com o outro, de encontrar sintonias. O que distingue o abraço do desejo do abraço da disputa? E redefinem, com a estrutura de lego com que vão organizando seus materiais, que a célula que tudo articula é o contato com o outro desmontando, assim, o modo habitual de apoiar a dança em desempenhos individuais. O precioso duo de Volmir Cordeiro e Thaís Galliac representa apenas um de muitos outros que se reinventam. São bailarinos-respingos, corposturbulências, corpos-pororocas de microviolências de distintas intensidades. Evidentemente, não poderiam ficar represados, pois a pororoca é da natureza do descontrole. Trazem a Amazónia para o espaço do público e, depois, a despejam na rua, que, afinal, também já estava lá dentro. Do palco, que fica vazio, vai surgindo a impressão de que aquelas imagens tão poderosas que acabaram de ali ser construídas, servem para nos lembrar que é mesmo muito mais fácil soltar do que perseverar na busca de contato com o outro. Helena Katz in jornal O Estado de São Paulo, 5 de Abril de 2010. 4 5
Lia Rodrigues Nascida no Brasil, fundou em 1977 o Grupo Andança, após uma formação em dança clássica em São Paulo. Entre 1980 e 1982, faz parte da companhia Maguy Marin (França). De volta ao Brasil, instala-se no Rio de Janeiro, onde em 1990 funda a sua própria companhia, Lia Rodrigues Companhia de Danças. As suas coreografias recebem numerosos prémios, tanto no Brasil como no estrangeiro. Além de encenar e produzir os seus próprios espectáculos, Lia Rodrigues é também produtora cultural: cria o festival anual de dança contemporânea Panorama Rioarte de Dança, que dirige até 2005. Em parceria com a REDES, instala a sua companhia na Favela da Maré, onde desenvolve o projecto artístico Residência Resistência. Em 2005 cria Encarnado, que é apresentado por toda a Europa, em Montreal (Canadá) e no Brasil. Seguem-se duas encomendas: Contre ceux qui ont le goût difficile, de Jean de la Fontaine, para a Petite Fabrique e Hymnen, música de Karlheinz Stockhausen, para o CCN Ballet de Lorraine, uma peça colectiva com Didier Deschamps e Gérard Fromanger. Pororoca, estreada no Outono de 2009, é a segunda peça que desenvolve na Maré, com 11 bailarinos, a partir de um trabalho de leituras comuns, improvisações e exploração de variações inspiradas no confronto entre o singular e o plural. Lia Rodrigues é uma militante de corpo e alma para quem fazer arte, hoje, é restaurar, deslocar, demolir, reparar, preparar o terreno para que a obra possa existir. Próximo espectáculo IndieLisboa 10 Festival Internacional de Cinema Independente Cinema De Qui 22 Abril a Dom 2 Maio 10h30 23h45 M16 (excepto IndieJúnior) Organização Zero em Comportamento De 22 Abril a 2 de Maio, a 7ª edição do IndieLisboa volta a trazer a Portugal o melhor e mais recente cinema de todo o mundo. Longas e curtas metragens de ficção, documentário e animação vão poder ser vistas na Culturgest, este ano pela primeira vez co-produtora do festival, assim como nos cinemas São Jorge, Londres e City Classic Alvalade. Serão 11 dias repletos com cerca de 250 filmes (na sua esmagadora maioria inéditos em Portugal) distribuídos pelas nove secções que compõem o festival: Competição Internacional, Competição Nacional, Observatório, Cinema Emergente, Herói Independente, Director s Cut, IndieMusic, Pulsar do Mundo e IndieJúnior. A estas juntam-se várias sessões especiais e actividades paralelas como debates, conferências e masterclasses com a participação de profissionais de cinema nacionais e estrangeiros. Entre os destaques da programação desta sétima edição do IndieLisboa, merecem referência a homenagem à realizadora Heddy Honigmann (com a apresentação de uma retrospectiva integral da obra de uma das maiores documentaristas do cinema contemporâneo) e a celebração do 40º aniversário da secção Fórum do Festival de Berlim através de uma selecção de filmes ali revelados, escolhidos por realizadores que também fazem parte da história de um dos mais importantes festivais mundiais. A programação do festival é permanentemente actualizada em www.indielisboa.com Os portadores de bilhete para o espectáculo têm acesso ao parque de estacionamento da Caixa Geral de Depósitos. 6
Conselho de Administração Presidente António Maldonado Gonelha Administradores Miguel Lobo Antunes Margarida Ferraz Assessores Dança Gil Mendo Teatro Francisco Frazão Arte Contemporânea Miguel Wandschneider Serviço Educativo Raquel Ribeiro dos Santos Pietra Fraga Diana Ramalho estagiária Direcção de Produção Margarida Mota Produção e Secretariado Patrícia Blázquez Mariana Cardoso de Lemos Jorge Epifânio Exposições Coordenação de Produção Mário Valente Produção e Montagem António Sequeira Lopes Produção Paula Tavares dos Santos Montagem Fernando Teixeira Culturgest Porto Susana Sameiro Comunicação Filipe Folhadela Moreira Inês Loução estagiária Marta Ribeiro estagiária Publicações Marta Cardoso Rosário Sousa Machado Actividades Comerciais Patrícia Blazquez Clara Troni Catarina Carmona Serviços Administrativos e Financeiros Cristina Ribeiro Paulo Silva Teresa Figueiredo Direcção Técnica Eugénio Sena Direcção de Cena e Luzes Horácio Fernandes Assistente de direcção cenotécnica José Manuel Rodrigues Audiovisuais Américo Firmino coordenador Paulo Abrantes chefe de áudio Tiago Bernardo Iluminação de Cena Fernando Ricardo chefe Nuno Alves Maquinaria de Cena José Luís Pereira chefe Alcino Ferreira Técnico Auxiliar Álvaro Coelho Frente de Casa Rute Sousa Bilheteira Manuela Fialho Edgar Andrade Recepção Sofia Fernandes Ana Sofia Magalhães Auxiliar Administrativo Nuno Cunha Colecção da Caixa Geral de Depósitos Isabel Corte-Real Inês Costa Dias Maria Manuel Conceição António Rocha estagiário Soraia da Silva estagiária Susana Sá estagiária Edifício Sede da CGD Rua Arco do Cego, 1000-300 Lisboa, Piso 1 Tel: 21 790 51 55 Fax: 21 848 39 03 culturgest@cgd.pt www.culturgest.pt Culturgest, uma casa do mundo