UM MODELO DE AVALIAÇÃO PARA DISCIPLINAS QUE ADOTAM TRABALHOS EM GRUPOS



Documentos relacionados
A PRÁTICA DA INTERDICIPLINARIEDADE NO ENSINO DE PROJETOS DE MOLDES E MATRIZES NO CURSO DE TECNOLOGIA EM MECÂNICA DO IST

MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Acompanhamento de um Projeto Didático

ANÁLISE DE DIFERENTES MODELOS DE ATRIBUIÇÃO DE NOTAS DA AVALIAÇÃO INTEGRADORA (AVIN) DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DO UNICENP

Manual do Trabalho de Conclusão de Curso

DO OBJETIVO DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES

UM MODELO PARA AVALIAÇÃO DE PRÉ-REQUISITOS ENTRE DISCIPLINAS DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

DIAGRAMA DE ATIVIDADES

REGIMENTO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

Tópicos em Otimização Fundamentos de Modelagem de Sistemas

Roteiro para elaboração do Projeto de Monografia do Curso de Graduação em Ciências Econômicas Rio de Janeiro

REGULAMENTO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO COMUNICAÇÃO SOCIAL PUBLICIDADE E PROPAGANDA FAPEPE FACULDADE DE PRESIDENTE PRUDENTE

3. Fase de Planejamento dos Ciclos de Construção do Software

FMEA (Failure Model and Effect Analysis)

REGULAMENTO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA I INTRODUÇÃO

OLIMPIADAS DE MATEMÁTICA E O DESPERTAR PELO PRAZER DE ESTUDAR MATEMÁTICA

06 a 10 de Outubro de 2008 Olinda - PE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO ESCOLAR INTEGRADORA LATO SENSU MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO

REGULAMENTO DA DISCIPLINA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - PEDAGOGIA Câmpus de Itatiba e Bragança Paulista

RESOLUÇÃO CEPE/CA N 0245/2009

CONSIDERAÇÕES GERAIS DA COMISSÃO DE MONOGRAFIA

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

RELAÇÕES ENTRE O DESEMPENHO NO VESTIBULAR E O RENDIMENTO ACADÊMICO DOS ESTUDANTES NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS DA UFSCAR

RESOLUÇÃO Nº 57/2001, DE 12 DE SETEMBRO DE 2001

das demais previsões relativas ao estágio previstas no Projeto Pedagógico do Curso, no Regimento Interno e na Legislação.

A otimização é o processo de

ANEXO II. Regulamentação da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado. Capítulo I Da admissão

6 A coleta de dados: métodos e técnicas utilizadas na pesquisa

Astra LX Registro de Pacientes e Médicos Guia para o acesso aos registros de Pacientes e Médicos e eliminação de dados duplicados no AstraLX

2. - Os cursos objetos deste Artigo são destinados a portadores de diploma de nível superior, devidamente reconhecido ou revalidado.

Cálculo da distância mínima a um. obstáculo para produção de eco

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Bacharelado em Sistemas de Informação Trabalho de Diplomação

A TEORIA DOS GRAFOS NA ANÁLISE DO FLUXOGRAMA DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UFF

Regulamento de Avaliação e Frequência 2014

Relatório Simplificado

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA UESB PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PPG. NORMA INTERNA Nº PPGEd 7 de janeiro de 2014

REGULAMENTO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO I INTRODUÇÃO

Título da Pesquisa: Palavras-chave: Campus: Tipo Bolsa Financiador Bolsista: Professor Orientador: Área de Conhecimento: Resumo

Guia do Professor As Fases da Lua

Terceira Avaliação Visualg & Pascal

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE BARRRETOS - UNIFEB PROJETO INTEGRADO

REGULAMENTO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO DO CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS I INTRODUÇÃO

Síntese do Projeto Pedagógico do Curso de Sistemas de Informação PUC Minas/São Gabriel

Manual de Estágio e Trabalho de Conclusão de Curso dos Curso de Administração, Sistemas de Informação e Ciências Contábeis.

Promessa: Manter os salários dos trabalhadores com ganhos reais acima da inflação.

Fundamentos de Física e Matemática para Biologia-FFCLRP-USP Primeiro Semestre de 2007 Professor: Antônio C. Roque (DFM-FFCLRP-USP)

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO EDITAL - N.º 084/2015

Material de apoio. Aula 05 Normas brasileiras de contabilidade Normas técnicas de auditoria independente

ADMINISTRAÇÃO I. Família Pai, mãe, filhos. Criar condições para a perpetuação da espécie

Eng Civil Washington Peres Núñez Dr. em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

O planejamento do projeto. Tecnologia em Gestão Pública Desenvolvimento de Projetos Aula 8 Prof. Rafael Roesler

IERGS PÓS-GRADUAÇÃO MANUAL DE ESTÁGIO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL 2010

ISO 9001: SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE

Reconhecimento de Padrões Utilizando Filtros Casados

Faculdade Sagrada Família

9 Como o aluno (pré)adolescente vê o livro didático de inglês

Metodologia para seleção de amostras de contratos de obras públicas (jurisdicionados) utilizando a programação linear aplicativo Solver

Selma Regina Garcia Neves Terezinha Valim Oliver Gonçalves Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico UFPa Belém Pa

TÍTULO I DA NATUREZA, DAS FINALIDADES CAPÍTULO I DA NATUREZA. PARÁGRAFO ÚNICO Atividade curricular com ênfase exclusiva didático-pedagógica:

REGULAMENTO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO DO CURSO DE NUTRIÇÃO CURRÍCULO 2 I INTRODUÇÃO

Manual de Estágio Supervisionado. Curso de Engenharia Civil da UFC

UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA. Projeto Integrado Multidisciplinar I e II

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO EM ENGENHARIA AGRONÔMICA (TCC EA)

SISTEMA DE PROGRAMAÇÃO E PLANEJAMENTO DE INSPEÇÃO DE

PROFESSOR PEDAGOGO. ( ) Pedagogia Histórico-Crítica. ( ) Pedagogia Tecnicista. ( ) Pedagogia Tradicional. ( ) Pedagogia Nova.

ESTUDO DE VIABILIDADE. Santander, Victor - Unioeste Aula de Luiz Eduardo Guarino de Vasconcelos

Desenvolvimento de uma Etapa

4- PROJETO DE BANCO DE DADOS

INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Curso: BACHAREL EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

CAPÍTULO 2. Grafos e Redes

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - CEE

Uma abordagem comparativa do gerenciamento da qualidade do projeto

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

Planejamento - 7. Planejamento do Gerenciamento do Risco Identificação dos riscos. Mauricio Lyra, PMP

Ciclo de Estudos Contábeis de Curitiba CECOC 2º Prêmio Científico Cecoc

E-learning para servidores públicos de nível médio

MANUAL DO PIM Programa de Integração com o Mercado

O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL PROPAGANDA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

REGULAMENTO DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Qualidade é o grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos. ISO 9001:2008

RESOLUÇÃO UnC-CONSUN 001/2015

MATEMÁTICA FINANCEIRA BÁSICA

Modelagem Matemática Aplicada ao Ensino de Cálculo 1

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO UM INSTRUMENTO DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Nota Técnica 113/2007 SRD/SRE/ANEEL Metodologia para Projeção de Investimentos para o Cálculo do Fator X Contribuição da Audiência Publica 052/2007

ENSINO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DA PARAÍBA

Integrando o Framework I* com a Gerência de Risco

Prova Escrita de Inglês

Distribuição de probabilidades

CHAMADA DE TRABALHOS

MODELANDO O TAMANHO DO LIXO

PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO COMO UM MEIO DE MOTIVAÇÃO. Celina Pinto Leão Universidade do Minho

REGULAMENTO PROGRAMA DE INCENTIVO Um Sonho de Natal

3 Previsão da demanda

Formulário de Aprovação de Curso e Autorização da Oferta PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO. Formação Continuada em Inglês para professores de Inglês

Transcrição:

UM MODELO DE AVALIAÇÃO PARA DISCIPLINAS QUE ADOTAM TRABALHOS EM GRUPOS Valério A. P. Salomon salomon@feg.unesp.br Universidade Estadual Paulista, Departamento de Produção Av. Ariberto Pereira da Cunha, 6-0 Guaratinguetá SP Fernando A. S. Marins fmarins@feg.unesp.br Resumo: Em muitas disciplinas os estudantes são avaliados a partir de seminários desenvolvidos em grupos sobre temas de escolha do professor. Nesse artigo, um modelo para avaliar cada membro dos grupos de trabalho é apresentado. Baseando-se em um processo de avaliação por pares, o modelo, que adota os conceitos de função utilidade, calcula a nota final de cada estudante. Dois exemplos reais de utilização do modelo proposto são apresentados. Palavras-chaves: Trabalho em grupos, Avaliação por pares, Função de utilidade. INTRODUÇÃO Em disciplinas cujo conteúdo inclui cálculos, como Planejamento e Controle da Produção, o processo de avaliação consiste, geralmente, da realização de provas ou testes individuais. Tal abordagem de avaliação é denominada abordagem tecnológica (DEPRESBITERIS, 998). Em disciplinas que não envolvem a aplicação de técnicas matemáticas, geralmente, optase por abordagens humanistas de avaliação (MCNEIL, 98 apud DEPRESBITERIS, 998), como discussões em grupo, análise da participação dos alunos nas aulas, etc. Como o próprio nome sugere, abordagens de avaliação humanistas buscam a motivação dos alunos. A subjetividade da atribuição de notas dificulta a adoção de abordagens humanistas. O presente artigo propõe a utilização de uma escala específica e da função utilidade (EENEY & RAIFA, 996; SHIMIZU, 00) para reduzir ou eliminar esta subjetividade. Este artigo também propõe a utilização da avaliação por pares (ERN et al., 00; CORRÊA NETO, 00) no processo de avaliação individual de trabalhos em grupos. Ou seja, os alunos são responsáveis pela atribuição de notas para os demais grupos, mas, não avaliam o seu próprio grupo. Essa proposta busca, além da motivação, um maior comprometimento dos alunos com a disciplina. O artigo está estruturado como se segue. Na próxima seção, apresenta-se o modelo proposto, com a utilização da função utilidade para a validação das notas de grupos a partir da avaliação por pares. Na seção seguinte, dois exemplos reais de utilização do modelo proposto

são apresentados. O trabalho se encerra com considerações gerais do modelo proposto e de temas para novas pesquisas, seguidos das referências bibliográficas.. MODELO PROPOSTO Propõe-se neste trabalho uma abordagem humanista de avaliação que delegue aos alunos, também, a divisão da turma de alunos em grupos. O número de alunos por grupo, n i, deve ser função do número de alunos na turma, N, do tempo disponível para a apresentação, e de fatores subjetivos como o envolvimento dos alunos nos grupos e a troca de experiências intragrupo. Para fins de modelagem do problema, a ij representa o j-ésimo aluno do i-ésimo grupo, G i, conforme a equação (): G i = { ai, ai, ai, L a ini } () Sugere-se também o uso de uma escala específica de notas para facilitar a atribuição das notas pelos alunos no processo de avaliação por pares. A Tabel apresenta uma escala para uma disciplina cuja nota para aprovação deva ser maior ou igual 7 pontos. Tabel Escala de notas para a apresentação dos grupos Pontuação Explicação 6 Trabalho reprovado: conteúdo muito fraco, apresentação confusa, postura inadequada dos apresentadores, etc. 7 Trabalho com bom conteúdo, mas com apresentação razoável. 8 Trabalho com bom conteúdo e boa apresentação. 9 Trabalho com conteúdo excelente e boa apresentação. 0 Trabalho com conteúdo excelente e apresentação impecável. Observa-se que, segundo a escala apresentada na Tabel, os alunos devem atribuir notas para os grupos com valores entre 6 e 0 pontos. O professor deve garantir que os alunos de um grupo que apresente um trabalho com conteúdo insatisfatório não sejam autoavaliados. Este fato é importante porque as notas atribuídas pelo aluno aos demais grupos terão impacto na sua própria nota final, conforme apresentado a seguir. Assim, se um grupo fizer uma apresentação muito fraca, será excluído do processo de avaliação. Os alunos deste grupo devem ser reavaliados de acordo com o projeto pedagógico do curso e diretrizes da instituição de ensino. Este processo de reavaliação, no entanto, não se inclui no escopo deste trabalho. Os alunos devem avaliar apenas as apresentações dos demais grupos, ou sejam, não avaliam o seu grupo. As notas, p ijk, atribuídas pelos alunos, a ij, aos grupos, G k, compõem a matriz de avaliação por pares apresentada na Figur. G G G G p p p p G N p N p N M M M M n pn p n pn N p N G p p a p p p N M M M M

an p n pn pn N M M M M G N a N p N p N a N p N p N pn N pn N M M M M p ann N pnn N Nn N p NnN p NnN N Figur Matriz de avaliação por pares Para cada grupo, G k, pode ser obtida uma nota, g k, a partir da média aritmética dos componentes de sua respectiva coluna na matriz de avaliação por pares, conforme a equação (): g k = N nn i= j= p N n N ijk () Numa segunda etapa, procura-se calcular os desvios observados, com relação às médias aritméticas, nas notas atribuídas pelos alunos. Essa matriz de desvios absolutos pode ser obtida a partir da matriz de avaliação por pares. Os valores de desvios absolutos p ijk são calculados conforme a equação (): d ijk = p ijk - g k () Para cada aluno, a ij, pode-se obter o desvio absoluto acumulado, s ij, obtido com a soma dos componentes da matriz de desvios absolutos de sua respectiva coluna na matriz de desvios absolutos, conforme a equação (): N = n s ij d ijk k = () Para que se possa somar a nota do grupo com a nota da avaliação feita pelo próprio aluno, a partir do desvio absoluto acumulado, propõe-se que seja adotada a utilidade, u ij, para o desvio absoluto acumulado, conforme mostrado na Figura, onde s é o menor componente da matriz de desvios absolutos e S é a soma das notas dos grupos. Figura Utilidade do desvio absoluto acumulado u ij Observa-se que a função 0 utilidade proposta para o desvio absoluto se trata de uma função utilidade linear (EENEY, 998). A explicação para a linearidade da curva e seus limites é a seguinte: - o aluno que cometer menos erros de avaliação obtém u ij = 0; - o aluno que faltar todas as apresentações obtém u ij = 0; - os demais alunos obtêm 0 s u ij proporcionais aos s ij. S s ij

Um aspecto relevante do modelo proposto é que no cálculo de u ij serão subtraídos valores proporcionais às notas dos grupos cujas apresentações o aluno a ij não assistir. Ou seja, se o aluno a ij não estiver presente na apresentação do grupo G k, obtém-se d ijk = g k. Contudo, devese ter o cuidado de não incluir, para este aluno, a nota p ijk = 0 na matriz de auto-avaliação, o que comprometeria o cálculo de g k. A nota individual de cada aluno, x ij, será a média aritmética entre a nota do grupo ao qual o aluno pertence, g i, e a utilidade do seu desvio absoluto acumulado, u ij. A próxima seção apresenta dois exemplos ilustrativos de aplicação do modelo proposto, ambos baseados em dados reais.. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO. Informação comum à aplicação do modelo nos dois exemplos O modelo proposto, apresentado na seção anterior, foi aplicado em duas disciplinas distintas, pelo mesmo professor, na mesma instituição. As duas disciplinas possuíam a mesma nota de aprovação (no mínimo 7,0 pontos) e havia em torno de 0 alunos em cada. Assim, as turmas foram divididas em seis e sete grupos de alunos (respectivamente, Exemplos e ) e as apresentações dos trabalhos foram realizadas em dois dias, para as duas disciplinas. O modelo foi apresentado aos alunos na aula inicial de cada disciplina. No primeiro dia de apresentação dos trabalhos em grupos o modelo foi reapresentado com detalhes. Um formulário de avaliação, contendo a Tabel, foi entregue a cada aluno. O formulário preenchido foi recolhido pelo Professor ao final do primeiro dia de apresentação e devolvido aos alunos no segundo dia para a avaliação das demais apresentações. Deste modo, os alunos tiveram a oportunidade de rever as notas atribuídas aos grupos que avaliaram no primeiro dia... Exemplo : disciplina de graduação Trata-se de uma disciplina anual, com alunos, em que o plano de ensino prevê a realização de seis trabalhos em grupos. Este exemplo refere-se ao primeiro trabalho, que consistia na análise da organização de uma empresa específica. Ou seja, os grupos apresentaram trabalhos sobre o mesmo tema, mas, com objetos de estudo (empresas) diferentes. A turma se dividiu formando seis grupos: cinco grupos com cinco alunos e um grupo com seis alunos. A Figura apresenta a matriz de avaliação por seus pares e as notas dos grupos, g i. A ordem dos grupos é a ordem de apresentação. Assim, os grupos G, G e G apresentaram no primeiro dia e os grupos G, G e G 6 apresentaram no segundo. G G G G G G 6 0 9 8 G 8 8 9 9 8 8 9 9 9 9 6 8 9 0 9 8 7 8 8 G

a 8 8 8 8 9 a 8 8 9 9 9 a 8 8 9 8 0 a 8 8 8 8 8 a 8 7 7 7 8 G a 8 7 7 7 8 a 0 8 0 9 0 a 8 7 8 8 9 a 9 8 9 8 9 a 8 7 8 8 9 G a 8 7 0 8 0 a 8 7 8 8 8 a 8 7 8 8 9 a 8 7 9 8 9 a 8 8 G a 7 7 7 8 7 a 8 7 8 8 8 a 8 7 8 8 8 a 8 7 8 8 8 7 8 G 6 8 7 9 0 8 8 8 8 9 8 8 7 9 8 8 8 7 9 0 9 g i 8,0 7, 8, 8, 8, 8,6 Figura Matriz de avaliação por seus pares e notas dos grupos (Exemplo ) Observa-se na Figura que, para os alunos,,,, a e, faltam componentes da matriz de avaliação por seus pares, além dos componentes da coluna de seu respectivo grupo. Este fato se deve a ausência de alunos, a ij, na apresentação dos grupos G k. A Figura apresenta a matriz de desvios absolutos e os valores de desvio absoluto acumulado para cada aluno. Observa-se que o menor valor de desvio absoluto acumulado é igual,. Observa-se ainda que, para os alunos mencionados no parágrafo anterior, obtevese os maiores valores de desvio absoluto: 6,, 7,, 6,, 8,,,8 e,, respectivamente para,,,, a e. G G G G G G G 6 s ij 7, 8,, 0,9 0,6 8,7

G G G G 6 a a a a a a a a a a a a a a a a a 0,6 0, 8, 8, 8,6 6,,6 0,7 8, 8, 8,6 7, 0,6 0, 8, 8, 8,6 6,,6 0,7 0, 8, 0,, 0,6 0,7, 0,9 0,6,,0 0, 8, 8, 0,6 8, 0,0 0, 0, 0, 0,, 0,0 0, 0, 0,9 0,, 0,0 0, 0, 0,,, 0,0 0, 0, 0, 0,6, 0,0 0,,, 0,6,6 0,0 0,,, 0,6,6,0 0,6, 0,9, 6, 0,0 0, 0, 0, 0,,,0 0,6 0, 0, 0,,6 0,0 0, 0, 0, 0,, 0,0 0,,7 0,,,6 0,0 0, 0, 0, 0,6, 0,0 0, 0, 0, 0,, 0,0 0, 0,7 0, 0,,6 8,0 7, 8, 0, 0,6,8,0 0,, 0,,6,8

G 6 a a a 0,0 0, 0, 0, 0,6,8 0,0 0, 0, 0, 0,6,8 0,0 0, 0, 0, 0,6,8 8,0 7, 8,, 0,, 0,0 0, 0,7, 0,,7 0,0 0,6 0, 0, 0,, 0,0 0, 0,7 0, 0,,7 0,0 0, 0,7, 0,9, Figura Matriz de desvios absolutos e de desvio absoluto acumulado (Exemplo ) A Figura apresenta a função utilidade para este exemplo. A Tabela apresenta a nota do grupo, a utilidade do desvio absoluto acumulado e a nota individual para cada aluno.

u ij 0 Figura Utilidade do desvio absoluto acumulado (Exemplo ) Tabela Notas dos grupos, utilidade do desvio absoluto acumulado e notas dos alunos (Exemplo ) 0, g i u ij x ij 8,9 s ij 8,0 6, 7,67 6 a a a a a a a a a a a a a a 8,0,78 6,89 8,0,9 6,7 8,0,78 6,89 8,0 7,88 8, 8,0 9, 9,8 7, 6,7 7,9 7, 9,98 9,9 7, 9,8 9, 7, 9,77 9,08 7, 9,9 9,7 8, 9,0 9,0 8, 9,0 9,0 8, 8,9 9,0 8, 9,96 9,6 8, 9,7 9,0 8, 0 9,7 8, 9,0 9,0 8, 9,96 9,7 8, 0,00 9,7

a a a a a a 8, 9,9 9,7 8,,0 7,08 8, 9, 9,7 8, 9,87 9,9 8, 9,87 9,9 8, 9,87 9,9 8,6,9 7,7 8,6 9,69 9,6 8,6 9,9 9,77 8,6 9,90 9,7 8,6 9, 9,6 Observa-se na Tabela que três alunos,, e, obtiveram notas inferiores,0 pontos. Como se trata de uma disciplina anual, estes alunos devem recuperar o desempenho nos trabalhos seguintes, a fim de serem aprovados na disciplina.. Exemplo : disciplina de pós-graduação lato sensu Trata-se de uma disciplina oferecida de maneira compactada no período de dias, composta por alunos, em que o plano de ensino prevê a realização de um trabalho em grupo. Assim, os grupos apresentaram trabalhos sobre temas distintos. A turma se dividiu formando sete grupos: seis grupos com cinco alunos e um grupo com quatro. Assim como no Exemplo, os grupos G, G e G apresentaram no primeiro dia e G, G, G 6 e G 7, no segundo dia. A matriz de avaliação pelos seus pares está parcialmente apresentada na Figur, devido a ser semelhante àquela da Figura, sendo destacados aspectos em que elas se diferenciam, conforme explicado a seguir. Assim, estão apresentadas somente as notas atribuídas pelos grupos G, G, G 6 e G 7. G G G G G G 6 G 7 8 7 9 8 8 8 8 8 9 9 8 8 9 8 8 7 9 7 8 8 9 8 9 9 9 9

a a a a a 9 8 8 8 9 8 0 9 9 9 0 9 0 8 8 7 0 8 7 7 8 9 9 0 0 9 M M M M M M M M 8 7 9 8 8 8 8 8 9 8 8 8 8 7 9 8 8 9 8 8 8 8 7 9 8 8 8 9 0 8 9 9 7 8 7 9 8 8 7 8 7 8 9 8 9 7 7 8 9 g i 8,0 9,0 7,0 9,0 8, 8,8 8, Figur Matriz de avaliação pelos seus pares e notas dos grupos (Exemplo )

A Figur apresenta a matriz de desvios absolutos. a a a a a G G G G G G 6 G 7 s ij 8 0 0 0 0, 8 0 0,8 8 0 9 8 9 8, 8 0 0 0, 8 0 0 0,8 9 9 8 9 8 6, 0 9 0 0, 9 0 6, 0 9 0 0, 0 9 0,8 M M M M M M M M M 8 0 0 0 9 0 9, 0 0 0 9 0, 0 0 0 0 9 0, 8 9 7 0 0 9 0, 0 0 0 0 9 0, 0 0 0 8,0 0 0 0 8,0 0 8,6 8 0 0 9 8 9 8,0 8 9 7 0 0 8 6, Figur Matriz de desvios absolutos e valores de desvio absoluto acumulado (Exemplo ) A Figura 8 apresenta a função utilidade para este exemplo. Assim como no Exemplo, o menor valor de desvio absoluto acumulado foi igual, (s para o Exemplo ).

u ij Figura 8 Utilidade do desvio absoluto acumulado (Exemplo ) 0 0, 8, s ij

A Tabela apresenta a nota do grupo, a utilidade do desvio absoluto acumulado e a nota individual para cada aluno. Tabela Notas dos grupos, utilidade do desvio absoluto acumulado e notas dos alunos (Exemplo ) 6 a a a a a a a a a a a a a a a g i u ij x ij 8,0 9,8 8,9 8,0 9, 8,8 8,0,0 6,0 8,0 9,6 8,8 8,0 9,7 8,9 9,0,9 6, 9,0 9,6 9, 9,0 9, 9, 9,0 9, 9, 9,0 9, 9, 7,0 0,0 8, 7,0 9,8 8, 7,0 9, 8, 7,0 9, 8, 9,0 9, 9, 9,0 9, 9, 9,0 9, 9, 9,0 9,8 9, 9,0,9 7, 8, 9, 8,8 8,, 6,8

a a a 8, 9, 8,8 8, 9,9 9, 8, 9, 8,9 8,8 8,6 8,7 8,8 9,8 9, 8,8 0,0 9, 8,8,9 7, 8,8 0,0 9, 8, 9, 8,8 8, 9,7 9,0 8, 9, 8,8 8,, 6, 8,,6 6,9 Observa-se na Tabela que cinco alunos,, 6, a, e, obtiveram notas inferiores,0 pontos. Este fato se deve a ausência destes alunos na apresentação de alguns grupos. Como se trata do único trabalho previsto para esta disciplina, aos alunos foi proposto um processo de recuperação que consistiu de trabalhos individuais sobre os temas dos trabalhos que o aluno não presenciou.. CONCLUSÕES Neste artigo apresentou-se a utilização da função utilidade e da avaliação por pares no processo de avaliação individual de estudantes que realizaram trabalhos em grupos. Apresentou-se um modelo que consiste da adoção de uma escala específica de notas e da utilização da função utilidade para a validação das notas dos grupos obtidas a partir da avaliação por pares. A escala de notas proposta se baseia num critério de avaliação adotado em uma instituição cuja nota de aprovação é igual,0 pontos. Contudo, o modelo pode ser utilizado para instituições que adotem notas de aprovações diferentes como, por exemplo,,0 pontos. Neste caso, a escala apresentada na Tabel deverá ser revista. O modelo pode ainda ser aplicado para instituições ou disciplinas que adotem conceitos ao invés de notas, como por exemplo, MUITO BOM, BOM e REGULAR ou A, B, C, e D. Neste caso, a utilização da teoria dos conjuntos nebulosos ou fuzzy sets (SHIMIZU, 000) pode ser útil. A utilização do modelo proposto nestes casos constitui-se em tema para novos trabalhos. Também foram apresentados dois exemplos reais de utilização do modelo proposto: um em disciplina de graduação e outro em disciplina de pós-graduação. Na mesma seção, apresentam-se alternativas para a recuperação de alunos que não foram aprovados.

Espera-se, com a utilização do modelo proposto, que haja uma motivação dos alunos não só na aprendizagem, mas também no processo de avaliação, ou seja, na apresentação dos trabalhos dos grupos que não os incluam. Por fim, este artigo apresentou uma maneira clara e objetiva de mensuração da qualidade de trabalhos em grupos, a partir do ponto de vista dos próprios alunos. A adoção de outras ferramentas como, por exemplo, funções de utilidade com preferência ao risco, constituem-se em temas para continuidade da pesquisa.. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CORRÊA NETO, A. S. Análise de Requisitos da Revisão pelos Pares na Aprendizagem. 00. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)/Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. DEPRESBITERIS, L. Avaliação da Aprendizagem do Ponto de Vista Técnico-científico e Filosófico-político. Série Idéias - FDE. São Paulo, n. 8, 998. EENEY, R. L. Value-Focused Thinking: a path to creative decision making. Cambridge (USA): Harvard University Press, 998 EENEY, R. L.; RAIFFA, H. Decision with Multiple Objectives: Preferences and value trade-offs. New York: John Wiley and Sons, 998 ERN, V. M.; PERNIGOTTI, J. M.; CALEGARO M. M.; BENTO, M. Peer review in engineering education: speeding up learning, looking for a paradigm shift. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING AND TECHNOLOGY EDUCATION, 7, 00, Santos. Proceedings CD-ROM Santos: INTERTECH, 00. SHIMIZU, T. Decisão nas Organizações: introdução aos problemas de decisão encontrados nas organizações e nos sistemas de apoio à decisão. São Paulo: Atlas, 00.

A MODEL TO ASSESS TEAM WOR MEMBERS IN ACADEMIC COURSES Abstract: In many academic courses, in order to assign final grades, the students are grouped in work teams and have to present a seminar on themes chosen by their teacher. In this context, a model to assess work team members is presented. Based on peer review, the model, which uses utility function concepts, computes the final grade to each work team member. Also, two illustrative examples are presented. eywords: Team work, Assessment model, Peer review, Utility function