Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores de outubro de 2014
Endividamento das famílias catarinenses mantém-se praticamente estável em outubro. Síntese dos resultados Meses Situação da família Out/13 Set/14 Out/14 Total de endividadas 54,4% 57,1% 56,8% Dívidas ou contas em atraso 14,3% 15,8% 14,9% Não terão condições de pagar 5,4% 4,7% 4,8% Análise do endividamento O endividamento dos consumidores catarinenses caiu 0,3 p.p. (pontos percentuais) na comparação entre o mês de setembro e outubro. Na comparação anual, porém, houve alta de 2,4 p.p. O percentual de famílias endividadas, que era de 54,4%, subiu para 56,8%. Tendo como ponto de vista o endividamento por faixa de renda, é possível perceber que as famílias com renda superior a 10 salários mínimos estão menos endividadas (57,7%), em comparação com as famílias de renda inferior a 10 salários mínimos (58,6%). O nível de endividamento das famílias caiu na comparação mensal, mostrando uma redução dos muito endividados em 0,3 p.p, passando de 11,6% em setembro para 11,3% em outubro. Na comparação anual, essa porcentagem subiu 3,6 p.p. Entre os mais ou menos endividados, o percentual permaneceu praticamente estável, variando de 25,2% para 25,0%. Quanto aos pouco endividados, uma alta de 19,3%% para 20,5%. Por fim, aqueles que responderam não ter dívidas desse tipo somam 43,2%, o que significa uma leve alta em comparação a setembro, como pode ser observado na tabela abaixo. Nível de endividamento Categoria Out/13 Set/14 Out/14 Muito endividado 7,7% 11,6% 11,3% Mais ou menos endividado Pouco endividado Não tem dívidas desse tipo Não sabe Não respondeu 15,9% 25,2% 25,0% 29,3% 19,3% 20,5% 46,0% 42,6% 43,2% 0,7% 0,5%
Já em relação aos tipos de dívida dos catarinenses, o cartão de crédito continua sendo o principal agente do endividamento. Ele é responsável por 66,2% das dívidas familiares dos catarinenses. Em segundo, terceiro e quarto lugar aparecem, respectivamente, os carnês (43,0%), os financiamentos de carro (33,1%) e o crédito consignado (27,4%). Tipos de dívida setembro outubro cartão de crédito cheque especial cheque prédatado crédito consignado crédito pessoal carnês financiamento de carro financiamento de casa outras dívidas não sabe Não respondeu 2,1% 1,5% 2,9% 0,7% 2,1% 56,5% 66,2% 29,0% 18,6% 51,1% 27,4% 60,6% 43,0% 37,8% 33,1% 18,0% 12,8% Sobre o tempo de comprometimento com as dívidas, a maioria dos catarinenses endividados tem dívidas por mais de um ano (51,0%). Aqueles que têm dívidas até 3 meses representam 24,4%. Entre 3 e 6 meses, são 8,8%. E por fim, entre 6 meses e um ano são 10,3%. Assim, o tempo médio de comprometimento com dívidas ficou em 8,3 meses, maior do que o valor verificado no mês passado, que foi 8,1 meses. A parcela da renda das famílias comprometida com dívidas se manteve estável, passando de 31,4% em setembro para 31,5% em outubro, um índice que gera certa preocupação. Completando o quadro, o percentual de famílias com menos de 10% da renda comprometida foi de 18,3%, com renda entre 11% e 50% foi de 55,6% e com mais de 50% de comprometimento foi de 24,5%.
Parcela da renda comprometida com dívida menos de 10% de 11% a 50% superior a 50% 1,6% Não sabe / Não respondeu 24,5% 18,3% 55,6% Análise das contas em atraso A quantidade de famílias com contas em atraso apresentou queda na comparação mensal. De 27,7% de famílias com contas em atraso em setembro, em outubro temos 26,2%. A maior parte das famílias 73,3% não têm contas em atraso. No geral, a porcentagem de famílias com contas em atraso ficou em 14,9%, registrando, portanto, uma redução se comparado aos 15,8% de setembro. Dentre as famílias com contas em atraso, aumenta o percentual das que não poderão pagar suas dívidas: 32,3% contra 29,7% do mês anterior. As que, em parte, terão condições de quitar seus débitos representam 18,2% em outubro. Por fim, aquelas que terão condições de quitar suas dívidas representam 39,7%. O tempo com contas em atraso se concentra acima dos 90 dias, representando 48,9%. O período entre 30 e 90 dias é de 28,0%. E, até 30 dias, apresenta 22,4%. Em geral, a média de tempo em dias para quitação das dívidas em atraso ficou em 64,6 dias, tempo menor que o apurado no mês anterior (67,0 dias).
Análise nas cidades Situação das Famílias Síntese dos resultados Cidades Blumenau Chapecó Itajaí Joinville Florianópolis Total de endividadas 44,0% 42,1% 35,7% 54,4% 85,5% Dívidas ou contas em atraso 9,1% 14,7% 6,3% 17,1% 20,9% Não terão condições de pagar 2,2% 4,0% 3,8% 4,6% 7,7% Na análise das cidades, a Capital Florianópolis lidera o ranking das famílias endividadas, com 85,5%. Ela é seguida por Joinville (54,4%) e Blumenau (44,0%). Em relação ao percentual de famílias com contas em atraso, Florianópolis também lidera com 20,9%. Itajaí, com 35,7% das famílias endividadas, apresenta o menor percentual entre as cidades analisadas. Entre as famílias que não terão condições de pagar, a Capital lidera mais uma vez, com 7,7% contra 2,2% de Blumenau, a melhor posicionada. Sobre o nível de endividamento das famílias, observa-se que mais de 50% das famílias responderam não ter dívidas desse tipo, exceto em Joinville e Florianópolis, que os dados foram, respectivamente, 45,6% e 14,5%. Entre os que se declaram muito endividados Florianópolis tem o maior índice 25,5% e Blumenau o menor, com apenas 4,9%. Nível de endividamento Muito endividadas Mais ou menos endividado Pouco endividado Não tem dívidas desse tipo Não sabe Não respondeu Cidades Blumenau Chapecó Itajaí Joinville Florianópolis 4,9% 6,3% 5,6% 7,9% 25,5% 23,6% 16,7% 6,5% 25,0% 37,3% 15,6% 19,1% 23,6% 21,5% 22,7% 56,0% 57,9% 64,3% 45,6% 14,5%
Já em relação aos tipos de dívida nas cidades, destaque para Joinville, onde 73,7% das famílias responderam que o cartão de crédito é o principal agente de endividamento. Os financiamentos, tanto de carro, como de casa e o crédito consignado aparecem logo em seguida em todos os munícipios. Tipo de dívida Cidades Blumenau Chapecó Itajaí Joinville Florianópolis Cartão de crédito 71,0% 36,9% 63,3% 73,7% 67,5% Cheque especial 36,9% 15,7% 3,1% 27,2% 0,6% Cheque pré-datado 1,4% 9,5% 1,1% 0,2% Crédito consignado 48,6% 21,0% 9,5% 43,5% 0,8% Crédito pessoal 13,8% 7,6% 0,3% 1,6% Carnês 61,5% 58,9% 18,4% 61,1% 9,4% Financiamento de carro 41,0% 49,6% 34,8% 38,3% 12,5% Financiamento de casa 13,6% 12,6% 8,9% 18,5% 7,1% Outras dívidas 1,4% 2,9% 1,9% 3,8% 0,7% Não sabe Não respondeu 0,1% No que diz respeito ao tempo de comprometimento com as dívidas, a resposta predominante em todos os municípios é dívidas por mais de um ano. Itajaí e Chapecó com 54,7% e 49,3% respectivamente, lideram nesse ponto. Na média, Chapecó é a cidade cujos moradores adquirem dívidas por mais tempo, em média, 9 meses. Por outro lado, a Capital tem o menor prazo, 6,6 meses. Tempo de comprometimento com dívida (Dentre os Blumenau Chapecó Itajaí Joinville Florianópolis endividados) Até 3 meses 18,2% 18,5% 22,8% 15,4% 43,4% Entre 3 e 6 meses 9,2% 8,7% 6,3% 10,6% 7,3% Entre 6 meses e 1 ano 13,4% 12,5% 9,5% 9,6% 8,0%
Por mais de um ano 52,3% 60,4% 61,4% 51,2% 41,1% Não sabe / Não respondeu 6,9% 13,2% 0,1% Tempo médio em meses 8,7 9,0 8,8 8,9 6,6 Nas contas em atraso, as famílias de Itajaí, tem a maior média do Estado: são, em média, 90 dias para quitar as dívidas, enquanto Blumenau registra a menor média, de 55,8 dias. Blumenau, por sua vez, é a cidade que apresenta maior percentual de pessoas que poderão pagar totalmente suas dívidas em atraso. E sua vizinha Itajaí lidera o outro extremo, sendo a cidade com maior percentual de famílias que não terão condições de pagar. Tempo de pagamento em atraso (Dentre as famílias com contas Blumenau Chapecó Itajaí Joinville Florianópolis em atraso) Até 30 dias 31,9% 24,7% 18,3% 27,4% De 30 a 90 dias 34,5% 41,6% 32,6% 22,8% Acima de 90 dias 33,7% 33,7% 10 47,2% 49,4% Não sabe / Não respondeu 1,9% 0,4% Tempo médio em dias 55,8 59,0 90,0 66,1 62,5 Condições de pagamento das dívidas em atraso (Dentre as Blumenau Chapecó Itajaí Joinville Florianópolis famílias com contas em atraso) Sim, totalmente 62,2% 52,8% 10,1% 38,4% 28,5% Sim, em partes 6,7% 13,5% 30,4% 10,5% 34,0% Não terá condições de pagar 24,3% 27,0% 59,4% 26,9% 36,7% Não sabe 6,7% 6,7% 24,2% 0,4% Não respondeu 0,4% A parcela da renda das famílias comprometida com dívidas nos municípios está amplamente situada numa faixa moderada (entre 11% e 50% da renda). A cidade que apresenta o maior percentual de seus habitantes com um percentual de renda comprometida
com dívidas superior a 50% é Blumenau (34,8%), que também lidera na parcela da renda média comprometida: 34,8%. Itajaí apresenta a menor média 26,0%. 3,5% Blumenau Chapecó 6,9% 34,8% 12,9% 25,0% 48,8% 68,1% Média: 34,8% Média: 26,7% Itajaí 1,9% 1,4% Joinville 14,6% 35,4% 34,7% 19,3% 48,1% 44,6% Média: 26,0% Média: 33,3% 0,8% Florianópolis 15,5% 11,8% 71,8% Média: 31,1% menos de 10% de 11% a 50% superior a 50% Não sabe / Não respondeu
Conclusão A pesquisa de endividamento e inadimplência dos consumidores catarinenses de outubro de 2014 apresentou melhora na inadimplência e nas condições de pagamento. E estabilidade no nível de endividamento das famílias. Isso significa que as famílias estão optando por não se endividarem mais, melhorando aos poucos a sua situação financeira. Mesmo com a estabilidade e a melhora na inadimplência registradas em outubro, o endividamento e o percentual da renda comprometida com dívidas continuam relativamente altos. E isso faz com que o varejo seja impactado negativamente, com redução no seu volume de vendas. Isto é, o crescimento anual das dívidas, associado ao aumento dos juros, está impactando a capacidade das famílias de efetivarem novas compras com o recurso do crédito, mas não está causando o aumento da inadimplência. Com isso, o sistema financeiro permanece saudável, porém, o comércio e a economia como um todo se deterioram. Metodologia Foram entrevistados consumidores em potencial, residentes nos municípios de Blumenau, Chapecó, Florianópolis, Itajaí e Joinville com idade superior a 18 anos. Para compor o dado agregado de Santa Catarina, os resultados obtidos em cada munícipio foram ponderados de acordo com sua população e dessazonalizados. Para fixar a precisão do tamanho da amostra, admitiu-se que 95% das estimativas poderiam diferir do valor populacional desconhecido p por no máximo 3,5%, isto é, o valor absoluto d (erro amostral) assumiria no máximo valor igual a 0,035 sob o nível de confiança de 95%, para uma população constituída de consumidores em potencial. Preferiu-se adotar o valor antecipado para p igual a 0,50 com o objetivo de maximizar a variância populacional, obtendo-se maior aproximação para o valor da característica na população. Em outras palavras, fixou-se um maior tamanho da amostra para a precisão fixada. Assim, o número mínimo de consumidores a serem entrevistados foi de 500, ou seja, com uma amostra de no mínimo 500 consumidores, esperou-se que 95% dos intervalos de confiança estimados, com semiamplitude máxima igual a 0,035, contivessem as verdadeiras frequências.