TÍTULO DO PROGRAMA Série: A última guerra do Prata SINOPSE DO PROGRAMA O documentário é parte de uma série produzida pela TV Escola que apresenta as análises e pesquisas mais recentes a respeito da Guerra do Paraguai, o maior conflito bélico já ocorrido na América do Sul. Uma das primeiras guerras totais da história, a Guerra do Paraguai mudou o destino dos países envolvidos e seus impactos foram tão marcantes que geraram intensos debates ideológicos e historiográficos durante todo o século XX. As causas e motivos dessa guerra produziram diversas teses, inúmeros argumentos e tornaram seus principais personagens ora vilões, ora heróis. O programa Sala de Professor teve uma edição especial contando apenas com professoras de História. Elas desenvolveram um trabalho que faz um recorte a respeito das consequências da Guerra para o Brasil, bem como um debate em torno das diferentes formas de apropriação das imagens construídas, ao longo do tempo, em torno dos personagens principais do conflito. CONSULTORES Daniela Pistorello História Tania Regina de Luca História TÍTULO DO PROJETO Guerra do Paraguai: desdobramentos 1
APRESENTAÇÃO Diante do vasto material apresentado na série, propõe-se um recorte a respeito das consequências da Guerra para o Brasil, bem como um debate em torno das diferentes formas de apropriação das imagens construídas, ao longo do tempo, em torno dos personagens principais do conflito (Solano Lopez e Marechal Osório). O trabalho em sala de aula e o Enem Nesta proposta, trabalhamos com alguns dos conteúdos disciplinares (objetos do conhecimento) listados na Matriz de Referência para o Enem 2013 e com o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades: Disciplina: História Conteúdo: Nação, Herói, Representação, Documento histórico, Historicidade, História da formação da bacia do Prata. Competência e habilidade: Área da Ciências Humanas e suas Tecnologias. Competência de área 1: H1, H2, H3, H4, H5. Competência de área 2: H7. Para obter a Matriz de Referência para o Enem, acesse o Anexo II do edital (acesso em 26 ago. 2014): <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/edital/2013/edital-enem-2013.pdf>. 2
UM OLHAR PARA O DOCUMENTÁRIO A PARTIR DA HISTÓRIA Os filmes tratam-se de uma série composta por quatro partes dedicadas à Guerra do Paraguai (1864-1870) e que se inicia com os antecedentes históricos, desde a chegada dos europeus na América do Sul, passando pelas disputas de território entre portugueses e espanhóis na estratégica região do Rio do Prata. O segundo episódio detalha as disputas subsequentes ao fim do domínio colonial e apresenta os personagens que se enfrentaram no confronto Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Os dois últimos fornecem subsídios para compreender o cotidiano da guerra e suas consequências para os países envolvidos. O professor tem a possibilidade de problematizar a Guerra do Paraguai, acontecimento marcante do Império (1822-1889), por meio de fotografias, mapas, pinturas, monumentos, depoimentos e entrevistas, destacando as distintas interpretações históricas produzidas a respeito do conflito. Sugere-se que o professor, caso tenha oportunidade, apresente aos alunos os quatro episódios, que fornecem um rico material para a compreensão do período. Para esse trabalho, entretanto, é fundamental a exibição do primeiro e do último deles, que se inicia com a ocupação da região e termina com o fim da Guerra e os impactos do conflito para os envolvidos. Para o trabalho em sala de aula, propõe-se que o professor inicie com a exibição da fala do historiador Francisco Doratioto (UnB), autor do livro Maldita guerra, publicado em 2002 pela Companhia das Letras (quarto episódio, trecho: 26 05 até 26 53 ), que insiste no fato de a guerra haver sido uma tragédia que atingiu a todos os envolvidos. O professor poderia perguntar aos alunos: 1. Quando e onde ocorreu a guerra? 2. Quais os motivos que desencadearam o conflito e quais países dele participaram? 3
3. Destaque personagens e episódios importantes da guerra. 4. Quais as consequências da guerra? É provável que os alunos encontrem dificuldades para responder, de forma contundente, as questões. Após a discussão das respostas, o professor exibirá o primeiro episódio da série e, a partir do mesmo, retomará com os alunos as questões sugeridas e poderá acrescentar outro aspecto, fundamental para o ensino da disciplina e para o recorte proposto: quais as interpretações sobre a Guerra? O professor poderá citar o trecho do depoimento de Doratioto: A guerra do Paraguai foi tão importante que ela teve várias interpretações, foi um tema polêmico, como tudo em História: não existe uma verdade final absoluta, porque sempre aparece um documento novo, um método de análise, preocupações novas, perguntas novas sobre a Guerra. (episódio 1h1min13s a 1h28). Esta é a oportunidade para o professor de História ampliar as observações para além do conteúdo específico da Guerra, pois, ao contrário do que supõe o senso comum, o conhecimento histórico é dinâmico, uma vez que há múltiplas interpretações acerca do passado, que é retomado em função do tempo presente. Assim, pode-se afirmar que cada geração apropria-se da história a partir dos seus interesses, desafios e problemas. Cada época atribui valor às fontes históricas, de acordo com as demandas do seu tempo. Por exemplo, as fotografias da Guerra do Paraguai são hoje retomadas como documento a ser problematizado, a partir de métodos específicos, e não como expressão do real ou ilustração da época, sentido que tinham no momento em que foram produzidas. No caso específico da Guerra do Paraguai, logo no início do primeiro episódio, são apresentadas as interpretações até pouco tempo dominantes: a) a Guerra como fruto do expansionismo do líder paraguaio, Francisco Solano López (1827-1870) e b) como resultado da ação do imperialismo inglês que, para 4
combater o isolamento Paraguaio, tomado como potência sul-americana, teria manipulado Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Atualmente, a historiografia tem enfatizado as tensões que opunham os países da região do Rio da Prata como causa fundamental da Guerra. Guerra do Paraguai: desdobramentos Discutidas as causas e o desenrolar da Guerra, o professor exibirá o quarto episódio da série, que servirá de base para a realização do projeto. Nesta parte, apresenta-se o período final do conflito (1869-1870), bem como as suas consequências. O material apresentado permite que se percebam os custos humanos da guerra experimentados por todos aqueles que lutavam no campo de batalha. Para explorá-lo, o professor poderá dividir a turma em quatro grupos, que deverão, a partir do vídeo, explicitar as consequências da Guerra para os países envolvidos. Grupo 1: Paraguai - situação miserável dos exércitos, participação de crianças, idosos e mulheres no conflito; Grupo 2: Uruguai - a guerra teve consequências positivas e o país se modernizou; Grupo 3: Argentina - processo de unificação do país, com Buenos Aires como capital que centralizava o poder; Grupo 4: Brasil - crise econômica, fortalecimento do exército como força social, discussão da escravidão, uma vez que o exército contou com vários negros nas suas fileiras, enfraquecimento da monarquia. O fim da Guerra marca o início do declínio do Império. Encerrada estas atividades, o professor poderá discutir as apropriações do conflito. Para tanto, sugere-se a apresentação das seguintes imagens: 5
1. Imagem de Angelo Agostini, publicada na Revista Ilustrada, 1871. 2. Monumento em homenagem ao General Osório, RJ. 6
3. Caricatura de Angelo Agostini, publicada na revista Vida Fluminense em 12/06/1869. 5. Panteão Nacional dos Heróis, Assunção, Paraguai. 7
Após a leitura das quatro imagens, o professor poderá dividir a turma em grupos, que deverão: descrever cada uma das imagens, atentando para o seu momento de produção, e propor uma interpretação da imagem, à luz do contexto estudado. Para tanto, será necessário pesquisa, em livros ou na internet, a respeito dos documentos imagéticos apresentados. Os resultados deverão ser apresentados em folha A4, juntamente com a imagem. A seguir, apresenta-se uma possibilidade de análise e respostas. Imagem 1: Angelo Agostini: Trata-se de ilustração do caricaturista italiano Angelo Agostini (1843-1910), criador da revista Revista Ilustrada (1876-1898), que se colocou contra a escravidão e a favor da República. Percebe-se, em primeiro plano, um negro, uniformizado, com medalhas que sugerem condecoração pela defesa da Pátria, que observa cena na qual um negro é açoitado por outro sob o olhar vigilante de um capataz. É uma produção contemporânea ao conflito. Trata-se de uma contradição, pois o negro que voltou do campo de batalha depara-se com a violência da escravidão. Imagem 2: Monumento do General Manuel Luís Osório (1808-1879), no Rio de Janeiro. Estátua equestre em bronze, na base da qual se representa, em relevo, batalhas da Guerra. Osório é representado em indumentária militar, sem as botas, com o cavalo que, por sua vez, é representado em movimento. Note-se que o gradil que envolve o monumento faz alegorias à guerra, com lanças e canhões. 8
O monumento, localizado na Praça XV de Novembro, no centro do Rio de Janeiro, foi inaugurado em 1894 e constituiu-se no primeiro monumento construído pela República. A escultura é obra de Rodolfo Bernardelli (1852-1931). Trata-se de imagem que glorifica e perpetua a ação deste militar na Guerra. Imagem 3: Solano Lopes Trata-se de ilustração na qual o presidente do Paraguai está em cima de uma montanha de ossos e esqueletos, em uniforme militar, empunhando na mão direita uma espada e na outra, uma cabeça. Novamente temos uma caricatura de Angelo Agostini publicada na revista Vida Fluminense (1868-1874) em 1869, momento em que a vitória da Tríplice Aliança já se anunciava. Note-se que Lopes é apresentado como um tirano sanguinário. Imagem 4: Panteão Nacional dos Heróis Trata-se de obra de caráter monumental, em estilo eclético, com frontão romano, colunas gregas na entrada e nave central composta por uma cúpula de grande porte, que faz lembrar a arquitetura de igrejas católicas. O prédio foi construído originalmente como templo católico e atualmente cumpre funções religiosas, além de se constituir num monumento que homenageia personagens da história do Paraguai. Sua construção foi iniciada em 1863, na presidência de Francisco Solano López e interrompida durante a Guerra do Paraguai. A construção somente foi retomada em 1923 e terminada em 1936. Nesta data, os restos mortais de Solano López e seu pai, Carlos António López, foram depositados no monumento, o que os legitima como heróis nacionais. 9
A avaliação deve ser processual e em vários momentos. Envolvimento a partir da sensibilização do tema, execução das atividades que envolveram a compreensão da primeira e da quarta parte do documentário. Por fim, o trabalho com as imagens, que demanda compreensão dos significados históricos das referências à Guerra, bem como a pesquisa a propósito das fontes disponibilizadas. O trabalho poderá ser realizado em qualquer ano do Ensino Médio. Material Pesquisa em livros ou na internet; Papel A4 para apresentação dos resultados. Etapas Exibição de trecho do episódio 4 e proposição das questões sobre a Guerra do Paraguai; Exibição do episódio 1 e retomada das questões e introdução da problemática da interpretação em História; Exibição do episódio 4 e trabalho em grupo sobre as consequências da Guerra para os envolvidos; Trabalho com as imagens: descrição e interpretação. Veja mais... (Acesso em 26 ago. 2014.) <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichatecnica.html?id=9855>. - Trata-se de aula sobre a Guerra do Paraguai. BIBLIOGRAFIA, SUGESTÕES DE LEITURA E OUTROS RECURSOS Livros e Revistas CHIAVENATO, Júlio José. Genocídio americano. São Paulo: Brasiliense, 1999. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, Ano 9, n. 97, outubro de 2013, dossiê Guerra do Paraguai. DEL PRIORE, Mary. O castelo de papel. Rio de Janeiro: Rocco, 2013. DORATIOTO, Francisco. Maldita guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 10
TORAL, André. Adeus, Chamigo brasileiro. Uma história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. TORAL, André. Imagens da desordem. A iconografia da Guerra do Paraguai. São Paulo: Humanitas, 2001. Sites (Acessos em: 26 ago. 2014.) <www.monumentosdorio.com.br>. - Informações sobre o Monumento do General Osório. <http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseactio n=artistas_biografia&cd_verbete=322>. - Verbete sobre vida e obra de Angelo Agostini. <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/todos-contra-oparaguai>. Artigo que analisa a Guerra do Paraguai, do historiador britânico Leslie Bethell. Revista de História da Biblioteca Nacional, 01/04/2012. 11