Curso. PROTECÇÃO DE MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL E SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA Manual do Formando. Equipamentos de Protecção Individual



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Transcrição:

Máquinas, Equipamentos de Protecção e Sinalização de Segurança Equipamentos de Protecção Individual Manual do Formando

Curso 4 PROTECÇÃO DE MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL E SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA Manual do Formando Equipamentos de Protecção Individual

P E R F I L, D E L T A C O N S U L T O R E S E I SPA Manual do Formando Ficha Técnica Autor: Dinis Teixeira de Barros Título: Equipamentos de Protecção Individual Coordenação do Projecto: Maria da Graça Pinto e José Garcez de Lencastre Edição: Maio 2007 Produção apoiada por: UNIÃO EUROPEIA FUNDO SOCIAL EUROPEU GOVERNO DA REPÚBLICA PORTUGUESA PROGRAMA OPERACIONAL DO EMPREGO, FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Perfil, Delta Consultores e ISPA Lisboa, 2007

Índice Introdução 1 Objectivos 2 Protecção Colectiva 3 Características dos Equipamentos de Protecção Individual 4 Características dos EPI 4 Selecção de dispositivos de protecção individual 5 Tipos de equipamentos de protecção individual 5 Protecção da cabeça 7 Capacetes de Protecção 7 Protecção dos olhos 10 Óculos de Protecção 11 Selecção e utilização 13 Protecção dos ouvidos 15 Meios de Protecção Auditiva 16 Tipos de Protectores Auriculares 18 Selecções dos Protectores 20 Protecção das vias respiratórias 22 Aparelhos Filtrantes 22 Aparelhos filtrantes anti-aerossois 23 Riscos eléctricos 33 Radiações ionizantes 33 Protecção dos pés 34 Tipos de Calçado 34 Classificação 35 Biqueira e palmilha 36 Solas 36 Selecção e Utilização 37 Protecção do corpo 38 Selecção e Utilização 39 Protecção contra quedas em altura 40 Sistema Pára-quedas 40 Modo de Utilização 41 Manutenção 41 Sistema de Adaptação ao Trabalho (cintos de trabalho) 41 Utilização e Manutenção 43 Protecção da pele 43 Manutenção e Utilização de Equipamentos de Protecção Individual 44 Implementação de um Programa para Utilização de Aparelhos filtrantes anti-gases e mistos 24 Filtros 24 Aparelhos Isolantes 26 Selecção dos Aparelhos 28 Protecção das mãos 29 Como proteger as mãos? 29 Tipos de Luvas 30 Selecção e Utilização 32 Riscos a Proteger 32 Riscos Mecânicos 32 Riscos térmicos 32 Riscos químicos 33 Equipamentos de Protecção Individual 46 Responsabilidades 46 Supervisores/Chefias Directas 46 Trabalhadores 47 Serviço de Segurança, Higiene e Saúde 47 Componentes do programa 47 Formação/Treino 48 Resumo 49 Legislação Aplicável 50 Normas 50 Bibliografia 52 Índice Remissivo 53

Informações 54

Capítulo 1 Introdução A ctividade Industrial pode apresentar alguns riscos para a segurança e saúde daqueles que nela laboram. A eliminação dos riscos deve ser feita através de medidas de engenharia, tanto na concepção de equipamentos como dos próprios postos de trabalho. Se os riscos não poderem ser eliminados através destes métodos, devem ser adoptadas medidas de protecção colectiva que abranjam um determinado grupo de trabalhadores. No entanto, se não se conseguir minimizar os riscos para um nível aceitável, será necessário optar por Equipamentos de Protecção Individual (E.P.I..). É importante salientar que os EPI só deverão ser adoptados como último recurso, isto é, quando não for possível uma outra solução técnica, sendo preferível a sua utilização, apenas com carácter temporário / esporádico. A protecção colectiva é mais racional, mais eficaz e mais económica. Pode ser tomada com medidas de carácter organizacional e/ou com medidas construtivas, também designadas medidas de engenharia, e ser total ou parcialmente necessária, por razões técnicas e/ou económicas. A implementação da protecção colectiva deve ser sempre prioritária face à protecção individual Quando tal não é possível, torna-se necessário recorrer a medidas de protecção individual, cuja eficácia depende da disciplina e da consciência de cada trabalhador, e por isso, sempre falível. Considera-se equipamento ou dispositivo de protecção qualquer elemento ou sistema que se destina especificamente a proteger o trabalhador contra um ou mais riscos susceptíveis de ameaçar a sua saúde e/ou a sua segurança. Se um tal dispositivo se destina a ser envergado ou utilizado por apenas uma pessoa, designa-se, por equipamento ou dispositivo de protecção individual, e vulgarmente identifica-se com as siglas EPI ou DPI. 1

Os EPI devem obedecer a algumas características técnicas, sem as quais o seu uso por parte dos trabalhadores será sempre um problema, não se atingindo portanto os objectivos pretendidos da protecção individual de cada um, nas suas actividades laborais. Objectivos A Unidade 2 Equipamentos de Protecção Individual do curso que vai frequentar, pretende atingir os seguintes objectivos: Descrever as formas de actuação possíveis para eliminar ou reduzir os riscos da actividade laboral, potenciais causadores de acidentes de trabalho e de doenças profissionais; Aplicar aos locais de trabalho medidas de natureza organizacional como forma de redução dos riscos a que os trabalhadores estão expostos; Indicar os equipamentos ou dispositivos de protecção individual necessários no local de trabalho ou na empresa; Seleccionar os diversos tipos de equipamentos de protecção individual, mencionando as especificações mais importantes a que cada um deve obedecer. 2

Capítulo 2 Protecção Colectiva É a técnica que protege todas as pessoas contra riscos que não se podem evitar ou reduzir. Como exemplos de aplicação da protecção colectiva pode-se destacar: Corrimões Com uma altura mínima de 90 cm, são fabricados com materiais rígidos e resistentes. Protectores São componentes de uma máquina utilizados como uma barreira material para garantir a protecção dos trabalhadores `a zona de perigo. Ventilação geral É uma medida de protecção colectiva aplicada ao meio da propagação dos contaminantes químicos. Só é adequada nos casos em que os contaminantes são de baixa toxicidade e existem em pequenas concentrações. É uma medida que deve ser adoptada nos locais em que se pretende eliminar o ar viciado (escritórios, oficinas de produção, etc.). Isolamento de máquinas ruidosas É uma medida de protecção colectiva complexa concebida de modo que o posto de trabalho não fique no interior do compartimento onde se encontra a máquina. 3

Capítulo 3 Características dos Equipamentos de Protecção Individual O s dispositivos ou equipamentos de protecção individual são sempre acessórios de trabalho que, para serem tolerados pelo trabalhador e adoptados pelo empregador, devem ter algumas características gerais que devem ser consideradas na sua selecção. Características dos EPI Cómodos, robustos e leves; Adaptáveis, sempre que possam ser usadas por mais de um trabalhador; Fiáveis, ao longo de toda a sua vida; Adequados ao risco a que os trabalhadores estão expostos; Adequados às condições de trabalho; De fácil manutenção; Homologados ou certificados, sempre que possível. Um requisito importante na selecção dos EPI é a sua homologação ou certificação pelas entidades competentes ou tecnicamente habilitadas. Um EPI certificado merece maior confiança e dá mais garantia de adaptabilidade à sua função do que outro que não o seja, podendo evitar a necessidade de a própria empresa ter de o testar. Os procedimentos de certificação dependem da categoria do EPI, de acordo com o que se estabelece no Artigo 8.º da Directiva 89/686/ CEE do Conselho, de 21 de Dezembro. 4

Por regra, as empresas devem envolver os trabalhadores na aquisição dos EPI, na sua selecção e no seu teste, se este se tornar necessário. Um tal envolvimento dá ao trabalhador uma maior consciência da necessidade do uso do(s) EPI em causa e é uma maior garantia de que eles serão efectivamente usados. Selecção de dispositivos de protecção individual Os EPI exigem do trabalhador uma sobrecarga no desempenho das suas funções, quer pelo peso, quer pela dificuldade respiratória, e pelo desconforto geral que podem provocar. A selecção dos equipamentos de protecção individual deverá ter em conta: Os riscos a que está exposto o trabalhador; As condições em que ele trabalha; A parte do corpo a proteger; As características do próprio trabalhador. Tipos de equipamentos de protecção individual Numa primeira abordagem, os tipos de protectores individuais têm a ver com a zona específica do corpo ou do órgão a proteger. Tipos de protectores: Do crânio; Dos olhos e do rosto; Das vias respiratórias; Dos ouvidos; Do tronco e do abdómen; Da pele; Das mãos e dos membros superiores; Dos pés e membros inferiores; Do corpo inteiro. 5

Uma outra classificação possível será em função do agente agressor que combatem. (Ver Decreto-Lei n.º 348/93 de 1 de Outubro, que transpõe para a legislação nacional a directiva 89/656/CEE relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos trabalhadores de EPI. É regulamentado pela Portaria n.º 988/93 de 6 de Outubro, que apresenta em Anexo uma lista de EPI), Agentes agressores: A humidade; O frio; O calor; A água; A poeira; Os produtos químicos; Os ruídos; As radiações; A electricidade. Os protectores ainda se podem classificar em função dos riscos que combatem: Quedas; Pancadas; Esmagamentos; Projecções; Perfurações; Diminuição de funções. 6

Protecção da cabeça Analisando as estatísticas de acidentes de trabalho verifica-se que a cabeça é uma das zonas mais atingidas. Perante estes dados, a prevenção e a protecção dos acidentes que atingem a cabeça ganham uma importância fundamental, sobretudo nas situações de trabalho onde possam ocorrer quedas de objectos pesados ou quedas em altura. As lesões na cabeça podem ocorrer no crânio, nos olhos, nos ouvidos ou nas vias respiratórias superiores. No entanto, é vulgar associar a cabeça ao crânio e será este o entendimento que procuramos seguir. As lesões na cabeça (crânio) podem ser de diversos tipos e com gravidade diferente, desde contusões, a fissuras ou a fracturas; as fracturas por sua vez ainda podem ser simples, quando é atingido apenas o osso ou aberta, quando são atingidos quer o osso quer os tecidos que o cobrem. Os dados estatísticos de acidentes de trabalho do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, dividem as lesões provenientes de choques na cabeça, em: Contusões; Lesões internas, Ferida aberta, Fractura exposta e fractura fechada. A protecção do crânio (cabeça), contra lesões causadas por acidente, faz-se com capacetes de protecção. Capacetes de Protecção A Norma Portuguesa que especifica as características dos capacetes de protecção é a NP-1526. Os capacetes são constituídos por duas partes: Casco; Arnês. O casco é a parte exterior resistente e o arnês é constituído pelo conjunto de elementos colocados no interior do casco destinados a absorver a energia transmitida pelo choque e a manter uma correcta posição do capacete sobre a cabeça do trabalhador. 7

Casco Arnês Fig. 1 (Capacete de protecção com arnês) Os capacetes dentro de certos limites, devem ser resistentes a perfurações e a deformações. Para os capacetes de protecção industriais são aconselháveis os seguintes materiais: Plásticos termoendurecíveis: Resistentes ao calor, frio, aos produtos químicos e ao envelhecimento. São aplicáveis em diversas actividades, designadamente soldadura a arco voltaico e trabalho ao calor; Liga de alumínio: Permite uma boa irradiação de calor, não é suportável durante longo período de tempo em empresas quentes devido à transmissão de calor. Permite a penetração de partículas incandescentes, apresenta uma resistência limitada à fractura e às baixas temperaturas e apresenta uma fraca resistência a produtos químicos; Termoplásticos: Apresentam fraca resistência a elevadas temperaturas e às radiações ultravioletas. São muito resistentes a baixas temperaturas. São utilizados em oficinas, trabalhos de montagem, construção civil, câmaras frigoríficas, etc. Os capacetes de plástico, os mais utilizados, são leves (cerca de 400 gramas), e resistentes aos choques. Porém, não devem ser utilizados em ambientes quer de altas temperaturas, quer de baixas, porque se tornam quebradiços. Na utilização dos capacetes é conveniente recordar que as suas características não são eternas, o que significa que os capacetes têm um prazo de utilização variável, conforme os tipos, dois ou três anos. A utilização adequada dos capacetes implica o cumprimento de algumas normas de procedimento, designadamente: Recusar capacetes com arranhões ou fendas ou mesmo descoloridos; 8

Não utilizar capacetes que já tenham sofrido choques mesmo que não apresentem sinais visíveis de danos; Não pintar nem colocar placas de metal nos capacetes plásticos; Ao colocar, o capacete deve-se sempre ajustar a banda do arnês por forma a que o capacete permaneça na posição adequada mesmo com a cabeça inclinada; Substituir o arnês sempre que tenha fios partidos; Sempre que possível devem ser de utilização individualizada. A protecção da cabeça contra a projecção de partículas ou líquidos corrosivos pode fazer-se através de capuzes que, em certos casos, asseguram também a protecção ocular e das vias respiratórias. Um caso especial de protecção da cabeça, é o capacete integral utilizado em decapagens com jactos de areia ou de grenalha de aço. A protecção da cabeça pode ainda fazer-se através do uso de um barrete de tecido, quando está em causa a sujidade provocada por poeiras ou o risco de projecções líquidas. Na selecção dos protectores de cabeça devem ser analisar as seguintes especificações: Especificações dos capacetes de protecção Tipo Rigidez Especificação Exemplo Com ou sem auriculares; com ou sem viseira; tipo de acordo com Norma NP 1526; de visitante Rígido (metálicos, poliéster, textolite) semi-rigidos (polistireno) ou flexível (polietileno, polipropeno) Materiais Cores Utilização Durabilidade Conservação Conforto (peso, tamanho, adaptação, etc.) Polietileno de alta densidade; poliamida, metálicos; couro Branco, verde, vermelho, azul, amarelo Trabalhos em altura; perigo de queda de objectos Utilizações; tempo de uso normal em anos Lavável; reutilizável 400 gramas (Max,); tamanho 9

Quanto à cor, devem ser adaptadas cores claras para maior reflexão dos raios solares e conforto térmico no Verão, podendo a entidade empregadora definir um código de cores específico que permita distinguir a categoria dos seus empregados Os capacetes devem satisfazer os requisitos da norma portuguesas NP EN 397:1995, apresentar de forma legível e indelével a seguinte marcação de garantia: Número da norma; País de origem; Nome do fabricante; Mês e ano de fabrico; Referência a características opcionais que tenham sido consideradas. Deve ser exigido ao fabricante um manual de instruções que contenha informação sobre armazenamento, utilização, limpeza, manutenção, desinfecção, acessórios, peças sobressalentes e data ou prazo de validade. Fig. 2 (Sinal de obrigação) Protecção dos olhos Nunca é demais salientar a importância do sentido da visão e um dos seus órgãos, os olhos. Os olhos são órgãos muito sensíveis e estão sujeitos a acidentes de trabalho que podem atingir a maior gravidade, pelo que a sua protecção é de fundamental importância para o trabalhador. As lesões nos olhos, ocasionadas por acidentes de trabalho, podem ser devidas a: Projecções de poeiras, provocadas por acção de correntes de ar, vento violento, operações de polimento; De partículas metálicas ou não, provenientes de ferramentas ou de peças trabalhadas (aço temperado, vidro, porcelana, pedra, betão, etc.), ou ainda devido à natureza das superfícies das peças (calamina, pintura, esmalte, cromo, etc.); 10

Partículas de tinta, líquidos corrosivos, reboco projectado, argamassa e ainda metal em fusão durante as operações de soldadura. A acção sobre os olhos de gases e vapores provocados pelo manuseamento de produtos químicos (por exemplo ácido sulfúrico, ácido clorídrico, amoníaco, etc.) e por fumos produzidos durante as operações de soldadura, bem como fontes de radiações diversas devidas por exemplo a luzes parasitas de uma oficina e aos diferentes métodos de soldadura (com maçarico de gás, oxiacetilénica e por arco eléctrico), são outras causas também propícias a acidentes que provocam lesões ópticas por vezes irreversíveis. Deste modo, quando a protecção dos olhos não puder ser assegurada por dispositivos de protecção colectiva, as protecções oculares individuais (tais como óculos, viseiras faciais, máscaras para soldadores e máscaras respiratórias) devem ser objecto de selecção criteriosa em função dos riscos associados à execução de cada tipo de trabalho. Óculos de Protecção Os óculos são constituídos por armações e geralmente por duas oculares, existindo no entanto certos modelos apenas com uma ocular panorâmica. As suas principais características e utilizações são função das armações ou das oculares. Fig. 3 (Óculos de protecção) 11

O quadro apresenta diferentes tipos de óculos e de outras protecções visuais, e as suas aplicações mais adequadas. Tipos de óculos de protecção Tipo Características Protecções Óculos com protectores laterais Óculos com concha Óculos contra radiações Óculos panorâmicas Viseira facial Ecrã do soldador Capacete de soldador Leves; cómodos Leves; estanques; possibilidade de embaciamento quando não há ventiladores; fixação elástica Leves; estanques ou não; fixação elástica Fixação elástica; Protecção frontal e lateral; n/protecção contra fumos Pesada; dificulta a respiração Pesado; muito quente Choques; projecções de sólidos e líquidos Choques; projecções de líquidos e sólidos Radiações; choques; projecções de líquidos e sólidos Choques; radiações. Projecção de objectos; choques; calor; poeiras. Calor; fagulhas; poeiras; encandeamento Calor; radiações; fagulhas Fig. 4 (Óculos de protecção) 12

Os óculos são utilizados na protecção contra poeiras, gases e vapores e contra projecções de partículas ou líquidos. Saliente-se que os óculos estanques às poeiras ou às projecções de partículas e de líquidos, são geralmente ventilados para evitar a condensação, mas deve ter-se em atenção que o dispositivo de ventilação é concebido em função do agente que se pretende proteger. Selecção e utilização Para a escolha de protecção ocular adequada deve ter-se em atenção um conjunto de características que podem ser comuns a todas as utilizações, nomeadamente: as de boa transparência e campo de visão, neutralidade óptica, indeformabilidade; inflamabilidade; resistência aos choques; resistência à abrasão; ausência de estilhaços cortantes por ocasião de uma rotura; e insensibilidade ao vapor de água. Devem também considerar-se outras características específicas conforme os riscos na sua utilização, a própria forma e ainda os materiais que as constituem. As viseiras são concebidas para protegerem (total ou parcialmente) os olhos e também o rosto. A protecção pode ser conferida através de uma rede metálica de malha fina (para projecções de metal em fusão) ou em material plástico transparente. Podem também ser de resinas celulósicas (para choques moderados) ou de policarbonato (que possui grande resistência aos choques). Fig. 5 (Viseiras) As máscaras de soldador, são concebidas para protecção do rosto e pescoço quanto aos riscos de radiação das projecções incandescentes. São constituídas por material não inflamável, nomeadamente fibra vulcanizada ou poliéster reforçado com fibras de vidro, contendo também uma janela equipada por um filtro óptico, em vidro ou em material plástico. As máscaras podem ser seguras com a mão ou mantidas na cabeça por uma correia ou por um capacete de protecção, sendo esta última situação a indicada quando for indispensável a utilização das duas mãos na execução do trabalho. 13 Fig. 6 (Máscara do Soldador)

Selecção Na selecção dos protectores dos olhos, devem analisar-se os critérios (especificações). Especificações dos óculos de protecção Critérios de Selecção Tipo Materiais Utilização Conservação Conforto Exemplo Contra radiações, com protecções laterais Vidro, plástico Soldaduras, etc. Laváveis com De hastes, de elástico Deve-se escolher máscaras adequadas ao trabalho, já que a sua resistência mecânica e a sua impermeabilidade às radiações são importantes. Os filtros que as equipam deverão possuir as características de absorção adaptadas à natureza e à importância do risco criado pela radiação produzida, isto é, existem escalões que especificam os domínios de utilização. Em qualquer caso, deve-se procurar o filtro com melhor conforto visual óptico que proteja contra os riscos de lesões oculares relacionados com o procedimento utilizado. Os olhos e o rosto são protegidos com óculos e viseiras apropriados, cujos vidros devem resistir ao choque, à corrosão e às radiações, conforme os casos. Os óculos de protecção devem ajustar-se correctamente e não devem limitar demasiado o campo de visão (cerca de 20%). Os vidros dos óculos e viseiras de protecção são de dois tipos: Vidros de segurança: Transparentes, contra acções mecânicas ou químicas, constituído por vidro temperado ou plástico (termoplástico ou plástico termoendurecido). Utilizam-se nos trabalhos de rebarbagem e esmerilagem; Vidros coloridos: De efeito filtrante, contra acções ópticas. Podem utilizar-se vidro temperado, plástico ou ainda vidro normal. Usados nas operações de soldadura. 14

Fig. 7 (Máscaras) Este é o símbolo de uso obrigatório de protecção dos olhos. Fig. 8 (Sinal de obrigação) Protecção dos ouvidos A acção do ruído sobre os trabalhadores verifica-se quer a nível fisiológico, com reflexos nocivos sobre o aparelho auditivo e outras funções orgânicas, quer a nível psicológico, provocando acréscimos de tensões que podem gerar situações favoráveis à ocorrência de acidentes. Em ambientes de trabalho com níveis de ruído iguais ou superiores a 87 db (A), depois de todas as medidas de protecção colectiva implementadas (medidas organizacionais do trabalho e medidas construtivas), a capacidade auditiva do trabalhador, a sua rentabilidade e a qualidade do seu trabalho, são afectadas. Estes riscos devem ser reduzidos a um nível tão baixo quanto possível de forma a permitir a protecção dos trabalhadores. A lei obriga o uso de protecções individuais contra o ruído. As protecções referidas, devem ser escolhidas de uma forma adequada, isto é, devem satisfazer as exigências impostas, quer para os valores limite de exposição diária ao ruído ou da pressão acústica instantânea, quer para a média semanal dos valores diários. 15

Fig. 9 (Perdas de audição para exposição a um ruído de 95 db) A figura acima mostra-nos as perdas auditivas em, decibéis, para as várias frequências e em função dos anos de exposição a um ruído de 95 db. Analisando o gráfico verifica-se que, por exemplo, após 10 anos de exposição, sofre-se uma redução da capacidade auditiva de 30 db na frequência de 4000 Hz. Meios de Protecção Auditiva De acordo com a legislação nacional, nomeadamente o Decreto-lei nº 182/06 de 06 de Setembro, os protectores de ouvidos devem: Estar conforme com as normas existentes e certificados; Ser adaptados ao utilizador; Ser adaptados às características e condições de trabalho; Proporcionar a atenuação adequada da exposição ao ruído. O princípio da protecção individual, contra o ruído consiste em interpor entre o ruído excessivo e o canal auditivo uma barreira, como se mostra na figura 16 Fig. 10 (Barreira auditiva)

O material de que é feita esta barreira deve absorver suficientemente a energia das ondas sonoras, sem prejudicar a possibilidade de comunicação do portador e a percepção de sons ligados a outros perigos. Os meios de protecções devem ser escolhidos tendo em atenção o ambiente de trabalho e o utilizador, de modo a conseguir-se maximizar quer o conforto, quer a protecção. A escolha tecnicamente criteriosa dos protectores auditivos envolve alguns procedimentos. Em primeiro lugar deve proceder-se à determinação ou ao levantamento do "espectro do ruído" no posto de trabalho considerado; depois escolhe-se o protector cuja atenuação leve o ruído que passa através dele a níveis considerados não perigosos. Segundo a legislação portuguesa, os níveis de ruído de 85 a 89 db(a) são considerados valores de alerta; os níveis de 90 db (A) e superiores são considerados níveis de perigo para a saúde e bem estar, que também têm efeitos ao nível da produtividade e da qualidade do trabalho. Vejamos um exemplo ilustrativo de procedimento prático. Consideremos um espectro do ruído produzido em dado posto de trabalho como o da figura: Frequências (Hz) Fig. 11 (Espectro de ruído e característica de atenuação de um protector) Consideremos ainda que dispomos de um protector tipo tampão com as seguintes atenuações médias: 125 250 500 1000 2000 4000 8000 Atenuação (db) 18 20 23 21 25 27 28 17

Na figura 11, a curva a duplo traço representa o espectro do ruído que o tampão deixa passar para o ouvido; verifica-se portanto que o tampão não cumpre a sua função na zona correspondente aos 1000 Hz, pelo que teremos de escolher outro tipo de protector. Quaisquer que sejam os tipos de protectores a usar, os trabalhadores devem passar por uma fase de aprendizagem e de adaptação aos mesmos, período em que os poderão usar de forma intermitente. De qualquer modo, há que ter a noção de que, mesmo com um período de adaptação adequado, são sempre referidos problemas que levam a que alguns trabalhadores se furtem ao uso contínuo dos protectores. Os problemas mais vulgarmente relatados são: Dificuldade de comunicação com os colegas; Dores de cabeça; Calor e aumento da transpiração; Dificuldade na audição de sinais ou avisos sonoros; Stress e suas consequências. Tipos de Protectores Auriculares Os aparelhos protectores do ouvido podem ser de dois tipos, Protectores Auriculares ou Tampões. Em ambos os casos, devem satisfazer as exigências estabelecidas pelas EN 352-1 e EN 352-2, respectivamente existem também protectores auditivos com capacidade para acoplamento ao capacete, devendo estes estar em conformidade com a EN352-3. Devem também conter a informação preconizada para permitir a escolha adequada tendo em vista minimizar os factores de risco referidos, assim como uma marcação obrigatória onde conste: Para os Protectores Auriculares (marcação indelével no aparelho): identificação do fabricante; modelo; no caso de necessidade de orientação particular, o fabricante deve indicá-la, por exemplo LEFT (esquerdo) ou RIGHT (direito); referência à EN 352-1:2002; Para os Protectores do tipo Tampões (marcação na embalagem): identificação do fabricante; referência à EN 352-2:2002; modelo; instruções para colocação e uso adequado. 18

Podem ser classificados: Segundo o modo de utilização Abafadores (Protectores auriculares) Tampões Auditivos Com banda sobre a cabeça; Com banda por trás da nuca; Montados em capacete de protecção. Pré-moldados; Moldados pelo utilizador (compressíveis); Realizados por medida; Reunidos por uma banda. Segundo o modo de funcionamento Aparelhos Passivos Aparelhos não Lineares Aparelhos Activos Aparelhos de Comunicação Atenuação acústica não depende do nível de pressão sonora. Atenuação acústica não depende do nível de pressão sonora exterior. Atenuação é reforçada, sobretudo nas baixas frequências por um dispositivo electroacustico. Permitem a transmissão de mensagens ou a percepção de sinais importantes para a realização de diferentes tarefas. Os tampões são introduzidos no canal auditivo externo e visam diminuir a intensidade das variações de pressão que atingem o tímpano. Os materiais utilizados são: o algodão (simples, impregnado com cera ou plastificado), borracha e lã mineral. Fig. 12 (Tampões auriculares) 19

Os abafadores são feitos em material rígido, revestido internamente por material flexível e devem adaptar-se ao pavilhão auditivo, cobrindo-o totalmente. Fig. 13 (Abafadores auriculares adaptados ao capacete) Fig. 14 (Colocação de tampões auriculares) Selecções dos Protectores A selecção, utilização e manutenção dos protectores auditivos deve ter em consideração além do disposto na EN 458:2004 e no Decreto Regulamentar n.9/92, os seguintes critérios: Critérios de Selecção Tipo Exemplo Tampão; tampão c/cera; rolhão; lã anti-ruido; concha; concha c/capacete Atenuação Materiais absorsores Utilização Durabilidade Conservação Conforto 27 db a 125 Hz; 44 db a 8000 Hz Fibras minerais; espumas de plásticos; Contínua; intermitente; em ambientes húmidos; em ambientes de elevada temperatura Utilizações; tempo de uso normal Lavável; reutilizável; Almofadas; moldagem; ajustes; reguladores de tensão; regulação da pressão; peso;.. 20

Especificações dos protectores auditivos Tampões Auditivos Vantagens Desvantagens Pequeno tamanho; Podem ser aliviados pela conversação ou mastigação; Leveza; Adaptação mais difícil; Facilmente usados com capacete, óculos ou qualquer outro equipamento de protecção; Mais frescos; Mais confortáveis; O seu tamanho tem que ser individualizado; Dificuldade no controlo do seu uso; Necessitam de cuidados especiais no seu uso e limpeza; Melhor atenuação de baixas frequências. Não podem ser usados quando o canal do ouvido externo está inflamado. Protectores Auriculares (Abafadores) Vantagens Desvantagens Melhor atenuação das altas-frequências; Facilidade de uso e adaptação; Facilidade em coloca-los e removê-los; Mais visíveis, mais facilmente controláveis; Tendência para um melhor ajustamento em períodos de tempo longos. 21 Quentes; Adaptação rígida a cabeça; Dificuldade no uso com capacete, óculos ou qualquer outro equipamento de protecção; Desconfortáveis quando usados durante períodos de tempo longos.

Símbolo de uso obrigatório de protecção dos ouvidos. Onde vir este sinal deve usar uma protecção contra o ruído. Fig. 15 (Sinal de obrigação - Protecção dos ouvidos) Protecção das vias respiratórias Os trabalhadores podem, ocasionalmente estar sujeito a poluição no seu ambiente de trabalho. As causas desta situação muitas vezes são devidas a: Manipulação ou presença de produtos necessários ou não para a execução das tarefas; Ausência ou deficiência de sistemas de aspiração na fonte de poluição que limitam ou suprimam a emissão de poluentes. Os equipamentos para a protecção individual das vias respiratórias destinam-se a proteger os trabalhadores contra a inalação de substâncias que possam ser prejudiciais à respiração e/ou ataquem os tecidos dessas vias, ou ainda contra a insuficiência de oxigénio. Tendo em consideração os agentes poluidores, os aparelhos de protecção individual podem ser de dois tipos: Uns dependem da atmosfera ambiente com a função de purificar o ar recebido pelo trabalhador Aparelhos Filtrantes; Exemplo: Máscaras para filtragem física ou química. Outros são independentes da atmosfera ambiente e têm a função de fornecer o ar ou oxigénio puro. Aparelhos Filtrantes Estes aparelhos tem por função filtrar o ar necessário à respiração de um individuo em qualquer ambiente de atmosfera poluída. Os aparelhos filtrantes apenas podem ser utilizados quando a atmosfera contém oxigénio suficiente para a respiração (mínimo 17%). 22

Podem ser classificados em: Anti-aerossois; Anti-gases. Aparelhos filtrantes anti-aerossois Designados também por anti-poeiras, são constituídos por uma máscara de contacto, que tanto pode ser Semi-máscara, que cobre apenas o nariz, a boca e o queixo; Máscara completa que protege toda a face, e de um elemento filtrante que poderá ser a própria máscara de contacto. Os filtros anti-aerossois são marcados com uma faixa branca e a sua duração de utilização depende da velocidade de colmatagem, ou seja, do grau de empoeiramento e do ritmo de respiração do utilizador. As peças faciais podem ser de diversos tipos: Máscara integral ou completa; Meia máscara ou mascarilha; Quarto de máscara; Bucal com pinça nasal. Fig. 16 (Meia mascara de protecção contra partículas sólidas e líquidas) 23

A máscara é o equipamento protector mais completo, uma vez que cobre -te só as vias respiratórias, boca e nariz, como também os olhos e o queixo. Na meia máscara a peça facial apenas cobre as entradas das vias respiratórias Fig. 17 (Máscara de protecção contra gases, vapores e partículas) Aparelhos filtrantes anti-gases e mistos Estes aparelhos podem ser constituídos por uma peça facial completa ou por uma semi-mascara equipada com um ou mais elementos filtrantes. Os elementos filtrantes são antigás e são destinados a reter gases e vapores especificados e misto, destinados a reter partículas sólidas e/ou liquidas e simultaneamente gases e vapores especificados. Fig. 18 (Máscara de protecção contra gases, vapores e partículas) Filtros Existem muitos tipos de filtros, utilizáveis de acordo com os contaminantes a reter. Genericamente podem classificar-se em: Filtros de partículas; Filtros de gases e vapores; Filtros de partículas, de gases e de vapores. 24 Fig. 19 (Filtros de retenção)

Os filtros de partículas têm capacidades de retenção e de protecção diversas de acordo com o quadro seguinte: Qualidade dos filtros de partículas Capacidade de retenção Protecção contra Concentração máxima admissível (VLE) Fraca (P1) Partículas sólidas 5 VLE Boa (P2) Muito Boa (P3) Partículas sólidas e liquidas Partículas sólidas e liquidas 10 VLE 50 VLE Meias máscaras 200 VLE Máscaras Os filtros de gases e vapores também são classificados de acordo com o contaminante a que se destinam, como se pode observar no quadro. Classificação dos filtros de gases e vapores Tipo Protege contra Marcação (código) A B E Gases e vapores orgânicos especificados pelos fabricantes, com temperatura de ebulição superior a 65ºC Gases e vapores inorgânicos especificados pelo fabricante, excepto o monóxido de carbono Dióxido de enxofre e outros gases e vapores ácidos especificados pelo fabricante Lista castanha Lista cinzenta Lista amarela K Amoníaco e seus derivados Lista verde CO Monóxido de carbono Lista preta Hg (P3) Vapor de mercúrio 25 Lista vermelha (e branca) NO (P3) Oxido de azoto Lista azul (e branca) Substâncias radioactivas Iodo radioactivo, iodometano Lista laranja Os filtros A, B, E e K podem ser combinados entre si e também com filtros de poeiras identificadas com o símbolo P (código branco).

Aparelhos Isolantes Isolam completamente o utilizador da atmosfera ambiente poluída, permitindo assim uma protecção respiratória total a partir de uma fonte de ar puro. Devem ser utilizados quando a concentração dos gases poluentes ultrapassar 1% ou quando o teor em oxigénio do ar ambiente for, inferior a 17% São aparelhos que retiram os contaminantes do ar inspirado, de acordo com a norma NP 133, classificam-se em: Autónomos; Não autónomos. Os aparelhos autónomos permitem uma protecção total da respiração contra qualquer concentração de gás tóxico ou qualquer insuficiência de oxigénio, para o que dispõem de um reservatório adequado (de ar ou oxigénio comprimidos). São concebidos para garantir o fornecimento durante várias horas do ar necessário à respiração, garantindo ao utente uma completa autonomia quer ao ambiente, quer de mobilidade nesse ambiente. Devem ser usados em missões de salvamento, especialmente em casos de incêndio e confiados a pessoal com formação específica. Fig. 20 (Aparelho autónomo de protecção da respiração) Nos aparelhos isolantes não-autónomos, a máscara é alimentada com ar puro por intermédio de um tubo flexível, em que o seu portador fica dependente desse meio que limita os seus movimentos. Estes aparelhos devem ser utilizados em trabalhos de longa duração e nos casos onde se ignore a concentração do poluente. Devem ser utilizados quando a concentração de gases poluentes ultrapasse 1 %, ou quando o teor de oxigénio possa ser inferior a 17%. Estes aparelhos têm a grande vantagem de, sendo autónomos, poderem funcionar a grande distância da fonte de ar respirável tendo, no entanto, o inconveniente de serem pesados e necessitarem de algum treino para utilização adequada. Há variantes destes aparelhos que, em vez de oxigénio comprimido, têm um circuito fechado gerador desse mesmo oxigénio com recurso a substâncias químicas que o produzem. 26

Estes aparelhos devem ter algumas características de que destacamos: Robustez; Facilidade de conservação; Perfeita impermeabilidade; Comodidade de utilização; Facilidade de desinfecção; Peça facial perfeitamente estanque Dada a dificuldade relativa da utilização destes aparelhos, e o facto de a respiração também ser um pouco difícil, não devem ser usados por trabalhadores que sofram de asma ou bronquite. Os aparelhos não autónomos, são alimentados de ar fresco livre ou ar comprimido, através de um tubo flexível. Na alimentação a ar livre este tubo não deve ultrapassar os 20 metros de comprimento (com diâmetro interno de 25 mm) se não houver um insuflador manual ou motorizado. Quando ligado a ar comprimido respirável, o tubo pode ter comprimentos até cerca de 80 metros. Ar comprimido não pode conter óxido de carbono nem qualquer contaminante devido ao compressor; Quando o ar possa ter vestígios de água ou óleo, é necessário intercalar um filtro para os eliminar. No entanto, neste caso há que ter alguns cuidados: Os aparelhos de ar comprimido têm algumas vantagens sobre os de ar livre: Resistência respiratória mais fraca; Possibilidade de aumento do débito de ar; Pressão constante e superior à do ar atmosférico. 27

Selecção dos Aparelhos A escolha dos aparelhos de protecção das vias respiratórias deve ser muito criteriosa e atender a diversos tipos de exigências de natureza não só físico-química, como também psicológica e fisiológica. Em primeiro lugar é necessário ter conhecimento perfeito das condições e do ambiente de trabalho, designadamente: Natureza dos poluentes presentes; Toxicidade dos poluentes; Concentração dos poluentes na atmosfera do local; Duração do trabalho ou das operações; Exigências físicas e fisiológicas do trabalho; Astreintes fisiológicas e psicológicas que condicionam o uso de máscaras pelos trabalhadores. A escolha dos aparelhos deve ainda obedecer a dois critérios fundamentais: Eficácia do próprio aparelho comodidade no seu uso uma vez que a inadequação do aparelho e os imperativos quer físicos, quer fisiológicos do trabalho; Estado geral de saúde do trabalhador podem induzir e acelerar o perigo potencial de intoxicação. Fig. 21 É necessário ter em consideração que o uso destes equipamentos criam astreintes fisiológicas e psicológicas reais, que tem sido objecto de numerosos estudos. Fig. 22 (Sinal de obrigação Protecção das vias respiratórias) Quando se efectua a escolha de aparelhos de protecção respiratória convém tomar em consideração o manual de instruções do fabricante. Este, além de conter todos os dados de utilização, desinfecção, classe de protecção, peças sobressalentes, significado da marcação, data ou prazo de validade, deve ser escrito em português. 28

Protecção das mãos Os ferimentos nas mãos são riscos mais frequentes por serem as partes mais vulneráveis do corpo, não só porque manipulam os objectos, utilizam equipamentos como contactam com produtos agressivos. Por exemplo, as últimas estatísticas trabalhadas do Ministério do Trabalho Solidariedade Social, do 1 semestre de 1995, referem que os danos nas mãos e pés totalizaram 40,4% dos acidentes. As mãos, ferramenta essencial para a execução das tarefas, são os órgãos com a sensibilidade e a coordenação mais elaborada e, estando em contacto com os objectos e materiais, estão muito expostas a acidentes. Daqui resulta a necessidade da sua protecção em muitas actividades e circunstâncias. Como proteger as mãos? A protecção das mãos é efectuada através do uso de luvas, existindo no mercado vários tipos em função do fim a que se destinam. Fig. 23 (Luvas de Protecção) Os danos que podem sofrer as mãos vão desde simples arranhões, a queimaduras, radiações, cortes mais ou menos profundos, perfurações, abrasões, esmagamentos e mesmo amputação de dedos ou da própria mão. Expliquemo-nos: nunca deve usar luvas quando haja perigo de as mesmas ficarem presas em quaisquer peças, em máquinas rotativas por exemplo. Atenção, é tão importante usar sempre luvas numa dada circunstância, como nunca as usar noutra. Outro cuidado a ter é aplicar um creme protector antes de calçar as luvas, sempre que estas lhe causam qualquer irritação ou alergia na pele. 29

Tipos de Luvas Que tipo de luvas usar? Existem luvas para diferentes tipos de agressões, sobretudo os devidos a riscos mecânicos, eléctricos, térmicos, químicos e de origem biológica. Devem ser adequadas, em tamanho ao seu utilizador, e em tipo e material ao trabalho a executar. Podem ser constituídas por diferentes materiais, sobretudo couro, tecido, borracha natural e malhas mecânicas. Muitas vezes as luvas podem (devem) ser complementadas com mangas e punhos de protecção, tendo em consideração o agente agressor e os potenciais riscos A Norma Portuguesa NP 2310 (1989), estabelece as exigências gerais para todas as luvas de protecção para os riscos mais comuns em qualquer actividade profissional. Classes de luvas de protecção Classe A B C D E Modalidade de Protecção Riscos de origem química Ácidos e bases. Riscos de origem química Água e detergentes. Riscos de origem química Solventes orgânicos. Riscos de origem mecânica Riscos de origem térmica Calor e frio. R G H Riscos de origem eléctrica Radiações ionizantes Riscos de origem biológica 30

Os diversos tipos de luvas podem ser fabricados com materiais diversos: Couro; Tecidos (algodão, lã,...); Borracha natural (látex) ou sintética; Materiais sintéticos (nitriio, neoprene, PVC,...); Amianto; Malha metálica; O que, de acordo com os riscos esperados, leva a uma selecção do tipo que se apresenta no quadro seguinte. Materiais de fabrico de luvas e riscos que protegem Agentes / Risco / Actividade Pesca de alto mar Exploração florestal Produtos congelados Avicultura Trabalhos de alvenaria Trabalhos hortícolas Materiais De Fabrico Látex natural com aderência reforçada Látex natural com suporte Polimento e decapagem Limpeza industrial Produção de materiais de construção Industria química Manutenção nuclear Radiologia Trabalho em peças com óleo Fabrico de tintas Pinturas 31 Neopreno ou látex misto Látex com chumbo Nitrilo

Selecção e Utilização Para a selecção e utilização das luvas devem ser consideradas as características gerais de cada luva, o tipo de tarefa a desempenhar e suas características (riscos existentes, produtos manuseados) assim como a marcação existente no equipamento e embalagem. Na escolha dos níveis de desempenho deve ser sempre consultado o fabricante ou o distribuidor. Fig. 24 (Luvas de protecção de classe C) Riscos a Proteger As luvas devem proteger contra um ou mais riscos simultâneos, segundo os casos: Riscos Mecânicos Face a riscos mecânicos as luvas devem dar protecção eficaz contra: Cortes de qualquer origem; Perfurações; Abrasões. Fig. 25 (Luvas de protecção) Riscos térmicos Contra riscos desta natureza devidos a calor, as luvas devem proteger: Calor de contacto; Chamas; Calor radiante; Projecção de partículas em fusão. Quando os riscos derivados do frio, as luvas devem proteger contra: Frio de contacto e de convecção; Cortes e perfurações que diminuem o poder de resistência ao frio 32 Fig. 26 (Luvas de protecção) Fig. 27 (Luvas de protecção)

Riscos químicos Para resistirem a este tipo de riscos, as luvas devem ser: Estanques aos produtos manuseados, designadamente solventes; Resistentes à degradação por acção de produtos químicos; Mecanicamente resistentes a cortes e perfurações que comprometam ou anulem a sua estanquicidade. Fig. 28 (Luvas de protecção) Riscos eléctricos Face aos riscos eléctricos, as luvas devem ter capacidade isolante contra baixas e médias tensões eléctricas, em conformidade com as normas aplicáveis. Fig. 29 (Luvas de protecção) Radiações ionizantes Para resistir aos riscos de contaminação por radiações ionizantes, as luvas devem ser: Perfeitamente estanques; Resistir a produtos que as possam degradar e/ou perfurar. As luvas das figuras 25 a 30 são da marca Manutan 33 Fig. 30 (Luvas de protecção)

Em certos casos e quando se justifique, as luvas serão reforçadas com folhas de chumbo de espessuras variáveis consoante o risco de irradiação. Fig. 31 (Sinal de Obrigação - Luvas de protecção) Protecção dos pés Os pés por estarem fora do alcance do campo de visão, são susceptíveis a acidentes causados sobretudo por riscos de origem mecânica, química e de queda por escorregamento. Como consequência podem surgir danos desde esmagamento, fracturas, bem como perfurações e electrocussão Por exemplo, os acidentes dos pés representaram 10,6% do total dos acidentes de trabalho contabilizados no 1 semestre do ano de 1995; Para garantir a protecção dos membros inferiores deve-se assegurar a utilização de calçado confortável, eficaz e resistente adaptado ao trabalho a executar, aos riscos existentes e as condições particulares de uso. Tipos de Calçado A norma portuguesa NP 2190 diz-nos que o calçado de segurança pode ser de três tipos básicos: Sapato: Quando apenas resguarda o pé abaixo do artelho; Bota: Quando resguarda o pé e a perna ao nível do artelho; Botim: Quando resguarda o pé e a perna acima do artelho. Dentro de cada um dos tipos básicos de calçado, há diversas variantes de acordo com os tipos de materiais utilizados, tipos de reforços e tipos de solas. Define-se; Calçado de segurança quando a biqueira tem a capacidade de protecção contra 200 joule de energia de impacto; Calçado de protecção quando a biqueira tem a capacidade de protecção contra 100 joule de impacto; Calçado de trabalho quando não é utilizada a biqueira de aço. 34

Classificação O calçado pode ser classificado em função do tipo de material e do processo de fabrico em: Tipo I: Constituídos por materiais que não sejam de borracha natural ou de polímeros; Tipo II: Constituído por restantes materiais. O material por norma utilizado no fabrico do calçado é a pele impermeabilizada. Os reforços aplicam-se na biqueira e na palmilha, e em ambas se utiliza o aço inoxidável. Protecção maléolo Protecção dos dedos Protecção do calcanhar Solas anti-perfurante em aço Fig. 32 (Bota de protecção) Fig. 33 (Sapato de protecção) Fig. 34 (Botim de protecção) As botas das figuras 32 a 34 e 38 são da marca Manutan 35

Biqueira e palmilha A biqueira de protecção geralmente é de aço e permite proteger os dedos dos pés contra riscos de esmagamento resultantes de queda de objectos. Deve, portanto, possuir uma resistência mínima ao impacto Fig. 35 (Sem biqueira de aço) Fig. 36 (Com biqueira de aço) A biqueira deve estar integrada no calçado para que não seja possível retirá-la. Em certas actividades onde haja riscos de perfuração das solas, o calçado de protecção deve incluir uma palmilha de aço inoxidável que deve conjugar a resistência com a leveza e a comodidade. Fig. 37 (Com palmilha de aço) Solas As solas devem ser de material antiderrapante e apresentar um rasto que possibilite boa aderência aos pisos. A boa aderência consegue-se, por regra, diminuindo a superfície de contacto, o que aumenta a pressão por cm2 e, consequentemente, a aderência. Para trabalhos em superfícies molhadas, garagens por exemplo, o rasto da sola deve ter um perfil que facilite a evacuação dos líquidos, à semelhança do que acontece com os pneus dos automóveis. Fig. 38 (Botas de borracha) 36

Os materiais empregues no seu fabrico são: Materiais utilizados no fabrico de solas e suas propriedades Materiais Borracha natural Borracha sintética Borracha de policloropreno Borracha de nitrilo Cloreto de polivinilo (PVC) Propriedades Resistência a abrasivos; boa elasticidade; não resistência ao fogo; pouco resistente ao calor e ao desgaste; pouco resistente a hidrocarbonetos. Semelhantes às da borracha natural Boa resistência ao fogo, ao calor, à tracção e ao envelhecimento; resistente aos hidrocarbonetos Menor resistência mecânica que o policloropreno; resistência aos hidrocarbonetos; boa resistência ao calor; fraca resistência ao fogo e ao sol. Resistência a hidrocarbonetos Selecção e Utilização O calçado deve apresentar de forma legível e indelével uma marcação com as seguintes informações; Tamanho de calçado; Nome ou marca do fabricante; Data do fabrico; País de fabrico Símbolos apropriados as exigências especificas. Quando vir este sinal deve usar calçado protector adequado ao trabalho a executar e aos riscos decorrentes. 37 Fig. 39 (Sinal de obrigação Botas de protecção)

Protecção do corpo A protecção do corpo contra os efeitos indesejáveis, resultado dos vários riscos leva à concepção de diferentes tipos de vestuário que podem proteger ou não o corpo inteiro (como por exemplo, batas aventais, fatos de duas peças e fatos de peça única fato macaco). A protecção do corpo deve ser com vestuário adequado que, se por um lado tem de garantir algum poder de retenção de calor, por outro deve ter algum poder de absorção e de evaporação de suor, devendo, ainda, permitir o arejamento do corpo. Fig. 40 (Vestuário de protecção) Genericamente o vestuário de protecção tem por finalidade proteger contra os seguintes riscos: Riscos térmicos: (calor, fogo, projecções incandescentes, frio, intempéries); Riscos mecânicos: (cortes, perfurações, radiações, raios X, soldaduras); Riscos químicos: (produtos corrosivos, tóxicos ou irritantes, poeiras, gases e vapores). O vestuário de protecção pode ser constituído pelas seguintes peças: Calças; Casaco; Calças e casaco; Fato de peça única ("fato-macaco"); Capote. 38

Selecção e Utilização Para selecção e utilização do vestuário de protecção mais adequado, é necessário, ter em atenção o seguinte: A roupa deve reter o calor, desde que permita o transporte de suor e um arejamento satisfatório para evitar riscos de irritação na pele, inflamações e inclusive dermatoses; Deve ser adquirido em função do tipo ou tipos de risco, tendo sempre em consideração a informação fornecida pelo fabricante; Deve ser escolhido para protecção contra radiações térmicas, vestuário fabricado com tecido de fibras metalizadas, que também pode ser utilizado para protecção a chamas num curto período de tempo; É aconselhável o uso de materiais lisos e espessos, no manuseamento de óleos e gorduras; Os fatos de protecção atmosférica, que protegem contra o vento, o frio, a precipitação e humidade, devem ser fabricados com materiais que permitam passar a humidade de dentro para fora e não de fora para dentro; O vestuário de protecção apenas deve ser utilizado no local de trabalho de forma a evitar a contaminação de outros ambientes. As roupas de protecção devem ser adequadas e confortáveis de tal modo que o trabalhador possa sentir-se à vontade quando a utiliza. Cada peça de vestuário deve possuir uma marcação, constituída por: Identificação do fabricante ou representante autorizado; Designação do tipo de produto ou nome comercial; Designação das dimensões; Numero da EN especifica. A figura representa o símbolo de protecção obrigatória do corpo: Fig. 41 (Sinal de Obrigação - Vestuário de protecção) 39