A INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS: UMA RETROSPECTIVA DE NOVE ANOS DE EXISTÊNCIA DO PROGRAMA PIBIC/CNPq NO INPE



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A INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS: UMA RETROSPECTIVA DE NOVE ANOS DE EXISTÊNCIA DO PROGRAMA PIBIC/CNPq NO INPE RELATÓRIO FINAL DE PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (PIBIC/CNPq/INPE) Davi Daniel Naves de oliveira (ETEP, Bolsista PIBIC/CNPq) E-mail: davi.olina@gmail.com Dr. Maurício Ribeiro Baldan (LAS/INPE, Orientador) E-mail: baldan@las.inpe.br COLABORADORES Dr. Claudia Renata Borges Miranda (LAS/INPE) Dr. Neidenei Gomes Ferreira (LAS/INPE) Julho de 2009

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 Introdução 1.2 Objetivo CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Resumo 2.2 Cronograma das atividades CAPÍTULO 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Tipo de Amostra 3.2 Preparação e Limpeza 3.3 Índio 3.4 Solução 3.5 Anodização CAPÍTULO 4 RESULTADOS E ANÁLISES 4.1 Série de Experimentos 4.2 Morfologia de Poro com Densidades Altas 4.3 Morfologia de Poro em Baixa Densidade 4.4 Relação Temperatura e Morfologia de Amostra 4.5 Microscopia Eletronica de Varredura MEV 4.6 Espectroscopia de Espalhamento RAMAN CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS 5.1 Conclusão 5.2 Trabalhos Futuros 2

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 - Introdução Este relatório discorre sobre o histórico das atividades de Iniciação Científica realizadas e, observações sobre a caracterização óptica e morfológica do Silício Poroso (PS) no período compreendido entre Julho de 2008 e Julho de 2009. O Silício é um material de grande aplicação tecnológica por ser abundante, relativamente barato e de fácil obtenção. Chama ainda a atenção de pesquisadores pela possibilidade de aplicação em diversas áreas como a optoeletrônica, foto-resistores, células solares e sub-dispositivos de outros sistemas. O estudo da integração entre o PS e estas tecnologias, esbarra no controle do fenômeno físico que ocorre durante o processo de obtenção de poros nas lâminas a partir da anodização eletrolítica. A reprodutibilidade de morfologia ainda é um obstáculo a ser superado, pois a superfície irregular e pouco homogênea dificulta a utilização destas em grande parte dos dispositivos baseados em PS. 3

1.2 Objetivo O objetivo desta pesquisa é realizar uma coleta de dados sobre o comportamento das amostras de Silício Poroso; para uma futura e efetiva caracterização, obtida através de processos de anodização eletroquímica baseando-se em parâmetros como: tipo de luz utilizada, concentração da solução, tempo, temperatura e tipo de amostra (Si tipo-n, 100). Desse modo, será necessário o uso de equipamentos como o MEV (Microscopia de Varredura Eletrônica), AFM (Microscopia de Força Atômica) e ainda a determinação da fotoluminescência das amostras, pois sabe-se que o silício pode emitir luz visível no estado poroso, verificando-se que há uma relação entre a porosidade e o comprimento de onda emitido [1]. 4

CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Resumo Neste trabalho fez-se um breve estudo das características morfológicas do Silício Poroso a partir de referências bibliográficas e técnicas eletroquímicas já desenvolvidas anteriormente. Estudou-se o comportamento de laminas de Silício 10-20 Ω cm em solução de ácido fluorídrico com acetonitrila (HF-MeCN). Dados de análise por Microscopia Eletrônica de Varredura MEV, permitiram encontrar-se conclusões amplas sobre a morfologia obtida a partir da anodização em solução aquosa HF:MeCN:H 2 O na qual os melhores resultados foram obtidos em baixas densidades de corrente, entre 1,12 e 1,69 ma/cm 2. Há ainda o fator da temperatura como variável e parâmetro de importante influencia na morfologia das amostras, considerando-se este como decisivo no controle do processo. 5

2.2 - Cronograma das Atividades Mensais 08/2008 a 09/2008 Processo de ambientação e introdução aos laboratórios. Atividades Práticas: Funcionamento e Limpeza do Reator, Seeding, RAMAN. 10/2008 a 11/2008 Atividades Práticas: Corte, Limpeza Característica e Anodização Eletroquímica. 11/2008 a 12/2008 Atividades Práticas: Anodização Eletroquímica, MEV das amostras de Si. Atividades Práticas: MEV corte lateral. 01/2009 a 02/2009 Seminário sobre as atividades e observações de experimentos. 02/2009 a 03/2009 Experimento sob novos parâmetros. 03/2009 a 04/2009 Estudo de fotoluminescência com lâmpada de luz negra. Segunda Série de Experimentos com novos parâmetros. 05/2009 a 07/2009 Fotoluminescência no RAMAN Execução do Relatório Final. 6

CAPÍTULO 3 CRIAÇÃO DA BASE DE DADOS 3.1 Tipo de amostra Silício tipo-n (100), 1-20 Ωcm, sendo utilizado para caracterização Si poroso a partir de processo eletrolítico em solução de Ácido Fluorídrico e Acetonitrila (HF:MeCN). 3.2 Preparação e limpeza Cortou-se os discos de Si com a ajuda de uma ponta de diamante em seções de 2x2cm. Obteve-se um número total 40 de amostras. A seguir, limpou-se as amostras com a solução H 2 O 2 :H 2 SO 4 pelos seguintes passos (solução piranha): - Fixação das amostras no suporte de teflon; - banho em solução HF:H 2 O [1:10] revezado com um segundo béquer contendo água deionizada até observar-se o total desprendimento de partículas da superfície; - banho de 10 minutos em solução H 2 O 2 :H 2 SO 4 [1:2]; - banho solução HF [1:1] durante 4 minutos; - banho em água deionizada; - Retirada das amostras do suporte de teflon e secagem destas com jato de nitrogênio; e - Logo após, guardou-se as amostras em recipientes próprios para tal. 7

3.3 Índio Em seguida, passou-se Índio (In) no lado opaco das amostras para que fosse otimizada a condutividade elétrica durante a anodização. O Índio é um elemento obtido a partir do Zinco e aumenta a condutividade elétrica da amostra. Utilizou-se uma pinça de aço, um bastão de vidro e uma chapa elétrica à 200 C. Fundiu-se o In a partir do calor da chapa sendo este espalhado na superfície da amostra. 3.4 Solução Escolheu-se no processo de anodização a solução final HF:MeCN:H 2 O [4:1:2] que é descrita como ideal para o mesmo de acordo com os estudos da Dra. Claudia Renata [2]. No preparo da solução utilizou-se os seguintes itens: - balão volumétrico de 150ml (um); - frasco de plástico com tampa de 150ml (dois); - béquer de 200ml; - MeCN; - HF [1:1]; e - água deionizada. Obs: todos os frascos e a vidrarias foram devidamente lavados para evitar-se uma possível contaminação das soluções. No balão volumétrico adicionou-se 25 ml de MeCN e completou-se o volume final com água 175mL. No frasco de plástico adicionou-se 16,8 ml de HF [1:1] e avolumou-se a solução com água novamente 100 ml. Por fim misturou-se 25mL da solução H 2 O:MeCN com 100mL da solução H 2 O:HF juntamente com mais 75 ml de água deionizada. Acondicionou-se a solução final no segundo frasco de plástico devidamente identificado com a data e o nome no rótulo. 8

3.5 Anodização Fez-se a anodização em solução aquosa de HF-acetonitrila às amostras em dois momentos. Em um primeiro instante com uma fonte do laboratório do LAS e em seguida no prédio do Circuito Impresso. Contou-se como dados efetivos para o estudo apenas os experimentos ocorridos com a segunda fonte. Neste processo utilizou-se: - Fonte Estabilizadora Tectrol 1000 Vcc 2000 ma; - Suporte para lâmpada; - Lâmpada Fluorescente 60 W; - Célula eletrolítica de Teflon ; - Eletrodo de Cobre; - Contra-eletrodo de Platina; - Termômetro Digital Oregon; - Amostra de Silício 2x2cm; - Solução HF:MeCN:H 2 O [4:1:2] - Multímetro; e - Fios de conexão. Ligou-se o sistema do seguinte modo: Entrada/Fonte Multímetro Eletrodo de Trabalho célula saída/fonte VA. célula Multímetro eletrolítica 9

CAPÍTULO 4 RESULTADOS E ANÁLISES 4.1 Série de Experimentos Tempo T. A. J(mA/cm 2 ) T.I. Sol T.F. Sol 120 21,2 C 22,59 27,9 33,9 C 120 22,3 C 11,29 24,9 C 33,7 C 90 21,2 C 22,59 26,2 C 30,1 C 90 24,7 C 11,29 24,7 C 34,0 C 60 25 C 22,59 - - 60 24,3 C 11,29 27,4 C 30,4 C 30 26,3 C 22,59 32,6 C 34,9 C 30 22,3 C 11,29 24,4 C 27,9 C 15 21,2 C 22,59 26,9 C 30,6 C 15 21,2 11,29 24,6 C 28,2 C Tabela: As anodizações eletrolíticas realizadas da primeira série são mostradas na tabela indicando A temperatura Ambiente do local (TA), Densidade de Corrente utilizada (J) e tempeaturas inicias e finais da Solução HF-acetonitrila respectivamente (TI) e (TF). Após esta primeira série de amostras foram realizadas diversas discussões teóricas em busca de uma morfologia mais próxima do objetivo. Fez-se então uma segunda série de anodizações baseadas nos dados já obtidos pelo MEV da primeira. Entendeu-se como mais próximo do ideal as amostras de J=22,50 ma/cm 2, variando-se assim, apenas o tempo entre 5 e 30 minutos. Tempo T. A. T.I. Sol T.F. Sol 30 25,2 C 24,9 +70 C 25 24,3 C J 24,1 C +70 C 20 26,2 C 22,59 26,2 C 68,8 C 15 25,7 C ma/cm 2 25,3 C 63,0 C 10 24,2 C 24,1 C 51,3-5 24,3 C 24,0 C 30,4 C Tabela: Anodizações de densidade de corrente constante variando-se o tempo. 10

Novamente com os resultados encontrados fez-se uma nova série, buscando agora a melhor porosidade em relação a densidade de corrente. Utilizou-se J entre 5,64 ma/cm 2 e 1,69 ma/cm 2, mantendo-se o tempo de 30 minutos para todas as amostras. Por fim, uma quarta série obtendo-se resultados considerados próximos da porosidade desejada. Pouca profundidade e maior diâmetro. 4.2 Morfologia de Poro com Densidades Altas Baseado nas análises por intermédio do MEV das amostras em ambas correntes, concluiu-se que os ataques ocorreram em profundidade, os maiores poros atingiram a marca de 120 µm. Ao contrário do esperado, constatou-se que anodizações com densidade corrente em 11,29 ma/cm 2 fizeram ataques mais efetivos e de poros em menores tamanhos enquanto os experimentos na corrente de 22,59 ma/cm 2 possivelmente sofreram uma decapagem encontrando-se poros com maior diâmetro. Experimento de 90 com corrente de 22,59 ma/cm 2. Poros de pouca profundidade e grande diâmetro. Ataque infiltrado na amostra. 11

Experimento de 120 com corrente de 22,59 ma/cm 2. Poros de grande profundidade e pequeno diâmetro. Ataque profundo. Nestas condições não foi possível confirmar ainda se há padronização entre amostras de tempo e correntes. A reprodutibilidade do processo que ainda segue em estudo. 4.2 Morfologia de Poro em Baixa Densidade Após um período de estudo teórico e discussão do tema junto ao orientador, adotou-se novos parâmetros de anodização ao concluir-se que as densidades de corrente 22,59 e 11,29 ma/cm 2 eram ainda muito altas para o objeto de estudo. Assim, trocou-se a lâmpada utilizada no processo a fim de minimizar-se o calor gerado durante a anodização, diminui-se ainda o tempo e a densidade de corrente para 1,69 e 1,12 ma/cm 2. A partir desta nova série de amostras obteve-se resultados mais próximos de uma morfologia que possa responder ao foco principal deste projeto: a obtenção de laminas de Si poroso que tenham poros de diâmetro grande e pouca profundidade para o crescimento de diamante pelo método de Deposição Química na fase Vapor por Filamento Quente HF-CVD. Este método de crescimento é baseado em um reator de crescimento que usa filamentos de Tungstênio, criando calor suficiente para romper as ligações de CH 4, gás utilizado para a obtenção do carbono que será depositado na amostra em forma de carbono. 12

Série de anodização de 30 minutos com variação de densidade de corrente. Ficou notável a diferença de porosidade entre as amostras. 5,64 ma/cm 2, 3,95 ma/cm 2 e 1,69 ma/cm 2 respectivamente. 4.3 Relação Temperatura e Morfologia de Amostra Por intermédio das análises realizadas no MEV, entendeu-se que a temperatura influencia diretamente o tipo de poro obtido durante as anodizações. Na célula utilizada não houve modo de controlar este parâmetro o qual apenas foi observado para fins de estudo. Assim, é clara a relação entre densidade de corrente e as temperaturas iniciais e finais de cada experimento e o resultado final obtido. O efeito da temperatura na densidade de corrente característica do metal em contato com os filmes de PS foi observado in experimentos (Pazebutas et al., 1995; Chen et al., 1994a; 1994b; Remaki et al., 2003; Aroutiounian and Ghulinyan, 2003; Balagurov et al., 2001) Estes autores se propuseram a diferentes mecanismos. alguns destes assumiram que a emissão termo-ionica ou a barreira difusora controlava a densidade de corrente dos dispositivos, mas outros autores propuseram que o mecanismo de tunelamento ou a dependência do campo elétrico da condutividade do PS como o mecanismo dominante [3] 13

4.4 Microscopia Eletronica de Varredura MEV A Microscopia Eletrônica de varredura é uma ferramenta de apoio na caracterização morfológica das amostras, por um equipamento capaz de produzir imagens de alta ampliação e resolução. As imagens fornecidas pelo MEV possuem um caráter virtual, pois o que é visualizado no monitor do aparelho é a transcodificação da energia emitida pelos elétrons, ao contrário da radiação de luz a qual estamos habitualmente acostumados. 14

Tempo 120 90 60 Densidade de Corrente 22,59 11,29 22,59 11,29 40 20 (ma/cm 2 ) Temp. final ( C) 33,9 33,7 30,1 34,0 30,4 MEV-topo MEV-corte Tabela 1: MEV com alta densidade de corrente. Tempo 30 25 20 15 10 5 Densidade de Corrente (ma/cm 2 ) Temp. final ( C) 22,59 +70 +70 68,4 63,0 51,3 35,6 MEV-topo MEV-corte Tabela 2: MEV com alta densidade de corrente variando-se o tempo. 15

Tempo 30 Densidade de Corrente (ma/cm 2 ) 5,64 3,95 1,69 MEV-topo MEV-corte Tabela 3: Anodização com tempo fixo variando-se a baixa densidade de corrente. Tempo 30 20 10 Densidade de Corrente 1,694 1,129 1,694 1,129 1,694 1,129 (ma/cm 2 ) Temp. final ( C) - 25,2 25,2 25,0 25,1 24,9 MEV-topo MEV-corte Tabela 4: Série final de anodizações. Melhor porosiade obtida. 16

4.5 Espectroscopia de Espalhamento RAMAN A espectroscopia aplicada ao PS é utilizada na verificação da fotoluminescência das lâminas de amostras. Um conjunto de dados pode ser obtido a partir desta análise sobre propriedades ópticas e estruturais. Este processo baseia-se na emissão radiativa espontânea dos materiais. Assim: O processo de emissão espontânea em um semicondutor ocorre em quatro etapas básicas definidas em: excitação, relaxação, termalização e recombinação. No primeiro passo, a incidência de luz com energia maior que o gap da lamina de Si cria pares elétron-buraco mediante a promoção de elétrons e seus estados fundamentais. Logo após, na relaxação o excesso de energia absorvido pelos portadores é cedido a rede cristalina. Em seguida o excesso de energia absorvida é cedida a rede cristalina, que tendem a ocupar estados demamis baixa energia possível no fundo das bandas. Depois de um intervalo de tempo que é em geral extremamente curto (entre 10-9 e 10-12 segundos), o elétron retorna para seu nível fundamental recombinando com o buraco, e a recombinação radiativa gera um fóton (luz). É nesse processo geral que se baseia técnica de fotoluminescência. [4] 17

Gráfico: Raman em amostra de alta densidade de corrente. Apesar da fotoluminescência ser visível a olho nu (luz negra) o pico de intensidade não passa de 30 mil. Gráfico: Raman de amostra anodizada em baixa densidade de corrente. A fotoluminescência é quase não perceptível a olho nu, tendo porém um pico de intensidade maior que a amostra anterior. 18

CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS 5.1 Conclusão Constatou-se que a voltagem necessária média aplicada no início do processo é de 100V. Pois antes da formação do poro, é necessário que a reação rompa a da camada passivadora de óxido (SiO 2 ) na superfície do Silício que atua como obstáculo para a permissividade da corrente elétrica. Nos experimentos com tempo de duração superior a 60 minutos observou-se que a tensão (voltagem) cai até cerca de 10V mantendo-se assim até o fim. Neste estágio, observou-se também um ataque bem mais heterogêneo. Anodizações eletrolíticas com menos tempo de ataque permitem um melhor controle da reação em diversos aspectos, pois a variação de temperatura é menor. Assim, os melhores resultados obtidos foram encontrados em ataques de tempo inferior a 30 minutos. O que acabou por evidenciar o fato de que a decapagem observada em ataques com tempo superiores a 30 minutos não ocorre aqui. Assim como em outros autores Cecherelo [5] e Chang [6] et al, observou-se um número considerável de bolhas em razão da liberação de gases (Hidrogênio) causada pela reação de eletrólise em todos os experimentos, que por diversas vezes necessitou-se de remoção manual para que este pudesse continuar quando a tensão (V) cai para zero. Entendeu-se como necessária a colocação de um sistema de circulação na célula para impedir tal acúmulo ou ainda o desenvolvimento de uma nova célula eletrolítica (a ser implementado como uma nova etapa de trabalho). 19

5.2 Trabalhos futuros A influência da temperatura causada pelo uso de uma lâmpada de halogênio foi estudada de forma superficial. Mas acredita-se que a sua substituição por outro tipo, como fluorescente proverá maior estabilidade e controle dos parâmetros utilizados. Novas séries de amostras serão obtidas e caracterizadas a partir da troca da fonte de luz. A caracterização da rugosidade das amostras por intermédio de análises de Microscopia de Força Atômica (AFM), também serão introduzidas na continuidade do trabalho com o objetivo esclarecer com um maior número de dados, a porosidade alcançada em cada experimento. Estuda-se a introdução de um novo elemento a solução HF-acetonitrila no intento de diminuir ainda mais a resistividade da solução, o perclorato de tetrabutil amônio que funciona como eletrólito suporte. Finalmente, após estas etapas de estudo e aplicação, é previsto o crescimento de filmes de diamante em HF-CVD e sua respectiva caracterização. 20

Referências Bibliográficas [1] CHANG, D. C. Caracterização da superfície do Silício poroso por microscopia de força atômica. Dissertação de Mestrado. UNICAMP. 1995. [2] MIRANDA, C. R. B. Compósito Diamante/Silício poroso a partir dos processos CVI/CVD. Proposta de Tese. 2007. [3] Yue Zhag, et al. Influence of polarized bias and porous silicon morphology on the electrical behavior of Au-porous silicon contacts. Zhejiang University, Hangzhou. China. 2005. [4] LAURETO, Edson et al. A técnica de fotoluminescência aplicada à investigação de imperfeições estruturais em poços quânticos de materiais semicondutores. Artigo. Semana de Ciências Exatas e Tecnológica. UEL. 2005. [5] CECHERELO, G. S. S. Sensores eletroquímicos para detecção de íons e medida de PH baseados em filmes de silício poroso. Dissertação de Mestrado. USP. 2007. [6] GUNTHERODHT, Springer. Light Scattering in Solids. 1989. 21