A PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE SAÍDAS E O ICMS



Documentos relacionados
Espaço DIPJ Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ-2013), relativa ao ano-calendário de 2012.

ITG 2000 (R1) ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ESTADO DE ALAGOAS GABINETE DO GOVERNADOR CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES CAPÍTULO II DA DEFINIÇÃO DE MICROEMPRESA SOCIAL

INSTRUÇÃO Nº 402, DE 27 DE JANEIRO DE 2004

Contabilidade Básica. Prof. Jackson Luis Oshiro Escrituração. Conceito. Capítulo 5 Escrituração.

DICAS DE ECONOMIA TRIBUTÁRIA - PJ Por Júlio César Zanluca Verifique se as dicas se aplicam ou não a sua empresa, pois pode haver restrições quanto a

TEXTO INTEGRAL DA INSTRUÇÃO CVM Nº 247, DE 27 DE MARÇO DE 1996, COM AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELAS INSTRUÇÕES CVM Nº 269/97, 285/98, 464/08 E

Importação por Conta e Ordem e Importação por Encomenda (LUCIANO - 15/05/2006)

II - Manter suspensas as concessões de novas cartas patentes para o funcionamento de sociedade de arrendamento mercantil.

RESOLUÇÃO N Art. 3º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Francisco Roberto André Gros Presidente

DECRETO Nº. 1336/11, DE 01 DE SETEMBRO DE 2011

PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 17, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1989.

Câmara Municipal dos Barreiros

Constituição Formal de Empresas

NOTAS EXPLICATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 E DE 2012

INSTRUÇÃO NORMATIVA N 001/2013

LEI Nº 9.548, DE 22 DE ABRIL DE A CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA, Estado de Goiás, aprova e eu, PREFEITO MUNICIPAL, sanciono a seguinte Lei:

Programa de Fortalecimento das Cadeias e Arranjos Produtivos Locais - APLs

Matéria elaborada com base na legislação vigente em: 11/07/2011.

LEI Nº , DE 13 DE MAIO DE LEI DE CONVERSÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 627, DE 11 DE NOVEMBRO DE ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

RESOLUÇÃO CONFE No 87, de 26 de dezembro de 1977.

GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I

Legislação MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

Contratos de Mútuo Empréstimos Incidência de IRRF e IOF


ESTATUTO SOCIAL. Parágrafo 3 Poderão ser emitidas ações preferenciais até 2/3 (dois terços) do total de ações.

REGULAMENTO FINANCEIRO DO CDS/PP

Obrigações. Fornecedores Salários a pagar Impostos a recolher Patrimônio Líquido. Capital Social Reservas 30.

CONTABILIDADE BÁSICA

PARCELAMENTO ORDINÁRIO DE TRIBUTOS FEDERAIS

DOCUMENTÁRIO ESPECÍFICO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES

MANUAL DE OPERAÇÕES DA RODA DE DÓLAR PRONTO

PREFEITURA MUNICIPAL DE VIANA

I. ESTATUTO DO VENDEDOR DIRETO. 1. Venda Direta

IV SEMINÁRIO CATARINENSE SOBRE ATUALIDADES JURÍDICO-CONTÁBEIS IMPOSTO DE RENDA LIMITES DOS CONCEITOS CONTÁBEIS NA DEFINIÇÃO DO FATO GERADOR

DIAGNÓSTICOS DA AMÉRICA S/A CNPJ/MF n.º / NIRE n.º Companhia Aberta

1. O que é a Nota Fiscal Eletrônica - NF-e?

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS

ANO XXVI ª SEMANA DE NOVEMBRO DE 2015 BOLETIM INFORMARE Nº 46/2015

Assunto: Contabilização do pagamento da Contribuição ao Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP

Nota de Esclarecimento sobre o Parecer dos Auditores Independentes Fundação Libertas de Seguridade Social

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: IR DIFERIDO

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Nota Fiscal Complementar de quantidade e valor

LEI COMPLEMENTAR Nº 114 DE 30 DE DEZEMBRO DE 2002

UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA - SP CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Prof. Izilda Lorenzo. Resumo 3

Cria mecanismos de fomento à atividade audiovisual, e dá outras providências

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Jd Soft Informática Ltda F o n e : ( )

Manual do. Almoxarifado

Professor conteudista: Hildebrando Oliveira

AS PROFISSÕES DE CONTADOR, ECONOMISTA E ADMINISTRADOR: O QUE FAZEM E ONDE TRABALHAM

Cartilha Declaração de Imposto de Renda 2016

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE

Doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente

Art. 1º - Fica aprovado o Regimento Interno da Central do Sistema de Controle Interno, anexo ao presente Decreto.

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos DECRETO Nº 5.054, DE 23 DE ABRIL DE 2004.

PRODUTOR PRIMÁRIO - Apuração e Recolhimento do ICMS em Santa Catarina. Matéria elaborada com base na legislação vigente em:

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 07. Subvenção e Assistência Governamentais

IPI ICMS - SP LEGISLAÇÃO - SP ANO XX ª SEMANA DE JANEIRO DE 2009 BOLETIM INFORMARE Nº 02/2009

CIRCULAR Nº Documento normativo revogado pela Circular nº 3.248, de 29/7/2004.

LEI Nº 9.038, DE 14 DE JANEIRO DE O Povo do Município de Belo Horizonte, por seus representantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

ANO XXIV ª SEMANA DE MARÇO DE 2013 BOLETIM INFORMARE Nº 13/2013

GLOSSÁRIO DE TERMOS CONTÁBEIS

O PREFEITO DE GOIÂNIA, no uso de suas atribuições legais, e CAPÍTULO I DO FUNDO MUNICIPAL DE ESPORTE E LAZER

PLANO DE OPÇÕES DE COMPRA DE AÇÕES DA WEG S.A.

Lei de Prevenção e Combate a Lavagem de Dinheiro

PORTELA ASSESSORIA LTDA

PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE

Estado do Acre DECRETO Nº DE 20 DE DEZEMBRO DE 2012

Venda exclusiva para pessoa jurídica. Condições Gerais EMPRESARIAL

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE

COAF - RESOLUÇÃO Nº 20, DE 29 DE AGOSTO DE 2012

14/2/2013 DIRF Professor Carlos Alberto Silva de Lima Bacharel em Ciências Contábeis Pós Graduado

PROJETO DE LEI CAPÍTULO I DO REGIME DE TRIBUTAÇÃO UNIFICADA

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL - REGRAS APLICÁVEIS PARA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE

GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA GOVERNADORIA LEI N , DE 11 DE SETEMBRO DE PUBLICADO NO DOE Nº 2297, DE

REGULAMENTAÇÃO DO RTT IN RFB Nº 1.397/13 Data 24/09/2013

SUZANO PAPEL E CELULOSE S.A. Regimento Interno do Conselho de Administração

I. INFORMAÇÕES INICIAIS II. GLOSSÁRIO

Prefeitura Municipal de Vitória Estado do Espírito Santo DECRETO Nº

GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA GOVERNADORIA

A Coordenação de Estágios informa:

ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL PREFEITURA MUNICIPAL DE AMAMBAI GABINETE DO PREFEITO

Regulamento Financeiro do Partido Social Democrata (Aprovado na Comissão Política Nacional de )

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº, DE 2015

O GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS. Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CADERNO DE QUESTÕES PROCESSO SELETIVO TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA (TRV) 2ª ETAPA EDITAL 02/2015-COPESE DATA: 08/02/2015. HORÁRIO: das 09 às 12 horas

Considerações sobre recolhimento de imposto sobre doação de espécie nos Estados e no Distrito Federal

2. IOF na determinação do custo do bem importado.

GUERRA FISCAL: SÃO PAULO E ESPÍRITO SANTO ICMS - IMPORTAÇÃO

CONDIÇÕES GERAIS DO OUROCAP 20 Anos. SOCIEDADE DE CAPITALIZAÇÃO: Brasilcap Capitalização S.A. CNPJ: /

QUESTÕES POTENCIAIS DE PROVA TROPA DE ELITE CURSO AEP PROF. ALEXANDRE AMÉRICO

31/03/2015. Aspectos contábeis aplicados ao Terceiro Setor: Escrituração e plano de contas

CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Emissor Fiscal. LAUREmissor Fiscal Fiscal

Transcrição:

FUNDAÇÃO FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA SECRETARIA DA FAZENDA DO ESTADO DA BAHIA 2º CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO ESTADUAL A PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE SAÍDAS E O ICMS JOSÉ ELMANO TAVARES LINS Salvador BA Maio/2002 1

JOSÉ ELMANO TAVARES LINS A PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE SAÍDAS E O ICMS Monografia referente ao término do II Curso de Especialização em Direito Tributário Estadual, realizado pela Fundação Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, em convênio com a Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia. Salvador BA Maio/2002 2

AGRADECIMENTOS À Secretaria da Fazenda pelo reconhecimento da necessidade de investir em seus técnicos, o que nos possibilitou esta oportunidade. À Fundação Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia pelo empenho na realização deste curso de especialização. 3

S U M Á R I O 1. INTRODUÇÃO 1.1. Tema e Problema 1.2. Objetivos 1.3. Relevância do Estudo 1.4. Organização do Trabalho 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. A Legislação Fiscal e as Omissões de Saídas 2.2. A Escrituração Contábil e a Legislação Comercial 2.3. A Escrituração Contábil e a Legislação Fiscal 2.4. As Contas de Disponibilidades: Caixa e Bancos 3. METODOLOGIA 4. A PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE SAÍDAS E O ICMS 5. CONCLUSÃO 6. BIBLIOGRAFIA 4

1. INTRODUÇÃO Este capítulo apresenta uma visão geral do trabalho. Nele abordamos o tema, o problema da pesquisa, os objetivos geral e específico, a justificativa dessa pesquisa bem como a organização do trabalho. 1.1. TEMA E PROBLEMA A história tem mostrado que desde épocas imemoriais, quando o Estado passou a exigir tributos dos cidadãos e empresas, que também se iniciou a resistência ao seu pagamento. Sobre a origem do ódio aos impostos e ao fisco no Brasil, Monteiro, apud Otávio Tarquínio de Souza, em sua obra O Pensamento Vivo de José Bonifácio, (1998, pg. V), cita trechos do Manifesto de 6 de agosto de 1822, do Imperador Dom Pedro I, como segue: Se cavavam o seio de seus montes para deles extraírem o ouro, leis absurdas e o quinto vieram logo esmorecê-los em seus trabalhos apenas encetados, ao mesmo tempo que o Estado português, com sôfrega ambição devorava os tesouros que a benigna natureza lhes ofertava; fazia também vergar as desgraçadas minas sob o pelo do mais odioso dos tributos da capitação. Queriam que os brasileiros pagassem até o ar que respiravam e a terra que pisavam. Se a indústria de alguns homens, mais que ativos, tentava dar nova forma aos produtos do seu solo para com eles cobrir a nudez de seus filhos, leis tirânicas os impediam e castigavam estas nobres tentativas. Sempre quiseram os europeus conservar este rico país na mais dura e triste dependência da metrópole, porque julgavam ser-lhes necessário estancar, ou pelo menos empobrecer a fonte perene de suas riquezas. Se a atividade de algum colono oferecia a seus concidadãos, de quando em quando algum novo ramo de riqueza rural, naturalizando vegetais exóticos, úteis e preciosos, impostos onerosos vinham logo dar cabo de tão felizes começos.... Tal foi a sorte do Brasil por quase três séculos, tal a mesquinha política que Portugal, sempre acanhado em suas vistas, sempre faminto e tirânico, imaginou para cimentar o seu domínio e manter o seu factício esplendor.... E porquanto a ambição de poder e a sede de ouro são sempre insaciáveis, e sem feio, não se esqueceu Portugal de mandar continuamente baxás desapiedados, magistrados corruptos e enxames de agentes fiscais de toda espécie, que, no delírio de suas paixões e avareza, 5

despedaçavam os laços da moral, assim pública, como doméstica, devoravam os mesquinhos restos de suores e fadigas dos habitantes e dilaceravam as entranhas do Brasil, que os sustentava e enriquecia, para que reduzidos à última desesperação seus povos, quais submissos muçulmanos, fossem em romarias `o nova Meca comprar, com ricos dons e oferendas, uma vida, em que obscura e lânguida, aos menos mais suportável e folgada Em nossos dias, o Estado continua a exigir tributos que são julgados por muitos como sendo aviltantes e, por essa razão, utilizam-se das mais diversas artimanhas para reduzir ou evitar o seu pagamento. Um outro motivo para a sonegação dos tributos, são as distorções nos preços dos produtos causadas por política fiscal. O governo incentiva determinadas empresas e, com a redução da carga tributária, essas empresas podem oferecer seus produtos com preços inferiores aos praticados no mercado. Essa distorção pode levar a duas situações extremas: o produto deixa de ser comercializado pelas empresas que não tem incentivo ou, então, essas empresas criam mecanismos fraudulentos para continuarem operando no mercado com esses produtos. Não obstante o entendimento dessas pessoas, o Estado necessita desses recursos para tornar possível a gestão pública e realizar os investimentos em saúde, educação, saneamento, defesa, entre tantos outros investimentos. Através da Secretaria de Estado da Fazenda, cuja missão é prover e administrar os recursos públicos para viabilizar financeiramente o desenvolvimento do Estado da Bahia, o Estado procura exercer controle sobre as atividades dos contribuintes através da realização de auditorias e, também, através de um Sistema de Informações, em que o contribuinte disponibiliza para o Estado informações sobre suas operações. A SEFAZ procura identificar se as informações recebidas e os tributos recolhidos refletem o valor dos tributos devidos pelas transações realizadas. No entanto, essa é uma tarefa difícil porque essas transações são realizadas pelos contribuintes sem a presença de um representante do Estado para aferir se os tributos devidos sobre cada transação realizada serão devidamente registrados nos livros e documentos fiscais e oportunamente recolhidos. Diante desse fato, só resta à fiscalização levantar 6

indícios de omissão de receitas e com base nos mesmos tributar por presunção, dando ao contribuinte o direito de apresentar provas que elidam essa presunção. Portanto, o tema desse trabalho A Presunção de Omissão de Saídas e o ICMS, procura responder a seguinte questão: Como o saldo credor de caixa; o suprimento a caixa de origem não comprovada; a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas ou inexistentes; as entradas de mercadorias ou bens não registrados e os pagamentos não registrados podem representar omissão de saídas tributáveis? 1.2. OBJETIVOS O objetivo desse estudo consiste em analisar as situações previstas na legislação do ICMS caracterizadas como presunção de omissões de saídas e verificar como essas omissões ocorrem. Em um plano mais detalhado, busca-se alcançar os seguintes objetivos específicos: 1) Levantar os roteiros de auditoria mais apropriados em decorrência das situações apresentadas e as suas limitações; 2) Quantificar o prejuízo imediato para o Erário nos casos apresentados de sonegação fiscal. 7

1.3. RELEVÂNCIA DO ESTUDO A sonegação fiscal tem atingido níveis insuportáveis. O ex Ministro da Fazenda, Ernane Galvêas advertiu, segundo Szklarowsky, que a carga tributária no Brasil é perversamente elevada, chegando a 50%, porque, segundo o mesmo, só a metade paga impostos, já que nem o Governo nem o setor informal pagam. (www.datavenia.inf.br/artigos/tributario/frejda.html, acessada em 06/06/1999). Diante desse quadro, faz-se necessário realizar pesquisas com o objetivo de encontrar novos caminhos para se detectar as omissões de saídas de mercadorias e serviços. 1.4. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Este trabalho está organizado em cinco capítulos. O primeiro contém a introdução e está subdividido em apresentação do tema e problema, objetivos, relevância do estudo e organização do trabalho. O capítulo dois abrange o referencial teórico, base para o estudo a ser realizado. O primeiro tópico aborda aspectos da escrituração contábil e a legislação comercial, procurando evidenciar a obrigatoriedade da escrituração comercial para todos os comerciantes e mostrar, também, que independentemente da escrituração contábil, é possível compor o saldo de Caixa a partir dos documentos, que são a memória dos fatos contábeis. O segundo tópico, a escrituração contábil e a legislação fiscal, abrange a legislação do Imposto de Renda, IPI e ICMS. O terceiro tópico se propõe a mostrar os aspectos contábeis das contas de disponibilidades Caixa e Bancos. São apresentados a função e funcionamento dessas contas, bem como, os documentos que suportam as transações financeiras realizadas pelas empresas. 8

O capítulo três trata da metodologia utilizada nesse trabalho. O capítulo quatro procura responder as questões objeto desse trabalho. Nele são abordadas diversas situações que geram omissões de saídas, o seu reflexo no saldo da Conta Caixa, os procedimentos de auditoria adequados, suas limitações e o prejuízo imediato para o erário em função das situações apresentadas. A monografia é finalizada no capítulo cinco, que apresenta as conclusões sobre o estudo e as sugestões para futuras pesquisas sobre o tema. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Nesse tópico serão abordados os seguintes temas: a legislação fiscal e as omissões de saídas, a escrituração contábil e a legislação comercial, a escrituração contábil e a legislação fiscal e as contas de disponibilidades. 2.1. A LEGISLAÇÃO FISCAL E AS OMISSÕES DE SAÍDAS Neste capítulo abordamos as formas de tributação das omissões de saídas previstas na legislação do IR-Imposto de Renda, IPI-Imposto sobre Produtos Industrializados e ICMS-Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. 9

2.1.1. OMISSÕES DE SAÍDAS E A LEGISLAÇÃO DO IR O Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/99, dá o seguinte tratamento às omissões de receitas: Omissão de Receita Saldo Credor de Caixa, Falta de Escrituração de Pagamento, Manutenção no Passivo de Obrigações Pagas e Falta de Comprovação do Passivo Art. 281. Caracteriza-se como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 12, 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 40): I - a indicação na escrituração de saldo credor de caixa; II - a falta de escrituração de pagamentos efetuados; III - a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada. Suprimentos de Caixa Art. 282. Provada a omissão de receita, por indícios na escrituração do contribuinte ou qualquer outro elemento de prova, a autoridade tributária poderá arbitrá-la com base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores, sócios da sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamente demonstradas (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 12, 3º, e Decreto-Lei nº 1.648, de 18 de dezembro de 1978, art. 1º, inciso II). Falta de Emissão de Nota Fiscal Art. 283. Caracteriza omissão de receita ou de rendimentos, inclusive ganhos de capital, a falta de emissão de nota fiscal, recibo ou documento equivalente, no momento da efetivação das operações de venda de mercadorias, prestação de serviços, operações de alienação de bens móveis, locação de bens móveis e imóveis ou quaisquer outras transações realizadas com bens ou serviços, bem como a sua emissão com valor inferior ao da operação (Lei nº 8.846, de 1994, art. 2º). Arbitramento da Receita por Indícios de Omissão Art. 284. Verificada por indícios a omissão de receita, a autoridade tributária poderá, para efeito de determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto, arbitrar a receita do contribuinte, tomando por base as receitas, apuradas em procedimento fiscal, correspondentes ao movimento diário das vendas, da prestação de serviços e de quaisquer outras operações (Lei nº 8.846, de 1994, art. 6º). 1º Para efeito de arbitramento da receita mínima do mês, serão identificados pela autoridade tributária os valores efetivos das receitas auferidas pelo contribuinte em três dias alternados desse mesmo mês, necessariamente representativos das variações de funcionamento do estabelecimento ou da atividade (Lei nº 8.846, de 1994, art. 6º, 1º). 2º A renda mensal arbitrada corresponderá à multiplicação do valor correspondente à média das receitas apuradas na forma do 1º pelo número de dias de funcionamento do estabelecimento naquele mês (Lei nº 8.846, de 1994, art. 6º, 2º). 10

3º O critério estabelecido no 1º poderá ser aplicado a, pelo menos, três meses do mesmo ano-calendário (Lei nº 8.846, de 1994, art. 6º, 3º). 4º No caso do parágrafo anterior, a receita média mensal das vendas, da prestação de serviços e de outras operações correspondentes aos meses arbitrados será considerada suficientemente representativa das receitas auferidas pelo contribuinte naquele estabelecimento, podendo ser utilizada, para efeitos fiscais, por até doze meses contados a partir do último mês submetido às disposições previstas no 1º (Lei nº 8.846, de 1994, art. 6º, 4º). 5º A diferença positiva entre a receita arbitrada e a escriturada no mês será considerada na determinação da base de cálculo do imposto (Lei nº 8.846, de 1994, art. 6º, 6º). 6º O disposto neste artigo não dispensa o contribuinte da emissão de documentário fiscal, bem como da escrituração a que estiver obrigado pela legislação comercial e fiscal (Lei nº 8.846, de 1994, art. 6º, 7º). 7º A diferença positiva a que se refere o 5º não integrará a base de cálculo de quaisquer incentivos fiscais previstos na legislação tributária (Lei nº 8.846, de 1994, art. 6º, 8º). Art. 285. É facultado à autoridade tributária utilizar, para efeito de arbitramento a que se refere o artigo anterior, outros métodos de determinação da receita quando constatado qualquer artifício utilizado pelo contribuinte visando a frustrar a apuração da receita efetiva do seu estabelecimento (Lei nº 8.846, de 1994, art. 8º). Depósitos Bancários Art. 287. Caracterizam-se também como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42). 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, 1º). 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo do imposto a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, 2º). 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados os decorrentes de transferência de outras contas da própria pessoa jurídica (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, 3º, inciso I). Tratamento Tributário Art. 288. Verificada a omissão de receita, a autoridade determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período de apuração a que corresponder a omissão (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24). Como vimos, a legislação do Imposto de Renda, no caso de omissão de receitas, permite o arbitramento da base de cálculo do ICMS em vez de considerar apenas o indício levantado pela fiscalização. 11

2.1.2. OMISSÕES DE SAÍDAS E A LEGISLAÇÃO DO IPI O Regulamento do IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados, aprovado pelo Decreto nº 2.637, de 25/06/98, dá o seguinte tratamento às omissões de receitas: Presunção de Lançamento não Efetuado Art. 112. Considerar-se-ão não efetuados os atos de iniciativa do sujeito passivo, para o lançamento: I quando o documento for reputado sem valor por este Regulamento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 23, inciso III); II quando o produto tributado não se identificar com o descrito no documento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 23, inciso III); III quando estiver em desacordo com as normas deste Capítulo (Lei nº 4.502, de 1964, art. 23, inciso I); Parágrafo único Nos casos dos incisos I e III, não será novamente exigido o imposto já efetivamente recolhido, e, no caso do incido II, se a falta resultar de presunção legal e o imposto estiver também comprovadamente pago. Selo de Controle: falta ou excesso de estoque Art. 222. Apuradas diferenças no estoque do selo caracterizam-se, nas quantidades correspondentes: I a falta, como saída de produtos selados sem emissão de nota fiscal (Lei nº 4.502, de 1964, art. 46, 3º, alínea a, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 12ª ); II o excesso, como saída de produtos sem aplicação do selo (Lei nº 4.502, de 1964, art. 46, 3º, alínea b, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 12ª ); Tabaco em folha Art. 284. Ressalvadas as quebras apuradas pelos Auditores Fiscais e as faltas comprovadamente resultantes de furto, roubo, incêndio ou avaria, a diferença de estoque do tabaco em folha, verificada à vista dos livros e documentos fiscais do estabelecimento do beneficiador registrado de acordo com art. 249, será considerada, nas quantidades correspondentes (Decreto-lei 1.593, de 1977, art. 17): I falta, como saída de produto beneficiado pelo estabelecimento sem emissão de nota fiscal; II excesso, como aquisição do tabaco em folha ao produtor sem comprovação da origem. Elementos Subsidiários Art. 423. Constituem elementos subsidiários, para o cálculo da produção, e correspondente pagamento do imposto, dos estabelecimentos industriais, o valor e quantidade das matérias-primas, produtos intermediários e embalagens adquiridos e empregados na industrialização e acondicionamento dos produtos, o valor das despesas gerais efetivamente feitas, o da mão-de-obra empregada e o dos demais componentes do custo de produção, assim como as variações dos estoques de matériasprimas, produtos intermediários e embalagens (Lei nº 4.502, de 1964, art. 108). 12

Parágrafo 1º. Apurada qualquer falta no confronto da produção resultante do cálculo dos elementos constantes deste artigo com a registrada pelo estabelecimento, exigir-se-á o imposto correspondente, o qual, no caso de fabricante de produtos sujeitos a alíquotas e preços diversos, será calculado com base nas alíquotas e preços mais elevados, quando não for possível fazer a separação pelos elementos da escrita do estabelecimento. 2.1.3. OMISSÕES DE SAÍDAS E A LEGISLAÇÃO DO ICMS (BA) O Regulamento do ICMS do Estado da Bahia, aprovado Decreto nº 6.284, de 14 de março de 1997, dá o seguinte tratamento às omissões de receitas: Cap. II Do Momento da Ocorrência do Fato Gerador Seção I Da Ocorrência do Fato Gerador nas Operações Internas, Interestaduais e de Importação Art. 2º. Nas operações internas, interestaduais e de importação, considerase ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:... 3º. Presume-se a ocorrência de operações ou de prestações tributáveis sem pagamento do imposto, a menos que o contribuinte comprove a improcedência da presunção, sempre que a escrituração indicar: I saldo credor de caixa; II suprimento a caixa de origem não comprovada; III manutenção, no Passivo, de obrigações já pagas ou inexistentes; IV entradas de mercadorias ou bens não registradas; V pagamento não registrados. Da Base de Cálculo das Operações Internas e Interestaduais Art. 57. Observar-se-á o disposto:... II - no art. 60, nos casos de presunção de omissão de saídas ou de prestações; Da Base de Cálculo nos Casos de Presunção de Omissão de Saídas ou de Prestações Art. 60. A base de cálculo do ICMS, nos casos de presunção de omissão de saídas ou de prestações, é: I - nas hipóteses de saldo credor de caixa, de suprimento de caixa de origem não comprovada, de passivo fictício ou inexistente e de entradas ou pagamentos não registrados na escrituração, o valor do saldo credor de caixa ou do suprimento de origem não comprovada, ou do exigível inexistente, ou dos pagamentos ou do custo das entradas não registrados, conforme o caso, que corresponderá ao valor da receita não declarada (art. 2º, 3º); II - tratando-se de diferença apurada pelo fisco por meio de levantamento quantitativo de estoque, para efeitos de definição do valor unitário da mercadoria: 13

a) apurando-se omissão de saídas, o preço médio das saídas praticado pelo contribuinte no último mês em que a mercadoria houver sido comercializada no período fiscalizado, ou, quando o preço não for conhecido ou não merecer fé, o preço médio praticado por outro estabelecimento da mesma praça, que explorar idêntica atividade econômica, em relação ao último mês do período objeto do levantamento; b) apurando-se omissão de entradas, e ficando caracterizada a existência de receita oculta empregada no pagamento de tais entradas, o valor do custo das entradas omitidas, que corresponderá ao preço médio das compras do último mês de aquisição da mesma espécie de mercadoria. 1º Na apuração da base de cálculo em função dos critérios previstos neste artigo, quando forem constatadas, simultaneamente, irregularidades no disponível e no exigível, bem como entradas ou pagamentos não registrados ou quaisquer outras omissões de receitas tributáveis, levar-seá em conta, apenas, a ocorrência ou diferença de maior valor monetário, se se configurar a presunção de que as demais nela estejam compreendidas. 2º Na hipótese de falta de comprovação da saída de mercadoria do território estadual, quando esta transitar neste Estado acompanhada de Passe Fiscal de Mercadorias, observar-se-á o disposto no art. 960. 2.2. A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E A LEGISLAÇÃO COMERCIAL Nesse tópico serão feitas as seguintes abordagens: a competência de legislar em matéria de direito comercial, a obrigatoriedade de manter escrituração contábil e as conclusões. 2.2.1. A COMPETÊNCIA DE LEGISLAR EM MATÉRIA DE DIREITO COMERCIAL Contabilidade é a ciência que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. (Franco, 1983, p.18). Seu campo de aplicação são as entidades econômico-administrativas. Seu objeto de estudo, o patrimônio dessas entidades. 14

As técnicas contábeis: escrituração contábil e demonstrações contábeis, são disciplinadas por leis comerciais. A Constituição Federal de 1988, ao dispor sobre as competências privativas da União, dispõe: Art. 22 Compete privativamente à União legislar sobre: I direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (grifo nosso) 2.2.2. A OBRIGATORIEDADE DE MANTER ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL Todo comerciante é obrigado a manter escrituração contábil nos termos da legislação vigente. Aqueles que estão desobrigados de manter escrituração contábil devem, também, conservar em ordem os documentos e papéis pertinentes aos atos mercantis (Parágrafo único do art. 5º do Decreto nº 64.567, de 2/05/69) A Lei 556, de 25 de junho de 1850 que instituiu o Código Comercial Brasileiro, ao dispor sobre as obrigações comuns a todos os comerciantes reza: Art. 10 Todos os comerciantes são obrigados: 1 a seguir uma ordem uniforme de contabilidade e escrituração, e a ter os livros para esse fim necessários; 2 a fazer registrar no Registro do Comércio todos os documentos, cujo registro for expressamente exigido por este Código, dentro de 15 (quinze) dias úteis da data dos mesmos documentos (art. 31), se maior ou menor prazo se não achar marcado no Código; 3 a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondências e mais papéis pertencentes ao giro do seu comércio, enquanto não prescreverem as ações eu lhes possam ser relativas; 4 formar anualmente um balanço geral do seu ativo e passivo, o qual deverá compreender todos os bens de raiz, móveis e semoventes, mercadorias, dinheiros, papéis de crédito, e outra qualquer espécie de valores, e bem assim todas as dívidas e obrigações passivas; e será datado e assinado pelo comerciante a quem pertencer. 15

O Decreto-lei 486, de 03/03/69, regulamentado pelo Decreto nº 64.567, de 22 de maio de 1969, veio tratar do mesmo assunto, dispondo, também, sobre escrituração e livros mercantis, como segue: Art. 1º - Todo comerciante é obrigado a seguir ordem uniforme de escrituração, mecanizada ou não, utilizando os livros e papéis adequados, cujo número e espécie ficam a seu critério. Parágrafo único Fica dispensado desta obrigação o pequeno comerciante, tal como definido em regulamento, à vista dos seguintes elementos, considerados isoladamente ou em conjunto: a) a natureza artesanal da atividade; b) predominância do trabalho próprio e de familiares, ainda que organizada a atividades; c) capital efetivamente empregado; d) renda anual bruta; e) condições peculiares da atividade, reveladoras da exigüidade do comércio exercido. Art. 2º - A escrituração será completa, em idioma e moeda corrente nacionais, em forma mercantil, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas e transportes para as margens. 1º... 2º... Art. 3º -... Art. 4º - O comerciante é ainda obrigado a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, a escrituração, correspondências e demais papéis relativos à atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifique, ou possam vir a modificar sua situação patrimonial. O Decreto-lei 9295 de 27 de maio de 1946, criou o Conselho Federal de Contabilidade e definiu as atribuições de Contador e do Técnico em Contabilidade. Em seu artigo 25 estabelece as atribuições dos profissionais da Contabilidade, e no artigo 36 define-o como o órgão ao qual compete decidir, em última instância, as dúvidas suscitadas na interpretação dessas atribuições. O Conselho Federal de Contabilidade, ao dispor sobre escrituração contábil através da NBC T 2.1 Das Formalidades da Escrituração Contábil, dispõe: 16

2.1.2 A escrituração será executada: a... f com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a prática de atos administrativos. Ao dispor sobre a documentação, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a NBC T 2.2 Da Documentação Contábil. Sobre o assunto, reza o seguinte: 2.2.1 A Documentação Contábil compreende todos os documentos, livros, papéis, registros e outras peças, que apoiam ou compõem a escrituração contábil. 2.2.1.1 Documento Contábil, estrito-senso, é aquele que comprova os atos e fatos que originam lançamento(s) na escrituração contábil da Entidade. 2.2.2 A Documentação Contábil é hábil quando revestida das características intrínsecas ou extrínsecas essenciais, definidas na legislação, na técnica contábil ou aceitas pelos usos e costumes. 2.2.3 A Documentação Contábil pode ser de origem interna, quando gerada na própria Entidade, ou externa, quando proveniente de terceiros. 2.2.4 A Entidade é obrigada a manter em boa ordem a documentação contábil. A Lei 6.404 de 15 dezembro de 1976, que dispõe sobre as sociedades por ações, veio uniformizar a apresentação das demonstrações contábeis, tornar obrigatória a apresentação de novas demonstrações contábeis, bem como dispor sobre critérios de avaliação dos elementos patrimoniais do Ativo e do Passivo. Sobre a Escrituração Contábil, dispõe: Art. 177 A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos e critérios uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. 17

2.2.3. CONCLUSÃO Diante do exposto vimos que todo comerciante está obrigado a manter escrituração contábil, elaborada de acordo com a legislação comercial e aos princípios fundamentais de contabilidade e, também, manter em boa ordem os documentos e papéis que lhes deram origem. Os comerciantes, dispensados de manter escrituração contábil são obrigados a manter em boa ordem os documentos e papéis pertinentes aos atos mercantis. O documento representa a memória do fato contábil. Através dele pode-se reconstituir a escrita contábil em qualquer momento. 2.3. A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E A LEGISLAÇÃO FISCAL Neste capítulo abordamos a inserção da escrituração contábil na legislação fiscal. Procuramos observar o tratamento dado ao assunto pela legislação do IR - Imposto de Renda, IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados e ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. 18

2.3.1. A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E A LEGISLAÇÃO DO IR IMPOSTO DE RENDA O Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/99, faz a seguinte exposição sobre escrituração contábil: CAPíTULO_II ESCRITURAÇÃO DO CONTRIBUINTE Seção_I Dever de Escriturar Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 7º). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 25). Contabilidade não Centralizada Art. 252. É facultado às pessoas jurídicas que possuírem filiais, sucursais ou agências manter contabilidade não centralizada, devendo incorporar ao final de cada mês, na escrituração da matriz, os resultados de cada uma delas (Lei nº 2.354, de 1954, art. 2º). Pessoas Jurídicas com Sede no Exterior Art. 253. As disposições desta Seção aplicam-se também às filiais, sucursais, agências ou representações, no Brasil, das pessoas jurídicas com sede no exterior, devendo o agente ou representante do comitente com domicílio fora do País escriturar os seus livros comerciais, de modo que demonstrem, além dos próprios rendimentos, os lucros reais apurados nas operações de conta alheia, em cada período de apuração (Lei nº 2.354, de 1954, art. 2º, e Lei nº 3.470, de 1958, art. 76 e 1º). Parágrafo único. Para apuração do resultado das operações referidas no final deste artigo, o intermediário no País que for o importador ou consignatário da mercadoria deverá escriturar e apurar o lucro de sua atividade separadamente do lucro do comitente residente ou domiciliado no exterior, observado o disposto no parágrafo único do art. 398 (Lei nº 3.470, de 1958, art. 76 e 1º e 2º). Sociedades em Conta de Participação - SCP Art. 254. A escrituração das operações de sociedade em conta de participação poderá, à opção do sócio ostensivo, ser efetuada nos livros deste ou em livros próprios, observando-se o seguinte: I - quando forem utilizados os livros do sócio ostensivo, os registros contábeis deverão ser feitos de forma a evidenciar os lançamentos referentes à sociedade em conta de participação; II - os resultados e o lucro real correspondentes à sociedade em conta de participação deverão ser apurados e demonstrados destacadamente dos resultados e do lucro real do sócio ostensivo, ainda que a escrituração seja feita nos mesmos livros; 19

III - nos documentos relacionados com a atividade da sociedade em conta de participação, o sócio ostensivo deverá fazer constar indicação de modo a permitir identificar sua vinculação com a referida sociedade. Processamento Eletrônico de Dados Art. 255. Os livros comerciais e fiscais poderão ser escriturados por sistema de processamento eletrônico de dados, em folhas contínuas, que deverão ser numeradas, em ordem seqüencial, mecânica ou tipograficamente, observado o disposto no 4º do art. 258. Falsificação da Escrituração Art. 256. A falsificação, material ou ideológica, da escrituração e seus comprovantes, ou de demonstração financeira, que tenha por objeto eliminar ou reduzir o montante de imposto devido, ou diferir seu pagamento, submeterá o sujeito passivo a multa, independentemente da ação penal que couber (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 7º, 1º). Seção_II Livros Comerciais Art. 257. A pessoa jurídica é obrigada a seguir ordem uniforme de escrituração, mecanizada ou não, utilizando os livros e papéis adequados, cujo número e espécie ficam a seu critério (Decreto-Lei nº 486, de 3 de março de 1969, art. 1º). Livro Diário Art. 258. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade, ou que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 5º). 1º Admite-se a escrituração resumida no Diário, por totais que não excedam ao período de um mês, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares para registro individuado e conservados os documentos que permitam sua perfeita verificação (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 5º, 3º). 2º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, no transporte dos totais mensais dos livros auxiliares, para o Diário, deve ser feita referência às páginas em que as operações se encontram lançadas nos livros auxiliares devidamente registrados. 3º A pessoa jurídica que empregar escrituração mecanizada poderá substituir o Diário e os livros facultativos ou auxiliares por fichas seguidamente numeradas, mecânica ou tipograficamente (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 5º, 1º). 4º Os livros ou fichas do Diário, bem como os livros auxiliares referidos no 1º, deverão conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetidos à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio, e, quando se tratar de sociedade civil, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos (Lei nº 3.470, de 1958, art. 71, e Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 5º, 2º). 5º Os livros auxiliares, tais como Caixa e Contas-Correntes, que também poderão ser escriturados em fichas, terão dispensada sua autenticação quando as operações a que se reportarem tiverem sido lançadas, pormenorizadamente, em livros devidamente registrados. 20

6º No caso de substituição do Livro Diário por fichas, a pessoa jurídica adotará livro próprio para inscrição do balanço e demais demonstrações financeiras, o qual será autenticado no órgão de registro competente. Livro Razão Art. 259. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real deverá manter, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário, mantidas as demais exigências e condições previstas na legislação (Lei nº 8.218, de 1991, art. 14, e Lei nº 8.383, de 1991, art. 62). 1º A escrituração deverá ser individualizada, obedecendo à ordem cronológica das operações. 2º A não manutenção do livro de que trata este artigo, nas condições determinadas, implicará o arbitramento do lucro da pessoa jurídica (Lei nº 8.218, de 1991, art. 14, parágrafo único, e Lei nº 8.383, de 1991, art. 62). 3º Estão dispensados de registro ou autenticação o Livro Razão ou fichas de que trata este artigo. Seção_III Livros Fiscais Art. 260. A pessoa jurídica, além dos livros de contabilidade previstos em leis e regulamentos, deverá possuir os seguintes livros (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, e Lei nº 8.383, de 1991, art. 48, e Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, arts. 8º e 27): I - para registro de inventário; II - para registro de entradas (compras); III - de Apuração do Lucro Real - LALUR; IV - para registro permanente de estoque, para as pessoas jurídicas que exercerem atividades de compra, venda, incorporação e construção de imóveis, loteamento ou desmembramento de terrenos para venda; V - de Movimentação de Combustíveis, a ser escriturado diariamente pelo posto revendedor. 1º Relativamente aos livros a que se referem os incisos I, II e IV, as pessoas jurídicas poderão criar modelos próprios que satisfaçam às necessidades de seu negócio, ou utilizar os livros porventura exigidos por outras leis fiscais, ou, ainda, substituí-los por séries de fichas numeradas (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, 1º e 7º). 2º Os livros de que tratam os incisos I e II, ou as fichas que os substituírem, serão registrados e autenticados pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio, ou pelas Juntas Comerciais ou repartições encarregadas do registro de comércio, e, quando se tratar de sociedade civil, pelo Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou pelo Cartório de Registro de Títulos e Documentos (Lei nº 154, de 1947, arts. 2º, 7º, e 3º, e Lei nº 3.470, de 1958, art. 71). 3º Para os efeitos do parágrafo anterior, a autenticação do novo livro será feita mediante a exibição do livro ou registro anterior a ser encerrado, quando for o caso (Lei nº 154, de 1947, art. 3º, parágrafo único). 4º No caso de pessoa física equiparada à pessoa jurídica pela prática das operações imobiliárias de que tratam os arts. 151 a 153, a autenticação do livro para registro permanente de estoque será efetuada pelo órgão da Secretaria da Receita Federal. Art. 261. No Livro de Inventário deverão ser arrolados, com especificações que facilitem sua identificação, as mercadorias, os produtos manufaturados, as matérias-primas, os produtos em fabricação e os bens em almoxarifado existentes na data do balanço patrimonial levantado ao 21

fim da cada período de apuração (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, 2º, Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, inciso II, e Lei nº 8.541, de 1992, art. 3º). Parágrafo único. Os bens mencionados neste artigo serão avaliados de acordo com o disposto nos arts. 292 a 298. Livro de Apuração do Lucro Real Art. 262. No LALUR, a pessoa jurídica deverá (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 8º, inciso I): I - lançar os ajustes do lucro líquido do período de apuração; II - transcrever a demonstração do lucro real; III - manter os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de apuração subseqüentes, do lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada incentivada, da exaustão mineral, com base na receita bruta, bem como dos demais valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração futuros e não constem da escrituração comercial; IV - manter os registros de controle dos valores excedentes a serem utilizados no cálculo das deduções nos períodos de apuração subseqüentes, dos dispêndios com programa de alimentação ao trabalhador, vale-transporte e outros previstos neste Decreto. Art. 263. O LALUR poderá ser escriturado mediante a utilização de sistema eletrônico de processamento de dados, observadas as normas baixadas pela Secretaria da Receita Federal (Lei nº 8.218, de 1991, art. 18). Seção_IV Conservação de Livros e Comprovantes Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 4º). 1º Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de livros, fichas, documentos ou papéis de interesse da escrituração, a pessoa jurídica fará publicar, em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de quarenta e oito horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, remetendo cópia da comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal de sua jurisdição (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 10). 2º A legalização de novos livros ou fichas só será providenciada depois de observado o disposto no parágrafo anterior (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 10, parágrafo único). 3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (Lei nº 9.430, de 1996, art. 37). Seção_V Sistema Escritural Eletrônico Art. 265. As pessoas jurídicas que, de acordo com o balanço encerrado no período de apuração imediatamente anterior, possuírem patrimônio líquido superior a um milhão seiscentos e trinta e três mil, setenta e dois reais e quarenta e quatro centavos e utilizarem sistema de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficarão obrigadas a manter, em meio magnético ou assemelhado, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos e 22

sistemas durante o prazo de cinco anos (Lei nº 8.218, de 1991, art. 11 e 1º, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso II, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30). Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos e sistemas deverão ser apresentados (Lei nº 8.218, de 1991, art. 11, 2º, e Lei nº 8.383, de 1991, art. 62). Art. 266. A inobservância do disposto no artigo anterior acarretará a imposição das multas previstas no art. 980 (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12). Parágrafo único. O prazo de apresentação dos arquivos de que trata o artigo anterior será de, no mínimo, vinte dias, que poderá ser prorrogado por igual período pela autoridade solicitante, em despacho fundamentado, atendendo a requerimento circunstanciado e por escrito da pessoa jurídica (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, parágrafo único). Documentação Técnica Art. 267. O sujeito passivo usuário de sistema de processamento de dados deverá manter documentação técnica completa e atualizada do sistema, suficiente para possibilitar a sua auditoria, facultada a manutenção em meio magnético, sem prejuízo da sua emissão gráfica, quando solicitada (Lei nº 9.430, de 1996, art. 38). Seção_VI Responsáveis pela Escrituração Art. 268. A escrituração ficará sob a responsabilidade de profissional qualificado, nos termos da legislação específica, exceto nas localidades em que não haja elemento habilitado, quando, então, ficará a cargo do contribuinte ou de pessoa pelo mesmo designada (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 3º). 1º A designação de pessoa não habilitada profissionalmente não eximirá o contribuinte da responsabilidade pela escrituração. 2º Desde que legalmente habilitado para o exercício profissional referido neste artigo, o titular da empresa individual, o sócio, acionista ou diretor da sociedade pode assinar as demonstrações financeiras da empresa e assumir a responsabilidade pela escrituração. Seção_VII Princípios, Métodos e Critérios Art. 269. A escrituração será completa, em idioma e moeda corrente nacionais, em forma mercantil, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas e transportes para as margens (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 2º). 1º É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, desde que estes constem de livro próprio, revestido das formalidades estabelecidas em lei (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 2º, 1º). 2º Os erros cometidos serão corrigidos por meio de lançamento de estorno, transferência ou complementação (Decreto-Lei nº 486, de 1969, art. 2º, 2º). Art. 270. Os registros contábeis que forem necessários para a observância de preceitos da lei tributária relativos à determinação do lucro real, quando não devam, por sua natureza exclusivamente fiscal, constar da escrituração comercial, ou forem diferentes dos lançamentos dessa escrituração, serão feitos no livro de que trata o art. 262 ou em livros auxiliares (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 8º, 2º). Art. 271. Devem ser registradas na escrituração comercial a apuração do resultado de contratos de longo prazo, a avaliação de investimentos em 23

sociedades coligadas ou controladas pelo valor do patrimônio líquido, inclusive de filiais, sucursais, agências e representações no exterior, a apuração de resultados de empreendimentos imobiliários e a reavaliação de bens do ativo. Escrituração dos Rendimentos Auferidos com Desconto de Imposto Retido pelas Fontes Pagadoras Art. 272. Na escrituração dos rendimentos auferidos com desconto do imposto retido pelas fontes pagadoras, serão observadas, nas empresas beneficiadas, as seguintes normas: I - o rendimento percebido será escriturado como receita pela respectiva importância bruta, verificada antes de sofrer o desconto do imposto na fonte; II - o imposto descontado na fonte pagadora será escriturado, na empresa beneficiária do rendimento: a) como despesa ou encargo não dedutível na determinação do lucro real, quando se tratar de incidência exclusiva na fonte; b) b) como parcela do ativo circulante, nos demais casos. Seção_VIII Inobservância do Regime de Competência Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, 5º): I - a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido; ou II - a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. 1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no 2º do art. 247 (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, 6º). 2º O disposto no parágrafo anterior e no 2º do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, 7º, e Decreto-Lei nº 1.967, de 23 de novembro de 1982, art. 16). Seção_IX Demonstrações Financeiras Art. 274. Ao fim de cada período de incidência do imposto, o contribuinte deverá apurar o lucro líquido mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do período de apuração e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 7º, 4º, e Lei nº 7.450, de 1985, art. 18). 1º O lucro líquido do período deverá ser apurado com observância das disposições da Lei nº 6.404, de 1976 (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 67, inciso XI, Lei nº 7.450, de 1985, art. 18, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 5º). 2º O balanço ou balancete deverá ser transcrito no Diário ou no LALUR (Lei nº 8.383, de 1991, art. 51, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 1º e 2º, 3º). 24

2.3.2. A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E A LEGISLAÇÃO DO IPI O Regulamento do IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados, aprovado pelo Decreto nº 2.637, de 25/06/98, faz a seguinte exposição sobre escrituração contábil: Art. 407 A fiscalização será exercida sobre todas as pessoas, naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, que estiverem obrigadas ao cumprimento de disposições da legislação do imposto, bem como as que gozarem de imunidade condicionada ou de isenção (Lei 4.502, de 1964, art. 94). Art. 408 As pessoas referidas no artigo anterior exibirão aos Auditores Fiscais, sempre que exigidos, os produtos, livros das escritas fiscal e geral, documentos mantidos em arquivos magnéticos ou assemelhados, e todos os documentos, em uso ou já arquivados, que forem julgados necessários à fiscalização, e lhes franquearão os seus estabelecimentos, depósitos e dependências, bem como veículos, cofres e outros móveis, a qualquer hora do dia, ou da noite, se à noite os estabelecimentos estiverem funcionando (Lei nº 4.502, de 1964, art. 94 e parágrafo único, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 34). Art. 418 No interesse da Fazenda Nacional, os Auditores Fiscais procederão ao exame das escritas fiscal e geral das pessoas sujeitas à fiscalização (Lei nº 4.502, de 1964, art. 107). 1º - São também passíveis de exame os documentos, os arquivos e os dados do sujeito passivo, mantidos em arquivos magnéticos ou assemelhados, encontrados no local da verificação, que tenham relação direta ou indireta com a atividade por ele exercida (Lei nº 9.430, de 1996, art. 34). 2º - No caso de recusa de apresentação dos livros, dos documentos, do arquivos e dos dados, inclusive os mantidos em arquivos magnéticos ou assemelhados, o Auditor Fiscal, diretamente ou por intermédio da repartição competente, promoverá junto ao representante do Ministério Público a sua exibição judicial, sem prejuízo da lavratura do auto de embaraço à fiscalização (Lei nº 4.502, de 1964, art. 107, 1º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 34). 3º - Tratando-se de recusa à exibição de livros comerciais registrados, as providências previstas no parágrafo anterior serão precedidas de intimação, com prazo não inferior a setenta e duas horas, para a sua apresentação, salvo se, estando os livros no estabelecimento fiscalizado, não alegar o responsável motivo que justifique o seu procedimento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 107, 2º). 25

2.3.3. A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E A LEGISLAÇÃO DO ICMS (BA) O Regulamento do ICMS do Estado da Bahia, aprovado Decreto nº 6.284, de 14 de março de 1997, faz a seguinte exposição sobre escrituração contábil: TÍTULO II CAPÍTULO II DO CADASTRO DE CONTRIBUINTES DO ICMS DO ESTADO DA BAHIA SEÇÃO XV Dos Contabilistas ou Organizações Contábeis Art. 186. O contribuinte informará, no Documento de Informação Cadastral (DIC), os dados de identificação e localização do contador ou organização contábil responsável pelas escritas fiscal e contábil do seu estabelecimento, bem como as exclusões ou alterações relacionadas com os referidos dados.... CAPÍTULO IV DOS LIVROS FISCAIS SEÇÃO I Das Disposições Comuns a Todos os Livros Fiscais SUBSEÇÃO V Da Escrituração Fiscal... Art. 320. Constituem instrumentos auxiliares da escrita fiscal os livros da contabilidade geral, o Copiador de Faturas, o Registro de Duplicatas, as Notas Fiscais, os Documentos de Arrecadação Estadual e demais documentos, ainda que pertencentes ao arquivo de terceiros, que se relacionem com os lançamentos efetuados na escrita fiscal ou comercial do contribuinte.... SEÇÃO IX Do Registro de Inventário Art. 330. O livro Registro de Inventário, modelo 7 (Anexo 46), destina-se a arrolar, pelos seus valores e com especificações que permitam sua perfeita identificação, as mercadorias, as matérias-primas, os produtos intermediários, os materiais de embalagem, os produtos manufaturados e os produtos em fabricação existentes no estabelecimento na data do balanço (Conv. SINIEF, de 15/12/70)... 6º Se a empresa não mantiver escrita contábil, o inventário será levantado, em cada estabelecimento, no último dia do ano civil. 7º A escrituração deverá ser efetuada dentro de 60 dias, contados da data do balanço referido no "caput" deste artigo ou, no caso do parágrafo anterior, do último dia do ano civil.... TÍTULO III DOS SISTEMAS ESPECIAIS DE TRIBUTAÇÃO CAPÍTULO XL DAS EMPRESAS QUE OPEREM COM ARRENDAMENTO MERCANTIL ("LEASING") Art. 563. Não incide o ICMS nas saídas de bens integrados ao ativo permanente do estabelecimento da empresa arrendadora, quando 26