Unidade 4: Planejamento de aulas virtuais síncronas

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Transcrição:

Unidade 4: Planejamento de aulas virtuais síncronas 1 Coordenação Prof. Dra. Sílvia Dotta Autores Prof. Érica Jorge Prof. MsC. Paulo Aguiar Colaboração Prof. Dra. Juliana Braga PACC Programa Anual de Capacitação Continuada Curso: Uso da webconferência em EaD, de Dotta, S (Coord.), Aguiar, P.; Areias, C. Carteano, R. Fitaroni, L; Jorge, É. Oliveira, C.A.; Tedesco,, R., é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 3.0 Não-Adaptada. Permissões além do escopo dessa licença podem estar disponíveis em http://uab.ufabc.edu.br.

A importância do planejamento O trabalho docente exige planejamento. Ainda que esta profissão seja concebida como uma arte (e é!) trata-se de uma tarefa complexa e que, sobretudo com as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), exige sistematização e organização, as quais visam o processo de ensino aprendizagem eficientes. 2 A temática do planejamento de aulas (Thomazzi e Asinelli, 2009) tem sido bastante estudada e é trazida em nosso contexto principalmente porque este curso centra-se na condução de aulas virtuais síncronas por meio de uma webconferência. Educar neste modelo exige maior controle da situação, em âmbito pedagógico e técnico. A ansiedade discente é comum em qualquer novo curso, unidade ou temática. Mas no contexto da Educação a Distância a preocupação com os sentimentos e apreensões dos alunos deve ser ainda mais valorizada já que eles não se encontram em uma interação face a face (Gumperz, 1998). A problemática posta sobre os planejamentos de aulas virtuais é se eles se diferenciam daqueles presenciais. Os roteiros de aula podem ser similares, mas o professor deve estar ciente de que na modalidade a distância é preciso controlar o tempo, incentivar a participação, prever problemas técnicos e, acima de tudo, motivar para um processo interativo e não transmissivo. Assim, as abordagens teóricas da EaD têm demonstrado que quando o professor ensina a distância, este altera sensivelmente sua prática pedagógica presencial (Moran, 2007; Lopes, 2010) a qual poderia estar acomodada. É de suma importância um bom planejamento de aulas lembrando que planejar é um processo que visa respostas a um problema para atingir

objetivos previstos (Padilha, 2001). Para um outro olhar sobre a planejamento de atividades pedagógicas vale a pena ler Prática docente: considerações sobre o planejamento de atividades pedagógicas. Os elementos do planejamento (objetivos, conteúdos e métodos) resultam das nossas opções pessoais construídas a partir das relações interpessoais e das teias de significado que criamos social e culturalmente. O professor não pode esquecer seu papel de ator social (Gazinelli et al., 2001; Lima, 2010) e por isso precisa adquirir a competência de intermediar diferentes perspectivas já que a Educação é, sobretudo, um caminho de politização dos indivíduos. 3 Ainda nesta unidade você conhecerá uma metodologia para o planejamento de aulas síncronas. Para o momento é importante destacarmos algumas funções do planejamento de aulas virtuais: 1. Assegura organização e gestão de conteúdos. 2. Transmite confiança aos alunos. 3. Orienta os alunos sobre os caminhos pedagógicometodológicos escolhidos para cada aula. 4. Permite a coordenação da prática docente, selecionando material didático e recursos técnico-metodológicos previamente. 5. Assegura coerência do trabalho. 6. Possibilita melhor avaliação da prática docente e discente.

Metodologia para planejamento e desenvolvimento de objetos de aprendizagem Até agora, você fez algumas reflexões em relação ao planejamento de aulas virtuais síncronas e relembrou as funções do planejamento de uma aula e a sua importância. Agora chegou o momento de conhecer uma proposta de metodologia para a realização deste planejamento. É importante ficar claro que, na metodologia a seguir, a sua aula, depois de finalizada será considerada um objeto de aprendizagem (OA) 1. Por isso, durante a sua elaboração, é necessário ter em mente que você está planejando e construindo uma aula virtual síncrona que pode ser considerada um objeto de aprendizagem. 4 Como uma proposta de metodologia para a elaboração do seu planejamento de aula virtual síncrona, você será apresentado à metodologia Intera 2. Esta metodologia surgiu face à necessidade de criar objetos virtuais de aprendizagem que fossem úteis, acessíveis e reutilizáveis, além de auxiliar o processo de ensino-aprendizagem (o curso Planejamento de Objetos de Aprendizagem, oferecido pela UAB/UFABC, aprofunda o assunto). Uma das particularidades da metodologia Intera é o 1 Uma das definições de objetos de aprendizagem apontadas por Beck apud Wiley (2002, p.1): Qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino. A principal ideia dos Objetos de Aprendizado é quebrar o conteúdo educacional em pequenos pedaços que possam ser reutilizados em diferentes ambientes de aprendizagem, em um espírito de programação orientada a objetos. A UAB, preocupada com a revolução tecnológica na área educacional, ofertará um curso de planejamento, construção e aplicação de objetos virtuais de aprendizagem para docentes da UFABC. 2 A metodologia Intera foi desenvolvida pelo grupo de pesquisa Intera (Inteligência em Tecnologias Educacionais e Recursos Acessíveis), composto por professores pesquisadores da Universidade Federal do ABC que, dentre outras atividades, realizam pesquisas sobre a criação, planejamento e desenvolvimento de objetos virtuais de aprendizagem (OAs).

fato de ela aproximar duas áreas: a engenharia de software e a educação, justamente na tentativa de unir as competências das duas áreas em prol da melhoria na oferta dos objetos de aprendizagem aos professores e alunos. Um engenheiro de software tem a capacidade técnica de desenvolver um objeto virtual de aprendizagem, mas não necessariamente tem domínio sobre seu uso pedagógico, raramente obtém informação sobre sua aplicação e/ou eficácia educacional. De outro lado, o educador dificilmente tem clareza em como requisitar o que pretende ao engenheiro, quais as funcionalidades que o objeto deve ter para atingir seus fins educacionais. 5 A metodologia Intera foi então pensada como alternativa para o planejamento de qualquer objeto virtual de aprendizagem, seja este um texto, uma sequência de slides, um vídeo, uma aula, um curso, um jogo, entre outros. Seu diferencial mediante outras metodologias de planejamento de OAs está na característica de prever futuros erros, garantindo a qualidade e a reutilização do OA. Conforme foi mencionado, o universo tecnológico abre muitas portas e alternativas pedagógicas, entretanto, é necessário prever, antecipar e testar as possibilidades antes de sua aplicação para que esta não gere ansiedade e frustração aos alunos. A resistência docente e discente a métodos educacionais que utilizam a tecnologia é comum. Mas ela tende a ser reduzida se pudermos diminuir erros como, por exemplo, quebra de links, vídeos que não funcionam, aulas mal planejadas e que não facilitam a interação, entre tantos outros casos.

Apresentamos a metodologia Intera como proposta para o planejamento das aulas virtuais considerando que esse tipo de aula pode ser visto como objeto de aprendizagem a ser reutilizado, o que, aliás, é uma das vantagens da Educação a Distância: os esforços dedicados ao desenvolvimento de aulas e materiais de aulas em EaD são intensos, mas seus resultados podem ser amplamente reutilizados, desde que tenham sido planejados e, portanto, previstos de antemão. 6 Como afirmamos anteriormente a metodologia Intera foi desenvolvida para criação, planejamento e desenvolvimento de qualquer objeto virtual de aprendizagem. Nesta unidade você irá realizar uma aula virtual síncrona utilizando uma ferramenta de webconferência. Para isso, primeiro, você produzirá o planejamento de sua aula virtual, cumprindo as seguintes etapas. Etapas da metodologia Intera Contextualização Nesta etapa você deve analisar o contexto em que sua aula estará inserida. No caso do planejamento de aulas virtuais é importante prever qual a faixa etária e quantidade dos alunos, se os mesmos possuem conhecimento prévio da temática, qual a linguagem que será utilizada, quantos mediadores técnicos e pedagógicos serão necessários para conduzir sua aula, a infra-estrutura necessária (rede, ferramenta de webconferência, ambiente virtual de aprendizagem (AVA) etc.

Requisitos Esta etapa tem por objetivo coletar e analisar todos os possíveis requisitos necessários para a elaboração das aulas, sejam eles funcionais ou pedagógicos, como, por exemplo, a elaboração de textos, de artefatos digitais, a necessidade de se criar atividades de estudos ou de avaliação, a necessidade de se estabelecer comunicação entre professor-estudante, o que decorre da necessidade de se implementar ferramentas de comunicação e assim por diante. Portanto, neste momento você deve estar fazendo a seguinte pergunta: Como levantarei os requisitos necessários se eu ainda não tenho todo o planejamento da minha aula bem claro em minha em mente? Nesta metodologia, uma premissa importante é o seu caráter iterativo, mais adiante pode ocorrer de surgir uma nova ideia e você deverá retornar e repensar cada tópico novamente. Ainda, uma etapa não precisa necessariamente estar totalmente pronta para dar inicio à seguinte. Por exemplo, você começa uma etapa, pode passar para a próxima, voltar para a anterior, melhorá-la, conforme suas novas ideias e dar prosseguimento ao seu planejamento. É importante ficar claro que, nesta metodologia, é necessário passar por todas as etapas, nem que seja para produzir uma única linha de informação. A seguir, você verá uma breve descrição da análise de requisitos com exemplos para melhor entendimento. 7 a) Requisitos funcionais São as funções que o objeto deve conter. Por exemplo: Você pretende produzir um texto. Quais as funções que este texto deve conter?

O que ele não precisa conter? Observe que, para responder a estas indagações, você necessariamente precisa pensar no que chamamos de requisitos funcionais. Por exemplo, você teve a ideia de criar um vídeo em que explica aos seus alunos toda a ementa e o planejamento da disciplina que irá ministrar neste quadrimestre. Portanto, em requisitos funcionais você precisa definir, por exemplo: Onde quer que este vídeo seja executado? Em um tocador de arquivos mp4 ou em um site como o Youtube.com? Que botões deseja deixar disponível neste vídeo? Você pode, por exemplo, por algum motivo estabelecer que este vídeo não terá o botão de voltar e assistir novamente. 8 Outro exemplo de requisito funcional bem diferente do anterior é na criação de um determinado curso. Note que agora você deve pensar, por exemplo, se o curso terá a sua escrita em formato de hipertexto, se ele terá botão de ajuda em todos os tópicos, você pode definir também se todos os textos serão visualizados em um formato em que é possível folhear as páginas simulando um livro. b) Requisitos não-funcionais Os requisitos não-funcionais estão ligados a dois itens importantes nesta metodologia que são a qualidade e a usabilidade. No primeiro, você deve pensar em qual padrão de qualidade quer para sua aula. Por exemplo: Quais elementos mínimos seu planejamento deve conter e qual nível de detalhamento ele deve ter para atingir a qualidade por você estabelecida. Neste requisito não-funcional você pode criar o seu próprio padrão de qualidade em um documento que liste todos os itens de qualidade que desejar em seu planejamento. Mais adiante, na fase de testes, você verá que se esta etapa for bem executada resultará em um teste feito com sucesso, evitando assim um possível retrabalho. Outros

exemplos são: definir a qualidade mínima para vídeos, figuras, gráficos, etc. Ainda, em requistos não-funcionais, um ponto muito importante é pensar na usabilidade. A usabilidade é a facilidade de uso do objeto proposto. Pensar na facilidade de uso do objeto é tão importante quanto o desenvolvimento propriamente dito. Afinal, quem for utilizar este objeto não está preocupado com o tipo de linguagem, padrões etc. E, sim, com a facilidade em utilizá-lo. Um objeto de fácil utilização será muito mais utilizado e como consequência irá abranger um número maior de pessoas utilizando este objeto. 9 Arquitetura Este é o momento de desenhar e esboçar as aulas virtuais. Anteriormente, o contexto e os requisitos já foram levantados. Nesta etapa você propõe a temática, a ementa, o conteúdo programático, seleciona referências bibliográficas, define conteúdos, rascunha slides (caso os utilize), elabora storybooards, roteiros, elege materiais multimídia para reforçar ou ilustrar o conteúdo, propõe atividades, esclarece a forma de avaliação entre outras. Desenvolvimento Esta é a etapa de confecção, elaboração da aula. Elaborar os artefatos que serão utilizados, por exemplo, um texto introdutório, uma sessão de slides, um vídeo. Este é o momento de colocar a mão na massa e é bem provável que exija mais tempo dentre todas as etapas. Não fique preocupado se, em meio ao desenvolvimento de algum artefato, você sentir necessidade de rever requisitos e o contexto adequado, como mencionado anteriormente, esta metodologia é iterativa, um processo de

idas e vindas na construção da melhor estratégia didática e seus construtos. Testes O objetivo principal desta etapa é se antecipar a eventuais problemas com algum artefato produzido por você. Você fará isso por meio de testes. Esta etapa é importante para que você não seja pego de surpresa quando a sua aula/curso estiver em andamento. O objetivo é antecipar eventuais problemas técnicos e/ou funcionais nos artefatos produzidos. Também é neste momento que o conteúdo do curso será revisado para garantir a confiabilidade pedagógica. Nesta etapa, deve-se estabelecer os tipos de testes a serem realizados, como, por exemplo, testes de usabilidade, de conexão etc. Com isso, é possível observar e corrigir problemas técnicos de várias naturezas. Alguns exemplos: se um determinado link não está mais disponível ou se um vídeo simplesmente não abre mais. Nesta etapa você deve testar todos os artefatos produzidos. 10 Disponibilização Esta etapa sugere a disponibilização da sua aula em algum suporte. Pode ser em um ambiente virtual de aprendizagem, por exemplo. Com o objetivo de facilitar o reuso deste material, é importante que ele seja disponibilizado em algum local seguindo um padrão de informações básicas sobre o objeto. Para isso, é necessária a elaboração dos metadados do objeto. A Figura 1 apresenta um exemplo de metadados de um objeto de aprendizagem. A etapa de disponibilização é imprescindível, pois sem ela, toda a sua produção não pode ser considerada um objeto de aprendizagem Observe que a ausência dos metadados torna difícil ou até mesmo

impossível que outras pessoas encontrem o objeto de aprendizagem e consequentemente seu reuso se torna limitado. Portanto, um preenchimento completo dos metadados é a tarefa a ser realizada nesta etapa. Um objeto de aprendizagem só estará totalmente completo após a aplicação de todas as etapas da metodologia aqui proposta. Por isso, nesta etapa de disponibilização, é importante pensar nos itens que são necessários para que esse vídeo seja encontrado e reutilizado por outras pessoas. Note que cada tipo de objeto poderá ter itens distintos em seus metadados. A maioria são dados básicos acerca do objeto, como: 11 título, identificador, formato do vídeo, requisitos mínimos do computador, sistema operacional que ele roda etc. Entretanto, dependendo do objeto a ser desenvolvido, podem ser necessárias outras informações que talvez você não tenha ou não conheça, como por exemplo: requisito máximo do sistema, requisito mínimo do sistema etc.

12 Figura 1. Exemplo de alguns metadados. Fonte: Rived Caso o seu objeto seja mais complexo, não se preocupe! A equipe multidisciplinar da universidade está ao seu dispor para ajudá-lo no que for preciso. A UAB/UFABC nesse sentido insere-se como instituição-chave para auxílio aos docentes da universidade. Estamos aqui para isso! Avaliação Nesta etapa você observará se os objetivos propostos pelo OA foram alcançados. Para isto, você será o avaliador, já que você o criou e o planejou. Este é o momento de rever se os objetivos listados na etapa de contextualização foram cumpridos, analisando quais as qualidades e as fragilidades do OA, para então realizar uma revisão do planejamento e na aplicação para ocasiões futuras ou mesmo pensando no reuso da sua aula. Gestão de projetos O objetivo da gestão de projetos é gerenciar a execução de todas as etapas. A gerência de projetos engloba toda a metodologia Intera e possui como atividades típicas a elaboração e cumprimento do cronograma e a

gestão de recursos, como, por exemplo, custos e equipe envolvida. É nesta etapa também que se deve viabilizar toda a infraestrutura necessária para a construção e disponibilização do conteúdo. Por exemplo, disponibilizar o ambiente de aprendizagem, garantir o bom funcionamento do servidor utilizado, da rede, e de todos os softwares necessários para seu desenvolvimento e disponibilização. 13