AVALIAÇÃO DE TENSOATIVOS COMERCIAIS EM SISTEMAS MICROEMULSIONADOS NA QUEBRA DE EMUSÃO DE PETRÓLEO

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DE TENSOATIVOS COMERCIAIS EM SISTEMAS MICROEMULSIONADOS NA QUEBRA DE EMUSÃO DE PETRÓLEO Diego Rodrigo Queiroz Alves de Souza 1 ; Leandro Assis de Oliveira 2 ; Gabriela Fontes Deiró Ferreira 3 ; Ana Katerine de Carvalho Lima Lobato 4 ; Luiz Carlos Lobato Santos 5 1 Universidade Federal da Bahia, PPEQ diego.qs@hotmail.com 2 Universidade Federal da Bahia, DCTM assis_85@yahoo.com.br 3 Universidade Federal da Bahia, PPEQ gabrieladeiro@hotmail.com 4 Universidade Federal da Bahia, PPEQ katerine.carvalho@ufba.br 5 Universidade Federal da Bahia, PPEQ lclsantos@ufba.br RESUMO Durante a exploração de petróleo, água pode vir emulsionada no petróleo ou em forma de água produzida. A água emulsionada no óleo deve ser retirada do processo, pois a mesma pode comprometer etapas importantes nas áreas de produção, transporte e refino, e com isso aumentar os custos operacionais da empresa. Neste trabalho foi avaliado o desempenho de tensoativos comerciais em sistemas microemulsionados utilizados na separação da água do petróleo. Para a determinação das regiões de microemulsão foram testados três tensoativos comerciais, DBB 7104, DBB 7107 e DBB 7191, utilizando água destilada como fase aquosa, óleo de pinho como fase oleosa e dois tipos de álcool como cotensoativo, álcool etílico e isopropílico, variando a razão C/T (cotensoativo/tensoativo) entre 1 e 10. De acordo com os resultados obtidos, observou-se que as maiores regiões de microemulsão foram obtidas quando se utilizou o álcool isopropílico como cotensoativo a uma razão C/T igual a 10. Para a determinação da quebra de emulsão de petróleo, utilizou-se a metodologia da rede de scheffé que se baseia na construção de um triangulo equilátero dentro da região de domínio das microemulsões, onde cada vértice do triangulo representa um ponto a ser estudado. Cada amostra foi observada por um período de 30 minutos onde a cada três minutos foi feito uma leitura do volume de água separada. Os melhores resultados foram obtidos utilizando o tensoativo DBB 7191 obtendo um percentual de quebra de 98,3%. Palavras-chave: microemulsão, tensoativo, emulsão de petróleo, rede de scheffé. 1. INTRODUÇÃO A produção de petróleo é indispensável para a manutenção (ou crescimento) do desenvolvimento tecnológico e industrial no mundo, por isso vem crescendo o número de estudos envolvendo o petróleo e a água produzida associada ao óleo, em busca de uma melhor produção e recuperação. No processo de produção de petróleo é comum a produção simultânea de água e óleo, seja pelas próprias propriedades do reservatório, ou como consequência da injeção de água utilizada no processo de recuperação secundária desse reservatório. Devido a isso, a quantidade de água produzida conjuntamente com o petróleo pode variar desde zero até valores próximos a 100%. Durante a exploração, a água pode vir emulsionada no petróleo ou em forma de água produzida. A água emulsionada no óleo deve ser retirada do processo, pois a mesma pode comprometer etapas importantes nas áreas de produção,

transporte e refino, e com isso aumentar os custos operacionais da empresa. Ela afeta no dimensionamento de dutos, equipamentos e tubulações de modo à superdimensioná-los, além de gerar problemas de incrustação e corrosão nos oleodutos gerando um maior consumo de produtos químicos, e por fim causando uma redução no tempo de campanha dos equipamentos. Nesse contexto, de remover a água emulsionada no petróleo, algumas técnicas são usadas para quebrar essas emulsões, na qual a mais comum é a adição de pequenas quantidades de agentes desemulsificantes. Estes desemulsificantes são moléculas anfifílicas que se adsorvem na interface água-óleo e aceleram a separação das fases. Porém o uso desses desemulsificantes não tem se mostrado eficiente em todos os casos, já que, em cada poço observa-se uma mudança nas propriedades dos fluidos [ROSSI, 2008]. Uma das alternativas propostas, para a quebra da emulsão sob tais circunstâncias, está no uso de sistemas microemulsionados que são sistemas dispersos, termodinamicamente estáveis, formados a partir de uma aparente solubilização espontânea de dois líquidos (Polar e Apolar), na presença de um tensoativo e na maioria dos casos um cotensoativo. E, por possuírem um grande poder de solubilização tanto de substâncias polares quanto apolares, esse sistema, se mostra bastante eficiente para o estudo em questão [ROBB, 1981]. 2. METODOLOGIA 2.1 Reagentes Para a determinação das regiões de microemulsão foram utilizados três tipos de tensoativos não-iônicos comerciais, denominados: DBB-7104, DBB-7107 e DBB-7191, dois tipos de cotensoativos (álcool etílico e álcool Isopropílico), óleo de pinho como fase oleosa e água destilada como fase aquosa. O petróleo utilizado para os testes de quebra de emulsão de petróleo foi proveniente da bacia do Recôncavo onde há um histórico de elevadas produções de água e alto teor de emulsão. 2.2 Microemulsão / Diagrama de fases Em sistemas com quatros elementos necessita-se de uma representação tetraédrica para sua interpretação. Desta forma, definiu-se uma razão entre dois constituintes (C/T) já que a representação torna-se mais fácil, obtendo-se um sistema de três pseudo-constituintes e com isso gerando diagramas pseudoternários. Com o cotensoativo e o tensoativo fixados em um dos vértices do triangulo, avaliou-se três tipos de razão diferentes: 1%, 5% e 10%. A construção do diagrama de fases se baseia na titulação volumétrica, onde em um tubo de ensaio mistura-se a razão cotensoativo/tensoativo e a fase oleosa em proporções conhecidas, e em seguida titula-se a mistura com a fase aquosa (Ramos, 1996). O Ponto de viragem foi detectado quando o sistema apresentava algum turvamento o que caracterizava a saída da região de Winsor IV (microemulsão). Toda a agitação/mistura do sistema se deu com o auxílio de um agitador magnético e uma barra magnética dentro do tubo de ensaio. Para a construção dos diagramas, foi realizado uma metodologia experimental onde fixou-se uma massa total da mistura cotensoativo/tensoativo (C/T) e óleo em dois gramas, partindo-se do ponto inicial com 0% de óleo e 100% C/T e fazendo incrementos na concentração de óleo de 10%. A Tabela 1 apresenta um modelo da metodologia utilizada para uma razão C/T = 1.

Tabela 1: Metodologia experimental para a razão C/T = 1. Razão C/T 1 Massa do Sistema (g) 2 % Óleo C (g) T (g) O (g) 0% 1,0 1,0 0,0 10% 0,9 0,9 0,2 20% 0,8 0,8 0,4 30% 0,7 0,7 0,6 40% 0,6 0,6 0,8 50% 0,5 0,5 1,0 60% 0,4 0,4 1,2 70% 0,3 0,3 1,4 80% 0,2 0,2 1,6 90% 0,1 0,1 1,8 100% 0,0 0,0 2,0 Legenda: T= Massa de Tensoativo; C= Massa de Cotensoativo; O= Massa de Óleo. Esse procedimento foi feito para cada tipo de tensoativo utilizado (três) e para cada tipo de razão C/T utilizada (três). Além disso, foi construído os diagramas com os tensoativos puros afim de verificar se os tensoativos eram mais solúveis em água ou em óleo. 2.2.1 Seleção do Diagrama Para a seleção do diagrama a ser aplicado na quebra da emulsão, foi levado em consideração aquele que gerou uma maior região de microemulsão de Winsor IV. Além disso, foi considerada a quantidade de tensoativo utilizada em cada diagrama, visto que o tensoativo é a parte mais onerosa do sistema. Desta forma, optou-se por um diagrama que gerasse uma boa região e que usasse uma pequena quantidade de tensoativo. 2.3 Seleções dos pontos a serem analisados O modelo de Scheffé foi utilizado para a seleção dos pontos a serem analisados dentro da região de microemulsão. Inicialmente faz-se a hipótese de um modelo linear de grau um (Equação 1). A partir disso, constrói-se um triângulo equilátero dentro do domínio da região a ser estudada, onde cada vértice representa um ponto a ser estudado e o ponto central, dentro deste triângulo, serve para a validação do sistema (Figura 1). GRAU 1: Y = A 1 X 1 + A 2 X 2 + A 3 X 3 [1] Figura 1: Rede de Scheffé (Grau 1). A validação se dá quando o valor teórico do ponto for bem próximo ao valor encontrado experimentalmente. Caso contrário, faz-se uma hipótese de modelo linear de grau dois (Equação 2), onde aumenta-se os pontos a serem estudados e a validação se dá com os pontos 8, 9 e 10 (Figura 2). Essa interação é feita até a validação do sistema [SANTOS, 2002]. GRAU 2: Y = A 1 X 1 + A 2 X 2 +A 3 X 3 +A 12 X 1 X 2 +A 23 X 2 X 3 +A 13 X 1 X 3 [2] Figura 2: Rede de Scheffé (Grau 2).

2.4 Quebra da emulsão Os experimentos de quebra da emulsão de petróleo foram realizados utilizando-se um tubo cônico graduado de 100mL, onde foram adicionados 25 ml de petróleo e 1,25 ml de microemulsão (fração correspondente a 5% do volume de óleo). A mistura foi colocada em um banho ultratermostático (Figura 3) com temperatura controlada de 60ºC, de maneira que todo o volume da mistura ficasse submerso na água presente no banho. Os resultados foram acompanhados durante 30 minutos e a cada 3 minutos foram realizadas leituras do volume de água separado. Figura 3: Banho ultratermostático com o tubo cônico mergulhado. 2.5 Determinação do BSW A determinação do BSW seguiu a norma NBR14647. Em um tubo cônico de 100 ml de capacidade, foram adicionados 50 ml de petróleo bem homogeneizado, 50mL de tolueno (saturado em água) e 2mL de solução desemulsificante. O tubo foi tampado firmemente e agitado vigorosamente até uma completa homogeneização. Em seguida, a mistura foi colocada em uma centrifuga com velocidade de 1750 RPM por 15 minutos acoplada a um banho com temperatura controlada de 60 ºC. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A primeira etapa deste estudo voltou-se para a determinação do teor de água na emulsão. Em seguida determinaram-se as melhores regiões de microemulsão através da variação dos seus constituintes. E, por fim, foi feita a aplicação da microemulsão na quebra da emulsão água/óleo, na qual, com a metodologia de Scheffé foi realizado o teste de validação do sistema. 3.1 Determinação do teor de água na emulsão de petróleo Com o auxílio da norma NBR 14647 descrito anteriormente na seção 2.5, foi possível determinar o teor de água da emulsão. Para esse procedimento, em especial, contamos com uma parceria com o LAPEG (Laboratório de petróleo e gás) e chegou-se a um valor de 24% no teor de água e sedimentos. 3.2 Obtenção dos sistemas microemulsionados Para a obtenção dos sistemas microemulsionados foram utilizados o álcool etílico e o álcool isopropílico como cotensoativo, a água destilada como fase aquosa, o óleo de pinho como fase oleosa e três tipos de tensoativos comerciais: DBB 7104, DBB 7107 e DBB 7191. Além disso, foi variada a razão cotensoativo/tensoativo entre 1, 5 e 10, o que gerou um total de 23 diagramas. Com a construção dos diagramas, observou-se que o uso de um cotensoativo associado aos tensoativos estudados foi de fundamental importância para obtenção de uma maior região de microemulsão. Pode ser visto através das Figuras 4 e 5, respectivamente, os diagramas de fases para o tensoativo DBB 7191 (puro) e com o uso do álcool isopropílico como cotensoativo a uma razão C/T = 1. De acordo com essas figuras, observa-se claramente o incremento da região de

microemulsão ao se utilizar o cotensoativo. A primeira característica a ser escolhida foi a razão cotensoativo /tensoativo, onde observou-se que aumentado essa razão aumentava-se, também, a região de microemulsão. Ao comparar os diagramas para as três diferentes razões C/T, conclui-se que a razão C/T=10 é a mais interessante, já que a mesma apresenta uma maior região de microemulsão (Figuras 6, 7 e 8). Figura 4: Diagrama de fases para o tensoativo DBB 7191 (puro). Figura 6: Diagrama de fases para C/T=1, T= DBB 7191 e C= álcool isopropílico. Figura 5: Diagrama de fases para C/T=1, T= DBB 7191 e C= álcool isopropílico. Esse resultado se mostra bastante interessante, já que o uso do cotensoativo no sistema faz com que a quantidade de tensoativo utilizada seja menor. Isso é muito importante já que o tensoativo, geralmente, é a parte mais cara do sistema e, além disso, ele é responsável pela maior quantidade de resíduos gerados [SOUZA, 2008]. Para a escolha do tensoativo, cotensoativo e razão cotensoativo/ tensoativo, foi realizada uma análise criteriosa com os 23 diagramas gerados onde foi selecionado aquele que apresentou uma maior região de microemulsão. Figura 7: Diagrama de fases para C/T=5, T= DBB 7191 e C= álcool isopropílico.

Figura 8: Diagrama de fases para C/T=10, T= DBB 7191 e C= álcool isopropílico. Porém, em alguns sistemas notouse que a diferença das regiões de microemulsão entre as razões C/T=5 e C/T=10 eram mínimas. Mesmo assim, optou-se, neste trabalho, pelo diagrama de C/T= 10, já que ao aumentar a razão do sistema, há uma diminuição na quantidade de tensoativo que será utilizada e, como foi visto anteriormente, isso é um fator muito importante. Com a razão C/T fixada em 10, partiu-se para a escolha do cotensoativo. Para isso, fez-se uma análise comparativa variando apenas o cotensoativo. De acordo com as Figuras 9 e 10, observouse que o álcool isopropílico gerou uma maior região de microemulsão comparado com o álcool etílico. Figura 9: Diagrama de fases para C/T=10, T= DBB 7191 e C= Álcool etílico. Figura 10: Diagrama de fases para C/T=10, T= DBB 7191 e C= Álcool isopropílico. De acordo com a literatura, álcoois do butanol ao octanol são os mais indicados para obtenção de regiões de microemulsão [CABRAL, 2012]. Mesmo assim, neste trabalho realizou-se o estudo com o álcool etílico para ver se a região de microemulsão formada seria interessante, em caso positivo, o uso desse cotensoativo seria justificado pela fácil disponibilidade no Brasil e pelo baixo custo. Como pode ser observado pelas Figuras 9 e 10, devido ao álcool isopropílico apresentar uma maior região de microemulsão, este foi escolhido como cotensoativo para o prosseguimento do trabalho. Para o tensoativo foi feita, também, uma análise comparativa onde avaliou qual dos três tensoativos gerou uma melhor região de trabalho. Observou-se que os tensoativos DBB 7107 e o tensoativo DBB 7191 (Figuras 11 e 12) geraram regiões muito próximas e por isso foram escolhidos para serem aplicados na próxima etapa do trabalho. O tensoativo DBB 7104 foi descartado, pois, apesar de gerar uma região de microemulsão interessante (Figura 13), ele é muito difícil de trabalhar já que possui alta viscosidade.

Figura 11: Diagrama de fases para C/T=10, T= DBB 7107 e C= Álcool isopropílico. 3.3 Rede de Scheffé Com os diagramas de fases selecionados, partiu-se para a determinação da rede de Scheffé onde, inicialmente, foi desenhado um triângulo equilátero dentro da região de interesse. É importante destacar que o triângulo equilátero foi feito baseado nos dois diagramas que foram escolhidos e o triângulo que foi feito no diagrama representado pela Figura 14, foi o mesmo do diagrama representado pela Figura 15, com isso os pontos de microemulsão serão bastante similares, mudando apenas o tipo de tensoativo que será trabalhado. Figura 12: Diagrama de fases para C/T=10, T= DBB 7191 e C= Álcool isopropílico. Figura 14: Rede de Scheffé para C/T=10, T= DBB 7107 e C= Álcool isopropílico. Figura 13: Diagrama de fases para C/T=10, T= DBB 7104 e C= Álcool isopropílico. Figura 15: Rede de Scheffé para C/T=10, T= DBB 7191 e C= Álcool isopropílico.

Cada vértice desse triângulo seria um ponto de microemulsão a ser preparado e o ponto central (Ponto 4) seria o ponto de validação da rede de Scheffé (Tabela 2). Tabela 2: Porcentagem de cada elemento X C/T X O X A PONTO 1 90% 5% 5% PONTO 2 60% 5% 35% PONTO 3 60% 35% 5% PONTO 4 70% 15% 15% 3.4 Quebra da emulsão Nos experimentos foram testados sistemas constituídos por álcool isopropílico (cotensoativo), óleo de pinho (fase oleosa) e água destilada (fase aquosa), variando os tensoativos DBB 7107 e DBB 7191, para um volume de petróleo de 25 ml, com 1,25 ml (5%) de microemulsão na razão C/T = 10, analisando-os de acordo com a eficiência de separação para o BSW de 24%. Os resultados foram acompanhados para cada tensoativo e seus respectivos pontos durante 30 minutos e a cada 3 minutos foram realizadas leituras do volume de água separado. Através das Figuras 16 e 17, pode ser visto que, os percentuais de quebra da emulsão de petróleo para as microemulsões constituídas pelos tensoativos DBB 7101 e DBB 7191. Figura 17: Percentual de quebra da emulsão de petróleo versus tempo, para a microemulsão utilizando o tensoativo DBB 7191. Com a determinação das eficiências nos experimentos, avaliou-se os percentuais de separação em função da composição do sistema na região de trabalho, os quais foram organizados por uma matriz de experiência de acordo com o princípio da Rede de Scheffé e validados através de testes do modelo de estudo matemático do comportamento da resposta, admitindo um intervalo de erro de 0-10% para aceitação. O modelo linear que constitui a primeira escolha conduz a um sistema formado por três equações, onde os pontos 1, 2 e 3 (Tabela 2) formam os pontos da matriz de experiência e o ponto 4 aplicou-se para sua validação. Os coeficientes do sistema representam as composições dos pontos do triângulo equilátero, enquanto que as respostas correspondem ao valor experimental obtido para a capacidade de separação da água do petróleo pela microemulsão utilizando os tensoativos testados. Para a microemulsão utilizando o tensoativo DBB 7107, a resolução do sistema forneceu a Equação (3): Q = 0,7381*X C/T + 0,5170*X O + 0,8464* X A [3] Figura 16: Percentual de quebra da emulsão de petróleo versus tempo, para a microemulsão utilizando o tensoativo DBB 7107. De posse da Equação (3) dada pelo modelo, aplicou-se ao ponto 4 para a sua validação resultando em um percentual de separação Q = 72,12%. Comparando este valor com o obtido experimentalmente

para o ponto 4 (75%) obtém -se um erro de 3,84%. O cálculos do erro foram obtidos através da Equação (4). Erro = Qcalc-Qexp Qexp *100 [4] Já para a microemulsão utilizando o tensoativo DBB 7191, a resolução do sistema forneceu a Equação (5): Q = 1,0323*X C/T + 0,5345*X O + 0,5340 * X A [5] De posse da Equação (5) dada pelo modelo, aplicou-se ao ponto 4 para a sua validação resultando em um percentual de separação Q = 88,30%. Comparando este valor com o obtido experimentalmente para o ponto 4 (83,30%) obtém -se um erro de 6,00%. Comparando os valores obtidos pelo modelo com os dados experimentais, observa-se que o erro foi baixo e dentro do intervalo de aceitação. 4. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que a formação das regiões de microemulsão depende basicamente dos seus constituintes, a exemplo do cotensoativo que é um importante constituinte, interferindo na solubilização do sistema. A razão C/T = 10 apresentou maior região de microemulsão por expressar uma proporção ótima entre as quantidades de tensoativo e cotensoativo, uma vez que a quantidade desses dois constituintes influencia diretamente na região do sistema. Quanto à eficiência de separação utilizando sistemas microemulsionados para os dois tensoativos estudados, a microemulsão com composição: tensoativo DBB 7107, cotensoativo (álcool isopropílico), fase oleosa (óleo de pinho) e fase aquosa (água destilada) apresentou separação água-óleo de 75% em um tempo de 23 minutos, enquanto que a microemulsão com composição: tensoativo DBB 7191, cotensoativo (álcool isopropílico), fase oleosa (óleo de pinho) e fase aquosa (água destilada) alcançou uma separação de 98,3% em um tempo médio de aproximadamente 16 minutos, obtendo assim maior eficiência e menor tempo na quebra de emulsão, resultando ponto mais adequado na composição do sistema microemulsionado para separação da água produzida do petróleo, comparado ao tensoativo comercial DBB 7107. 5. AGRADECIMENTOS Agradecimentos a CAPES pelas bolsas concedidas e ao LAPEG, por todo suporte no desenvolvimento das análises. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CABRAL, D. L. M. Sistemas microemulsionados contendo o tensoativo siliconado comercial q2-5211: caracterização e possíveis aplicações em formulações de antifúngicos e pesticidas. 2012. Dissertação de mestrado, Programa de Pós Graduação em Agroquímica, Universidade Federal de Viçosa. RAMOS, A. C. S. Extração de tungstênio utilizando microemulsões. 1996. Dissertação de mestrado Programa de Pós Graduação em Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. ROBB, I.D. Microemulsions. New York: Plenum Press, 1981. ROSSI, C. G. F. T.; DANTAS, T. N. C.; DANTAS NETO, A. A.; MACIEL, M. A. M., Microemulsões: uma abordagem básica e perspectivas para aplicabilidade industrial. Universidade Rural, Rio Janeiro, v. 26, n.1-2, p. 45-66, 2008.

SANTOS, L. C. L. Novos sistemas microemulsionados aplicados à quebra de emulsões de petróleo. 2002. Dissertação de mestrado Programa de Pós Graduação em Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. SOUZA, A. V. Estudo do Efeito da Salinidade Em Sistemas Microemulsionados Aplicados à Recuperação Avançada de Petróleo. 2008. Monografia de Graduação- Universidade Federal do Rio Grande do Norte.