AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO EM PISOS INTERTRAVADOS DA SÍLICA DE CASCA DE ARROZ OBTIDA ATRAVÉS DA COMBUSTÃO EM LEITO FLUIDIZADO

Documentos relacionados
Influence of coarse aggregate shape factoc on concrete compressive strength

Estudo da Viabilidade Técnica e Econômica do Calcário Britado na Substituição Parcial do Agregado Miúdo para Produção de Argamassas de Cimento

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN

Dosagem de Concreto INTRODUÇÃO OBJETIVO. Materiais Naturais e Artificiais

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND

TIJOLOS DO TIPO SOLO-CIMENTO INCORPORADOS COM RESIDUOS DE BORRA DE TINTA PROVENIENTE DO POLO MOVELEIRO DE UBA

UTILIZAÇÃO DA SÍLICA DA CASCA DE ARROZ NA PRODUÇÃO DE CONCRETO USINADO EM CENTRAL

O fluxograma da Figura 4 apresenta, de forma resumida, a metodologia adotada no desenvolvimento neste trabalho.

Blocos vazados modulares de concreto inovado com adição de cinzas do bagaço da cana-de-açúcar 1

ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO MATERIAIS BÁSICOS EMPREGADOS NA PRODUÇÃO DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTOS

ESTUDO DOS COMPONENTES DA MISTURA PARA CONCRETO COMPACTADO COM ROLO (CCR) DE BARRAGEM, COM VISTAS A MELHORAR O SEU DESEMPENHO.

Curso (s) : Engenharia Civil - Joinville Nome do projeto: Estudo Comparativo da Granulometria do Agregado Miúdo para Uso em Argamassas de Revestimento

Materiais e Processos Construtivos. Materiais e Processos Construtivos. Concreto. Frank Cabral de Freitas Amaral 1º º Ten.-Eng.º.

TIJOLOS CRUS COM SOLO ESTABILIZADO

(PPGEMA), pela Escola de Engenharia Civil (EEC);

MÉTODOS EXPERIMENTAIS DE DOSAGEM PARA CONCRETO CONVENCIONAL UTILIZANDO AREIA INDUSTRIAL E DEMAIS AGREGADOS DA REGIÃO DE PASSO FUNDO

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE CONCRETO C40 E C50 EXECUTADO COM AGREGADOS RECICLADOS CINZA

ESTUDO DE INCORPORAÇÃO DO LODO CENTRIFUGADO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PASSAÚNA EM MATRIZES DE CONCRETO, COM DOSAGEM DE 3%

Leia estas instruções:

APROVEITAMENTO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NATURAIS E DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NA INOVAÇÃO QUÍMICA DE COMPÓSITOS POLIMÉRICOS

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA EM CONCRETOS PRODUZIDOS COM AGREGADOS LEVES DE ARGILA CALCINADA. Bruno Carlos de Santis 1. João Adriano Rossignolo 2

CONCRETO SUSTENTÁVEL: SUBSTITUIÇÃO DA AREIA NATURAL POR PÓ DE BRITA PARA CONFECÇÃO DE CONCRETO SIMPLES

ESTUDO PARA UTILIZAÇÃO E VIABILIDADE DE AREIA DE FUNDIÇÃO EM CONCRETO 1

ANÁLISE DO DIAGRAMA DE DOSAGEM DE CONCRETO OBTIDO ATRAVÉS DOS CORPOS-DE-PROVA MOLDADOS EM OBRA

IV Seminário de Iniciação Científica 372

SOLIDIFICAÇÃO/ESTABILIZAÇÃO DE LODO GALVÂNICO EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO (PAVERS)

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL. M.Sc. Arq. Elena M. D. Oliveira

17/04/2015 AGLOMERANTES HIDRÁULICOS PARA PAVIMENTAÇÃO REFERÊNCIAS CAL HIDRÁULICA. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Centro de Tecnologia

Tratamento de Superfície de Pisos de Concreto. Públio Penna Firme Rodrigues

AULA 4 AGLOMERANTES continuação

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SECAGEM DE ARGILA

ANÁLISE DO EFEITO DE ADIÇÃO DE DIFERENTES TEORES DE PÓ DE GRANITO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO MICROCONCRETO RESUMO

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO PROVENIENTE DO DESDOBRAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS NA CONFECÇÃO DE TIJOLOS ECOLOGICOS DE SOLO-CIMENTO

Influência da utilização dos endurecedores de superfície na resistência à abrasão de pisos industriais de concreto

Resumo. 1. Introdução

UTILIZAÇÃO DA SÍLICA DA CASCA DE ARROZ E CINZA VOLANTE EM MISTURAS TERNÁRIAS NA PRODUÇÃO DE CONCRETO USINADO EM CENTRAL.

Cimento Portland branco

TRABALHO DE GESTÃO DE REVESTIMENTOS

Universidade Federal do Ceará. Curso de Engenharia Civil. Aulas 1 e 2: Aglomerantes Cal, Gesso e Cimento. Prof. Eduardo Cabral

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. PROJETO DE LEI No 3.894, DE 2012

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA

DESENVOLVIMENTO DE COMPOSIÇÃO DE CONCRETO PERMEÁVEL COM AGREGADOS ORIUNDOS DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL DA REGIÃO DE CAMPINAS

Lia Lorena Pimentel Professor Doutor, Fac. Engenharia Civil Puc- Campinas CEATEC

TÉCNICA CONSULTORIA A IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO GRANULOMÉTRICA PARA BLOCOS DE CONCRETO 2. CONCRETO SECO X CONCRETO PLÁSTICO. Paula Ikematsu (1)

Caracterização de concretos confeccionados com a cinza do bagaço da cana-de-açúcar

Material Fresado: Uma Opção Sustentável

Materiais constituintes do Concreto. Prof. M.Sc. Ricardo Ferreira

ESTUDO DA SUBSTITUIÇÃO DE AGREGADOS MIÚDOS NATURAIS POR AGREGADOS MIÚDOS BRITADOS EM CONCRETOS DE CIMENTO PORTLAND

ARGAMASSAS MISTAS COM A UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

III-123 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL EM ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS A PARTIR DE ESTUDOS DE REFERÊNCIA

Eixo Temático ET Gestão de Resíduos Sólidos

PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA CONCRETEIRA

Argamassa TIPOS. AC-I: Uso interno, com exceção de saunas, churrasqueiras, estufas e outros revestimentos especiais. AC-II: Uso interno e externo.

RECICLAGEM DE RESÍDUOS E CIDADANIA: PRODUÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS PARA CONSTRUÇÃO DE CASAS POPULARES EM REGIME DE MUTIRÃO - PARTE II

ENTECA 2003 IV ENCONTRO TECNOLÓGICO DA ENGENHARIA CIVIL E ARQUITETURA

Otimização do consumo de cimento por meio da adição da Sílica da casca do arroz (SCA)

CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL: AVALIAÇÃO DO EFEITO

SUSTENTABILIDADE E RECICLAGEM DE MATERIAIS EM PAVIMENTAÇÃO

Problemas relacionados à disponibilidade de água estão se tornando mais graves em diversas

Aditivos para argamassas e concretos

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE INCORPORAÇÃO DE AGREGADOS RECICLADOS PROVENIENTES DO BENEFICIAMENTO DE RESÍDUO CLASSE A NA PRODUÇÃO DE CONCRETOS C20 E C30

ARGAMASSAS E CONCRETOS CONCRETOS

Autor: Diretoria de Planejamento e Pesquisa / IPR Processo: /

CONCRETOS ESPECIAIS MCC2001 AULA 7 (parte 1)

9º ENTEC Encontro de Tecnologia: 23 a 28 de novembro de 2015

São assim denominados pois não utilizam o processo de queima cerâmica que levaria à derrubada de árvores para utilizar a madeira como combustível,

Pavimentação - sub-base de concreto de cimento Portland adensado por vibração

PEC I - Primeiro Painel Temático de Pesquisa da Engenharia Civil da UNIJUÍ 14 de Outubro de 2014

CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO INDUSTRIAL CASCA DE ARROZ COM VISTAS A SUA UTILIZAÇÃO COMO BIOMASSA

Gino Ricci José Tadeu Balbo

36. a REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO 36.ª RAPv

Definição. laje. pilar. viga

Utilização de Material Proveniente de Fresagem na Composição de Base e Sub-base de Pavimentos Flexíveis

Informativo técnico SIO2

AVALIAÇÃO DA ABSORÇÃO DE ÁGUA DE TIJOLOS DE CONCRETO PRODUZIDOS PARCIALMENTE COM AGREGADOS RECICLADOS

COMPARATIVO LABORATORIAL DE MISTURAS ASFÁLTICAS MOLDADAS NO CENTRO E LIMITES DAS FAIXAS B E C DO DNIT 1

Eng Civil Washington Peres Núñez Dr. em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Influência do tipo de laje nos custos de um edifício em aço

A nova revisão da ABNT NBR 9062

ESTUDO DO EFEITO DA QUANTIDADE DE FRITA MATE NA RESISTÊNCIA AO ATAQUE QUÍMICO DE ESMALTES MATES

A Im p o r t â n c ia d a Es c o l h a d o Ag l o m e r a n t e pa r a Do s a g e m d e Co n c r e t o d e Ci me n t o Po r t l a n d

Estudo da Aplicação do Resíduo Grits na Fabricação de Elementos de Concreto

Investigação Laboratorial do Uso de Resíduo da Construção Civil como Agregado Graúdo em Estaca de Compactação Argamassada

Dosagem dos Concretos de Cimento Portland

A UTILIZAÇÃO DA CASCA DE ARROZ E SEMENTES DE BRAQUIÁRIA EM TIJOLOS SOLO-CIMENTO

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE METACAULIM NAS PROPRIEDADES DE ARGAMASSAS INORGÂNICAS

DOSAGEM DE CONCRETO ASFÁLTICO USINADO A QUENTE UTILIZANDO LIGANTE ASFÁLTICO MODIFICADO COM BORRACHA

III CNEG Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006.

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE CURA NO DESENVOLVIMENTO DA RESISTÊNCIA DE CIMENTOS ALUMINOSOS

OBSERVAÇÃO DE ESTRUTURAS DE BETÃO DE ELEVADOS DESEMPENHOS ATRAVÉS DE ENSAIOS IN SITU NÃO-DESTRUTIVOS

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II TECNOLOGIA DA ARGAMASSA E DO CONCRETO

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO ATRAVÉS DA VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DA ONDA ULTRA-SÔNICA

Potencial de Geração de Energia Utilizando Biomassa de Resíduos no Estado do Pará

O cimento CP V ARI PLUS teve sua caracterização físico-químico realizada na Fábrica Ciminas Holcim (Tab. A.I.1).

17º Congresso de Iniciação Científica ESTUDO POTENCIAL ENERGÉTICO DE COMBUSTÍVEIS DERIVADOS DA BIOMASSA: CONSTRUÇÃO DE UM CALORÍMETRO ISOPERIBÓLICO

AVALIAÇÃO DO BIOCRETO COM FIBRAS MINERALIZADAS DE BAMBU RESUMO

Óleo Combustível. Informações Técnicas

ESTUDO DE CARACTERÍSTICA FÍSICA E MECÂNICA DO CONCRETO PELO EFEITO DE VÁRIOS TIPOS DE CURA

ANEXO I TERMOS DE REFERÊNCIA

ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE ETENE INFORME RURAL ETENE PRODUÇÃO E ÁREA COLHIDA DE CANA DE AÇÚCAR NO NORDESTE.

Transcrição:

AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO EM PISOS INTERTRAVADOS DA SÍLICA DE CASCA DE ARROZ OBTIDA ATRAVÉS DA COMBUSTÃO EM LEITO FLUIDIZADO Evaluation of the use in the interlinked floor of silica from rice husk obtained thought fluidized bed combustion Marton, Luiz Fernando Mota (1); Oliveira, Marcelo D. (2); Marangon, Ederli (3); Rosado, Daniel (4); Padoin, Daniela Galiotto (5); Martins, Raphael (5) ; Resumo ( 1 ) Engenheiro de Materiais, Responsável Técnico da RHA Solutions Engenharia Ltda. (2) Engenheiro Civil, Mestrando em Engenharia Civil UFSM. (3) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Elétrica Unipampa. (4) Engenheiro Civil, Gerente de Produção na Prontomix Tecnologia de Concreto Ltda. (5) Aluna de graduação em Engenharia Civil Unipampa. O desenvolvimento da sílica de casca de arroz tem avançado de forma significativa nos últimos anos através de sistemas de combustão do tipo leito fluidizado, onde as características únicas da sílica presente na casca de arroz, utilizada como combustível, são mantidas. Sua principal aplicação está relacionada ao mercado da construção civil, onde já tem seu uso vinculado a produção de concretos de alta resistência, ou para a redução das quantidades de cimento em traços de concreto permitindo a redução do custo/m³. Para a fabricação de artefatos de cimento, como blocos e piso intertravado, a sílica tem se mostrado com um promissor material quer permite ganhos de resistência e impermeabilidade alem da redução de custos. O presente trabalho avalia os teores ótimos de utilização da sílica de casca de arroz na produção de pisos intertravados para utilização em vias de tráfegos de veículos comerciais (fck 35MPa) e vias de trafego especiais (fck 50MPa) de acordo com a norma NBR 9781/2013 e a absorção de acordo com a norma NBR 9778:2005. Palavra-Chave: sílica de casca de arroz, pavers, coeficiente de reflexão, piso intertravado. Abstract The development of rice husk silica has advanced significantly in the recent years through combustion systems of the type fluidized bed where the main characteristics of the silica present in rice husk, used as fuel, are maintained. Its main application is related to the civil construction, where its use is already linked to production of high-strength concrete, or to reduce the quantities of cement in concrete mixtures allowing cost reduction/m³. The manufacture of cement artifacts such as blocks and pavers, silica has been shown to be a promising material that allow gains strength and impermeability, and reduced costs. This study evaluates the use of optimum levels of rice husk silica to produce pavers for use in the process of commercial vehicle traffic (fck 35MPa) and special traffic (fck 50MPa) according to NBR 9781/2013 and absorption according to NBR 9778:2005.. Keywords: rice husk silica, pavers, reflection coefficient, interlinked floor. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 1

1 Introdução O crescente aumento da produção de arroz no Brasil nos últimos anos, fez com seu principal resíduo, a casca, se tornasse um grave problema ambiental pela grande quantidade de gás metano que este resíduo gera ao ser descartado diretamente na natureza (PEROZZI 2008) (MAYER et. al 2007). Segundo Mehta (2011) para cada tonelada de arroz em casca produzida são gerados cerca de 200 kg de casca in natura (20%-p da produção de arroz em casca), que quando queimadas em caldeiras ou fornalhas geram aproximadamente 40 kg de sílica. Baseado na safra 2010/2011 no RS de 7.709.079 toneladas, segundo o IRGA (2013), estima-se uma produção de 308.363 toneladas de sílica de casca de arroz. Tal quantidade justifica a realização de estudos de aplicação nas diversas áreas da construção civil, pois sendo a sílica da casca de arroz um material altamente pozolânico, quando obtido pelos parâmetros corretos, sua utilização em combinação com o cimento Portland permite diversos ganhos de propriedades, tais como mecânicas e de durabilidade, além de ganhos significativos de custo (COSTENARO et. al 2003). O principal objetivo deste trabalho é avaliar a utilização da sílica de casca de arroz, em escala industrial com o menor impacto possível na rotina fabril objetivando obter as características de resistência mecânica e de absorção de água segundo as normas vigentes. Adicionalmente será avaliado um comparativo de custos entre os traços sem sílica e aqueles em que houve a adição da sílica. 2 Materiais e métodos Para a dosagem dos concretos utilizados na confecção dos pisos intertravado utilizou-se os seguintes materiais: - Cimento CP II Z 32 RS; - Sílica de Casca de arroz Silcca Nobre; - Areia média; - Pó de Brita; - Brita Basáltica 9,25/25; - Aditivo plastificante de pega normal. 2.1 Caracterização dos materiais Os resultados obtidos na caracterização dos agregados são apresentados na tabela 1. Tabela 1 Caracterização Agregados. Agregado Diâmetro Máximo Módulo de Finura Massa Específica (Kg/dm³) Areia Média 2,4 2,05 2,63 Brita 0 9,5 5,89 2,65 Pó de Brita 9,5 3,68 2,58 ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 2

Porcentagem Acumulada (%) O cimento utilizado na confecção dos blocos intertravados foi o CP II Z-32 e suas características físico-químicas são apresentadas na tabela 2 e tabela 3. Perda ao Fogo - PF Óxido de Magnésio - MgO Anidrido Sulfúrico - SO 3 Anidrido Carbônico - CO2 Resíduo Insolúvel - RI Equivalente Alcalino em Na 2 O - (0,658 x K2O% + Na2O%) Tabela 2 Características Químicas do Cimento Utilizado. ENSAIO QUÍMICOS -RX -MÉTODO DE ENSAIO NBR 14656/01 NBR Nº UNIDADE MÉDIA Máximo Área Específica (Blaine) Massa Específica Finura - Resíduo na Peneira de 0,075mm (#200) Finura - Resíduo na Peneira de 0,044mm (#325) Água da Pasta de Consistência Normal Início de Pega Fim de Pega Expansibilidade de Le Chatelier - a Quente NM18/04 % 5,34 5,87 3,85 <ou=6,5 NM14/04 % 5,87 6,05 5,65 <ou=6,5 NM16/04 % 2,70 3,26 2,22 <ou=4,0 NM20/04 % 4,37 5,00 2,92 <ou=5,0 NM22/05 % 12,8 14,55 11,24 <ou= 16,0 % 0,74 Tabela 3 Características Físicas do Cimento utilizado. Mínimo ENSAIO NBR Nº UNIDADE MÉDIA Máximo Mínimo ESPECIFICAÇÃO NORMA não aplicável ESPECIFICAÇÃO NORMA NM76/98 m2/kg 374 396 347 >OU=260 NM23/01 g/cm 3 2,96 - - não aplicável.11579/91 % 3,1 4,20 2,30 <ou=12,0 12826/93 % 11,3 14,40 8,60 não aplicável NM43/02 % 26,8 27,10 26,20 não aplicável NM65/03 min 249 270 230 >ou=60minut NM65/03 min 330 355 305 <ou=480minut.11582/91 mm 0,55 1,00 0,00 <ou=5,0 A sílica de casca de arroz utilizada é obtida através da combustão da casca de arroz em leito fluidizado, sendo gerado calor, vapor e energia elétrica durante o processo. Possui uma característica predominantemente amorfa, conforme visualizado no difratograma da figura 2a e um baixo teor de carbono, conferindo-lhe uma coloração próxima a do cimento, na tabela 4 é apresentada a sua composição química. 100 90 80 Sílica da Casca de Arroz 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 70 60 50 40 30 20 10 0 0 0.1 1 10 100 Diâmetro ( m) (a) (b) Figura 2 (a) Difratograma da sílica de casca de arroz; (b) Distribuição granulométrica da sílica de casca de arroz ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 3

Figura 3 Sílica de casca de arroz. Tabela 4 Composição química da sílica de casca de arroz Perda ao fogo 3,50 SiO 2 91,48 CaO 0,36 MgO 0,32 Fe 2O 3 0,05 Al 2O 3 ND 2.2 Métodos Na 2O 0,04 K 2O 1,40 TiO 2 0,003 MnO 0,32 SO 3 0,15 P 2O 5 0,45 Para a realização da presente pesquisa foi utilizada a metodologia de classificação indicada em normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Foram classificadas as resistências dos pisos intertravados como especifica a NBR 9781/2013, a qual especifica a resistência mínima de 35 MPa para pavimentos com tráfego de veículos comerciais e 50 MPa para vias com tráfego especial. Foi também avaliada a absorção dos pisos Intertravados seguido os parâmetros da NBR 9778/2005. A moldagem dos corpos de prova foi realizada em equipamento industrial tomando os cuidados para não se modificar o fluxo de produção fabril e não alterar os parâmetros do equipamento objetivando que a utilização da sílica no processo produtivo seja a menos impactante possível. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 4

Foram moldados traços para a avaliação da resistência a compressão dos pisos intertravados. Para cada uma das condições de resistência moldou-se uma mistura de referência, ou seja com 100% de cimento e nos demais foi substituído 10% deste cimento por 5, 7,5 e 10% de Sílica de casca de arroz. As misturas são apresentadas na Tabela 5. Para a execução do ensaio de compressão axial, foi seguida a metodologia constante da NBR 9781/2013. Os teores de água e aditivos foram mantidos constantes em todos os traços. O valores porém são de propriedade industrial da empresa Prontomix. Tabela 5 Misturas analisadas. TRAÇOS TAG CIMENTO SÍLICA DE CASCA DE ARROZ BRITA 0 PÓ DE BRITA AREIA MÉDIA 35MPa 50MPa A REF 35 200 Kg 0 Kg 200 Kg 121 Kg 700 Kg B -10+5 180 Kg 10 Kg 200 Kg 121 Kg 700 Kg C -10+7,5 180 Kg 15 Kg 200 Kg 121 Kg 700 Kg D -10+10 180 Kg 20 Kg 200 Kg 121 Kg 700 Kg E REF 50 200 Kg 0 Kg 150 Kg 73 Kg 420 Kg F -10+5 180 Kg 10 Kg 150 Kg 73 Kg 420 Kg G -10+7,5 180 Kg 15 Kg 150 Kg 73 Kg 420 Kg H -10+10 180 Kg 20 Kg 150 Kg 73 Kg 420 Kg Legenda: -A+B: onde A= % de cimento retirada do traço e B= % de sílica adicionada sobre o traço normal. 3 Resultados e Discussões 3.1 Resultados e discussões da Compressão Axial. Os resultados de resistência à compressão, desvio padrão e resistência característica são apresentados na Tabela 6. A Figura 4 mostra um gráfico com a resistência e a tendência dos valores. Para a resistência a compressão axial foram encontrados os resultados apresentados na Tabela 6 e mostrados Figura 4. Tabela 6 Resistências à Compressão, desvio padrão e resistência à compressão característica. TAG Resistência Média a Compressão (MPa) Desvio Padrão (MPa) Resistência Característica (MPa) 35MPa 50MPa A REF 35 34,9 3,2 32,1 B -10+5 39,9 2,5 37,7 C -10+7,5 37,5 5,1 33,0 D -10+10 34,9 2,5 32,7 E REF 50 45,6 2,1 43,7 F -10+5 47,1 2,3 45,1 G -10+7,5 45,0 4,5 41,0 H -10+10 43,8 1,6 42,3 ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 5

Figura 4 Gráfico das Resistências a Compressão. Figura 4 Gráfico das Resistências a Compressão. Os valores encontrados para a resistência a compressão dos pisos intertravados na idade de 28 dias, mostram que os concretos com adições obtiveram um ganho de resistência frente ao concreto referência, exceto nos concretos em que houve uma substituição de 10% em massa de cimento por 10% de sílica de casca de arroz, explicação: Já os traços com substituição de 10% de cimento por 5% de sílica de casca de arroz foi o que apresentou a melhor resistência a compressão nas classes estudadas, na classe de 35 MPa apresentou uma resistência 17% superior ao traço de referência e na classe de 50 MPa o ganho de resistência foi de 3%. 3.2 Resultados e discussões da Absorção por imersão Foram realizados ensaios de absorção e determinação do índice de vazios para os traços da classe 35 MPa, já que estes devem apresentar uma absorção maior que os de uma resistência mais elevada. A Tabela 07 apresenta as absorções médias e o índice de vazios médios, na Figura 05 é mostrado um gráfico dos valores médios da absorção. Tabela 7 Absorção e índice de vazios. TAG Absorção de água por imersão Índices de vazios Blocos Médias Desvios Coeficiente Desvios Coeficiente Médias (%) Padrão de Variação Padrão de Variação A 7,10 0,44 6,23 (%) 0,14 0,0072 4,97 B 5,48 0,27 4,92 0,11 0,0049 4,19 C 5,76 0,22 3,90 0,11 0,0075 6,34 D 7,97 1,11 13,95 0,16 0,0183 11,42 ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 6

Figura 5 Gráfico da Absorção por imersão. De acordo com os resultados dos ensaios de absorção por imersão, é verificado que os traços com a adição da sílica de casca de arroz apresentam uma absorção menor que o traço sem adição, com exceção do traço D no qual houve uma substituição de 10% de cimento por 10% de sílica em massa, também se pôde observar uma menor absorção e por consequência um menor índice de vazios no traço B onde ocorreu uma substituição de 10% de cimento por 5% de sílica em relação à massa total do traço, onde deve ter ocorrido um melhor empacotamento entre a sílica, o cimento e os agregados. A NBR 9781/2013 especifica como limite a absorção de 6% para valores médios, critério que é atendido nos traços B e C. Também se pode observar, que apesar dos índices de vazios estarem associados ao volume total de poros acessíveis à água e não refletirem a facilidade com que a água consegue penetrar no concreto percebeu-se com o ensaio, que houve uma relação diretamente proporcional, ou seja, com o aumento dos teores de absorção nos blocos A e D, houve também um aumento nos índices de vazios e a mesma relação se percebeu nos blocos B e C onde com a redução dos índices de vazios se obteve resultados de absorção também reduzidos. Já com a análise dos resultados obtidos nos ensaios de absorção em comparativo com a resistência nos blocos D se pode, assim perceber que o teor de adição deve ser devidamente estudado, pois por serem partículas com grau de finura menor do que o do cimento, também possuem maior superfície específica necessitando de uma maior quantidade de água ou o uso de aditivos para que seja mantida a mesma trabalhabilidade do concreto. Desta maneira, comprometendo a durabilidade do concreto, fato constatado com o aumento da absorção e dos índices de vazios e a diminuição da resistência nos blocos. 3.3 Resultados e discussões da Comparação de custos entre os Concretos ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 7

Custo/MPa m³ (R$) Custo m³ (R$) Além do ganho ambiental por utilizarmos um resíduo industrial no concreto temos um ganho econômico nos concretos produzidos com a sílica de casca de arroz, como e mostrado nas Figuras 6 e 7. 116 114 112 110 108 106 Custo Total A B C D Traços Figura 6 Custo da Mistura/ m³. custo total 4,00. Custo/MPa 3,00 2,00 1,00 0,00 A B C D Traços Figura 7 Custo da Mistura/MPa custo/mpa O custo total do concreto da mistura B é o mais econômico quando comparado com todos os outros, já os traços C e D obtiveram custos superiores ao traço A. Mas ao analisarmos o custo/mpa o concreto da mistura B é 16,75% mais barato que o traço de referência A, e a mistura C é 2,51% mais barata, já o concreto com a mistura D fica 0,79% mais caro que o traço de referência A. 4 Conclusões A sílica de casca de arroz demonstra bons resultados de resistência à compressão para uma substituição de até 7,5% em massa quando retiramos 10% de cimento, provavelmente ocorre um bom empacotamento nesses teores e um refinamento da estrutura dos poros. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 8

Ao realizarmos o ensaio de absorção por imersão é notado comportamento semelhante ao ocorrido na resistência a compressão com os traços B e C apresentando valores de absorção menores que o traço A, e ainda abaixo do limite estipulado em norma o que não ocorreu com o traço de referência A. Ao compararmos os custos das misturas notamos que os concretos com sílica são competitivos até uma adição de 7,5% de sílica para uma retirada de 10% de cimento do traço de concreto já conhecido, esse ganho no custo pode passar de 16% se reduzirmos o percentual de adição para 5% para a mesma retirada. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 9

5 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNIAS. Peças de concreto para pavimentação Especificação e métodos de ensaio: NBR 9781. Rio de Janeiro, 2013. BITTENCOURT, T. N.. Estudo experimental do fraturamento do concreto estrutural por meio de corpos de prova cilíndricos. Boletim Técnico da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. CEB-FIP Model Code 1990. London, Thomas Telford, 1993. COSTENARO, F. L. & LIBORIO, J. B. L. Efeito da adição de cinza e sílica da casca de arroz em concretos. In: 45º Congresso Brasileiro do Concreto. Vitória, 2003. CORNELL FRACTURE GROUP. Franc3D Menu & Dialog Reference. Cornell University, Ithaca, 1998. FERNANDES, C. A., et al.. Reforço de pilares de elevado do metrô de São Paulo, 41 º Congresso Brasileiro do Concreto. São Paulo, IBRACON, 1999. MAYER, F. D.; CASTELLANELLI, C.; CREMONESE, G.; HOFFMANN, R.; OLIVEIRA, J. H. R. de. Viabilidade de geração de energia através da casca de arroz: Um estudo de caso. In: XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. [S. 1.], 2007 MEHTA, Povindar Kumar; MONTEIRO, Paulo José Melaragno. Concreto Estrutura, Propriedades e Materiais. São Paulo: PINI, 1994. PEROZZI, M. Brasil pode gerar 200 megawatts de energia com a casca do arroz. Arroz Brasileiro. Disponível em http://www.arroz.agr.br/site/arrozemfoco/040305.php. Acesso em 14 de abril de 2008. SHAH, S.P.; SWARTZ, S.E.; OUYANG, C.. Fracture mechanics of concrete - applications of fracture mechanics to concrete, rock and other quasi-brittle materials, New York, John Wiley & Sons, 1995. http://www.irga.rs.gov.br/uploads/anexos/1337888742semeadura_e_colheita_do_arroz_n o_rs.pdf acessado em 28 de maio de 2013. ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 55CBC 10