EFICIENCIA DO USO DA RADIAÇAO PELA SOJA NAS CONDIÇOES DA REGIÃO AMAZONICA



Documentos relacionados
ALTERAÇÕES NO ALBEDO DEVIDO AO AVANÇO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NA AMAZÔNIA: UM ESTUDO DE CASO

PRODUÇÃO DE MUDAS PRÉ BROTADAS (MPB) DE CANA-DE-AÇUCAR EM DIFERENTE ESTRATÉGIAS DE IRRIGAÇÃO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO

Avaliação dos Parâmetros Morfológicos de Mudas de Eucalipto Utilizando Zeolita na Composição de Substrato.

Referências Bibliográficas

ABSORÇÃO DE MICRONUTRIENTES APÓS APLICAÇÃO DE BIOSSÓLIDO NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE EUCALIPTO

PRODUTIVIDADE DO FEIJOEIRO COMUM EM FUNÇÃO DA SATURAÇÃO POR BASES DO SOLO E DA GESSAGEM. Acadêmico PVIC/UEG do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

Protocolo. nº 17 /2012 FORMULÁRIO PARA CADASTRO DE PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO. 1. Instruções

INFLUÊNCIA DO USO DE ÁGUA RESIDUÁRIA E DOSES DE FÓSFORO NA ÁREA FOLIAR DO PINHÃO MANSO

Análise operacional do terminal público do porto do Rio Grande usando teoria de filas

Aplicação de Nitrogênio em Cobertura no Feijoeiro Irrigado*

ACLIMATIZAÇÃO DE CULTIVARES DE ABACAXIZEIRO SOB MALHAS DE SOMBREAMENTO COLORIDAS

DESENVOLVIMENTO DA LARANJEIRA PÊRA EM FUNÇÃO DE PORTAENXERTOS NAS CONDIÇÕES DE CAPIXABA, ACRE.

9º ENTEC Encontro de Tecnologia: 23 a 28 de novembro de 2015

EFICIENCIA DE SISTEMAS DE APLICAÇÃO DE VINHAÇA VISANDO ECONOMIA E CONSCIENCIA AMBIENTAL

INTRODUÇÃO. Márcio Adonis Miranda Rocha 1, David dos Santos Martins 1, Rita de Cássia Antunes Lima 2

INDICAÇÃO N o, DE 2015

ANÁLISE DE TENDÊNCIAS DE TEMPERATURA MÍNIMA DO BRASIL

MANUAL DE VENDAS SEGURO COLHEITA GARANTIDA

QUANTIFICAÇÃO DE BIOMASSA FLORESTAL DE PINUS ELLIOTTII COM SEIS ANOS DE IDADE, EM AUGUSTO PESTANA/RS 1

Canola. Informação sobre a. Reunião Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel DF

AVALIAÇÃO DA INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO ATRAVÉS DE FUNÇÕES NÃO LINEARES EM PARAGOMINAS-PA

Avaliação agronômica de variedades de cana-de-açúcar, cultivadas na região de Bambuí em Minas Gerais

RELATÓRIO TÉCNICO. Avaliação do comportamento de HÍBRIDOS DE MILHO semeados em 3 épocas na região Parecis de Mato Grosso.

Suporte técnico a pequenos e médios apicultores do município de Cassilandia-MS

PÓL Ó O L O DE E UVA V DE E ME M S E A E E VI V N I HO NO O ES E T S A T DO DO ES E P S ÍR Í IT I O O SAN A TO T

Mudanças climáticas e projetos de créditos de carbono -REFLORESTAMENTO-

Influência das mudanças climáticas na distribuição espacial da Mycosphaerella fijiensis no mundo

ANÁLISE DE TENDÊNCIAS NA TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO EM LONDRINA, ESTADO DO PARANÁ

Biomassa Microbiana em Cultivo de Alface sob Diferentes Adubações Orgânicas e Manejo da Adubação Verde

150 ISSN Sete Lagoas, MG Dezembro, 2007

O uso de pó de rocha fosfática para o desenvolvimento da agricultura familiar no Semi-Árido brasileiro.

ART-01/12. COMO CALCULAMOS A EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo)

Há sempre resposta à adubação de manutenção do eucalipto? Um estudo de caso em Porto Velho (RO)

AÇÕES FORMATIVAS EM ESPAÇO NÃO ESCOLAR: UM ESTUDO DE CASO NO PROJETO SORRIR NO BAIRRO DO PAAR

DENSIDADE DE SEMEADURA DE CULTIVARES DE MAMONA EM PELOTAS, RS 1

Mostra de Projetos 2011

COMPORTAMENTO GERMINATIVO DE DIFERENTES CULTIVARES DE GIRASSOL SUBMETIDAS NO REGIME DE SEQUEIRO

DESENVOLVIMENTO DE MELOEIRO CANTALOUPE ORGÂNICO SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO AO ATAQUE DE Bemisia tabaci (Genn.) BIÓTIPO B (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE)

Sistema GNSS. (Global Navigation Satellite System)

7 etapas para construir um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis de sucesso

A N A I S D O E V E N T O. 12 e 13 de Novembro de 2014 Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

APLICAÇÃO FOLIAR DE ZINCO NO FEIJOEIRO COM EMPREGO DE DIFERENTES FONTES E DOSES

Palavras-Chave: Tratamento de resíduos sólidos orgânicos; adubo orgânico, sustentabilidade.

RESUMO. Palavras-chave: Segurança do trabalho, Protetor Auricular, ração animal. Introdução

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL - MI AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA - ADA

Influência do Espaçamento de Plantio de Milho na Produtividade de Silagem.

COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL EM DIFERENTES ÁREAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA 1

VI Congresso Brasileiro de Melhoramento Vegetal

ANÁLISE ESPACIAL DOS POÇOS ARTESIANOS E O RENDIMENTO HIDRODINÂMICO DA CAPTAÇÃO NO MUNICÍPIO DE BELÉM PA

RESPOSTA ESPECTRAL DE FOLHAS DO URUCUM INFECTADA POR Oidio bixae

PROGRAMA FITOSSANITÁRIO DE MATO GROSSO DO SUL RELATÓRIO SEMANAL DE 27 DE JANEIRO A 03 DE FEVEREIRO DE 2014

PROGNÓSTICOS E RECOMENDAÇÕES PARA O PERÍODO OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2011

CARACTERIZAÇÃO PLUVIOMETRICA POR QUINQUÍDIOS DA CIDADE DE PIRENOPOLIS - GO

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA TEMPERATURA E DA UMIDADE RELATIVA DO AR EM DIFERENTES LOCAIS DA CIDADE DE MOSSORÓ-RN.

Até quando uma população pode crescer?

GERÊNCIA EDUCACIONAL DE FORMAÇÃO GERAL E SERVIÇOS CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA ESTUDO ESTATISTICO DA BRISA ILHA DE SANTA CATARINA

INDAGAR E REFLECTIR PARA MELHORAR. Elisabete Paula Coelho Cardoso Escola de Engenharia - Universidade do Minho elisabete@dsi.uminho.

SISTEMAS DE PRODUÇÃO VEGETAL AGROECOLÓGICA

Manejo Sustentável da Floresta

PALAVRAS-CHAVE: capacidade de campo; densidade crítica; ponto de murcha permanente; porosidade de aeração; qualidade física do solo.

Janeiro de 2013 Volume 01

ESTRATÉGIAS DE MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO DO PASTO SOBRE CARACTERÍSTICAS DO DOSSEL E DESEMPENHO BIOECONOMICO DE BOVINOS EM RECRIA NA SECA

Desempenho de cultivares e populações de cenoura em cultivo orgânico no Distrito Federal.

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA RECUPERAÇÃO DE UMA ÁREA DEGRADADA POR EFLUENTE INDUSTRIAL

DESIDRATAÇÃO, SEPARAÇÃO E LIQUEFAÇÃO DE GÁS NATURAL USANDO O TUBO VORTEX

Palavras-Chave: Adubação nitrogenada, massa fresca, área foliar. Nitrogen in Cotton

Substituir este slide pelo slide de título escolhido

COMPARAÇÃO ECONÔMICA ENTRE O TRANSPORTE DE GÁS E LINHA DE TRANSMISSÃO

PRODUÇÃO DO MORANGUEIRO A PARTIR DE MUDAS COM DIFERENTES ORIGENS

ESTIMATIVA DA RADIAÇÃO SOLAR GLOBAL PARA O MUNICÍPIO DE CAROLINA-MA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

ICC agosto 2015 Original: inglês. O impacto dos preços do petróleo e das taxas de câmbio do dólar dos EUA sobre os preços do café

RELAÇÕES ENTRE A TEMPERATURA DO AR, A RADIAÇÃO SOLAR E A TEMPERATURA DAS FOLHAS DE CAFEEIROS, EM DIA COM ALTA NEBULOSIDADE.

EFICIÊNCIA DE USO DA RADIAÇÃO FOTOSSINTETICAMENTE ATIVA INTERCEPTADA PELA CULTURA DO AMENDOIM EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE K 2 O E P 2 O 5

MILHO TRANSCÊNICO: CADA VEZ MAIS PRESE

MATERIAIS E METODOLOGIA

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DE PRECIPITAÇÃO EM DIFERENTES INTERVALOS DE CLASSES PARA RIO DO SUL/SC

QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE MAMÃO PAPAIA COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE ARACAJU

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE MUDAS DE CAFEEIRO SOB DOSES DE CAMA DE FRANGO E ESTERCO BOVINO CURTIDO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

FUENTE DE VIDA PROJETO AGUA VIDA NATURALEZA [ PROJETO ÁGUA VIDA NATUREZA ] RELATÓRIO CHOCOLATERA INTRODUÇÃO.

AVALIAÇÃO DE PROGÊNIES DE MILHO NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE ADUBO

ORIENTAÇÕES SOBRE SEGURO, PROAGRO E RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS

AMBIENTE São os locais onde estão localizadas as estruturas e apresentam complexo contexto, caracterizados por mudanças e por uma multiplicidade de

Potencial de Geração de Energia Utilizando Biomassa de Resíduos no Estado do Pará

Relatório mensal, por Núcleo Regional, referente ao desenvolvimento das lavouras de Goiás safra 2011/2012 levantamento divulgado em Abril/2012

A necessidade do profissional em projetos de recuperação de áreas degradadas

Evapotranspiração e coeficiente de cultivo da pimenteira em lisímetro de drenagem.

PLANTIO DE MILHO COM BRAQUIÁRIA. INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA - ILP

Produção de tomate sem desperdício de água. Palestrante Eng. Enison Roberto Pozzani

Sistema de condução da Videira

Guilherme Leite da Silva Dias, FEA/USP

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

OCORRÊNCIA DE INVERSÃO TÉRMICA NO PERFIL TOPOCLIMÁTICO DO PICO DA BANDEIRA, PARQUE NACIONAL DO ALTO CAPARAÓ, BRASIL.

2 Fundamentação Conceitual

Utilização do óleo vegetal em motores diesel

Transcrição:

EFICIENCIA DO USO DA RADIAÇAO PELA SOJA NAS CONDIÇOES DA REGIÃO AMAZONICA Paulo Jorge de Oliveira Ponte de Souza 1, Aristides Ribeiro 2, Edson José Paulino da Rocha 3, Jose Paulo Mourão de Melo e Abreu 4, Renata Loureiro 3, Edna Lima 3, Carlos Capela 3, Adriano Marlisom 3, José de Paulo Rocha da Costa 3. RESUMO Neste trabalho avaliou-se a eficiência da cultura soja (Glycine Max (L.) Merryl), variedade Candeias, em interceptar a radiação solar e sua eficiência em transforma-la em biomassa, exposta às condições naturais de campo na Amazônia, que nos últimos anos tornou-se a principal região para o avanço da fronteira agrícola. Nestas condições, a soja foi responsável por interceptar cerca de 89% da radiação PAR incidente na região aos 48 dias após o plantio. Desde o inicio do plantio até o inicio da senescência, a produção de biomassa da soja esteve linearmente correlacionada com a radiação solar interceptada, apresentando eficiência do uso da radiação de 1,23 g.mj -1. Palavras-Chave: Amazônia, Soja, Eficiência do uso da Radiação. ABSTRACT It was investigated the radiation use efficiency and the solar interception ability by the soybean (Glycine Max (L.) Merryl) grown under naturais conditions in Amazonia. In this conditions, soybean intercept 89% of incident PAR at 48 days after sowing. It was observed a linear relation between biomassa prodution and radiation interception until the begining of senescense with and a radiation use efficiency of 1,23 g.mj -1. Keywords: Amazonia, Soybean, Radiation use efficiency. INTRODUÇÃO Nos últimos anos o avanço da fronteira agrícola na Amazônia vem ganhando espaço e preocupando a sociedade como um todo, tendo como principal atrativo a monocultura da soja (Dantas e Fonteles, 2005). O cultivo da Soja (Glycine Max (L.) Merryl) começou a ser desenvolvido na Amazônia na década de 2000, mas ocupava uma área considerada insignificante (73 mil há) em relação ao restante do País (Mueller e Bustamante, 2003). No estado do Pará, mais especificamente, a área plantada era de apenas 1.200ha no ano de 2000, mas a região já vinha recebendo incentivos do governo desde 1994 para o aumento da produção de grãos principalmente nas regiões de Santarém e Paragominas (SAGRI, 1994). 1 Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Instituto Sócio Ambiental e dos Recursos Hídricos, Belém-PA, Brasil, paulo.oliveira@ufra.edu.br 2 Universidade Federal de Viçosa (UFV), Dep. de Engenharia Agrícola, Viçosa-MG, Brasil, ribeiro@ufv.br 3 Universidade Federal do Pará (UFPA), Dep. de Meteorologia, Belém-PA, Brasil, eprocha@ufpa.br 4 Universidade Técnica de Lisboa (UTL), Instituto Superior de Agronomia, Lisboa, Portugal, Melo- Abreu@netocabo.pt

No entanto, de acordo com Schneider et al. (2000), alguns fatores, dificultam e restringem o avanço da cultura da soja na Amazônia como os altos níveis pluviométricos e o favorecimento à proliferação de pragas e doenças devido ao clima quente e úmido. Segundo o mesmo autor, apenas cerca de 17% da região Amazônica (Amazônia Seca) localizada na parte sul, teria as condições favoráveis para o sucesso da agricultura. Os fatores climáticos são determinantes para o sucesso ou não de determinado tipo de cultura. Segundo Monteith (1977), a produção de matéria seca de uma cultura pode ser expressa através das relações entre a radiação solar capturada pela cultura, e a taxa de produção de massa seca, conhecida como eficiência do uso da radiação. A disponibilidade de água para a planta é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento de qualquer vegetal, uma vez que sob condições ótimas de água, a eficiência da radiação mantém-se praticamente constante ao longo da maior parte do crescimento do vegetal, não sendo afetada pelas condições atmosféricas locais (Muchow et al., 1993). A maioria dos modelos de crescimento de culturas necessita de informações referentes às interações entre a cultura e a radiação disponível e no caso especifico da Amazônia, nada se sabe sobre a resposta da soja ás condições ambientais da região. O objetivo, deste trabalho foi de analisar e determinar a eficiência do uso da radiação pela cultura da soja nas condições climáticas da região Amazônica. MATERIAIS E MÉTODOS Localização O experimento foi conduzido no município de Paragominas, situado na região suldeste do Estado do Pará cuja sede localiza-se a 320 quilômetros da cidade de Belém, capital do Estado. A área onde foi realizado o plantio da cultura de soja ocupa uma extensão de cerca de 200ha, localizada entre as latitudes 03º01'47" e 03º02'35" S e longitudes 47º17'23" e 47º18'35" Área Experimental Toda a área foi plantada mecanicamente, utilizando a técnica de plantio direto, em fileiras espaçadas de 0,45m e com um espaçamento médio entre plantas de 10 cm, resultando em uma densidade de cerca de 222.000 plantas/ha. Foi usada no estudo a

variedade Candeias, a qual foi plantada no dia 05 de fevereiro, e a colheita realizada no dia 15 de Junho. Dados Uma torre de 4 metros de altura foi montada na área contendo a variedade Candeias, na qual foram instalados vários instrumentos meteorológicos ligados a um datalogger CR10X e um multiplex AM416. A torre ficou localizada exatamente nas coordenadas 03 02 15 S e 47 17 56 W. Os dados eram lidos a cada 10 segundos e eram posteriormente gravados a cada 5 minutos. A área foliar foi estimada através do método dos discos, segundo metodologia proposta por Benincasa (2003). A coleta de dados para análise do crescimento foi iniciada aos 13 dias após o plantio (DAP). Semanalmente eram selecionadas aleatoriamente, seis linhas de 2 metros de comprimento de onde eram coletadas 12 plantas por linha, as quais eram pesadas, separadas em partes e levadas à estufa por 48 horas até atingir peso constante. Metodologia A Radiação PAR incidente foi monitorado através de um sensor quantum (Licor., 1999-2005). A radiação PAR transmitida foi estimada segundo a lei de Lambert-Beer usando valores de coeficiente de extinção baseados nos resultados encontrados por Pereira (2002). PARtrans = PARin.exp ( k. IAF ) A radiação PAR interceptada foi obtida pela diferença entre a PAR incidente e a transmitida ao longo do dossel. A fração de radiação PAR interceptada pela soja foi determinada pela relação: PARtrans FRI = 1 PARin A eficiência do uso da radiação foi determinada como a inclinação da regressão linear através da origem entre a radiação PAR interceptada acumulada e a taxa de crescimento de matéria seca (Monteith, 1994), cujo valor médio encontrado para algumas culturas pelo referido autor ficou em torno de 1,4 g.mj -1. A partir dos dados coletados em campo, foram ajustados modelos empíricos para descrever a fração de radiação PAR interceptada (FRI) em função de dias após o plantio

(DAP) e Índice de área foliar (IAF), e matéria seca produzida em função de radiação PAR inteceptada. RESULTADOS E DISCUSSÕES Interceptação da Radiação A figura 1 apresenta as características da soja em interceptar a radiação ao longo de seu ciclo. Para o ajuste do modelo logístico consideramos apenas dados até os 96 DAP, a partir de quando se observa a redução na interceptação da radiação. Aos 41 DAP, a soja já interceptava 77% de radiação PAR, e cerca de 89% aos 48 DAP. Estes resultados estão de acordo com os resultados de Pengelly et al., (1999) que encontraram interceptação da soja de 80% aos 49 DAP sob condições de irrigação. Segundo Confalone et al., (1998) em condições de irrigação, a soja apresenta um aumento significativo (p<0,05) na interceptação da radiação de cerca de 43% na fase de enchimento de grãos. O IAF crítico correspondente á 95% de interceptação (Pengelly et al., 1999) foi atingido aos 56 DAP, apresentando máxima interceptação de 97% a partir dos 70 DAP até os 96 DAP. Figura 1 Fração de radiação interceptada pela soja na Amazônia. A relação entre a radiação interceptada pela soja e o seu IAF pôde ser descrito através de uma relação exponencial (Fig 2). Os dados apresentaram bom ajuste ao modelo Exponencial e ao modelo de Weibull. O IAF crítico, representado por uma interceptação de 95%, correspondeu a um valor de 5,6. A soja interceptou 75% da radiação com um valor de IAF de 2,7. O máximo IAF, correspondente a 7,17 foi responsável por uma interceptação de 97,7%.

Figura 2 Relação entre a fração de radiação interceptada e o IAF da soja na Amazônia. Eficiência do uso da Radiação Observa-se uma forte relação entre a matéria seca produzida e radiação interceptada durante o experimento (Figura 3). A soja deixou de apresentar uma relação linear após os 83 DAP, quando a mesma começa a se aproximar da maturidade, onde a interceptação da radiação deixa de ser o principal responsável pela produção de matéria seca dando vez à translocação de assimilados. Figura 3 Relação entre radiação interceptada acumulada e o taxa de produção de matéria seca aérea.

O valor da eficiência do uso da radiação PAR pela soja na Amazônia ficou em torno de 1,23 g.mj -1, considerando os dados desde o inicio da fase vegetativa até os 90 DAP, quando se observa uma tendência à não linearidade a medida que a soja se aproxima da maturação. Este valor foi superior ao reportado para a soja por Pengelly et al., (1999) que ficou em torno de 0,89 g.mj-1, levando-se em conta que aqui a soja foi exposta às condições naturais de campo, sem irrigação. No entanto, este valor de EUR foi menor do que o encontrado por Confalone e Navarro (1999), sob condições naturais de campo, na Argentina, que ficou entre 1,61 e 1,92 g.mj -1, dependendo da fase fenológica. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Benincasa, M. P. Análise de crescimento de plantas (noções básicas). Jaboticabal: Funep, 2003. 41 p Confalone, A.E. Crescimento e captura de luz em soja sob estresse hídrico. 1998. Revista Brasileira de Agrometeorologia, 6(2):165-169. Confalone, A.E. E Navarro, M.D. Influencia do Déficit hídrico sobre a eficiência da radiação solar em soja. 1999. Revista Brasileira de Agrociência, 5(3):195-198. set-dez. Dantas, T. M. E Fonteles, L.V. Avanço da Fronteira Agrícola na Amazônia. Setembro, 2005, Disponível em : http://www.oktiva.net/sispub/anexo/9168. Acesso em 15 de Outubro de 2005. Embrapa. Tecnologias de Produção da Soja Paraná. Outubro, 2004. Disponível em : www.cnpso.embrapa.br. Acesso em 15 de Outubro de 2005. Mueller, C.C. E Bustamante, M. Análise da expansão agrícola no Brasil. Abril, 2002. Disponível em : www.worldbank.org/rfpp/news/debates/mueller.pdf. Acesso em 10 de janeiro de 2006. Monteith, J.L.. Validity of the correlation between intercepted radiation and biomass. Agric. For.Meteorol. v.68, p.213 220,1994. Monteith, J.L. Climate and the efficiency of crop production in Britain. 1977. Philos. Trans. R. Soc. London, Ser. B 281, p.277 294. Muchow, R.C.; Robertson, M.J.; Pengelly, B.C. Radiation-use efficiency of soybean, mugbean and cowpea under different enviromental conditions. Field Crop Research, v.32, p.1-6, 1993. Pengelly,B.C.; Blamey, F.P.C.; Muchow, R.C. Radiation Interception and accumulation of biomass and nitrogen by soybean and three tropical annual forage legumes. Field Crops Research, Amsterdam,v.63,p.99-112. 1999. Pereira, C. R. Análise do crescimento e desenvolvimento da cultura de soja sob diferentes condições ambientais. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Viçosa, 2002. Santos, J.B.; Procópio, S.O.; Silva, A.A.; Costa, L.C. Captação e aproveitamento da radiação solar pelas culturas da soja e do feijão e por plantas daninhas. 2003. Bragantia, v.62(1):147-153. Schneider, R.R.; Arima, E.; Verissimo, A.; Barreto, P.; Souza Junior, C. Amazônia Sustentável: Limitantes e Oportunidades para o desenvolvimento rural. Série Parcelas n 1, Brasília, Banco Mundial; Belém, Imazon, 2000.