A DANÇA E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS: UMA EXPERIÊNCIA CORPORAL REFLEXIVA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DANÇA E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS: UMA EXPERIÊNCIA CORPORAL REFLEXIVA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Daniela Minello Santa Maria, RS, BRASIL 2006

A DANÇA E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS: UMA EXPERIÊNCIA CORPORAL REFLEXIVA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES por Daniela Minello Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação. Orientadora: Prof a. Dr a. Ana Luíza Ruschel Nunes Santa Maria, RS, Brasil 2006

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Programa de Pós-Graduação em Educação A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado A DANÇA E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS: UMA EXPERIÊNCIA CORPORAL REFLEXIVA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES elaborada por Daniela Minello como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação COMISSÃO EXAMINADORA: Prof a. Dr a. Ana Luíza Ruschel Nunes UFSM (Presidente / Orientadora) Prof a. Dr a. Maria do Carmo Saraiva Kunz UFSC Prof a. Dr a. Mara Rúbia Antunes UFSM Santa Maria, 30 de março de 2006.

2006 Todos os direitos autorais reservados a Daniela Minello. A reprodução de partes ou do todo deste trabalho só poderá ser com autorização por escrito do autor. Endereço: Rua Doze de Outubro, n. 47, Bairro Nossa Senhora de Lourdes Santa Maria, RS, 97060-200 Fone (0xx)55 84012869; End.eletr.: danielaminello@yahoo.com.br

AGRADECIMENTOS Agradeço a meus pais, Mario e Rene Minello, pela oportunidade à vida que me foi concedida; pela forma como me educaram e que educam; pelo amor e dedicação; pelo exemplo de dignidade e honestidade; pelo incentivo diário; pela humildade e simplicidade em suas atitudes e palavras; pelo conforto físico e espiritual em todos os momentos de minha vida; pelos pequenos gestos que fazem com que busquemos inspiração sobre o sentido do educar. Em especial, agradeço a Deus por ter oportunizado que fizesse parte desta família abençoada e unida que é meu porto seguro em todos os momentos. A vocês meus abençoados pais, obrigada pela confiança que sempre tiveram em mim. A vocês dedico minha vida. Agradeço as minhas irmãs Raquel e Maricleia, e as minhas três sobrinhas Rhayana, Rafaela e Natália, pelo carinho e amor nos momentos de cansaço, em que não pude estar presente para conviver em família. Agradeço ao querido João Carlos pelo carinho, compreensão e disponibilidade em fazer parte do meu crescimento profissional. Agradeço a todos os professores que passaram por minha vida e que conseguiram fazer valer o verdadeiro sentido da palavra educar. Em especial, agradeço a Professora, Mestre, Doutora, mãe e amiga Ana Luíza Ruschel Nunes, que através de seu vasto conhecimento e infinita humildade sempre foi exemplo e procurou mostrar que poderíamos voar com nossas próprias asas, proporcionando desta forma, autonomia e

responsabilidade que só quem confia pode transmitir. A você querida orientadora Ana Luíza Ruschel Nunes, dedico minha confiança e todo meu respeito, pois sua sinceridade e transparência farão com que outras pessoas também possam aprender o verdadeiro sentido da palavra honestidade e competência. Agradeço também aos professores Mara Rúbia Antunes, João Pedro de Alcântara Gil e Maria do Carmo Saraiva Kunz por todas as contribuições referenciadas. Agradeço a todos os funcionários da UFSM, especialmente aos das Bibliotecas, que sempre estiveram dispostos a encontrar um livro a mais para acrescentar em meu trabalho. De maneira especial, agradeço as Betes do PPGE, ao Gilberto e Direção. Agradeço a meus especiais colegas de Mestrado pelo companheirismo e bom humor que sempre conseguiram manter presentes no decorrer deste percurso, todos eles sem exceção, são responsáveis por meu crescimento tanto profissional quanto pessoal, pois cada um possui uma história de vida mais linda que outra. O lado humano destes colegas que guardo em meu coração, é o que de mais precioso pode acontecer num curso de pósgraduação, onde muitas vezes, de forma equivocada, os alunos pensam que são concorrentes. Esta turma do Mestrado pode afirmar: É muito mais gratificante e mais humano na trajetória profissional e pessoal caminhar juntamente com os amigos de verdade, do que chegar ao topo do sucesso sozinho e triste. Agradeço a meus queridos colegas da TV Campus e da Rádio Universidade, com os quais tenho convivido há

quatro anos, Martha Marchesan, Sérgio de Assis Brasil, Áurea, Janice, Adriana, Jair Alan, Roberto Montagner, Dona Nedi, Flávia, Caco, Cleber, Franzen, e tantos outros que de alguma forma vieram a contribuir com o meu trabalho e que sempre foram compreensivos e disponíveis a ajudar. Agradeço também, ao programa de Pós-Graduação (PPGE), do CE-UFSM, pela acolhida, incentivo e carinho prestado a mim em todos os momentos. A todas as alunas do Projeto de Extensão Dança, Imagens e Arte na Formação de Professores do Centro de Educação que confiaram em meu trabalho e que sem elas este estudo não teria sido viabilizado. Agradeço a CAPES, pela bolsa concedida.

Deus, pastor dos homens (Heb. 23) Salmo de Davi. O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome. Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo. Preparais para mim a mesa à vista de meus inimigos. Derramais o perfume sobre minha cabeça, e transborda minha taça. A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias da minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias.

RESUMO Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal de Santa Maria A DANÇA E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS: UMA EXPERIÊNCIA CORPORAL REFLEXIVA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES AUTORA: DANIELA MINELLO ORIENTADOR: ANA LUIZA RUSCHEL NUNES Data e Local da Defesa: Santa Maria, 30 de março de 2006. Este estudo se insere na linha de Pesquisa Educação e Artes do Programa de Pós-Graduação em Educação PPGE /UFSM e, objetiva refletir as atuais questões da dança como conhecimento e cultura e as práticas educativas como uma experiência corporal reflexiva na perspectiva da formação de professores; investigar de que forma a dança e as práticas educativas podem contribuir como uma experiência corporal reflexiva na formação de professores, investigar o conhecimento e ação corporal existente em futuras professoras, e contribuir com os saberes/fazeres da dança, como linguagem e cultura, abrindo possibilidades de interação prático-educativa no desenvolvimento criativo das futuras professoras. Este estudo buscou apoio em alguns autores para o desenvolvimento e análise, como Robatto (1994), Barreto (2004), Nanni (1995, 2002), Freire (1993, 1998, 2001), Tardif (2003), Portinari (1989), Merleau-Ponty (1945, 1971) entre outros. A abordagem metodológica é qualitativa através de um Estudo de Caso, utilizando a Dança Clássica, a Dança Jazz e a Dança de Rua, aplicado a um grupo de alunas de cursos de licenciatura da UFSM. O critério utilizado para a seleção dos tipos e estilos de dança foi originado a partir da memória corporal das participantes e de suas preferências. A coleta de dados realizou-se através do diário de campo, questionário, entrevista semi-estruturada e do portfólio. Através da memória corporal de cada participante observaram-se diferenças significativas entre elas quanto às suas experiências com práticas corporais e do se movimentar ao longo da vida, percebendo as implicações no corpo e do corpo. Notou-se igualmente, que as diferenças se manifestaram no processo de desenvolvimento da aprendizagem, pelas práticas da dança e pelas experiências com o corpo, em que cada movimento vivenciado pelas participantes e sua processualidade, serviu de aprendizagem para que pudessem recriar um corpo que agora de forma intencional, era não apenas um corpo que se movia no cotidiano de vida, mas um outro corpo consciente e dançante, bem como as alterações referentes à autonomia corporal das participantes nas vivências corporais em dois diferentes estilos e um tipo de dança, adquirindo uma maior autoconfiança agora intencional, do corpo com o corpo, e da expressão corporal, na desenvoltura de um corpo dançante, expressivo, comunicativo, criativo e sensível. A dança, incluída como uma área de conhecimento

nos processos formativos de professores, contribuiu para uma experiência corporal reflexiva das participantes e da necessidade educacional, cultural, social para as situações cotidianas da formação humana nos diferentes espaços educativos e dentre estes os escolares. Infere-se ainda, que as práticas educativas em dança, são necessárias na formação de professores. É necessária a abertura de cursos de Licenciatura Plena e Bacharelado em Dança para que se preencha essa lacuna na formação de professores. Concluímos que a dança, incluída como uma área de conhecimento e como fenômeno cultural, necessita de espaços, para a formação de professores em dança, e assim, poderá contribuir para a experiência corporal expressiva de pessoas, em situações cotidianas pessoais, educacionais, culturais e sociais para todos, de forma inclusiva, diante das práticas educativas em dança, em diferentes espaços educativos. Palavras-Chaves: Dança. Corpo. Práticas Educativas. Formação de Professores.

ABSTRACT Masters Course Dissertation Post Graduation Program in Education Federal University of Santa Maria DANCE AND EDUCATIVE PRACTICES: A REFLEXIVE BODY EXPERIENCE IN TEACHER QUALIFICATION AUTHOR: DANIELA MINELLO SUPERVISOR: ANA LUIZA RUSCHEL NUNES Date and Place of defense: Santa Maria, March 30 th 2006. This study aims at bringing up the current issues of dance as knowledge and culture, as well as its educational practices as a reflexive body experience from the perspective of teacher qualification. In addition, it aims at investigating how dance and educational practices can contribute as a reflexive body experience in teacher qualification, verify the body knowledge and action existing in future teachers, and contribute to the knowing and doings of dance, as language and culture, which open possibilities for practical-educative interaction in the creative development of the prospective teachers. It is connected to the Research Line Teacher Education and Qualification from the Post Graduation Program in Education at the Federal University of Santa Maria (UFSM). It has a qualitative approach by means of a Study Case held with the use of Classic Dance, Jazz, and Street Dance applied to a group of female students from teacher training courses at UFSM. The choice of the dance styles was based on the subjects body memory and their preferences. The data gathering was made through field diary, questionnaire, semi-structured interviews and portfolio. Through each participant s body memory was possible to notice a significant difference regarding their experience related to body practices and moving along their lives. It was also possible to realize the implications on and of the body. Moreover, we noticed those differences showed up during the process of learning how to dance, by dance practices and body experiences, in which every movement experienced and processed by the participants helped them to recreate a more aware, conscious, and dancing, body. Another relevant aspect in the study were the changes in the subjects body autonomy after experimenting two different dance styles and one type of dance, because they acquired a higher self-steam, now intentional, from the body to the body and from their body expression by the lightness of an expressive, communicative, creative and sensible body. The dance, regarded as a knowledge field in teacher qualification, has contributed to the participants reflexive body experience, as well as to the educational, cultural and social needs for everyday situations in human qualification in different educative spaces, among those the school. We infer that dance educative practices are necessary in teacher qualification, thus there is an urge for more dance teacher training courses and

degrees to fill this gap in. We conclude that the dance, seen as a knowledge field and cultural phenomena, needs space for dance teachers qualification in order to contribute for people s reflexive body experience in personal, educational, cultural and social everyday situations in an inclusive and reflexive way by using dance educational practices in different educative spaces. Key-words: Dance. Body. Educational practices. Teacher qualification.

LISTA DE FOTOGRAFIAS Fotografia 1 - Alongamento...174 Fotografia 2 - Alongamento...175 Fotografia 3 - Alongamento...175 Fotografia 4 - Alongamento...175 Fotografia 5 - Alongamento...176 Fotografia 6 - Alongamento...176 Fotografia 7 - Alongamento...176 Fotografia 8 - Alongamento...177 Fotografia 9 - Alongamento...177 Fotografia 10 - Alongamento...178 Fotografia 11 - Alongamento...178 Fotografia 12 - Alongamento...178 Fotografia 13 - Alongamento...179 Fotografia 14 - Alongamento...179 Fotografia 15 - Alongamento...179 Fotografia 16 - Alongamento...180 Fotografia 17 - Alongamento...180 Fotografia 18 - Alongamento...180 Fotografia 19 - Aula de Dança Clássica...184 Fotografia 20 - Aula de Dança clássica...184 Fotografia 21 - Aula de Dança Clássica...185 Fotografia 22 - Aula de Dança Clássica...185 Fotografia 23 - Aula de Dança Clássica...186 Fotografia 24 - Aula de Dança Clássica...186 Fotografia 25 - Aula de Dança Clássica...187 Fotografia 26 - Aula de Dança Clássica...188 Fotografia 27 - Aula de Dança Clássica...188 Fotografia 28 - Aula de Dança Clássica...189 Fotografia 29 - Aula de Dança jazz...194 Fotografia 30 - Aula de Dança jazz...195 Fotografia 31 - Aula de Dança jazz...195 Fotografia 32 - Aula de Dança jazz...196 Fotografia 33 - Aula de Dança jazz...197 Fotografia 34 - Aula de Dança de rua...201 Fotografia 35 - Aula de Dança de rua...202 Fotografia 36 - Aula de Dança de rua...202 Fotografia 37 - Aula de Dança de rua...203

Fotografia 38 - Aula de Dança de rua...203 Fotografia 39 - Aula de Dança de rua...204 Fotografia 40 - Aula de Dança de rua...204 Fotografia 41 - Aula de Dança de rua...205 Fotografia 42 - Aula de Dança de rua...205 Fotografia 43 - Aula de Dança de rua...206 Fotografia 44 - Aula de Dança de rua...206 Fotografia 45 - Aula de Dança de rua...207 Fotografia 46 - Aula de composição coreográfica...229 Fotografia 47 - Aula de composição coreográfica...230 Fotografia 48 - Aula de composição coreográfica...230 Fotografia 49 - Aula de composição coreográfica...231 Fotografia 50 - Aula de composição coreográfica...231 Fotografia 51 - Aula de composição coreográfica...232 Fotografia 52 - Aula de composição coreográfica...232 Fotografia 53 - Aula de composição coreográfica...233 Fotografia 54 - Aula de composição coreográfica...233 Fotografia 55 - Aula de composição coreográfica...234

ORGANOGRAMA Organograma 1 - Representação esquemática de parte da delimitação da pesquisa...96

DIAGRAMA Diagrama 1 - Representação das categorias...97

QUADRO Quadro 1 - Relação das participantes e suas experiências em dança...210

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CE - Centro de Educação FAFRA - Faculdades Franciscanas GEPEAV - LAPEM - Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e Artes Visuais Laboratório de Ensino e Pesquisa em Movimento Humano PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais PROJAC - Produção Jacarepaguá PPGE - Programa d Pós-Graduação em Educação TV - Televisão UFSM - Universidade Federal de Santa Maria UNIFRA - Universidade Franciscana

LISTA DE APÊNDICES APÊNDICE A - Roteiro da entrevista semi-estruturada... 264 APÊNDICE B - Questionário aplicado às participantes... 266 APÊNDICE C - Fotografias das apresentações das coreografias de dança... 269 APÊNDICE D - Autorização das participantes... 273 APÊNDICE E - CD-ROM com as imagens do portfólio e com o vídeodocumentário capturado durante a execução das práticas educativas em dança... 284

ANEXO ANEXO A - Organização programática para a Dança Clássica...261

SUMÁRIO INTRODUÇÃO...21 CAPÍTULO 1: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 DANÇA E LINGUAGEM: UM OLHAR NAS COMPOSIÇÕES COREOGRÁFICAS...32 1.1.1 A Dança Como Linguagem e Conhecimento...32 1.1.2 A Dança e as Composições Coreográficas Visuais Corporais...37 1.2 CORPO IMAGEM...48 1.2.1 O Corpo...48 1.2.2 Corpo Dançante Como Expressão e Comunicação...51 1.3 PROCESSOS EDUCATIVOS...58 1.3.1 Um Olhar na Dança Educação...58 1.3.2 A Dança na Educação Formal...68 1.3.3 O Significado dos Processos Educativos...74 1.3.4 Saberes Para a Docência em Dança: Uma Questão Para os Processos Formativos Criativos...80 1.3.5 Práticas Educativas em Dança na Formação de Professores...90 CAPÍTULO 2: METODOLOGIA 2.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA...95 2.1.1 Objetivo Geral...95 2.1.2 Objetivos Específicos...95 2.1.3 Área Temática...95 2.1.4 Categorias...96 2.1.4.1 Corpo imagem...97 2.1.4.2 Práticas educativas...98 2.1.4.3 Dança...100 2.1.5 Questões de Pesquisa...101 2.1.5.1 Questão geral...101 2.1.5.2 Questões específicas...101 2.2 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA...102

2.2.1 Abordagem Metodológica...102 2.2.2 O Contexto e as Participantes Envolvidas na Pesquisa...109 CAPÍTULO 3: RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 O CORPO IMAGEM: A MEMÓRIA CORPORAL DAS FUTURAS PROFESSORAS...111 3.2 PRÁTICAS EDUCATIVAS E PROCESSOS METODOLÓGICOS EM DANÇA...145 3.2.1 Planos de Trabalho: Organizando o Processo Educativo em Dança...173 3.2.1.1 Alongamento...173 3.2.1.2 Primeiro plano de trabalho: o conhecimento da Dança Clássica...181 3.2.1.3 Segundo plano de trabalho: o conhecimento da Dança Jazz...191 3.2.1.4 Terceiro plano de trabalho: o conhecimento da Dança de Rua...199 3.3 DANÇA: AS COMPOSIÇÕES COREOGRÁFICAS DO CORPO DANÇANTE...209 CONCLUSÃO...249 REFERÊNCIAS...254 ANEXO...260 APÊNDICES...263

21 INTRODUÇÃO O presente estudo traz em si o interesse pelos processos educativos e criativos através da dança, manifestado com forte tendência ao tema, desde o início de minha trajetória de vida pessoal e profissional, onde toda e qualquer atividade realizada estava sempre relacionada à movimentação corporal e à expressividade gestual. Através de nossos corpos somos imagem. Uma imagem ora vista de forma estática ora em movimento, mas esta imagem nos acompanha de forma constante, sendo analisados, pela maneira como nos portamos e como nos relacionamos. Por sermos imagem, nos cabe fazer uso daquilo que percebemos toda vez que nos encontramos diante de um espelho, nesse caso tendo autonomia sobre aquilo que observamos. Passei muitos anos da minha infância na frente de uma tela de televisão, acreditando em tudo aquilo que assistia e escutava. Chegava a usar como referência algumas pessoas que apareciam, tentando imitá-las. Acreditando que seriam as mais perfeitas do planeta e que por isso deveria seguir seus exemplos e atitudes. Sonhava alto, queria ser tudo aquilo que enxergava e almejava ter tudo o que aparecia nos comerciais da televisão. Quando ficava triste com atitudes das pessoas nos programas e filmes, imaginava que pudessem me escutar e acabava falando com a televisão. Mas era em vão, pois esta não falava comigo. Então, a frustração era maior ainda. Muitas daquelas cenas, boas e ruins, que entravam através da telinha da TV, acabaram guardadas na minha memória. Ainda hoje lembro de vários programas, filmes e comerciais, que de uma forma ou de outra roubaram parte de minha infância com assuntos que não acrescentaram em nada na minha educação, apenas fizeram

22 com que me frustrasse, pois não fazia parte daquela realidade de sonhos e fantasias, ora bons ora ruins. Nas palavras de Fellini apud Chesneaux (1995, p.128), podemos perceber o tamanho poder que a televisão exerce sobre a vida das pessoas, quando opina que a televisão mutilou nossa capacidade de solidão, violou nossa dimensão mais íntima, mais privada, mais secreta. Desta forma, fixamos nossos olhares projetados para um quadro luminoso que despeja milhares de imagens e sons que pouco a pouco vão sendo armazenadas em nossas mentes. O tempo foi passando e a televisão não me atraia mais, pois sentia vontade de me movimentar, de correr, de saltar e de dançar. Nessa nova fase, comecei a perceber que nem tudo aquilo que assistia e escutava era verdade. Então, no ano de 1988, aos doze anos de idade, decidi que seria bailarina e, com esse objetivo, fui receber aulas na Escola de Ballet Clássico Ivone Freire 1, que forma até hoje, bailarinos clássicos. E, foi partir desse momento, que comecei ver o mundo com outros olhos. A arte de dançar, através de muito esforço, faz com que você supere dificuldades e acredite que é capaz de ultrapassar limites, de conquistar objetivos conforme o empenhado e dedicação de cada um. Foi a partir das aulas de balé que passei a ter contato com as artes de um modo geral, pois as aulas incluíam desde o aprendizado da técnica do Balé Clássico, à composição coreográfica, passando pela construção dos personagens dos repertórios da dança em si, à confecção de figurinos, criação de cenários, iluminação cênica, fotografia e vídeo além de conhecimento teórico e prático sobre a arte da Dança Clássica. Devido a meu envolvimento com o esporte (pois fui atleta durante os anos de 1987 a 1989 de ginástica olímpica e durante os anos de 1990 a 1992 de natação) e com as artes (Balé Clássico), resolvi que poderia estudar para futuramente ensinar outras pessoas o que já sabia e o que o ainda iria de aprender. Em 1992, aos dezesseis anos de idade, ingressei como aluna no curso de Licenciatura Plena em Educação Física na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde iniciaria uma trajetória acadêmica que me levaria ao magistério. 1 Escola de Balé que está situada na Rua Barão do Triunfo, na cidade de Santa Maria-RS, sob a direção da Professora Ivone Freire.

23 Durante a graduação, fiz parte do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Movimento Humano (LAPEM) Núcleo de Aprendizagem Motora. Esse envolvimento com o Laboratório, acabou influenciando diretamente em duas opções feitas para o estágio profissionalizante, uma vez que dentre as áreas escolhidas uma foi a dança e a outra a pesquisa. Além da graduação na área de Educação Física, demonstrei interesse pelo curso de Artes Cênicas (que na época era oferecido como Licenciatura Plena e mais tarde tornou-se Bacharelado), motivo pelo qual entrei como aluna especial vindo, após a formatura em Educação Física no ano de 1996, ter solicitado reingresso e ser enquadrada como aluna regular no ano de 1997 neste curso. Trabalhei como estagiária durante todo o período da graduação Educação Física. Formada, me deparei com ambientes de trabalho sem qualquer infraestrutura, sequer algum recurso didático para a realização das aulas. Fui então obrigada a improvisar. Com esta nova situação, acabei por confeccionar juntamente com os alunos materiais alternativos para a realização das aulas (incentivando assim a reciclagem do lixo numa visão educativa). Com isso surgiu uma nova concepção na metodologia aplicada às aulas de Educação Física, pois tivemos que criar nossos próprios instrumentos para a prática das aulas. Isso me fez perceber que a Arte Educação se fazia presente em minha vida profissional. Paralelo a esta nova etapa, no ano de 1997, concluí os nove anos necessários para a formatura em Balé Clássico. Foi quando ingressei na Pós- Graduação (nível de Especialização), na área de Psicopedagogia pelas Faculdades Franciscanas (FAFRA 2 ), onde tentei buscar uma relação direta entre a arte de ensinar e as formas utilizadas com criatividade para se ter sucesso no processo ensino-aprendizagem, tendo como temática as imagens de um modo geral. Sempre buscando o aperfeiçoamento através de cursos e seminários. Dando continuidade ao trabalho, durante seis anos, produzi, dirigi e fui responsável direta por vários espetáculos de Dança. Dentre eles, dois grandes festivais de Dança no Theatro Treze de Maio (ano de 1999 e ano de 2000), atuando como diretora das apresentações, coreógrafa (com 37 coreografias no ano de 1999 e 38 no ano de 2000, nos estilos Balé Clássico, Jazz, Street Dance, Dança Contemporânea e Dança Livre), figurinista, cenógrafa e iluminadora de palco. 2 Atualmente a Instituição é conhecida como Universidade Franciscana (UNIFRA).

24 Estas experiências me incentivaram a buscar uma forma mais adequada para inserir as manifestações artísticas no ensino, tentando relacionar o dia-a-dia dos alunos em conjunto com as atividades escolares. Durante realização de um curso de técnicas circenses ministrado em Santa Maria, no ano de 2000, veio o convite para ingressar no Circo Girassol de Porto Alegre (circo este que trabalha com teatro, dança e acrobacias), realizando acrobacias aéreas no trapézio e em tecidos. No ano de 2001 surgiu a oportunidade de morar no Rio de Janeiro, onde cursei aulas no Teatro Tablado de Maria Clara Machado (bairro Jardim Botânico). Fui aluna do curso profissionalizante de teatro Escola Le Monde (com sede no Teatro Vila Lobos, Avenida Princesa Isabel). Trabalhei, na função de tele marketing, e fiz aulas de interpretação para televisão (TV) e cinema na Stúdio Escola de Atores. Mantive assim contato direto com produções teatrais e de TV. Vindo a participar de trabalhos de figuração em vários programas de TV, dentre eles, Bambuluá (programa infantil) e Um Anjo Caiu do Céu (novela), na Central Globo de Produção / Produção Jacarepaguá (PROJAC). Depois de finalizados os cursos no Rio de Janeiro, passei quatro meses em Porto Alegre, dando continuidade a meu trabalho circense, fazendo aulas no Circo Girassol. Retornei posteriormente à Santa Maria, onde atualmente dou seqüência ao curso de Bacharelado em Artes Cênicas (com habilitação para Direção e Interpretação) da UFSM. Após meu retorno, surgiu a oportunidade de estudar no curso de Extensão em Cinema Digital pela UFSM, onde ingressei na produção do longa metragem Manhã Transfigurada de Sérgio Assis Brasil, trabalhando como Assistente de Produção e Figurinista. Em seqüência a este curso, trabalhei na produção local de curtas metragens, onde destaco a oportunidade de ter elaborado um roteiro para cinema, vindo a transformá-lo recentemente em vídeo. Nesse mesmo momento, ingressei como aluna especial no Programa de Pós- Graduação em Educação (PPGE), na Linha de Pesquisa, Educação e Artes CE (Centro de Educação) / UFSM. No primeiro semestre de 2003 cursei a disciplina Ensino das Artes Plásticas - Pressupostos Teóricos e Práticos e no segundo semestre de 2003, a disciplina Seminário Avançado I. Faço parte ainda do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e Artes Visuais (GEPEAV), com o projeto de pesquisa Virtual e Real: Imagens Técno-Artísticas de Corpos Digitalizados.

25 Em decorrência de meu trabalho realizado no longa metragem Manhã Transfigurada de Sérgio Assis Brasil, fui convidada a apresentar um programa no canal 15 da Net (TV UFSM) 3, onde faço a produção e apresentação do Programa Corpo e Equilíbrio, que trata sobre atividade física, estética, saúde e comportamento. Quando me proponho a falar sobre memória corporal trago a tona infinitas recordações desde a minha infância que de alguma forma se faz presente em minha mente até hoje. Toda e qualquer experiência vivida é parte constituinte do que hoje sou e da forma como me relaciono com as pessoas. Sendo assim faz-se necessário que enquanto pesquisadora possa relatar com fidelidade toda e qualquer atividade ou prática corporal pelo qual tenha passado para que possa encontrar algumas respostas para tantas surpresas corporais pelo qual me deparo atualmente em minha fase adulta, sem que muitas vezes compreenda o porquê de estar agindo de determinadas formas algumas vezes. Durante toda minha infância, tive a oportunidade de morar numa casa com pátio onde tinha a liberdade de subir em árvores, brincar com animais, jogar bola na rua, subir em parreiras de uva, virar cambalhotas e tantas outras coisas que hoje em dia cada vez mais se torna raro na infância de muitas crianças. Meus avós moravam em chácaras onde tinha rios com muitas pedras e podíamos correr muito mantendo um contato muito próximo com a natureza. Sempre gostei de escalar obstáculos e a casa onde fui criada proporcionava tais atividades, pois facilmente conseguia sair de dentro de casa pela janela ou pela sacada da casa, que tem dois andares. Tive uma infância muito feliz onde fazer piqueniques era uma rotina para a nossa família e recheada de tantas atividades corporais que quase sempre me levavam ao cansaço físico. O tempo foi passando e fui crescendo sempre sonhando em ter a oportunidade de fazer alguma atividade física como patinação, ginástica olímpica, Dança..., nossa eram tantos os sonhos que sinto como se fosse hoje. Mas tinha muita vergonha de falar para os meus pais e acabei nunca entrando em alguma escolinha. Quando completei 13 anos achei que poderia realizar um sonho dentre tantos que tinha e resolvi fazer Balé Clássico com uma colega do primeiro ano do segundo grau. Mantive em segredo tal atividade, pois tinha vergonha e receio que minha 3 A TV CAMPUS está situada no décimo andar do prédio da Reitoria da UFSM.

26 família não aceitasse, foi então que quando completei um ano de atividade na dança participei de uma apresentação e convidei meus pais para assistirem. Desde aquele dia não parei mais de dançar e de ir de encontro às atividades corporais como a Educação Física, a Dança e o Teatro. Hoje o meu trabalho está voltado a tudo o quanto realizei no passado e sinto que era muito tímida e que a dança, proporcionou para a minha vida, um autoconhecimento de tudo o que poderia ser capaz, pois tive que vencer medos e a timidez que trazia comigo. Olhando hoje para trás, percebo tantas circunstâncias pelo qual passei com tanto medo por não possuir uma confiança corporal que me proporcionasse tal autonomia. Lembro como se fosse hoje das aulas de Educação Física nas séries iniciais onde quase nunca pude tocar em uma bola devido a minha estatura ser baixa, daí sempre sobrava a caixa de areia do atletismo para ficar pulando e os colchões onde poderíamos fazer acrobacias na ginástica olímpica. Já a dança,... a dança era apenas para aquelas colegas que eram bonitas e que tinham uma desenvoltura mais despachada, menos inibida. Parando hoje para analisar percebo quantas oportunidades corporais perdi por não ter tido uma educação escolar onde as atividades corporais fossem trabalhadas de igual para igual, despertando o gosto pelo esporte e pelas atividades artístico-culturais. Todas as pessoas e principalmente na fase escolar devem ser oportunizadas a experenciar toda e qualquer atividade que desperte seu senso estético e artístico de forma que possa ter contato com as mais diversas áreas do conhecimento, e as atividades físicas devem ser incentivadas independentemente do tipo físico do aluno. Sempre que me encontro na situação de ser analisada, percebo o quanto tenho a refletir sobre minhas ações pedagógicas e ou comportamentais nas mais diversas atividades que executo. Para que possa me desprender de determinadas atitudes rotineiras faz-se necessário uma reflexão sobre a ação, indo de encontro, assim, a mais e mais perguntas sobre o meu verdadeiro papel enquanto educadora. As imagens sejam elas corporais, televisivas e/ou fotográficas entram como influenciadoras no comportamento de grande parte da população, implicando num processo educativo quando bem elaboradas. Desta forma, estamos em constante apreciação destas imagens, pois muitas vezes somos rotulados a fazer parte de um padrão sócio cultural, onde o belo tem como características a perfeição, e uma