SOCle ade. junho 2000. Revista dos Departa:rnentos de. CH~ncia Pontica e de Sociologia e Antropologia



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Transcrição:

SOCle ade Revista dos Departa:rnentos de CH~ncia Pontica e de Sociologia e Antropologia junho 2000

Comissao Editorial: Antonio Fernando Mitre Canahuati Juarez Rocha Guimaraes Otavio Soares Dulci Renan Springer de Freitas Tania Quintaneiro Editores Responsaveis: Antonio Fernando Mitre Canahuati Tania Quintaneiro Editora~ao: Ludmila Siqueira Secretaria: Gisele Alves de Oliveira [mpressao: Grafica e Editora Cultura AGRADECIMENTOS.'.. Elaborada pelabiblioteca da Universidade Federal de Minas Gerais TEORIA & SOCIEDADE (Revista dos Departamentos de Ciencia Polftica e de Sociologia e Antropologia - UFMG). - Belo Horizonte, n.5, 2000. Teotia & Sociedade agradece a~9laborayao dos professores Bernardo '... ' Sod, Bruno Pinheiro Wandedey Reis, Eduardo Viana Vargas, Carlos Aurelio Faria, Elisa Reis, Gustavo Lins Ribeiro, Leonardo Avritzer, Leonardo Hipolito Genaro Figoli, Malori Pompennayer, Maria D' Alva Kinzo, Monica MataMachado de Castro, Neuma Aguiar, Otavio Soares Dulci, Roberto Griin, Rodrigo Duarte e William Smith. Semestral I. Teoria Social-Peri6dicos. 2. Politica-Peri6dicos. 3. Sociologia-Peri6dicos.4. Antropologia - Peri6dicos. r. Universidade Federal de Minas Gerais.

A ESTRUTURA DE ESTRATIFICA<;::AO DO BRASIL: UM PROGRAMA DE TRINTA E CINCO ANOS DE PESQUISA, Archibald Haller I NTRODU<;::AO Este artigo conta a hist6ria de urn esfor~o para compreender a funcionamento das desigualdades da sociedade, as quais chamamos estratifica,iio social (societal stratification), em termos que atendam tanto it teoria chissica como aos avan~os da analise empirica ap6s a Segunda Guerra Mundial. I 0 pr6prio conceito refere-se as hierarquias de poder que existem I Vma versao anterior deste artigo foi apresentada;lo encontro da International Sociological Association's Research Committee on Social Stratification (RC~28), naacademia Sinica, Taipei, Taiwan, realizado entre 7 e 9 de janeiro de 1998. Agrad~o ads professores William H. Sewell e Bam Dev Sharda, ads membros do RC-28 por seus comentarios, aos anonirnos revisores desta revista, e aos muitos colegas e ex-estudantes com as quais tive 0 prazer de tra1;>a1harao longodos anos, ao Departamento de Sociologia Rural, do College of Agricultural andlife Sciences, and GraduateSchool; ao Department ofsocioiogy, ao College of Agriculture of Michigan State University, e diversas funda~6es (National Science, Tinker, Spencer, Johnson e Inter-American), ao Fulbright Program, ea varias institui e5 brasileiras, especialrnente as Universidades de Sao Paulo, Pernambuco epara, assim como aernpresa Brasileirade PesquisaAgropecuaria (EMBRAPA) e ao Instituto Brasileiro de Geografia eestatfstica (IBGE). Este artigo e dedicado aqueles,ja faleeidos, que contribuirarn com 0 Programa: John H. Kolb do Departamento de Sociologia Rural da Universidade; seu estudante 1011.0 Gom;alves de Souza (Ministro de Estado brasileiro nos anos 60); Heldo Ulh6a Saraiva, Vitae (Sao Paulo); loao Bosco Pinto, UniversidadeFederal de Pernambuco (FUPe); e Silvio M. Maranhao, FUPe. Entre as muitas dfvidas intelectuais que possuo, uma se destaca: a corn 0 professor Sewell: mentor, colega, colaborador e amigo. Tambem de especial importfu1cia sao David B. Bills, lose A. L. Drummond, Suzanne Dvorak, David L. Featherman.Danielle C. Fernandes, Maria Cristina Del Peloso Haller, David O. Hansen, Robert M. Hauser, Jonathan Kelley, Robert Mare, Jorge Alexandre Neves, Luther B. Otto, Jose Pastore, Alejandro Portes, Tarc(zio R. Quirino, Mary Sehil, Kenneth I. Spenner, Ramon Torrecilha, Manoel M. Tourinho e SalvadorTrevisao. E acirna de tudo agrad~o aos membros de minha famflia. 9

A estrwura de estratificafiio do Brasil Archibald Haller em algum grau em todas as sociedades. Toda pessoa esta familiarizada, ao menos Iigeiramente, com 0 lugar que ocupa nestas hierarquias, assim como com os lugares de muitos outros, sejam individuos ou classes de individuos - 0 tio rico ou as classes trabalhadoras, por exemplo. Ainda assim, tern side extremamente diffcil especificar conceitos que abranjam os diferentes fenomenos da estratifica,ao. Isto exigiu anos de esfor,o por parte de teoricos cj.issicos (WEBER, 1946; SOROKIN, 1927; SVALASTOGA, 1965; LENSKI, 1966). Em poucaspalavras, estes conceitos resultaram ser quatro dimens5es do poder: poder politico, economico, 0 poder do prestigio e 0 poder da informa,ao (HALLER, 2000). Tern sido igualmente diffcil descobrir como medir estas dimens5es de modo confiavel e vii/ido. De fato, ainda nao existe consenso a respeito de como medir diferen,as de poder politico entre indivfduos. Mas 0 pesquisadorda estratifica,ao deve faze-io. Isto e essencial, tanto para realizar testes validos de hip6teses concernentes as causas e efeitos das diferen,as de estratifica,ao entre as pessoas, quanto para determinar a estrutura da estratifica,ao de uma sociedade em urn ou em diferentes momentos do tempo, ou para comparar as estruturas de estratifica,ao de sociedades distintas, ou ainda para determinar as causas e conseqilencias,. seja das mudan,as da estrutura de estratiflca,ao numa mesma sociedade, seja das diferen,as dessas estruturas entre sociedades. Quando 0 atual programa de pesquisa se iniciou ha muitos anos atras, 'lavia pouco acordo entre os sociologos tanto sobre os conceitos quanta sobre IS medidas de diferen,as de estratifica,ao entre as pessoas. Hoje sabemos jueas dimensoes dos conceitos de Weber de partido, classe e status eram luase as mesmas de estratifica,ao pohtica, econornica e social de Sorokin. H<t :inqilenta anos atnis isto nao era evidente na literatura. A medida de :stratifica,ao era tambem ambfgua. Alguns (por exemplo, CHAPIN, 1933; ;EWELL, 1940) publicaram escalas de status s6cio-economico. Outros (por xemplo, 0 National Opinion Research Center, 1947) forneceram escalas de lassifica,ao de ocupa,5es. No tempo em que 0 atual programa come,ou, ociologos estavam usando 0 status ocupacional e a educa,ao como medidas e estratifica,ao (SEWELL, HALLER & STRAUS, 1957; DUNCAN, 1961). )e fato, 0 status ocupacional (0 poder de prestigio) permanece 0 foco central a pesquisa de estratifica,ao ate hoje, especialmente nos estudos de mobilidade )cial (PASTORE & SILVA, 2000), e a educa,ao e tambem usada como uma 10 medida de poder informacional. No entanto, as dimens5es de maior interesse ara os escritores classic os continuam nao sendo utilizadas. Estas, e claro, p d _. eram 0 poder politico e 0 po er economlco. o PROGRAMA Como foi dito acima, esse artigo apresenta uma visao geral de urn esforyo de pesquisa de longo prazo para compreender como 0 fenomeno da estratificayao funciona. 0 titulo pode dar a impressao de que 0 artigo trata somente de urn pais em particular. Mas, na realidade, 0 pafs e relevante porque apresentava-se como uma sociedade na qual se podia tentar compreender 0 fenomeno. 0 Brasil foi selecionado como urn lugar onde parecia possivel descobrir verdades universais sobre a estratifica,ao que, a principio, mostravamse menos faceis de serem abordadas nos Estados Unidos., o Programa foi iniciado para contribuir 11 solu,ao de urn problema te6rico que chamou a aten,ao durante a pesquisa sobre estratificayao nos Estados Unidos. Tal decisao foi crucial para a entao emergente area de pesquisa que mais tarde veio a ser chamada processos de aquisi9i'io de status (status attainment processes). Estes sao os mecanismos pelos quais uma pessoa chega a ocupar uma posi,ao na estrutura de estratiflca,ao ou de poder da sociedade 11 qual pertence, uma posi,ao em cada dimensao de poder. E claro que a posi,ao da pessoa pode mudar com 0 passar do tempo, assim, podemos falar de suas trajet6rias de poder. 0 objetivo da pesquisa sobre aquisi,ao de status e desenvolver teoria a respeito destes process os que seja plaus[vel, isto e, compativel com a teoria em outros dominios do comportamento, parcimoniosa, ou conceitualmente simples, de modo que os pesquisadores possam usa-ia para deduzir hip6teses razoaveis, e empiricamente eficiente no sentido de que as mensura y 5es apropriadas das variliveis deem conta, de fato, das varia,oes observadas em cada uma das variaveis de poder. A questao especffica que iniciou 0 programa foi a inesperada observa,ao de que as estruturas de estratifica,ao mudam enquanto os process os de aquisi,ao de status dos indivfduos estao sendo desempenhados. Antes de meados dos anas 50, pouca ou nenhuma aten,ao era dedicada pelos soci610gos as mudan,as evalutivas nas estruturas de estratifica,ao. Era como se a estrutura de estratifica,ao de cada sociedade fosse fixa, ao mends 11

A eslrulura de eslralijicarao do Brasil Archibald Haller ate que uma revolu<;:ao ocorresse, depois da qual uma nova estrutura fixa substituiria a antiga. Dada a confusao em torno dos conceitos fundamentais de estratifica<;:ao e dos modos de medir 0 fenomeno, nao era sequer possfvel Im~gmar, naquele tempo, em que consistiam as estruturas de estratifica<;:ao, e multo menos pensar sobre 0 modo pelo qual elas poderiam mudar e como tais mudan<;:as influenciariam a trajet6ria das posi<;:5es de poder dos indivfduos. Em outras palavras, a questao que estava sendo colocada em foco, ainda que vagamente, era: como pensar sistematica e universaimente a respeito das varia<;:6es das estruturas de estratifica<;:ao entre as sociedades e dentro delas. A seguinte questao l6gica.era: como medir tais estados varhiveis e, logo, incorporar suas medidas em modelos que se propusessem a explicar como as pessoas, em suas respectivas trajet6rias, vinham a se 10caIizar nas estruturas cambiantes de.estratifica<;:ao nas quais exerciam sua conduta de aquisi<;:ao.. Com 0 passar do tempo, duas outras questoes teoricas, para as quais o Brasil era urn lugar apropriado de teste, vieram it tona. Uma era a questiio dos fenomenos que constitufam a estratifica<;:ao. Weber e Sorokin podem te-ia vislumbrado. Mas suas perspectivas nao enim compartilhadas por outros. O. que e isto a que chamamos estratifica<;:ao? Como a reconhecerfamos quando a vfssemos? E conhecendo-a, como reconheceriamos suas varia<;:6es? Precisarfamos de urn vocabuhirio para discuti-ia? Uma segundaquestiio afiorou urn pouco mais tarde. Ela tern duas faces. Suponhamos quesabemos em que a estratifica<;:ao consiste e como determinar seus diferentes estados. 0 que causa a variabilidade das estruturas de estratifica<;:ao? Quais sao as conseqiiencias Je diferentes estados das estruturas de estratifica<;:ao? Essas sao as questoes' basicas que guiam 0 Programa.. o tftulo tambem sugere que esta e uma jornada que ja dura trinta e ;inco anos. De fato, e mais do que isto,ja que 0 surgimento da propriaquestiio :emonta aos infcios de 1950 ou mesmo antes, enquanto a escolha do Brasil ;omo 0 lugar para se investigar 0 tema remonta-se a meados dos anos 50. :;)uando a pesquisa sobre processos de aloca<;:ao de status - como eu a chamaria IOje (HALLER et a!., 2000) - estava come<;:ando nos anos 50, supos-se a lrincipio que a estrutura de estratifica<;:ao com rela<;:ao it qual as trajet6rias de :tatus se processavam era, ela propria, invariavel. Evidencias fragmentarias :obre 0 Brasil colocaram essa suposi<;:ao em questao. Mas, como vimos, na ipocaninguem sabia como descrever tais estruturas e suas mudan<;:as. 0 Brasil 12 foi selecionado como 0 local da pesquisa que levaria a compreender 0 que elas sao e com<;> variam. CONTEXTO PREVIO De fato, 0 Programa.tomou-se uma ramifica<;:ao de outro programa, iniciado por William H. Sewell em finais de 1940 e principios de 1950. Foi entao que ele come<;:ou a pesquisa que mais tarde se torn aria conhecida como aquisi!(fio de status. Em 1948, ele emargaret Bright coletaram dados em 431 colegios masculinos de segundo grau no condado de Wisconsin. Em 1955, sob a supervisao de Sewell, eu coletei ali novos dados. Em 1957, realizei, por minha conta, uma serie de mensura<;:6es em Michigan sobre uma amostra envolvendo rapazes de 17 anos. No mesmo ano, tambem de maueira independente, a conhecida amostra de Sewell dos estudantes do ultimo ano do segundo grau foi estudada pela primeira vez - cabe lembrar que sua amostra de 1957 continua sendo utilizada. Os resultados do painel inicial de estudos de Wisconsin (1948-1955) foram publicados em 1963 em urn trabalho dedicado it amostra de Michigan (HALLER & MILLER, 1971). A amostra de 1965 de Sewell, uma continua<;:ao da de 1957, forneceu dados que resultaram na primeira versao do Model0 de Wisconsin de Aquisi<;:ao de Status (SEWELL, HALLER & PORTES, 1969; SEWELL, HALLER & OHLENDORF, 1970). Urn artigo escrito por Portes e por mim foi a primeira exposi<;:ao das tentativas do Programa de apli 'car it aquisi<;:ao de status 0 que agora chamo de Teoria Sintetica da Estratifica <;:ao Social (HALLER & PORTES, 1973; HALLER, 2000). o Programa sobre 0 Brasil surgiu para deterrninar os modos como as estruturas de estratifica<;:ao podem variar no tempo e de urn lugar a outro. Identificar as variaveis que descrevem as mudan<;:as estruturais de uma hierarquia de estratifica<;:ao das sociedades teria conseqiiencias importantes para as modelos dos processos de aquisi<;:ao de status, porque significaria que estes processos micro-sociol6gicos estavam ocorrendo dentro de urn contexto macrosociol6gico em transforrna<;:ao. Portanto, as mudan<;:as na estrutura deveriam ser levadas em conta. Em outras palavras, nao'somente os rapazes diferiam entre si em termos de suas condi<;:oes iniciais e caracterfsticas de personalidade, mas tambem a estrutura que eies confrontavam estava variando no tempo. Seria como se jogadores de tenis com diferentes habilidades estivessem 13

A estrutura de estratifica9iio do Brasil competindo em uma quadra cujos limites estivessem mudando, ao redor de uma rede cuja altura estivesse flutuando. Mas na epoca ninguem tinha nenhuma concep,ao vi/l.vel das variaveis que descreviam as mudan,as na estrutura de estratifica,ao. Em suma, a pesquisa realizada no Brasil sobre sua estrutura de estratifica,ao foi iniciada para i1uminar um problema teorico a respeito de um tema que enta~ nao tinba nome e que mais tarde veio a ser chamado pesquisa sobre aquisifiio de status. QUESTOES, PROJETOS E DESCOBERTAS o quadro que acompanha esse artigo resume a maior parte dos )rojetos de pesquisa que este Programa abrange (p. 33). Ela fornece os titulos Ie projetos como os denominariamos hoje, assim como seus objetivos, 10caliza9ao [a pesquisa de campo, principais colaboradores, resultados e publica,oes-chave.,fa tabela, as propostas sao c1assificadas em quatroenfases, cujas propostas e ~sultados resumiremos aqui. As enfases sao: I. a natureza da estratifica,ao ocial; II. a cambiante situa,ao social no Brasil; III. desenvolvimento socioconomico e estratifica,ao; IV. transcendendo 0 Brasil. :NFASE I: PESQUISA SOBRE A NATUREZA DA STRATIFICA~Ao SOCIAL, SUAS VARIA~OES TEMPORAlS E 'ITER-SOCIAlS, E SUA APLICA~Ao A TEORIA DA ALOCA~Ao E STATUS Estes projetos - e outros na~ mencionados aqui - foram realizados,ra aprender a forma de pensar sistematicamente a respeito das mudan,as 'olutivas da estrutura de estratifica,ao e tentar mediras variaveis-chave da tratifica,ao, na~ somente as variaveis status ocupacional e educafiio, usadas tao pelos pesquisadores norte-american os, mas tambem poder po[{tico e ivilegio economico, variaveis que interessaram a te6ricos classicos tais como 'nski (1966) e Sorokin (1927). A primeira delas (n". 1 da tabela) foi uma pesquisa empirica feita em 62 com amostras de chefes de familia vivendo em quatro areas rurais do Rio Janeiro, onde um grupo liderado pel0 professor J. H. Kolb, do Departamento. Sociologia Rural, tinha feito trabalho de campo em 1953. Os chefes de 14 ArchibaLd HaLLer familia das mesmas areas foram estudados com os mesmos procedimentos. Estudantes universitarios fizeram as entrevistas. As compara,oes dos dados de 1953-1962 parecem mostrar que a proletarizafiio tinha ocorrido, mas que nao tinha havido.mudan,as na desigualdade (HALLER, 1967). A segunda mostrou como medir a influencia politica legitima (poder), renda e propriedade (privilegio economico), prestigio ocupacional e educa,ao entre a popula,ao rural, isolada e em geral analfabeta (HALLER & SARAIVA, 1972). A terceira foi um estudo sobre prestigio ocupacional entre a popula,ao rural nordestina empobrecida (HALLER, HOLSINGER & SARAIVA, 1972). Juntamente com alguns dados do projeto n". 2, ela mostrou que as estruturas de prestigio ocupacional nao sao necessariamente identicas de urn lugar para outro, nem dentro do mesmo pais. A quinta (discutiremos a quarta logo abaixo) foi realizada em cerca de 22.000 pessoas em cargos de gerencia e em cargos vinculados it gerencia em 700+ fabricas de Sao Paulo, num projeto administrado por Jose Pastore. Atraves dela, tomou-se possivel medir algumas variaveis-chave de estratifica,ao em funcionamento dentro de empresas industriais. Elas incluem: influencia ocupacional (uma combina,ao de amplitude de controle com a ativa,ao direta versus ativa,ao indireta da autoridade), remunera,ao total (uma varia vel de privilegio), tres tipos de variaveis de experiencia de trabalho e prepara,ao ocupacional (educa,ao ocupacionalmente especffica e uma variavel de poder informacional) (PASTORE, HALLER & GOMEZ-BUENDIA, 1975 e 1977; PASTORE, HALLER, QUIRINO & CARTER, 1975). Em conjunto, os projetos 1, 2, 3 e 5 mostraram que uma descri,ao completa do padrao de estratifica,ao de uma sociedade requer a distin,ao entre as dimensoes de contelldo da estratifica,ao (poder politico, poder economico, poder de prestigio e poder informacional) e as dimensoes estruturais da estratifica,iio - as quais, quando medidas conjuntamente, especificam a forma exata da estrutura de estratifica,ao que a sociedade exibe [nivel medio da estrutura como urn todo - a media de aumento ou queda (tambem chamada de mobilidade estrutural), grau de desigualdade (absoluta e relativa), fluxo - movimentos de sub ida e descida dos efeitos de mudan,as no nivel medio (ou mobilidade circular), cristaliza,ao (inter-correla,ao), estrutura modal e grau de assimetria]. Eles tambem mostraram que e possivel medir a maior parte das dimens5es de contelldo e, portanto, 0 estado de cada dimensao estrutural. Destas, a mais diffcil de tratar tern sido 0 poder politico. Mas aqui tambem tern havido '-. 15

A estrutura de estratificafao do Brasil Archibald Haller progresso: 0 segundo e 0 quinto projetos mostraram que medir 0 poder requer urn mapa previo da organizay1io formal da estrutura de autoridade (seja uma nayao, uma empresa etc.), localizando os pontos de influencia de ~ada entrevistado - isto e, onde eles aparecem ao longo da ordem hienirquica de autoridade da organizayao. Mesmo os analfabetos sabem muito bern os niveis especificos do govemo onde a pressao deles teve sucesso, e sao perfeitamente capazes de relatar isto. Os projetos 4 e 6 sao sfnteses te6ricas. 0 n". 4 lida com mudanyas estruturais e explicita os conceitos e os detalhes das dimensoes de contelido e das dimensoes estruturais, assim como a historia dos vanos conceitos que vern a constituir esta perspectiva que agora poderiamos chamar de teoria sintetica da estratificar;:iio social. Isto e relatado em duas publicayoes. 0 ensaio de 1992 esclarece a posiyao que foi primeiro apresentada no artigo de 1970 e prove ilustrayoes empfricas dos dados brasileiros (HALLER, 1970 e 1992). 0 projeto nn. 6 (que tambem resultou em dois artigos) aplica as dimensoes estruturais e de contelido 11 teoria da a10cayao de status. Este e 0 principal objetivo do artigo de 1973 com Portes (HALLER & PORTES, 1973).0 ensaio de 1982 e de certo modo mais elaborado (HALLER, 1982a). Ele aplica os conceitos a dimensao de contelido de status (niveis) que os indivfduos a1canyam, e avanya ao aplica-ios a estruturas cognitivas que descrevem orientayoes psicol6gicas - as aspirayoes de 'status de cada jovem e as indicayoes de status de cada urn dos outros significativos (OSs) cujas indicayoes de status influenciam os niveis de aspirayao dos jovens - os definidores, que dizem a ele ou a ela (direta ou indiretamente) que niveis de aspirayao de cada dimensao de contelido sao apropriados para ele ou ela, e os.modelos que iiustnim para 0 jovem os niveis de cada dimensao de contelido 11 qual ele pode aspirar. As variayoes entre estas estruturas cognitivas - sejam as mantidas pela propria pessoa ou por seus definidores, ou mostrada pelos seus pr6prios modelos - sao ~spelhos de diversas dimensoes de contelido social (ou poder). Em outras oalavras, ao imaginar seu futuro, cadajovem chega a centrar-se num espectro limitado de cada uma das dimensoesde contelido - poder polftico, poder!conomico, prestigio ocupacional e poder informacional (educayao). Sao esses ;tatus futuros imaginados a que chamamos aspirar;:oes de status. Aqueles que 'a1amcom os jovens a respeito de seu futuro (definidores) e aqueles que os. emulam (modelos) fomecem, cada urn, ajuventude, informay1io que constitui suas aspirayoes de status (poder). A correlayao entre essas aspirayoes e a media das expectativas e iiustrayoes OSs e extremamente alta. As pessoas jovens adotam e tentam agir com base nessas indicayoes sem serem necessariamente capazes de articular a amplitude total das hierarquias de status da sociedade ou como elas se posicionam psicologicamente com respeito a elas. Testar a aplicayao da teoria sintetica da estratificayao social ao conhecimento sobre a alocay1io de status requereria uma nova onda de pesquisa longitudinal, comeyando com os jovens que estao na escola e logo continuando pela maneira como encenam suas trajet6rias de vida. ENFASE II. ESTRATIFICA<;AO E MOBILIDADE NA TRANSFORMA<;AO ECONOMICA DA NA<;AO. MUDAN<;AS NA DlSTRIBUI<;AO DA POPULA<;AO: DE DOIS TER<;OS RURAL A OITENTA POR CENTO URBANA. Desde que fui exposto 11 sociologia quantitativa, por urn lado, e a antropologia cultural, por outro, convenci-me de que suas foryas sao complementares. Os soci610gos sao muito bons testando hipoteses, desde que entendam as variaveis que estao usando. Mas, exceto quando estao estudando sua propria sociedade, rriuitos deles nao sao tao bons na compreensao das sociedades e culturas nas quais se aliceryam suas variaveis e, portanto, nos significados sociais delas mesmas. Por outro lado, senti que os antrop610gos sao muito bons na compreensao de sociedades e culturas ex6ticas, mas que muitos nao sao tao bons no teste de hipoteses. Iuntando 0 rigor dos soci610gos com a compreensao dos antropologos, melhoram, nossas chances de acertar quando testamos hip6teses sobre dados de outras sociedades que nao as nossas pr6prias. Entao parece-me ser uma boa ideia ouvir cuidadosamente os brasileiros comuns de todos os tip os e em todas as contrastantes regioes de seu pais. Parecia-me igualmente born ter-me envolvido em pesquisa no Brasil que ajudasse a compreender a sociedade brasileira, mesmo que isto nem sempre coll!j;ibuisse diretamente as questoes te6ricas do Programa. Nao podemos nos esquecer de que mudanyas dramaticas na economia 16 17

A estrutura de estratifica~iio do Brasil Archibald HaUer e na poiftica vieram ocorrendo ao longo dos anos do Programa. A transi9ao do rural ao urbano e parte delas: a popula9ao, cuja composi9ao era de cerca de dois ter90s rural, pas sou a ser de quatro quintos urbana. Esta mudan9a foi acompanhada por urn nipido, embora emitico, aumento nos niveis de vida da maior parte da popula9ao, por urn igualmente acidentado crescimento da industrializa9ao e da produ9ao agricola que mudou a economia e a vida das pessoas, e por bruscos aumentos e quedas da taxa de inflayao. Durante esse periodo, tambem, a nayao oscilou da acidentada democracia de 1962 ao govemo militar de 1964 a 1985 e de volta 11 democracia. Surpreendentemente, talvez, 0 Programa foi capaz de funcionar com os colegas brasileiros a maior parte do tempo, exceto apenas durante os anos mais severos de opressao. A pesquisa de diferentes aspectos do caleidoscopio brasileiro, realizada com a colaborayao de nossos colegas do Brasil- muitos deles ex-estudantes de Wisconsin - ajudou-nos a compreender os aspectos teoricos denossas atividades de investigayao neste pais. AMm disto, a cooperayao com socio10gos e investigadores brasileiros qualificados fortaleceu a confiabilidade de nossa pesquisa. Assim, 0 Programa aproveitou tais oportunidades quando elas surgiram. Em 1974, Jose Pastore, Heicio Saraiva e eu fomos convidados a discutir uma pesquisa de estratificayao com sociologos da principalagencia. estatfstica nacional - 0 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (mge). Eu debati com eles sobre as mudan<;as na estratifica9ao e 0 que eles queriam dizer com tranqiiilidade social. Meu argumento era parcialmente durkheimiano e parcialmente marxiano. Sustentei que uma nayao pode ter elevay6es e quedas gerais no bem-estar economico de sua populayao, e niveis de desigualdade crescentes ou decrescentes. Uma hipotese durkheimiana manteria que qualquer mudan,a dramatica induziria 11 anomia, talvez chegando ao disturbio social.. Uma hipotese marxiana sustentaria que urn aumento pronunciado na' desigualdade provocaria alienayao edistilrbio social. A combinayao destas, teorias, argumentei, sugere uma hipotese especifica para cada combina9ao das duas perspectivas, sempre que ocorre urna mudanya rapida. (I) Umaumento do bem-estar economico e nenhuma mudan,a ou redu,iio na desigualdade: uma pequena anomia, mas nao suficientemente grande para provocar distilrbio social- todos estariam melhor, mesmo que urn pouco confusos pela rapidez da mudanya. (2) Urn crescimento do bem-estar economico e urn aumento na 18 ) desigualdade: maior anomia, talvez, mas nao 0 bastante para amea9ar a tranqiiilidade social - todos melhoram, embora os mais ricos estejam muito, muito melhor. (3) Uma queda no bem-estar economico e na desigualdade: sofre-se, mas com urn sentimento de camaradagem - "estamos todos no mesmo barco." (4) Uma queda no bem-estar economico e um crescimento na desigualdade: distilrbio social, talvez tumultos, possivelmente violencia em larga esca1a - isto de fato aconteceu em 1962 sob 0 regime mais ou menos democratico, quando os mais ricos perrnaneceram mais ou menos seguros, enquanto muitos dos pobres nao podiam sequer conseguir alimentos. Se a discussao no mge teve ou nao algo a ver com isso, 0 fato e que nos tres tivemos acesso a um extraordinario conjunto de dados da Pesquisa Nacional por Amostragem - (0 PNAD de 1973), dedicada 11 am'ilise da forya de trabalho, com os dados necessarios para aprender muito sobre estratificayao. Esses dados foram usados nos Projetos 7, 8, 11, 12, 13 e 14 da Enfase II, assim como no Projeto 4 (acima). No Projeto 7, muitos de nos checamos as conclus6es que outros retiraram dos dados especificos das cidades, sustentando que os pobres das areas rurais estavam engolfando-se nas cidades, reduzindo dramaticamente a qualidade de vida dos antigos moradores. Contrariamente a isto, descobrimos que os que haviam migrado do campo 11 cidade tin ham renda, OCUpa9aO e educa9ao apenas ligeiramente mais baixos do que os residentes urbanos naomigrantes, mas que aqueles vindos do nordeste empobrecido (rural ou urbano) registravam niveis marcantemente mais baixos do que quase todos os outros nessas varhiveis. Estes resultados assumem urn significado global porque, como urn todo, desafiam a crenya largamente disseminada de que os migrantes rurais devem ser culpados pela desorganiza9ao e violencia dos aglomerados urbanos do Terceiro Mundo. o Projeto 8 consistiu na conhecida analise da mobilidade social feita por PaStore (PASTORE, 1982; PASTORE & HALLER, 1982) que mostrouao contrario de praticamente todos os outros autores (que, alias, nao possuiam dados apropriados) - de que 0 n'ipido desenvolvimento nacional e as mudanyas do rural ao urbano tinham produzido urn enorme fluxo de mobilidade social ascendente intergeracional, principal mas nao meramente, atraves de urn enorme numeros de pequenos passos, que iam desde a posi<;ao de 19

-----------------------------------------_..._..._...-.... A estrutura de eslratificafiio do Brasil Archibald Haller trabalhadores rurais nao qualificados it de trabalhadores urbanos pouco qualificados 2 Nos Projetos 9 e 10, 0 grupo de Pastore na Universidade de Slio Paulo e 0 de Wisconsin trabalharam juntos para descobrir 0 que acontecia com a incidencia da pobreza absoluta e para ver como as crian~as pobres lidavam com a pobreza, 0 trabalho e a escola. De novo contrariamente it opiniao academica - que era a mesma do senso comum dos brasileiros - a incidencia da pobreza absoluta tinha caido verticalmente no perfodo do boom economico dos anos 70 (PASTORE, HALLER & ZYLBERSTAJN, 1983). No fim da decada, 0 mlmero de pessoas abaixo da linha de pobreza absoluta era menor em muitos milh6es do que no inicio da decada, apesar do enorme aumento na popula~ao do pais. Tal opiniao academica parece ter arremedado a comum - e infundada - ideologia que sustenta que 0 desenvolvimento capitalista empobrece o povo. Por outro lado, as situa~6es de vida de crian~as e jovens empobrecidos eram bastante dificeis. Nessas famflias, todos os que podem trabalham, mesmo as crian~as de apenas 8 a 10 anos de idade. Surpreendentemente, esses jovens fazem gran des esfor~os para ir it escola ou ajudar seus irmaos a irem it escola. (PASTORE, HALLER, ZYLBERSTAJN & PAGOTTO, 1984). No Projeto 11, os pesquisadores elaboraram uma esc ala s6cioeconomica para todas as 250+ ocupa~6es que apareciam nos dados de 1973, usando os metodos canonicos de pontua~ao baseados na media da renda ocupacional e na media da educa,ao ocupacional (BILLS, GODFREY & HALLER, 1985). Ela foi denominada "Indice S6cio-economico das Ocupa~6es Brasileiras" (ISOB). No Projeto 12, Pastore iniciou uma compara~lio das taxas de rnobilidade social dos chefes de famflia com base no PNAD de 1973, 1982 e 1988. 0 Programa ajudou nisto. A conclusao geral foi de que, com 0 encerramento da migra~ao rural-urbana, as taxas de mobilidade social ascendente declinaram agudamente entre 1973 e 1982 e permaneceram achatadas de 1982 a 1988 (PASTORE & HALLER, 1993). No Projeto 13, 0 pessoal do Programa, especialmente Jorge Neves 2 0 projeto de Pastore est. inclufdo aqui porque 0 grupo de Wisconsin teve a sorte de ter participado nele. (1997) e Daniel Fernandes usaram as series de dados do PNAD de 1973, 1982 e 1988 para testar (, mito academico existente (baseado em folclore e em pesquisa incompetente) de que 0 capital humano nao tinha efeito sabre a renda da popula~ao rural brasileira. Esta e uma analise detalhada, na qual as principais variaveis independentes - capital humano - sao educa~ao e anos de experiencia. Ela inclui a modifica,ao decorrente de efeitos dos rendimentos do capital humane devidos it posi,ao em urn dado segrnento do mercado de trabalho, e controla os efeitos lineares e nao lineares de urn certo mlmero de outras variaveis pessoais e situacionais. As conclus6es basicas, mas de nenhuma maneira as unicas, sao de que os agricultores (farm people) obtem aumentos nos rendimentos de cerca de 9% ou 10% para cada ana adicional de educa,ao,e que a experiencia tambem tern urn grande impacto sobre a renda. Mais uma vez, chega de mitos academicos. o 14 e ultimo projeto daenfase II e sobre a experiencia brasileira do que pode ser chamado Transforma,ao Social Mundial (HALLER, 1996). Nessa transforma,ao, trabalhadores nao qualificados estao sendo substituidos por tecnologia cientifica, tanto na agricultura quanta na industria; os niveis medio e mais alto da sociedade estao expandindo-se; 0 poder de consumo esta crescendo em praticamente todos os niveis da sociedade; e a desigualdade absoluta de renda - que ja era grande - tornou-se ainda maior. Analisando os dados do PNAD sobre os tres anos acima mencionados, 0 Programa concluiu que a transforma,ao social do Brasil pode ter terminado, de fato provavelmente terminou mesmo, a menos que 0 Brasil possa fazer aumentar 0 nivel de educa~ao de sua popula~ao. 0 que demandarao suas elites? Se elas querem que 0 Brasil se tome uma democracia rica e respeitada, elas promoverao extensa educa~ao, tanto em amplitude quanto em profundidade. Se elas querem deixar que 0 Brasil siga como uma nar;iio aristoclidtica do Terceiro Mundo, deixarao a educa,ao como esta - elas educarao seus pr6prios filhos, no Brasil e no exterior, e deixarao 0 resto permanecer praticamente analfabeto. Se elas querem toma-lo uma nariio aristocrdtica competitiva, elas desenvolverao dois sistemas educacionais: urn para a aristocracia do futuro - uma educa~ao que devera ser ampla e profunda para seus pr6prios filhos e para uns poucos que se destaquem das classes mais baixas - e outro sistema educacional que produza trabalhadores eficientes mas estreitamente especializados - trabalhadores que possam obedecer a instru,oes e processar informa~lio tecnica mas que nao estejam preparados 20? "- 21

A estrutura de estratificafiio do Brasil Archibald Haller para produzir ideias ou comunicar-se eficazmente com outros. Em geral, a Enfase II fomece informa91io sobre como 0 Brasil funciona. :ENFASE III. DESENVOLVIMENTO E ESTRATIFICA(:AO: TESTANDO AS HIP6TESES DA DESESTRATIFICA(:AO INDUZIDA PELO DESENVOLVlMENTO Lenski (1966) e Treiman (1970), de maneiras distintas, sustentaram que, no mundo modemo, 0 desenvolvimento nacional tende a desestratificar a sociedade. 0 Programa tentou usar as marcantes desigualdades do desenvolvimento regional do Brasil, as vezes combinadas com 0 desenvolvimento temporal, para testar estas hipoteses. Presumivelmente, amplos hiatos de poder e privilegio tendem a induzir it violencia individual e 11 inquietude social. Por outro lado, se todos estao em boa situa9ao e a distancia e pequena, isto pode contribuir para uma maior tranqiiilidade social. o Projeto 15, com base nos dados do censo de 1970, desenvolveu urn metodo para medir os niveis de desenvolvimento socio-econ6mico (NDS) das popula90es de 360 micro-regioes continentais do Brasil (HALLER, 1982b e 1983). 0 mapeamento dos valores dos NDS de cada uma das 360 micro-regioes mostrou que 0 pais tern cinco macro-regioes NDS. Devido a que seus limites nao coincidem com as fronteiras estaduais, as quais definem as Grande Regioes oficiais do pais, elas nao eram anteriormente reconhecidas na literatura. Comparamos as macro-regioes NDS para testar as hipoteses concementes aos efeitos do desenvolvimento sobre a estrutura da estratifica9ao, e algumas vezes atribuimos escores micro-regionais NDS a seus moradores para testar outros tipos de hipoteses. o Projeto 16 testou 0 efeito que a qualidade do mercado de trabalho onde cada urn se insere tern sobre sua renda (HALLER & PASTORE, 1983). Tres variiiveis de segmentos de mercado de trabalho foram usadas; descobriuse que cada urn tinha seu proprio efeito independente sobre a renda, tanto para homens como para mulheres. Mas 0 mais interessante foram as descobertas nao previstas: (1) de que 0 efeito da educa91io era muito maior do que previamente era suposto, especial mente pelos pesquisadores brasileiros; e (2) de que, 0 fata de uma pessoa ser urn capitalista (proprietiirio - empregador), sua renda dobrava ou triplicava relativamente it dos trabalhadores equivalentes. o Projeto 17 foium teste das hipoteses de que 0 desenvolvimento reduz 0 efeito do status de origem sobre 0 proprio status ocupacional do individuo e aumenta 0 efeito sobre sua educa9ao. Os resultados foram ambiguos, nao fomecendo apoio consistente para a hipotese (BILLS & HALLER, 1984). o Projeto 18 considerou os efeitos separados e combinados do conceito marxiano de c1asse (tanto a do entrevistado quanta a de seu pail, e os status ocupacional e educacional (novamente 0 do pai e 0 do entrevistado) e os rendimentos (BILLS, HALLER, KELLEY, OLSON & PASTORE, 1985). Os efeitos combinados das variiiveis antecedentes sobre a renda sao substanciais. A c1asse marxiana opera em geral independentemente de outros antecedentes. Os efeitos dos anos de educa91io e das unidades de status ocupacional sobre a renda sao crescentes, enquanto, independentemente desses dois regressores, 0 efeito de ser proprietiirio-empregador (capitalista) tende a dobrar ou triplicar a renda Jfquida da pessoa, mitis do que qualquer outra variiivei. o Projeto 19 fixou-se no status adscrito (genero e status de origem), tanto no tempo (1973 e 1982) como atraves de regioes (HALLER & SARAIVA, 1991). Os resultados foram mistos. Descobriu-se que a adscri91io de genero teve urn impacto forte sobre a renda (mais altas para homens), urn impacto misto sobre 0 status ocupacional (mulheres no meio, homens nas duas extremidades) e inverso sobre a educa91io (as mulheres nos niveis mais altos). Aparentemente em contradi9ao com a ideia mais difundida, quanto mais alto 0 nivel de desenvolvimento temporal e regional, maior aparenta ser 0 impacto do status do pai sobre 0 do entrevistado. Talvez surpreendentemente, descobriuse que 0 status das mulheres estava altamente relacionado com 0 de seus pais, mais do que 0 dos homens. E quanto maior 0 nivel de desenvolvimento, maior a tendencia a que 0 status de origem seja transmitido por meio da educa9ao. De maneira geral, os resultados sugerem que 0 Brasil, durante 0 boom da decada de 1970, pode ter experimentado urn grau de estratifica9ao crescente, 0 oposto do que geralmente se acredita. Isto requer urn exame mais detalhado. o Projeto 20 foi uma investiga91io da rela91io existente entre renda e educa9ao com uma enfase especial no suposto efeito do nivel de desenvolvimento (HALLER & SARAIVA, 1992). Em geral, cada ano adicional de educa9ao completa acrescenta entre 12% e 16% 11 renda do individuo. Mas esta curva 22 23

A estrulura de eslratifica~ao do Brasil Archibald Halle nao e linear: cada ana de escolaridade induz seu pr6prio incremento, mas ultrapassar um ponto de transirao (4a. serie, 8a. serie, 3 ana do segundo grau) acrescenta mais do que as outros e, na media, quanta mais alto 0 n(vel de educarao, maior 0 incremento da renda a cada ana adicional Finalmente, a nivel de desenvolvimento da macro-regiao nao teve efeit~ identificavel sabre a rela9ao entre educa9ao e renda. Especulamos que a demanda por educa9ao segue, grosso modo, 0 ritmo do nivel de desenvolvimento - quando 0 desenvolvimento aumenta, 0 mesmo ocorre com a demanda por. educa9ao. o Projeto 21 e um teste da hip6tese mais amplamente sustentada de que em regi5es de f~onteira, tais como. a Amazonia, os investimentos em lama escala reduzem os mvels de desenvolvlmento da popula9ao. Uma medida Nbs foi desenvolvida para a Amazonia e testada para 1970 e 1980, a primeira decada de fortes investimentos na regiao. 0 instrumento foi usado para medir as niveis medios NDS da popula9ao de 320+ municipios da Amazonia (fronteiras de 1970). Os resultados mostraram exatamente 0 oposto da hip6tese: em 99% dos municipios, 0 NDS aumentou; foi 0 mais alto e subiu mais naqueles municipios que ja acusavam os mais altos NDS em 1970. (HALLER, TORRECILHA, HALLER & TOURlNHO, 1996). A conclusao geral da pesquisa da Enfase III e de que nao existe evidencia plausivel de que 0 desenvolvimento esta desestratificando 0 Brasil, e existe alguma,evidencia de que pode estar ainda aumentando 0 grau de estratifica9ao. E importante tratar essa questao devido a que se acredita que 0 desenvolvimento (e os avan90s tecnol6gicos que presumivelmente 0 geram) induz a desestratifica9ao. 0 melhar seria fazer isto com dados comparaveis entre paises. Mas isto nao tem side possivel por enquanto, em parte porque os dados disponiveis frequentemente nao sao companiveis entre paises, mas principalmente porque poucos paises pobres possuem os dados necessarios parafazer os testes. E por isto que 0 caso hrasileiro, com suas regi5es fortemente desiguais, forneceu uma base para 0 teste de hip6teses - usando regi5es como substituto para paises. Admitindo que as fronteiras entre regi5es sao mais perrneaveis do que as nacionais, e os testes internacionais melhores - mesmo assim, se 0 desenvolvimento realmente tendesse a desestratificar, esse resultado deveria ter side visto nos testes realizados no Brasil. Nao foi assim. Portanto, ue testes ainda melhores sejam feitos, a conclusao mais segura e qut q I. d 'f' :.indlldiio,:xistem,:vi,dellciasplausiveis de que 0 desenvo vlmento esestratl IqUt l;i;!,ociedlad,e. Mas isto nao esgota a questao, como sera sugerido nos pr6ximo! jj!il~"n.c'~ IV. ESTENDENDO-SE ALEM DO BRASIL Nesta se9ao, discutiremos dois artigos recentes. 0 Projeto 2; MILLER &HALLER, 1998) e uma analise fatorial da! 1) r. "",'J ~",.mensura90es mais defensaveis do Desenvolvimento Nacional (DN). Elf. stra que 0 DN consiste em duas dimensoes, nao uma como se supunh,.j'ido "anteriormente. Uma delas, 0 desenvolvimento domestico (DD) e berr conhecida. Ela classifica os paises de acordo com seus niveis de PNBlpel capita, a longevidade de sua popula9iio etc. A outra e mais o~ menos conhecida mas comumente confundida com 0 DD, trata-se da autor/dade mternaclona, (Al) - poder, aplicada a popula9ao total e ao sistema. centro/periferia come visto por Wallerstein e outros. As duas pratlcamente nao se correlacionam. C Projeto 23 (HALLER, SHARDA & MILLER, 1997) e urn exercfcic especulativo no qual as hip6teses em torno da rela9ao ~ntre 0 gr~u de estratifica9ao e cada uma das duas dimensoes do desenvolvlmento naclonal, DD e AI, sao explicitadas. Do mesmo modo que Lenski e Treiman, argumentase que, no geral, quanta mais alto 0 nivel de DD, maior a tendencia. a desestratifica9ao. Mas, diferentemente de qualquer teona de estratlf!ca9ao conhecida, a outra argumenta que, geralmente, quanta mais alto 0 nivel de AI, maior a tendencia ao aumento nos graus de estratifica9ao. Estas hip6teses somente podem ser testadas quando na90es pobres possam fomecer dados apropriados. CONCLUSAO o Brasil tem servido ao Programa como lugar de teste para saber como a estrutura de estratifica9ao social funciona. Ele iniciou-se para descobri como pensar sistematicamente um problema especffico confrontado na area de pesquisa que mais tarde veio a ser conhecida como aquisi9ao de status. Em 24 2S

A estrutura de estratifica,iio do Brasil ArchibaLd Haller finais dos anos 50, pesquisadores da University of Wisconsin, do Departamento de Sociologia Rural, jii tinham desenvolvido uma compreensao rudimentar dos mecanismos que faziam com que os jovens fossem lan9ados em trajetorias que os posicionavam em hierarquias de estratifica9ao - essa pessoa mais alta, aquela mais baixa etc. - embora 0 ponto de referencia, a publica9ao seminal e muito citada sobre 0 processo, so aparecesse anos mais tarde (SEWELL, HALLER & PORTES, 1969, sobre jovens da zona rural de Wisconsin). o proprio programa come90u a consolidar-se quase imediatamente com 0 intuito de abordar uma questao fundamental. As estruturas de estratifica9ao sao hierarquias ao longo das quais as pessoas sao distribufdas. Durante todo 0 tempo, os pesquisadores supuseram que tais estruturas eram entidades fixas. Ainda vagos mas sugestivos vislumbres da mutante estrutura de estratificayao do Brasil sugeriam que 0 pressuposto da estrutura fixa nao era viilido. Entao, a teoria de aquisi9ao de status (ainda sem nome) teria que levar em conta tais mudan9as. Mas naqueie momenta ninguem sabia como concebe-las ou como inc1uf-las na teoriade aquisi9ao de status, e muito menos como medi-las. Esta foi a questao que 0 Programa inicialmente se propos a resolver. Mas ele se expandiu e foi-se desdobrando 11 medidaque se investigavam questoes mais especfficas: em que consistem tais estruturas, como medi-las, como medir suas varia90es, 0 que tais varia90es implicam, nao somente para a compreensao do processo de aquisi9ao de status mas tambem (mais tarde) para 0 disrurbio ou para apaz social, e 0 que causa varia90es em tais estrutur~. Descobrimos 0 que sao as estruturas de estratifica9ao e como variam. Pensamos que apremos como essas varia90es se aplicam ao processo de 110ca9ao de status (HALLER, 1982a; HALLER, FINK & JANUSKI, 2000). 'vias todo urn conjunto confiiivel de testes ainda precisa ser elaborado. Espero lu'e alguem os teste em uma futura pesquisa. Descobrimos que, uma vez :ompreendida a natureza e a variabilidade da estratifica9ao, os proximos Jrogramas devem descobrir as causas, e entao as consequencias, das varia90es lue as estruturas de estratifica9ao do mundo real exibem, seja entre sociedades lu no interior de uma sociedade atraves do tempo. 0 Programa e seus ;olaboradores tambem identificaram a estrutura dual das diferenyas.de lesenvolvimento entre paises, DD e AI, e exploraram as possfveis consequencias Ie cada uma para 0 grau de estratifica9ao interno. Deixamos pendente a questao das conseqilencias da estratifica9ao 26 e suas mudan9as. Obviamente, centenas de estudos tern mostrado os efeilos das posiri5es de estratificayao. Teriam elas melhorado se tivesse sido possivel levar em conta as quatro dimensoes de poder e 0 grau geral de estratifica9ao? Isto parece mais ou menos certo. Mas nao 0 saberemos ate que tais pesquisas sejam efetivadas em sociedades com diferentes graus de estratifica9ao. Sobre as consequencias das varia90es no grau de estratificayao, especulamos que, sob certas condi90es de desenvolvimento, seria de se esperar que maiores graus de estratifica9ao ameacem a paz social. E claro que muitos outros cogitaram n090es mais ou menos similares, mas sem a precisao que os conceitos sistematicos de estratifica9ao fornecem. Penso que as presentes visoes sobre a estrutura de estratifica9ao e os modos de medir variaveis of ere cern uma estrategia atraves da qual fazer pesquisa empirica seria sobre a questao, uma vez que as na90es mais pobres obtenham e liberem os dados requeridos para tanto. Enquanto isto, 0 proprio Brasil-com sua alta taxa de mudanya e gran des diferen9as regionais, e com series de dados pertinentes - poderia constituir-se em urn estudo de caso das causas e conseqiiencias da estratifica9ao. Para 0 Brasil, 0 Programa parece ter produzido algumas reviravoitas uteis. Por urn lado, a analise do NDS foi usada para direcionar certos esforyos de desenvolvimento regional especifico. Por outro, a descoberta de que a educa9ao tern urn grande impacto sobre a renda tern aberto seu caminho indiretamente na imprensa popular, Mais ainda, as analises da mobilidade social mudaram completamente a opiniao academica sobre esse topico. E por ultimo, a analise do desenvolvimento da Amazonia 1970-1980 mostra como e falso 0 mito que sustenta que 0 investimento na'fegiao diminuiu 0 desenvolvimento socio-economico da popula9ao. Muito tem-se aprendido sobre a estratifica9ao em geral e sobre os process os de aloca9ao de status e de mobilidade social em particular. Acredito que agora temos 11 mao conceitos para melhorar 0 que jii tern side demonstrado empiricamente pelos pesquisadores da estratifica9ao, especialmente quando os dados das na90es mais pobres tornem-se disponiveis. Hoje, raya e genera dominam a pesquisa sobre estratifica9ao, especialmente nos Estados Unidos (sobre 0 Brasil ver FERNANDES, 1999). Tal pesquisa e politicamente importante na medida em que mostra como certas categorias sociais das popula90es possuem vantagens e desvantagens, afetando entao 0 sentimento de justi9a social da na9ao. Mas as situayoes de estratifica9ao de categorias 27

A estrutura de estratijica,iio do Brasil Archibald Haller sociais tais como raya e genero nao sao parte de uma teoria fundamental da estratificayao. A luz que guia as aplicayoes da teoria da estratificaylio sera sempre a propria teoria. Espera-se que os pesquisadores de estratificaylio continuem a testar e a desenvolver a teoria. Existe muito a ser feito na pesquisa sobre estratificaylio. Urn programa de pesquisa empfrica em grande escala sobre a estrutura da estratificaylio, as causas de suas variayoes, e as consequencias de seus vanos graus e taxas de mudanya pode acrescentar muito para esclarecer algumas das principais fontes de conflito em nosso mundo e bern possivelmente muitas outras questoes pnlticas que estlio ligadas as estruturas de estratificaylio das nayoes. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BILLS, David B. e HALLER, Archibald O. Socioeconomic Development and Social Stratification: Reassessing the Brazilian Case. In: Journal of Developing Areas 19 (oct.):59-69, 1984. BILLS, David B., GODFREY, Daramea S. e HALLER, Archibald O. A Scale to Measure the Socioeconomic Status of Occupations in Brazil. In: Rural Sociology 50 (Summer):225-250, 1985. BILLS, David B., HALLER, Archibald 0., KELLEY, Jonathan et al. Class, Class Origins, Regional Socioeconomic Development and the Status Attainment of Brazilian Men. pp. 89-127. In: Robert V. Robinson (ed.), In: Research in Social Stratification and Mobility, v. 4. Greenwich, Connecticut: JAI Press, 1985. CHAPIN, F. Stuart. The Measurement of Social Status. Minneapolis: University, of Minnesota Press, 1933. DUNCAN, Otis Dudley. A Socioeconomic Index for All Occupations. pp. 109-138 In: A. J. Reiss, Jr. et al. (eds.). In: Occupations and Social Status. New York: Free Press, 1961. FERNANDES, Danielle C. Educational Stratification, Race, and Socioeconomic Development in Brazil. Tese de doutorado. University of Wisconsin, Madison, 1999. HALLER, Archibald O. A Socioeconomic Regionalization of Brazil. In: Geographical Review 72(Oct.):450-464, 1982b. 'b,u'ujjl"l","" Archibald O. Changes in the Structure of Status Systems. In: Rural Sociology 35(Dec.):469-487, 1970..1'1-1""-,JL"P.,",, Archibald O. Reflections on the Social Psychology of Status Attainment. pp. 3-28 In: R.M. HAUSER, D., MECHANIC, A. O. HALLER,. and T.S. Hauser, eds. In: Social Structure and Behavior: Essays in Honor of William Hamilton Sewell. New York: Academic Press, 1982a. HALLER, Archibald O. Societal Stratification. pp. 1984-1994. In: BORGATTA, Edgar A. e BORGATTA, Marie. Encyclopedia of Sociology. New York: MacMillan, 1992. TamMm In: Foreign Sociology 56 (1992). Beijing: Chinese Academy of Social Sciences. (tradu9ao Wei Luying.) HALLER, Archibald O. Urban Economic Growth and Changes in Rural Stratification: Rio de Janeiro, 1953-1962. In: America Latina 1O(Oct. Dec.):48-67,1967. HALLER, Archibald O. What's Happening to the Social Transformation of Brazil? In: Report to the Presidency of Brazil (GAP Program). Rio de Janeiro: 08 March, 1996,53 pp. HALLER, Archibald O. Societal Stratification. pp. xxx In: BORGATTA, Edgar A. e MONTGOMERY, Rhonda J. V. Encyclopedia of Sociology, Revised Edition. New York: MacMillan (no prelo). HALLER, Archibald O. e MILLER, Irwin W. The Occupational Aspiration Scale. 2a. ed. Cambridge, Massachusetts: Schenkman, 1971. (ver HALLER and MILLER, 1963.) HALLER, Archibald O. e PASTORE, Jose. Labor Market Segmentation, Sex, and Income in Brazil. pp. 183-196. In; GAUDART, Dorothea (ed.). Industrial Relations in the Unorganized Sector. TOkYO: Japan'Institute of Labor, 1983. HALLER, Archibald O. e SARAIVA, H6lcio U. Ascription and Status Transmission in Brazil. pp. 63-93. In: James G. SCOVILLE, (ed.). In: Status Influences in Third World Labor Markets: Caste, Gender and Custom. Berlin: WalterdeGruyter, Inc., 1991 HALLER, Archibald O. e SARAIVA, H6lcio U. Status Measurement and the Variable Discrimination Hypothesis in an Isolated Brazilian Region. In: Rural Sociology 37(Sep.):325-351, 1972. 28 29

A esrrutura de estratifica~ao do Brasil Archibald Haller HALLER, Archibald O. e SARAIVA, Helcio U. The Income Effects of Education in a Developing Country. In: Research in Social Stratification and Mobility 11 :295-336, 1992. HALLER, Archibald O. PORTES, Alejandro. Status Attainment Processes. In: Sociology of Education 46(Winter):51-91, 1973. HALLER, Archibald 0., FINK, Edward L. e JANUSKI, Laura. The Social Psychology of Status Allocation. pp. xxx In: BORGATTA, Edgar A. e MONTGOMERY, Rhonda J. V. Encyclopedia of Sociology, Revised Edition. New York: MacMillan (no prelo) 2000. HALLER, Archibald 0., HOLSINGER, Donald B. e SARAIVA, Helcio U. Variations in Occupational Prestige Hierarchies: Brazilian Data. In: American Journal of Sociology 77(Mar.):941-956, 1972. HALLER, Archibald 0., SHARDA, Bam Dev e MILLER, George A. New Light on National Development: A Challenge for Stratification Theory. Quebec City: International Sociological Association, RC-28 Research Committee on Social Stratification (14/08/97),1997. HALLER, Archibald 0., TORRECILHA, Ramon, HALLER, Maria Cristina Del Peloso e TOURINHO, Manoel M. The Socioeconomic Development. Levels of the People of Amazonian Brazil- 1970 and 1980. In: Journal of Developing Areas 30(April):293-316, 1996. Traduzido e ampliado para publicayao Niveis de Desenvolvimento Socioeconomico da Populayao da Amazonia Brasileira-1970 e 1980. In: Manguinhos - Histaria, Ciencia e Saude, Rio de Janeiro: Fundayao Oswaldo Cruz, 2000. HALLER, Archibald O. The Socioeconomic Macroregions of Brazil-1970. Lanham, Md.: Bernam-Unipub, 1983. (Tambem UNCRD Working Paper n. 83-2. Nagoya, Japan: United Nations Centre for Regional Development.) LENSKI, Gerhard E. Power and Privilege: A Theory of Social Stratification. New York: McGraw-Hill, 1966. NATIONAL OPINION RESEARCH CENTER. Jobs and Occupations: A Popular Evaluation. In: Opinion News 9: 13, 1947. NEVES, Jorge Alexandre Barbosa. Human Capital, Social Classes, and the Earnings Determination Process in Brazilian Agriculture: 1973, 1982 and 1988. Tese de doutorado. University of Wisconsin, Madison, 1997. PASTORE, Jose e HALLER, Archibald O. 0 que esui acontecendo com a mobilidade social no Brasil? pp. 25-49. In: VELLOSO, J oao Paulo dos Reis e ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcanti de (eds.), Pobreza e Mobilidade Social, Sao Paulo: Nobel, 1993. PASTORE, Jose e HALLER, Archibald O. Social Mobility Under Labor Market Segmentation in Brazil. pp. 113-140 In: HAUSER, R. M., MECHANIC, D., HALLER, A. O. e HAUSER, T. S. (eds.), In: Social Structure and Behavior: Essays in Honor of William Hamilton Sewell. New York: Academic Press, 1982. PASTORE, Jose e SILVA, Nelson do Valle. Mobilidade Social no Brasil. Sao Paulo: Makron, 2000. PASTORE, Jose, HALLER, Archibald O. e GOMEZ-BUENDIA, Hernando. Training, Position, and Experience in the Wage Rates of Specialized Personnel in Sao Paulo's Manufacturing Finns. pp. 158-169. In: Subbaiah Kannappan, (ed.). Studies of Urban Labour Market Behaviour in Developing Areas. Geneva: International Institute for Labour Studies, 1977. PASTORE, Jose, HALLER, Archibald O. e GOMEZ-BUENDIA, Hernando.. Wage Differentials in Sao Paulo's Labor Force. In: Industrial Relations 14(Oct.):345-357,1975. PASTORE, Jose, HALLER, Archibald 0., QUIRINO, Tarcizio R. e CARTER, Michael. Occupational Wage Differerrtials Among University Educated Technical Personnel in a Developing Economy. In: Journal of Vocational Behavior7:113-126,1975. PASTORE, Jose, HALLER, Archibald 0:, ZYLBERSTAJN, Helio e PAGOTTO, Cannen Silvia. Young Brazilian Workers in Poor Families. English version. A report to the Inter-American Foundation. Department of Rural Sociology, University of Wisconsin-Madison (31 March), 1984. tambem em Portugues (30 nov.). PASTORE, Jose. Inequality and Social Mobility in Brazil. Madison: University of Wisconsin Press, 1982. em Portuguese Desigualdade e Mobilidade Social No Brasil. Sao Paulo: T. A. Queroz. SEWELL, William H. The Construction and Standardization of a Scale to Measure the Socio-economic Status of Oklahoma Farm Families. Stillwater: Oklahoma A and M College, 1940. SEWELL, William H., HALLER, Archibald O. e PORTES, Alejandro. The 30 31

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Perro Trlulo do projelo Objetivo Local Descobertas Publica~6es 1, 1967 1968 Mudanyas nil estrulura da Aprender a pensllr sistematicamente II respeilo das mudanyas evolutivas na estrlnura da estratificayao. Zona rural do Rio de Janeiro. Pernambuco J. H. Kolb (*), University of Hip61~es marxianas sugerem a prolelarizayiio e a crescente desigualoode absolula. Neo-marxislas desiguajdade absoluta ou relativa. Resultado: a ocorreu sem 1967. Urban Economic Growlh and Changes in Rural Stratification: Rio de Janeiro, 1953 1966, In: America Latina 33(June):153-159. 2, 1967 1968 Medidas de status em uma regiiio remota no Brasil Cemral-1967-68 Verificar meios de medir dimensoes de confetido de esttatificat;:ao. Dimensoes padrao: sialus ocupacional (;:::~~:~~:'.,~'~d;ucar;:ii.o (stalus ~J I, e dimeosoes chl.ssicas: Ayucena, Minas Gerais Helcio Ulhoa Saraiva (*), diretor executivo da vrr AE, fundat;:ao emsiio Paulo Vari4veis desrlnadas a ~ cada dimensao de confeudo exibem urn alto grau de confiabilidade e validez, demonstrando que mesmo as dimens6es de cometido mais dificeis de lralar (poder polftico pessoaj e riquem individual) silo mensuraveis, mesmo entre popular;:oes socialmente isoladas. 1972. (com H. U. Saraiva). Status Measurement and the Variable Discrimination Hypothesis in an Isolated Brazilian Region, In: Rural Sociology 37(Sept.):325-351. 3, 1968 Status ocupacional numa area nordestina rural abalada pela repressao. Descobrir se dados sociol6gicos de survey, validos e confhheis, podem ser oblidos de populalfoes isoladas, analfabetas e em extrema pobreza, e testar a hipotetica universl1lioode de presttgio Bezerros, Pernambuco Donald B. Holsinger, Banco Mundial Sflvio Maranhao (*), Universidade Federal de Pernambuco Hierarquias ocupacionais variam entre gropos s6cio-culturais; quanto mais isolados estejam das sociedades desenvolvioos (como os Estados Unidos), maior a discrep!lncia. 1972. (com H. U. Saraiva e D. B. Holsinger). Variations in Occupational Prestige Hierarchies: Brazilian Dala, In: American Journal of Sociology 77(Mar.):947-956. 4, 1970 (Iamb 'm 1992) Sumario te6rico: A natureza da eslralificalfao societal e suas mudanlfas. JunlUr os resultados de projetos anteriores lanlo com 0 padriio americano (Treiman, Duncan~ Sewell, Haller e Portes) quanto com 0 chissico (Lenski, Sorokin, Weber, Marx) conceplfoes de eslralific2lfao, sua estrutura e suas mudanlfas. Resultado: uma visao sinh~tica da ~tralificalfao A eslratificar;:ii.o hierarquica compcie-se de dimens6es de conteudo (poder, privilegio, preslfgio e nfvel de informar;:ao) e dimens6es estrulurais (nfvel, grau de desigualdade, fluxo, cristalizalfiio, esrrutura modal e assirnetria). Pesquisa sobre mudanyrs na eslrutura de estratificayiio requerem instrumenlos para medir cada dimensiio e5rrutural de cada dimensiio de contel1do. 1970. Changes in the Struclure of Status Systems, In: Rural Sociology 35:469-487. 1992. Socielal Stratification, p. 1984-1994, In: E. A. e M. Borgana, (eds.), Encyclopedia of Sociology. New York: MacMillan. 5, 1970-1972 AUloridade e remuneralfao relacionados ao capilal humane entre gerentes de indllslrias (720 fabric as, 22.000 pessoaj adminislrativo Testar 0 padrii.o causal da qualificalfiio ocupacional e Ires variaveis de experiencia, auloridade no interior da empresa (uma varii!.vel de poder) e remuneralfao (uma variavel de riqueza). Sao Paulo Jose Paslore, UniversiOOde de Sao Paulo. Tarcizio R. Quirino, EMPRAPA, Campinas, Sao Paulo Diferenlfas inwviduais de autoridade ocupacional sao em grande Jredida determinadas pelo capilal humano e junto com 0 capital humane lem amp los efeilos sobre n remunerar;:iio total. 1975. (coml. Pastore e H. Gomez B.). Wage Differentials in Silo Paulo's Labor Force, In: Industrial ReiatifJTIs 14(Oct.): 345-357. 1975. (comj. Pastore, T. R. Quirino, e M. Carter). Occupational Wage Differentials Among University Educated Technical Personnel in a Developing Economy, In: Journal of Vocational Behavior7:113-126. 1977. (com 1. Paslore e H. Gomez B.). Training, Position, and El(perience in the Wage Rates of Specialized Personnel in Silo Paulo's Manufacturing Finns, p. 158-169, In: S.. Labor Market 6, 1973 (Iamb em 1982) Sumaria te6rico: a relevfincia das descoberlas brasileiras sobre as mudanlfas na eslrutura da estratificayao para a leona da alocar;:ao de Mostrar como se esperaria que variassem os padroes des processos de nlocar;:ao de slatus em relar;:ao as variar;:oes eslrulurais '00 esrratificnr;:ao e indicar a necessidade de integrar as variaveis dependentes, poder e privilegio, a pesquisa de ajocalflo de Sialus. Alejandro POrtes~ Princeton University A teoria 00 alocayao de status e generalizada a partir da experiellcia americana, de forma que seja aplicavel II todas as sociedades e aos. status cambiantes de suas eslruturas de estratificar;:iio. 0 pressuposto e que a teoria geral de aloca9ii.o de status deve nao apenas ser. aplidvel em toda parte mas tamhcm incorporar as muoonr;:as das dimensoes 00 esrratificayll.o. Juntas, tais consideray6es irnplicam que poder e privilegio devem ser inclufdas, e processos vanariioespecialmente devido ao grau da 1973. (com Alejandro Pones). Status Attainment Processes, In: Sociology of Education 46 (Winter):51-91. 1982. Reflections on the Social Psychology of Status Attainment, p. 3-28, In: R. M. Hauser el ai., Social Structure and Behavior: E.fsay:r in Honor of Wlfliam Hamilton Sewell. New York: Academic Pres,. 34 35

Perfo Timlo do projeto Objctivo Local do Principais colaboradores (posiyao rnais recente) Descobertas Publica~oes (Iista parcial) 7, Mudanyas de status Avaliar 0 impacto da combinarrao dll Todoo 1973 na populayao'rural- migrarriio inter.reginal, rural c urbana Brasil urbana c na sobre os nfveis s6cio-econ6micos de distribuirrao inter- migrantes c nao-mlgrantes. regional da popularriio Manoel M. Touriobo, professor, Faculdade de Ci!ncias Agririas do Para David B. Bills, professor, University of Iowa Jose Pastore, Univcrsidade de J Migrantes prbanos vindos de lireas rurais tinhllm mais ou menos os mesmos n'veis s6cio-econ6micos que antigos moradores urbanos. Mas os nordestinos linhll.m nlveis baixos em qunlquer lugar onde estivessem. 1981. (com M. M. Tourinho. D. B. Bms, e Jose PaslOre). Migration and Socioeconomic Status in Brazil: Interregional and Rural-Urban Variations in Education, Occupational Status, and Income, In: Luso-Brazilian Review 18(Summer):117 138. 8, Mobilidade Determinar 0 padrao dol mudanya de Todoo 1973 intergeracional de status de pai para filho no contexto da Brasil status social transirr1lo da economia rural 11 urbana. Jose Pastore, professor da Universidade de Silo Paulo (este e 90% do trabalho de Pastore) Como em 1973, a grande maioria dos chefes de famflia do sexo masculino tinham subido seus nfveis de status acima do status paterno. Muil_o disso deveu-se 11. forte queda no. proporyao da for~a de trabalho engajada em atividades rurais sem especiaiizayiio e urn de ocupa~oes urbanas nao, esteve preseme em 1982. Jose Pastore. Inequality alld Social Mobility in Brazil. Madison: University of Wisconsin Press'. 1982. (comj. Pastore). Social Mobility Under Labor Market Legislation in Brazil, p. 113-140, In: R. M. 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Madison: Department of Rural "rna 1970, Trabalho infantil e incidencia e formas de trabalho Todoo 1979 escolaridade infantil em 1970 e (por meio de Brasil, ~ntrevistas) as vi~oes que crianrras e 1979 - Silo tinham de seu Paulo e Jose Pastore e Htlio Zylberslajn, profess ores da Universidade de Sao Paulo, Carmen S, Pagotto, assistente de A despeito dalei, as criangas podem tornar-se trabalhadores em tempo integral desde os oito anos de idade. Algumas fazem her6icos esforyos permanecerem na escola. Aos 10 anos, urna grande ejovensj(l sao empregados rernunerados. As 1984. (com J. Pastore, H. Zylberstlljn, e C. S. Pagono). Youllg Brazifitm Workers in Poor Families. Madison: Department of Rum I Sociology. 11: Escala de status Formular urn instrumento objetivo Todoo 1973 ocupacional atraves do qual medir 0 status Brasil econ6mico ocupacional de pessoas David B. Bills, Professor, University ofiowa; Dammen S. Godfrey, assistente de pesquisa Esta nnalise produziu urn sistema de pontuayao de status ocupacional. 1985. (com D. B. Bills e D. S. Godfrey). A Scale to Measure the Socioeconomic Status of Occupations in Brazil, In: Rural Sociology 12: Mudanrras nos Detenninar lis mudangas na Todoo 1973, padroes de mobilidade do status ocupacional de Brasil 1982, mobilidade social a filho entre 1973 (no inicio do 1988, 1982 (no final do milagre), e Jose Pastore, Professor, Universidade de Silo Paulo A incidencia da mobilidade ascendente declinou, assim como a incidencia da imobilidade: A mobilidade descendente aumentou. 1993. (With J. Pastore). 0 Que Esl{i Acontecendo Com Mobilidade Social No Brasi~ p. 25-49, In: lp.r. Velloso e R. C. Albuquerque, Pobreza e Mobilidade Social No Brazil. 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WHat's Happening to the Social Transformation of Brazil. Report 10 the Presidency of Brazil. 36 37

15: 1970 Medindo 0 desenvolvimenco da popu1a~ii.o de 360 micro-regides do pais e identificando as regioes de maior n{vel de desenvolvimento atrav~s do qual medir desenvolvimenco s6cio-econ8mico das popula~oes das micro-regioes e delimitar (aproximadllmente) lis fronteiras emre macro-regioes com nfveis de desenvolvimento clararnente cliferentes. 0 objetivo do mapa resultance das regi5es DSE do Brasil ~ I '" Todoo Brasil o desenvolvimento consiste em urn unico e poderoso fator, 0 desenvolvimento s6cio-econ6mico da popu[a~iio de cada microregiiio. Cinco macro-regi5es siio evidences qullndo as micro-regi5es sao mapeadas pelos valores DSE. (Ademais do uso que dele fizemos' para pesquisa, 0 Brasil baseou nele Illgumas de suas pol!ticas). 1982. A Socioeconomic Regionalization, Brazil, In: Geographic Review 72 (Ocl.): 450-464. 1983. The Socioeconomic Macroregions of Brazil [970. Nagoya: United Nations Centre for Regional Development. 16: 1973 Mercado de trabalho, segmenta~iio e renda Delerminar a influencia dlls tres variaveis de segmenta~ao do mercado de trabalho (SMT) sobre a renda de homens e rnulheres. Todoo Brasil Jos~ Pastore, Professor, Universidade de Sao Paulo Cada uma das varj,l:veis de segmenca~ii.o do mercado de trabalho teve urn efeito substancial sobre a renda. Os empregadorese5pecialmente rnulheres - tiveram dulls a tres vezes a renda de outros empregados similares. 1983. (com 1. Pastore). Labor Market Segmentation, Sex. and Income in Brazil, p. 183-196. In: Dorothea Goudart, Industrial Relations in the Unorganized Sector. Tokyo: Japan Institute of 17: 1973 Industrializa~iio e transmissiio de status Testar a hip6tese de Treiman ([970) sobre os efeitos do status ocupacional de origem e educa~iio sobre 0 status atual: tal hip6tese estabelece que: quanto mais alto 0 nfvel de industrializll~ao. maiores os efeitos da educa~ii.o e menores os do status de Regi5es do Brasil David B. Bills, University of Iowa Nao fomeee evidencias convincent!!s de um padrao sistematico de relacionamento entre industria1iza~ao, Stlltus de origem, educll!tao e o acual status ocupacional. 1984. (com D. B. Bills). Socioeconomic Development Ilnd Social Stratification: Reassessing the Brazilian Case, In: Journal of Developing Areas 19(Oct.):59-70. 18: 1973 Clo.sse e status de origem, desenvolvimemo e aquisi~ii.o. Compllrar a efic6.cil1 da clo.sse no semido marxiano e do status hien1rquico sobre 0 status adquirido, sob condi~oes de desenvolvimento varitiveis. Regioes do Brasil David B. Bills, Professor, University of Iowa; Jonathan Kelley, cientista, Australian National University; Jos~ Pastore, Professor, Uruversidade de Sao Paulo Origens de classes, origens de status, classe, status ocupacional e educa~ao 18m efeitos tanto independentes como interdependentes sobre a renda. Seus efeitos combinados sao amplos e mais ou menos iguais entre as tres regioes mais desenvolvidas, mas muito rnais baixos nas menos desenvolvidas. A clllsse ~ mais relacionada as origens de classe do que outras variaveis antecedentes. Os capitalislas obt8m muita' mais renda do que os trabalhadores que. especialmeme na 1985. (com D. B. Bills et al.). Class, Class Origins, Regional Socioeconomic Development, and the Status Attainment of Bmzilian Men, In: Research in Social Stratification and Mobility 4:89-127. 19: 1973 e 1982 Adscri~iio e determina~ii.o de status Testar os efeitos do genero e stlltus de origem sobre educa~1io, renda de status ocupacional e a transmissiio de status atrav~s da educa~ao. Regioes do Brasil Helcio U. Saraiva, diretor executivo, Vitae, Sao Paulo (I) A discrimina~ao de genero e mo.rcante com respeito n renda,. o.mbfgua para ocupa~iio e inexisteme para educa~ao (2) Quanto mais alto 0 nivel de desenvolvimento temporal e regional, maior 0 impacto do Stlltus do pai sobre a renda, 0 status ocupacional e a educa~ii.o. ' (3) 0 status das mulheres ~ mais fortemente vinculado ao do pai do 1991. (com H. U. Saraiva). Ascription and Status Transmission in Brazil, p. 63-93, In: J. G. Scoville, Status Influences in Third World Labor Markets: Caste, Gender, Custom. Berlin: de Gruyter. 20: 1973 e Os efeitos da educa~ao sobre a rendll. Determinar 115 varia~oes da renda com a educa~ao e as rela~oes desuls varia~6es sobre 0 desenvolvirnento I. Regi5es do Brasil H~lcio U. Saraiva, diretor executivo, Vitae, Sao PauJo (I) A educa~ao tern urn forte impacto sobre a renda. (2) 0 desenvolvimento ru'io tern efeilo nessa rela~iio. '" ~'''"',o mais alto 0 nfvel de educa~iio, mllior 0 efeito da inslru~iio 1992. (com H. U. Saraivo.). Thc Income Effects of Education in 0. Developing,Country: Brazil- 1'973 and 1982. Research in Social Stratification I 21: 1970, 1980 Os niveis de desenvolvimento s6cio-economico da popula~ii.o da Amazonia como regiao. abena ao Determinar como medir 0 DSE da popula~iio da Amazonia e testar 0 milo de que 0 investimenlo, por urn sistema capilaiisto., reduz 0 DSE da popula~iio. Todos os municipio, d. Amazonia legal. Ramon Torrecilho, Ford Foundation; M. Cristina D.P. Haller, Professora, Universidade Federal de Vi~osa; Manoel M. Tourinho, Professor, Faculdade de Ciencias Agrarias do Para Nil decada em que se iniciaram os investimemos massivos nil. Amazonia, os nfveis DSE da popula~iio de 99% dos municfpios da regiiio.aumentaram, especialmente nils maiores cidades e em outras capitais de eslado, e nas 6.reas com melhor acesso aos mercados ao sui. (Islo nbo nega a violsncia generaliz.adll, uma caraclerfslica das fronteiras, tais como a Amazonia) [996. (com R. Torrecilha, M.C.D.P. Haller em. M. Tourinho). The Socioeconomic Development Levels of the People of Amazonian Brazil - 1970 and 1980, In: Journal of Developing Areas 30(Apr.):293-316. 38 39

22: o significado e a Deterrninar a estrutura fatorial nas Todos os Bam Dev Sharda e George A. o desenvolvimemo nacional consiste em duas dirnens6es quase 1998 (com B. D. Sharda e G. A. Miller). Concepts c.1986 mensuragiio do mensurag6es bern concebidas do parses para Miller, Profcssores, University ortogonais: clesenvolvimento domestico (DO) e autoridade and Indicators of Development: An Empirical 1991 desen'volvimento desenvolvimento relativo dos pafses a os quil.is of Utah internacional (AI). 0 ~D e bern conhecido. Parece ser a primeira Analysis. In: Journal of Developing Societies I and nacional nfvel mundial. eltistam Vel. que 0 AI tern sido mostrado como uma dimensao separada do II (April):82 99. dados desenvolvimento nacional. 2], 0 Apresentar hip6teses tesm.veis Todos os Bam Dev Sharda e George A. As principais tcorias predizem que 0 desenvolvimento induz a 1997. (com B. D. Sharda e G. A. Miller). New c.1986- desenvolvimento concernentes 'ao impacto do pafses para Miller, Professore8, University desestratificayio (Lenski, Treiman). Esta hip61ese aplica se a DD Light on National Development: A Challenge for 1981 nacional e a descnvolvimentc! de pafses sobre a os quais of Utah mas nunea foi adequadamemc lestada. Ela provavelmenle nao se. Stratification Theory. Presemed at the International estrutura da eslrutura de seus sistemas de cxistam aplica A AI. onde (inferimos) quanto mais alto 0 AI. maior a Sociological Association's Research Conunitlee estratificagiio estratificagiio. dados IcndBncia ao aumento no grau de estratificagiio. 28, Quebec City, 14108197., 40 41

A estrutura de estrat!fica,qo do Brasil ArchibaLd HaLLeI' DISSERTA<;:OES E TESES SOBRE 0 BRASIL 1941-1999 Department of Rural Sociology College of Agricultural and Life Sciences University of Wisconsin - Madison USA Contribui~iies ao Programa sobre Estratifica~o Societal (Autor, tftulo do trabalho, ano, grau obtido, orientador) I. Teses de doutorado CONVERSE, James Walter. Anomia and Alienation: Social Psychological Factors in the Modernization of an Isolated Area in Rural Brazil. 1969, PhD. Haller ROCHA, Jose Bolivar Viera da. Financial Speculation, High-Technology and Labor: The Process of Automation in Brazil's Banking Industry 1964-1986. 1989, PhD. Haller DRUMMOND, Jose Augusto Leitao. Environment, Society and Development: An Assessment of the Natural Resource Economy of the State of Amapa (Brazil). 1999, Ph.D. Haller DVORAK, Suzanne. Female Headed Households in an Industrializing Society: Brazil, 1970-1980. 1989, PhD. Haller FERNANDES, Danielle eireno. Educational Stratification, Race and Socioeconomic Development in Brazil. 1999, PhD. Haller GOMEZ BUENDIA, Hernando.' Wage Differentials in sao Paulo's Industrial Labor Force: Contextual and Individual Effects. 1974, Ph.D. Haller HANSEN, David Oliver. The Relationship Between Land Tenure and Social Status in the Rural Colonia Region of Southern Brazil. 1972, PhD. Haller MARANHAo, Silvio Marcelo. Economic Development and Internal Dependency: The Case of Northeastern Brazil. 1976, PhD. Haller NEVES, Jorge Alexandre Barbosa. Human Capital, Social Classes, and the 42 Earnings Determination Process in Brazilian Agriculture: 1973, 1982, and 1988. 1997, PhD. Haller QUIRINO, Tarcizio R. The Industrial Job Structure of University Trained Personnel in Sao Paulo, Brazil. 1974, PhD. Haller ROCHA, Fernando A. S. Determinants of Occupational Achievement, Income and Level of Living in Brasilia, Brazil. 1968, Ph.D. Wilkening SARAIV A, Helcio Ulhoa. The 'Variable Discrimination' Hypothesis and the Measurement of Socioeconomic Status in an Isolated Brazilian Area. 1969, PhD. Haller TOURlNHO, Manoel M. Economic Development and the Income of Brazilian Male Migrants of Farm Origin. 1982, PhD. Haller TREVIZAN, Salvador D. P. Market Orientation, Class Structure, and Socioeconomic Returns in Agricultural Production in Brazil. 1989, PhD. Haller II. Teses de Mestrado BARROS, Edgard Vasconcelos de. Differential Contacts Among Weifare Services in Four Brazilian Communities Within a Rural-Urban Situation. 1955, M. S. Kolb, Haller EISENHANDLER, Jon. Patterns of Occupational Change in Brazil 1950-1970. 1975, M. S. Haller HOLSINGER, Donald B. Intrtlsocietal Variation in Occupational Prestige Hierarchies: Brazilian Data. 1969, M. S. Haller JENSEN, Leif Ingraham. Modernization and the Relative Status of the Elderly: The Case of Brazil. 1982, M. S. Tienda, Haller LEVY, Henrique. Seasonal Migrations in Brazil's Northeast: The Case of Pernambuco. 1973, M. S. Haller 43